Manuel da Costa Lima
Manoel da Costa Lima | |
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Nascimento | 8 de outubro de 1866 Santana do Paranaíba |
Morte | 11 de agosto de 1955 (88 anos) Campo Grande |
Progenitores | Mãe: Francelina Garcia Leal Pai: José da Costa Lima |
Ocupação | construtor e empreendedor |
Manoel da Costa Lima (Santana do Paranaíba, 8 de outubro de 1866 — Campo Grande, 11 de agosto de 1955) foi um construtor e empreendedor brasileiro, pioneiro na abertura de ligação do então sul de Mato Grosso com São Paulo, responsável pela primeira navegação a vapor no rio Paraná, em 1906. Fundou as localidades de Porto Quinze de Novembro, Bataguaçu e Santa Rita do Pardo, além de participar da fundação de Anaurilândia, todas em Mato Grosso do Sul. Também era conhecido como Manoel Cecílio da Costa Lima ou Major Cecílio.
As primeiras expedições
[editar | editar código-fonte]Nascido no distrito de Baús, na então Santana do Paranaíba, no atual estado de Mato Grosso do Sul, filho de José da Costa Lima e Francelina Garcia Leal, bisneto tanto paterno, quanto materno de um dos pioneiros colonizadores do sul matogrossense, João Pedro Garcia Leal, e de sua esposa, Antônia Ferreira de Jesus.[1]
A partir de 1900, Manoel da Costa Lima prepara várias expedições à procura do caminho mais curto até o rio Paraná com o objetivo de chegar aos grandes centros pecuaristas de São Paulo, já que o único caminho então era feito pelo estado de Minas Gerais, após longo caminho, o que acarretava sérios prejuízos por conta da mortalidade dos animais. Graças ao apoio dado por parentes, bem como de empregados seus, ele abriu uma estrada que ligava Campo Grande até à margem direita da foz dos rios Paraná e Pardo, onde funda o Porto XV de Novembro.[1]
Ainda em 1900, abre uma picada nas matas de São Paulo, ao descer por onde hoje é a cidade de Presidente Epitácio, em direção ao atual município de Indiana, onde convida os paulistas a povoar tão erma região. De volta dessa expedição, atravessa o rio Pardo, e após percorrer cerca de doze léguas, erige uma cruz de aroeira, onde funda um vilarejo chamado Xavantina, em homenagem aos índios Xavantes que ali moravam. Hoje, o lugar é denominado Santa Rita do Pardo.[1]
O major Cecílio como era conhecido, à época, nos sertões de Mato Grosso, somente veio a ter o seu mérito de empreendedor visionário, a anos luz do seu tempo, 64 anos depois da implantação da balsa boiadeira, em Porto XV de Novembro, durante o regime militar, quando foi denominada a ligação rodoviária entre a ponte Hélio Serejo, sobre o rio Paraná na divisa com São Paulo, até Campo Grande, passando por Nova Alvorada do Sul, com o nome de Rodovia Manuel da Costa Lima, as rodovias federais, BR-267, entre a divisa de Mato Grosso do Sul com São Paulo até Nova Alvorada do Sul, no entroncamento desta com a BR-163, e o trecho da BR-163, entre Nova Alvorada do Sul até Campo Grande, conforme Lei n° 5 616, de 14 de outubro de 1970, publicada no Diário Oficial da União, de 15 de outubro de 1970, onde textualmente está descrito: "Os trechos de Porto XV a Rio Brilhante e de Rio Brilhante a Campo Grande, respectivamente, da BR-267 e da BR-163, passam a denominar-se "Rodovia Manuel da Costa Lima".[2]
A estrada
[editar | editar código-fonte]Em 1902, o Poder Executivo de Mato Grosso autorizava Manoel da Costa Lima a construir uma estrada de rodagem, sob o caminho aberto por ele, mas às custas do próprio explorador. Em 1904, entrega ao Governo o Memorial Descritivo da estrada de 54 léguas e 5 403 metros de extensão. Entretanto, dentro deste projeto, aparece um grande problema: 2 250 metros de largura, de margem à margem, do rio Paraná. Na época, ainda não havia cidades ou grandes portos na região. A solução então encontrada foi a aquisição de um barco a vapor.[1]
A epopeia
[editar | editar código-fonte]A aquisição da embarcação
[editar | editar código-fonte]Intrépido, Manoel da Costa Lima se dispôs a ir até Concepción, no Paraguai, vender seu gado para assim, adquirir uma embarcação, conhecida como Carmelita, também conhecida como Panchita. Também mandou fabricar carretões resistentes para o transporte do barco.[1]
O transporte no seco
[editar | editar código-fonte]Em 1905, a Carmelita já estava subindo os rios Paraguai, Miranda e Aquidauana. E foi na povoação de Aquidauana que ancorou. Com parcos meios, desembarcou os carretões e, com a força dos homens e dos bois, desmontou a embarcação e a levou até Campo Grande, puxado por duzentos bois, ocasião em que abriu a estrada Campo Grande-Aquidauana, cortando a Serra de Maracajú. Na chegada em Campo Grande, causou grande alvoroço, já que o tamanho das peças e da comitiva era enorme para a época. Ficaram nas ruas centrais da cidade por três dias.[1]
O remonte
[editar | editar código-fonte]Depois da saída de Campo Grande, rumo ao leste, a comitiva chega ao pontal dos rios Lontra e Anhanduizinho. Neste ponto, a embarcação é remontada, desce as águas do rio Anhanduí e Pardo até as do rio Paraná, no Porto Quinze de Novembro.[1]
A primeira navegação
[editar | editar código-fonte]Em 8 de outubro de 1906 iniciou-se a primeira navegação a vapor do Rio Paraná. Manoel da Costa Lima ainda conseguiu trazer mais duas chatas de São Paulo, construiu balsas-currais, mangueiros, embarcadouros com brete e outras obras rústicas tanto em Mato Grosso do Sul, como na margem paulista do rio Paraná (atual Presidente Epitácio e Porto Tibiriçá).[1]
As linhas telefônicas
[editar | editar código-fonte]Ainda nesse período até 1916, Manoel da Costa Lima instalou, nas recém-criadas fazendas da região, 36 linhas telefônicas, talvez as primeiras de Mato Grosso do Sul.[1]
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- OLIVEIRA LIMA, Lygia Carriço de, in Série Campo Grande - Personalidades. Campo Grande. Arquivo Histórico de Campo Grande. 2000