Gonçalo Trastamires da Maia
Gonçalo Trastamires da Maia | |
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Rico-homem/ Senhor | |
Senhor da Casa da Maia | |
Reinado | ? - 1038 |
Predecessor(a) | Trastamiro Aboazar |
Sucessor(a) | Mendo Gonçalves da Maia |
Tenente régio | |
Reinado | (atestados)ː |
Nascimento | c.1000? |
Morte | 1 de setembro de 1038 |
São Pedro de Avioso, Maia, Porto | |
Nome completo | Gonçalo Trastamires da Maia |
Cônjuge | Unisco Fernandes |
Descendência | Mendo Gonçalves, Senhor da Maia Ermesenda Gonçalves Gontinha Gonçalves, Senhora de Sousa Toda Gonçalves Gontrode Gonçalves |
Dinastia | Maia |
Pai | Trastamiro Aboazar |
Mãe | Dórdia Soares |
Religião | Catolicismo romano |
Gonçalo Trastamires da Maia (também grafado Trastamariz) (ca. 1000 - Avioso, Maia, 1 de setembro de 1038) foi um notável prócer dos sécs. X-XI, da linhagem dos da Maia. Foi o segundo Senhor desta terra e um dos conquistadores do Castelo de Montemor-o-Velho, a 12 de novembro de 1034, sendo nomeado o seu governador e fronteiro-mor.[1][2]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Gonçalo era filho de Trastamiro Aboazar, senhor da Maia, e de Dórdia Soares,[3] irmã de Sarracino Soares.[4]
Segundo os livros de linhagens, descenderia por via bastarda da casa real leonesa, uma vez que o Livro Velho de Linhagens atribuía a paternidade de Aboazar, seu avô, a Ramiro II de Leão.
Administração política e gestão de bens pessoais
[editar | editar código-fonte]Por direitos de linhagem, sucedeu ao seu pai na administração das tenências da Maia, Refoios e Faria, provavelmente subordinado aos condes portucalenses Nuno Alvites, a sua esposa Ilduara Mendes e o filho de ambos, Mendo Nunes. A sua autoridade nestas regiões faz-se notar num documento de 1032, no qual, estando no Mosteiro de Leça do Balio, lhe coube a tarefa de decidir uma questão de haveres entre o Mosteiro de Vacariça e certos indivíduos, leigos e clérigos.[4] Parece ter feito ainda uma doação de certos bens ao Mosteiro de S. Pedro de Ferreira, em Paços de Ferreira.[4]
Atividade bélica
[editar | editar código-fonte]Gonçalo, como a maioria da nobreza de então tinha as suas atenções voltadas para a Reconquista cristã, a Sul, e é durante esta empresa que se destaca na tomada do castelo de Montemor-o-Velho aos mouros, a 14 de outubro de 1034.[4] Aproveitando um momento favorável da reconquista, é provável que tenha libertado do jugo mouro não só este castelo, mas também uma série de povoações no litoral entre os rios Vouga e Mondego, deixando porém Coimbra (perdida após a conquista de 987) ainda sob poder mouro. Coimbra seria definitivamente conquistada somente trinta anos depois.[4]
Morte e posteridade
[editar | editar código-fonte]As circunstâncias da sua morte são duvidosas: por um lado, Gonçalo pode ter acabado vítima de uma conspiração moura que terá surgido em Lamego, na sequência da conquista de 1034. Os conspiradores tê-lo-ão cercado e morto no paço senhorial de Avioso, a 1 de setembro de 1038.[4] Por outro, pode ter falecido em combate, a defender o Castro de Santa Maria, de Avioso.[5][6]
Matrimónio e descendência
[editar | editar código-fonte]Gonçalo foi casado com Unisco Fernandes, filha do conde Fernando Dias[a][3] de quem teve a seguinte descendência:
- Mendo Gonçalves da Maia,[3] 3.º Senhor da Maia (m. 26 de novembro 1065),[7] casou com Leodegúndia Soares Tainha,[3] filha de Soeiro Godins, "o da Várzea" e de Leodegúndia Tainha.
- Ermesenda Gonçalves da Maia.
- Gontinha Gonçalves da Maia, casada com Egas Gomes de Sousa, senhor de Sousa, de Novelas e de Felgueiras.
- Toda Gonçalves da Maia, a esposa de Paio Gonçalves, descendente do conde Gonçalo Moniz.[2]
- Gontrode Gonçalves da Maia, esposa de Honorigo Gonçalves.[8]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ "...certamente inventado o matrimónio atribuído a Gonçalo Trastemeris da Maia avô do mesmo Soeiro Mendes que, segundo o Conde D. Pedro, ou mais provavelmente do seu refundidor do fim do século XIV, teria casado nada menos do que com uma bisneta de um dos dois lendários juizes de Castela, Laín Calvo. O redactor queria assim ligar a família da Maia a Cid o Campeador." Cfr. Mattoso (1991), pp. 1028-1029.
- ↑ Gouveia 1910, p. 14.
- ↑ a b Mattoso 1979, p. 39.
- ↑ a b c d Correia 2008, p. 142.
- ↑ a b c d e f GEPB 1935-57, p. 620, vol.32.
- ↑ José João da Conceição Gonçalves Mattoso, Obras Completas - 12 vols. Círculo de Leitores, Lisboa, 2002, vol. 8, pág. 73.
- ↑ António de Sousa Lara, Vasco de Bettencourt Faria Machado e Universitária Editora, Ascendências Reais de SAR D. Isabel de Herédia, 1ª Edição, Lisboa, 1999, pág. 111.
- ↑ Gouveia 1910, p. 15.
- ↑ Fernandes 1984, p. 82.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Fernandes, Armando de Almeida (1984). «Os primeiros documentos de Santa Maria de Salzeda (Ate a morte da Fundadora): Comentários e defesa». Porto: Universidade do Porto. Revista Guimarães (94): 5-115. ISSN 0871-0759. Cópia arquivada (PDF) em 18 de outubro de 2013 Texto "volumen VIII" ignorado (ajuda)
- Correia, Francisco Carvalho (2008). O Mosteiro de Santo Tirso, de 978 a 1588: A silhueta de uma entidade projectada no chao de uma história milenária. Santiago de Compostela: Tese de doutoramento. Facultade de Xeografía e História. Universidade de Santiago de Compostela. ISBN 978-8498-8703-81
- Gouveia, Mário de (Julho–Dezembro de 2010). «O limiar da tradiçao no moçarabismo conimbricense: os "Anais de Lorvao" e a memoria monástica de frontera (séc. IX-XII) (Tese de Mestrado em História Medieval, apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas de Universidade Nova de Lisboa em 2008)». Madrid. Medievalista online (8). ISSN 1646-740X-1240 Verifique
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(ajuda). Consultado em 17 de outubro de 2013. Arquivado do original em 5 de agosto de 2016 Texto "editora Instituto de Estudos Medievais" ignorado (ajuda) - Mattoso, José (1991). «A nobreza medieval Portuguesa no contexto peninsular» (PDF). Porto: Universidade do Porto. Revista da Faculdade de Letras: História (III): 1019-1044. ISSN 0871-164X Texto "volumen VIII" ignorado (ajuda)
- Mattoso, José (1970). «A nobreza portucalense dos séculos IX a XI» (PDF). Lisboa: Instituto de alta cultura. Centro de estudos históricos. Anexo à Faculdade de letras da Universidade de Lisboa. Do tempo e da história (III): 35-50. OCLC 490871632. Consultado em 17 de outubro de 2013. Arquivado do original (PDF) em 26 de janeiro de 2012
- Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira - 50 vols. , Vários, Editorial Enciclopédia, Lisboa. vol. 16-pg. 887.
Gonçalo Trastamires da Maia Casa da Maia | ||
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Precedido por Trastamiro Aboazar |
Senhor da Casa da Maia ?-1038 |
Sucedido por Mendo Gonçalves |