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Orientação sexual

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Orientação sexual é um termo que possui dois sentidos distintos. O primeiro refere-se à transmissão de informações relacionadas à sexualidade, com o objetivo de promover o desenvolvimento dos aspectos sociais, cognitivos e afetivos do indivíduo.[1] No segundo sentido, a orientação sexual é caracterizada como um padrão duradouro de atração romântica ou sexual, podendo ser direcionada a pessoas do sexo ou gênero oposto, do mesmo sexo ou gênero, ou a ambos os sexos ou mais de um gênero. Essas atrações são geralmente agrupadas em heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade,[2][3][4] enquanto a assexualidade (a falta de atração sexual por outras pessoas) é, às vezes, identificada como a quarta categoria.[5][6]

Essas categorias são aspectos da natureza mais nuançada da identidade e terminologia sexual.[4] Por exemplo, as pessoas podem usar outros rótulos, como pansexual ou polissexual,[4][7] ou nenhum.[2] De acordo com a Associação Americana de Psicologia, a orientação sexual "também se refere ao senso de identidade de uma pessoa com base nessas atrações, comportamentos relacionados e participação em uma comunidade de outras pessoas que compartilham essas atrações".[2][8] Androfilia e ginefilia são termos usados ​​na ciência comportamental para descrever a orientação sexual como alternativa a uma conceituação binária de gênero. A androfilia descreve a atração sexual pela masculinidade; ginefilia descreve a atração sexual pela feminilidade.[9] O termo preferência sexual se sobrepõe em grande parte à orientação sexual, mas geralmente é distinguido na pesquisa psicológica.[10] Uma pessoa que se identifica como bissexual, por exemplo, pode preferir sexualmente um sexo ao outro.[11] A preferência sexual também pode sugerir um grau de escolha voluntária,[10][12][13] considerando que a orientação sexual não é uma escolha.[14][15][16]

Os cientistas não sabem a causa exata da orientação sexual, mas teorizam que ela é causada por uma complexa interação de influências genéticas, hormonais e ambientais.[14][16][17] Embora nenhuma teoria única sobre a causa da orientação sexual tenha ganhado apoio generalizado, os cientistas favorecem as teorias de base biológica.[14] Há consideravelmente mais evidências apoiando causas não sociais e biológicas de orientação sexual do que sociais, especialmente para homens.[18][19][20] Não há evidências substanciais que sugiram que as experiências dos pais ou da primeira infância desempenhem um papel no que diz respeito à orientação sexual.[21] Em todas as culturas, a maioria das pessoas é heterossexual, com uma minoria de pessoas com orientação homossexual ou bissexual.[18]:76[19] :8[20] :9–10 A orientação sexual de uma pessoa pode estar em qualquer lugar em um continuum, desde atração exclusiva pelo sexo oposto até atração exclusiva pelo mesmo sexo.[2]

A orientação sexual é estudada principalmente em biologia, neurociência e psicologia (incluindo sexologia), mas também é uma área de estudo em sociologia, história (incluindo perspectivas construcionistas sociais) e direito.[22]

De acordo com Jaqueline Jesus, doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, é importante ressaltar que orientação sexual e gênero "podem se comunicar, mas um aspecto não necessariamente depende ou decorre do outro. Pessoas transgênero são como as cisgênero, podem ter qualquer orientação sexual: nem todo mundo é cisgênero e/ou heterossexual".[23]

O termo orientação sexual é considerado mais apropriado do que opção sexual ou preferência sexual porque opção indica que uma pessoa teria escolhido a sua forma de desejo e preferência indica que que a pessoa gosta de sua orientação. A psicologia moderna, embora não tenha consenso a respeito do que exatamente explica a sexualidade de um indivíduo, determina que a orientação sexual não pode ser mudada com terapias[24][25] e não é uma escolha.[25][26][27] A orientação sexual pode ser determinada por fatores biogenéticos, sejam questões hormonais in utero ou genes que possam determinar esta predisposição.[28]

Pesquisas têm identificado diversos fatores biológicos que podem estar relacionados ao desenvolvimento da orientação sexual, incluindo os genes, hormônios pré-natais e a estrutura do cérebro humano. Nenhuma causa única foi identificada até então e a pesquisa continua nesta área.[29] Mesmo que ainda não haja consenso sobre como e quando são formadas as estruturas cerebrais (hipotálamo e amídala cerebral) responsáveis pela identidade de gênero na maioria dos animais (se nascem com a criança ou desenvolvem na puberdade, ou ambos), é consenso que essas estruturas do cérebro (hipotálamo) apresenta diferenças estruturais e fisiológicas entre pessoas heterossexuais, homossexuais, cisgêneros e transgêneros, com relação a identidade sexual e atração sexual.[30]

A Escala de Kinsey indica a orientação sexual de um indivíduo.

Novas evidências indicam que diferenciação sexual do cérebro humano ocorre durante desenvolvimento fetal e neonatal, e programam nossa identidade de gênero, assim como a nossa orientação sexual como hétero, homo ou bissexuais. Este processo de diferenciação sexual é acompanhado por muitas diferenças estruturais e funcionais do cérebro entre estes grupos. Durante o período pré-natal, por meio de uma ação direta da testosterona sobre as células nervosas em desenvolvimento, o cérebro sofre masculinização, ou na feminização pela ausência deste de hormônio. Desta forma, nossa identidade de gênero e a orientação sexual são programadas ou organizadas em nossas estruturas cerebrais quando estamos ainda no útero. Não há nenhuma indicação de que o ambiente social após o nascimento tenha algum efeito sobre a identidade de gênero ou sobre a orientação sexual.[31]

Estudos demonstraram uma diferenciação do hipotálamo em homens e mulheres heterossexuais, e um padrão atípico, quase invertido, em homens e mulheres homossexuais. Em um artigo recente,[32] os autores relataram que as relações hemisféricas, bem como os padrões de conectividade com a amígdala, são atípicas em indivíduos homossexuais, exibindo padrões mais parecidos com de mulheres heterossexuais do que Homens heterossexuais, assim como mulheres homossexuais apresentam padrões parecidos mais com homens heterossexuais do que com mulheres heterossexuais.[33][34]

A visão prevalente é a de que a orientação sexual é biológica por natureza, determinada por um complexo jogo de fatores genéticos e desenvolvimento intrauterino. Alguns acreditam que a orientação sexual é estabelecida na concepção, portanto não uma escolha.[35] Isto é, indivíduos não optam por serem hétero, homo, bi, pan ou assexuais. Não há evidência suficiente para suportar a visão de que experiências na infância, criação, abuso sexual ou outros efeitos adversos em vida influenciem a orientação sexual. Contudo, estudos encontram bases na experiência de vida para alguns aspectos da expressão da sexualidade humana. Atitudes dos pais em relação à orientação sexual pode afetar como seus filhos experimentam com comportamentos relacionados socialmente a uma certa orientação.[14][21][36][37][38]

A homossexualidade já foi considerada como resultado de dinâmicas familiares problemáticas ou desenvolvimento psicológico faltoso. Estas ideias já são hoje consideradas como baseadas em desinformação e preconceito. A investigação científica atual procura encontrar explicações biológicas para a manifestação de uma determinada orientação sexual. Até o momento, não há nenhuma evidência científica replicável que embase qualquer explicação específica para a sexualidade humana.[39]

Referências
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  38. "Whereas there is no evidence from the present investigation to suggest that parents have a determining influence on the sexual orientation of their children, the findings do indicate that by creating a climate of acceptance or rejection of homosexuality within the family, parents may have some impact on their children's sexual experimentation as heterosexual, lesbian, or gay." Do Parents Influence the Sexual Orientation of Their Children?, ibid., in Speaking of Sexuality, id., p. 303 (adapted per id., p. 303).
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  • Dynes, Wayne, ed., Encyclopedia of Homosexuality. New York & London: Garland Publishing, 1990.

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