PROFESSOR: ANDRÉ CARNEIRO
DISCIPLINA: HISTÓRIA
A COLONIZAÇÃO BRASILEIRA – 3
A RESTAURAÇÃO PORTUGUESA DE 1640
O fato de Portugal ter sido levado a participar das guerras envolvendo a
Espanha na Europa desgastou o país que chegou mesmo a perder parte de
suas colônias para a Holanda e Inglaterra. Além disso, a perda da produção
açucareira no Brasil para os holandeses, também demonstrou aos portugueses
que a União Ibérica apresentara mais prejuízos que benefícios. Em 1640, os
portugueses organizaram uma guerra contra a Espanha, também enfraquecida
pelas guerras, e conseguiram recuperar sua soberania.
As dificuldades econômicas pelas quais o país passava fizeram Portugal
incentivar a busca pelo ouro no Brasil, o que levou à sua descoberta em Minas
Gerais, em finais do século XVII e início do XVIII. Também fez Portugal
aumentar o controle sobre o Brasil. Foi criado o Conselho Ultramarino, que
passou a administrar a colônia, submetendo os governadores-gerais, agora
com o título de vice-reis. Os juízes ordinários, comandantes das Câmaras
Municipais, foram substituídos por juízes de fora, nomeados diretamente pelo
Conselho Ultramarino. O incremento da exploração portuguesa provocou
revoltas na colônia, como foram os seguintes casos:
a) Revolta dos Irmãos Beckman - no Maranhão, em 1684, contra o fato
de a Companhia de Comércio do Maranhão, empresa que tinha o
monopólio do comércio na região, vender produtos caros e de baixa
qualidade, além de fornecer poucos escravos africanos. A Metrópole
reagiu enforcando os chefes do movimento e assumindo o controle total
da capitania.
b) Guerra dos Emboabas – na região das Minas Gerais, em 1709, os
bandeirantes travaram guerra contra os portugueses e demais
forasteiros pela posse das minas de ouro descobertas. Derrotados, os
bandeirantes paulistas seguiram para o interior, descobrindo ouro em
Goiás e Mato Grosso.
c) Guerra dos Mascates – em Pernambuco, em 1710, quando senhores
de engenho, sediados em Olinda, então capital da capitania, se
revoltaram contra os comerciantes portugueses, sediados em Recife,
pois os fazendeiros lhes deviam dinheiro e viam nos comerciantes
portugueses os representantes da exploração metropolitana.
d) Rebelião de Felipe dos Santos – em Vila Rica, em 1720, foi a revolta
dos mineradores contra a instalação das Casas de Fundição na cidade e
que dificultava o contrabando do ouro. A repressão foi violenta e Felipe
dos Santos foi enforcado e esquartejado.
e) A Inconfidência Mineira – em Vila Rica, em 1789, influenciados pelo
Iluminismo e pela Independência dos EUA (1776), um grupo da elite
mineira se organizou com o objetivo de separar a colônia brasileira de
Portugal. Como essa produção estava já entrando em decadência,
acreditava Portugal que a diminuição da produção e dos impostos
recolhidos refletia o aumento do contrabando do ouro, decretando a
derrama, que era a cobrança forçada de impostos sobre a produção do
ouro. Quem não tivesse como pagar seus impostos poderia ser preso,
torturado e até mesmo ter seus bens confiscados. O movimento de
independência se iniciaria no dia da derrama, quando seria proclamada
a República. Um traidor, Joaquim Silvério dos Reis, coronel do
exército, trocou informações sobre o movimento pelo perdão da sua
dívida tributária. Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, alferes do
exército, foi o único condenado à morte. Os demais foram mantidos
presos por algum tempo ou desterrados para a África.
f) A Conjuração Baiana – em Salvador, em 1798, a carestia de produtos
alimentícios, aliada ao rígido controle do Pacto Colonial e grande carga
de impostos, levou membros de diversas classes (burguesia, artesãos,
soldados, escravos forros, etc.) a organizar nova revolta pela
independência, influenciados também pela Revolução Francesa. Em 12
de agosto, distribuíram panfletos pela cidade de Salvador, conclamando
o povo à revolta. Queriam a República e o fim da escravidão.
Descobertos pelo governo da capitania, vários foram presos, mas
apenas 4 condenados à morte, os demais foram desterrados para a
África.