Monera
Monera é um reino biológico que inclui todos os organismos vivos que possuem uma organização celular procariótica, como bactérias, cianobactérias e arqueobactérias. O termo Monera na classificação atual encontra-se obsoleto, e seus integrantes foram divididos entre os reinos Eubacteria e Archaea, no sistema de três domínios e/ou de seis/oito reinos. Algumas vezes o reino Monera, era chamado de "Procariontas" ou "Prokaryotae". Na influente classificação de Lynn Margulis, o termo Monera significava o mesmo que Procarionte, e deste modo continua sendo usada em muitos manuais, livros e textos.
História taxonômica
[editar | editar código-fonte]Tradicionalmente os organismos foram classificados como animais, vegetais ou minerais, como no Systema Naturae de Linnaeus. Após a descoberta do microscópio, várias tentativas foram feitas para ajustar os micro-organismos nos reinos animal ou vegetal. Muitos desses organismos eram tratados como uma divisão do reino Plantae, chamada Schizophyta, e dividida em duas classes: Schizomycetes (bactérias, que eram consideradas "fungos") e Cyanophyta (algas azuis-esverdeadas ou cianofíceas). Em 1866, Ernest Haeckel propôs o sistema de três reinos que adicionou o grupo Protista como um novo reino que continha os organismos microscópicos.[1] Uma das oito divisões do novo reino Protista foi chamada de Moneres (Monera), e incluía todas as bactérias então conhecidas. O reino Protista de Haeckel também incluía diversos organismos eucariontes, o que comprometeu o reconhecimento do grupo nos anos seguintes.
Embora, a distinção de procariontes e eucariontes seja creditada a uma publicação de Eduard Chatton, em 1925 (apesar dele não enfatizar esta distinção mais do que outros biólogos de seu tempo), ela não foi notada até 1982.[2] Barkley, em 1939, criou o reino Monera dividindo-o entre arqueófitas (Archeophyta), hoje chamadas de Cyanobacteria, e esquizófitas (Schizophyta), um termo que foi muito usado pelos botânicos para se referir as bactérias. Roger Stanier e C. B. van Niel acreditavam que as bactérias (termo que na época não incluía as cianobactérias) e as algas cianofíceas tinham uma única origem, uma convicção que culminou no trabalho de Stainer de 1970, “Eu penso que é agora muito evidente que algas azuis-esverdeadas não são distinguíveis das bactérias por nenhuma característica fundamental em sua organização celular”.[3] Outros pesquisadores, como Ernst Pringsheim Jr., em 1949, suspeitavam de origens distintas para bactérias e algas cianofíceas. Em 1974, o Bergey's Manual publicou uma nova edição cunhando o termo cianobactéria para se referir as então algas cianofíceas ou algas azuis, marcando a aceitação deste grupo dentro dos Monera.[2]
Em 1969, Robert Whittaker, publicou o sistema de cinco reinos para a classificação dos seres vivos.[4] O sistema de Whittaker colocou quase todos os seres unicelulares ou no grupo procarionte Monera ou no grupo eucarionte Protista. Ele, entretanto, não acreditava que todos os seus reinos fossem monofiléticos.[2]
Em 1977, Carl Woese e George Fox demonstram que as arqueas (inicialmente chamadas de arqueobactérias) e bactérias não aparentam ser mais próximos um do outro do que dos eucariontes. Inicialmente muito controversa, a hipótese tem sido bem aceita, e o antigo reino Monera foi substituído pelos reinos Eubacteria e Archaea.[2] Estes dois grupos podem ainda ser tratados como sub-reinos, mas a maioria dos novos esquemas taxonômicos tendem a tratar Bacteria ("Eubacteria") e Archaea como domínios e/ou reinos distintos.
Linnaeus 1735[5] |
Haeckel 1866[6] |
Chatton 1925[7][8] |
Copeland 1938[9][10] |
Whittaker 1969[11] |
Woese et al. 1977[12][13] |
Woese et al. 1990[14] |
Cavalier-Smith 1993[15][16][17] |
Cavalier-Smith 1998[18][19][20] |
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2 reinos | 3 reinos | 2 impérios | 4 reinos | 5 reinos | 6 reinos | 3 domínios | 8 reinos | 6 reinos |
(não tratado) | Protista | Prokaryota | Monera | Monera | Eubacteria | Bacteria | Eubacteria | Bacteria |
Archaebacteria | Archaea | Archaebacteria | ||||||
Eukaryota | Protoctista | Protista | Protista | Eukarya | Archezoa | Protozoa | ||
Protozoa | ||||||||
Chromista | Chromista | |||||||
Vegetabilia | Plantae | Plantae | Plantae | Plantae | Plantae | Plantae | ||
Fungi | Fungi | Fungi | Fungi | |||||
Animalia | Animalia | Animalia | Animalia | Animalia | Animalia | Animalia |
- ↑ nome"Haeckel"E. Haeckel (1866). Generelle Morphologie der Organismen. [S.l.]: Reimer, Berlin
- ↑ a b c d Jan Sapp (junho de 2005). «The Prokaryote-Eukaryote Dichotomy: Meanings and Mythology». Microbiology and Molecular Biology Reviews. 69 (2): 292–305. PMID 15944457. doi:10.1128/MMBR.69.2.292-305.2005
- ↑ Roger Stanier to Peter Raven, 5 November 1970, National Archives of Canada, MG 31, accession J35, vol. 6, as quoted in Sapp, 2005
- ↑ Robert Whittaker (1969). «New concepts of kingdoms or organisms. Evolutionary relations are better represented by new classifications than by the traditional two kingdoms». Science. 163: 150–160. PMID 5762760. doi:10.1126/science.163.3863.150
- ↑ LINNAEUS, C. (1735). Systemae Naturae, sive regna tria naturae, systematics proposita per classes, ordines, genera & species. [S.l.: s.n.]
- ↑ HAECKEL, E. (1866). Generelle Morphologie der Organismen. [S.l.]: Reimer, Berlin
- ↑ CHATTON, É. (1925). «Pansporella perplexa. Réflexions sur la biologie et la phylogénie des protozoaires». Annales des Sciences Naturelles - Zoologie et Biologie Animale. 10-VII: 1–84
- ↑ CHATTON, É. (1937). Titres et Travaux Scientifiques (1906–1937). [S.l.]: Sette, Sottano, Italy
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- ↑ COPELAND, H.F. (1956). The Classification of Lower Organisms. Palo Alto: Pacific Books. doi:10.5962/bhl.title.4474
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- ↑ CAVALIER-SMITH, T. (1992). «Origins of secondary metabolism». Ciba Foundation symposium. 171: 64–80
- ↑ CAVALIER-SMITH, T. (1993). «Kingdom protozoa and its 18 phyla». Microbiological reviews. 57 (4): 953–994
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- ↑ CAVALIER-SMITH, T (2010). «Kingdoms Protozoa and Chromista and the eozoan root of the eukaryotic tree». Biology Letters. 6 (3): 342–5. PMC 2880060. PMID 20031978. doi:10.1098/rsbl.2009.0948
Ligações externas
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