O Lampião da Esquina
O Lampião da Esquina | |
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Formato | Tabloide |
Sede | Rio de Janeiro, RJ Brasil |
Fundação | 1978 |
Circulação | 15 mil exemplares |
O Lampião da Esquina foi um jornal homossexual brasileiro que circulou durante os anos de 1978 e 1981. Nasceu dentro do contexto de imprensa alternativa na época da abertura política no final dos anos 1970, durante o abrandamento de anos de censura promovida pela ditadura militar brasileira.[1]
Histórico
[editar | editar código-fonte]Após uma visita de Winston Leyland, editor do Gay Sunshine, revista homossexual norte-americana, onze pessoas se reuniram na casa do pintor Darcy Penteado e criaram a ideia do veículo. Participaram da reunião o próprio Darcy Penteado, Adão Costa, Aguinaldo Silva, Antonio Chrysóstomo, Clóvis Marques, Francisco Bittencourt, Gasparino Damata, Jean-Claude Bernardet, João Antônio Mascarenhas, João Silvério Trevisan e Peter Fry, posteriormente esses constituíram o Conselho Editorial do jornal.[1]
A publicação representou uma classe que não possuía voz na sociedade, mostrando-se importante para a construção de uma identidade nacional pluralista. O subsídio para a circulação veio por meio da criação de uma editora também chamada de Lampião e de colaboradores que doaram algumas quantias em moeda. No total teve 38 edições, incluindo o número zero. Inicialmente, cada edição, teve uma circulação aproximada de 10 a 15 mil exemplares em todo o país.[1]
Em formato tabloide, o jornal tinha editoriais fixas como "Cartas na Mesa", onde as cartas dos leitores eram publicadas e respondidas, "Esquina" onde eram reunidas notícias, "Reportagem", onde sempre a matéria de capa estava localizada, e a partir do número cinco a coluna "Bixórdia". Além dessas sempre havia espaço para informações culturais, como indicações de livros, exposições, shows e filmes; e também para entrevistas.
O jornal abordou desbundes e questões políticas urgentes sobre repressão e liberdades, não só de homens gays, mas também de travestis, lésbicas, pessoas negras, mulheres e povos originários. ‘O Lampião’ documentou em suas páginas a formação de grupos ativistas ‘desviados’ e ‘entendidos’ no Brasil. Ali, estavam presentes questões que vão desde a masculinização das bichas a mapas de pegação no centro de São Paulo; da perseguição a frequentadores de cinemas pornô à perseguição e assassinato das travestis pela Ditadura Militar; da literatura lésbica de Cassandra Rios e a música feminista de Leci Brandão à sensualidade performática de Ney Matogrosso; e também o figuracionismo homoerótico de Darcy Penteado. A produção do conteúdo era feita pelos conselheiros editoriais e por convidados que variavam a cada edição.[1]
O jornal inicialmente estava mais preocupado em retirar o "gay" da margem social, abrindo o discurso às minorias. Já em sua fase final o jornal se adapta ao gueto e torna-se mais ousado, contendo até mesmo ensaios sensuais e abordando temas mais polêmicos do que fazia em sua fase inicial.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ a b c d Carlos Ferreira (2010). Revista Alterjor/Universidade de São Paulo, ed. «Imprensa Homossexual: Nasce O Lampião da Esquina». Consultado em 29 de abril de 2016
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Acervo digital do Lampião da Esquina - Centro de Documentação Prof. Dr. Luiz Mott (CEDOC) - IBDSEX
- Acervo digital do Lampião da Esquina - Grupo Dignidade
- O Lampião da Esquina no AdoroCinema (documentário)
- Imprensa homossexual: surge o Lampião da Esquina - artigo de Carlos Ferreira
- Sexualidade homossexual no jornal Lampião da Esquina - artigo acadêmico de Natanael de Freitas Silva e Natam Felipe de Assis Rubio
- Será que ele é? Sobre quando Lampião da Esquina colocou as cartas na mesa - dissertação de mestrado de Marcio Leopoldo Gomes Bandeira