4º MÓDULO – CHOQUES ELÉTRICOS
O choque elétrico é causado, geralmente, por altas descargas e é sempre grave,
podendo provocar distúrbios na circulação sanguínea e até levar à parada
cardiorrespiratória.
Foto: reprodução / É necessário prudência para trabalhar com a rede elétrica.
Como se manifesta
Dependendo das condições da vítima e das características da corrente elétrica,
o acidentado pode apresentar:
- sensação de formigamento;
- contrações musculares fracas que poderão tornar-se fortes e dolorosas;
- inconsciência;
- dificuldade respiratória ou parada respiratória;
- alteração do ritmo cardíaco ou parada cardíaca;
- queimaduras;
- traumatismos como fraturas e rotura de órgãos internos;
No acidente elétrico, a vítima pode ficar presa ou ser violentamente projetada
a distância.
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É importante distinguir o acidente por corrente de alta voltagem daqueles por
corrente de baixa voltagem.
ACIDENTES COM CORRENTES DE ALTA VOLTAGEM
No acidente com fios de alta tensão, portanto de alta voltagem, geralmente, há
morte instantânea. A vítima sempre está distante do ponto de contato.
Ocorrem sempre grandes queimaduras. Ao socorrer uma vítima de acidente
com alta voltagem, nunca se aproxime antes de ter certeza de que a energia foi
interrompida. Fique a uma distância de, no mínimo, 18 metros e mantenha os curiosos
afastados.
ACIDENTES COM CORRENTE DE BAIXA VOLTAGEM
A corrente doméstica, utilizada em escritórios, residências, oficinas e lojas,
também pode provocar lesões graves e levar à morte.
É importante estar ciente também dos perigos da água no local, por ser um
perigoso condutor de eletricidade.
- Desligue o interruptor ou a chave elétrica;
- Afaste imediatamente a vítima do contato com a corrente elétrica,
removendo o fio ou condutor elétrico com um material bem seco. É comum usar cabo
de vassoura, jornal dobrado, pano grosso dobrado, tapete de borracha ou outro
material isolante;
- Puxe a vítima pelo pé ou pela mão, sem lhe tocar a pele. Use para isso pano
dobrado ou outro material isolante disponível. Se houver parada cardiorrespiratória,
aplique as manobras de primeiros-socorros para paradas cardiorrespiratórias.
Em caso de queimaduras, cubra-as com uma gaze ou um pano, bem limpos. Se
a pessoa estiver consciente, deite-a de costas com as pernas elevadas.
Em caso de vítima inconsciente, deite-a de lado.
Se necessário, cubra a pessoa com cobertor e procure mantê-la calma.
Em caso de choque elétrico, após os primeiros socorros, procure ajuda médica
imediata.
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Fonte: Manual de Primeiros Socorros do Dr. Paulo Frange.
SANGRAMENTOS OU HEMORRAGIAS
É o extravasamento de sangue dos vasos sanguíneos através de ruptura nas
suas paredes.
Classificação
A hemorragia pode ser classificada em:
Hemorragia externa: visível porque extravasa para o meio ambiente. Exemplos:
ferimentos em geral, hemorragia das fraturas expostas, epistaxe (hemorragia nasal).
Hemorragia interna: o sangue extravasa para o interior do próprio corpo,
dentro dos tecidos ou cavidades naturais. Exemplos: trauma contuso, ruptura ou
laceração de órgãos de tórax e abdômen, hemorragia de músculo ao redor de partes
moles.
Tipos de hemorragia
Arte: reprodução
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Arterial: Ocorre quando há perda de sangue de uma artéria. O sangue tem
coloração viva, vermelho claro, derramado em jato, conforme o batimento cardíaco,
geralmente rápido e de difícil controle.
Venosa: Ocorre quando há perda de sangue por uma veia. Sangramento de
coloração vermelho-escuro, em fluxo contínuo, sob baixa pressão. Pode ser
considerada grave se a veia comprometida for de grosso calibre.
Capilar: Ocorre quando há sangramento por um leito capilar. Flui de diminutos
vasos da ferida. Possui coloração avermelhada, menos viva que a arterial, e facilmente
controlada.
Fatores determinantes da gravidade da hemorragia
Volume de sangue perdido: A perda de pequeno volume em geral não produz
efeitos evidentes; já a perda de 1,5 litro em adultos ou 200 ml em criança pode ser
extremamente grave, inclusive colocando a vida em risco.
Calibre do vaso rompido: O rompimento de vasos principais de pescoço, tórax,
abdômen e coxa provoca hemorragias severas, e a morte pode sobrevir em 1 a 3
minutos.
Tipo do vaso lesado: O sangramento arterial é considerado de maior gravidade.
As veias geralmente estão mais próximas da superfície do corpo do que as artérias,
sendo de mais fácil acesso. O sangramento capilar é lento e, via de regra, coagula
espontaneamente em 6 a 8 minutos. O processo de coagulação desencadeado em boa
parte dos pequenos e médios sangramentos pode ser suficiente para controlar a
hemorragia, e o coágulo formado age como uma rolha, impedindo a saída de sangue.
Velocidade da perda de sangue: A perda rápida de 1 litro de sangue pode
colocar o indivíduo em risco de vida. Quando a perda de sangue é lenta, o organismo
desenvolve mecanismos de compensação, suportando melhor a situação.
A hemorragia externa, por ser visualizada, é facilmente reconhecida. A
hemorragia interna pode desencadear choque hipovolêmico, sem que o socorrista
identifique o local da perda de sangue.
As evidências mais comuns de sangramento interno são áreas extensas de
contusão na superfície corpórea. Alguém com fratura de fêmur perde facilmente até
um litro de sangue, que fica confinado nos tecidos moles da coxa, ao redor da fratura.
Outros sinais que sugerem hemorragia severa
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- Pulso fraco e rápido;
- Pele fria e úmida (pegajosa);
- Pupilas dilatadas com reação lenta à luz;
- Queda da pressão arterial;
- Paciente ansioso, inquieto e com sede;
- Náusea e vômito;
- Respiração rápida e profunda;
- Perda de consciência e parada respiratória;
- Choque.
Métodos de controle da hemorragia externa
Pressão Direta: Quase todos os casos de hemorragia externa são controlados
pela aplicação de pressão direta na ferida, o que permite a interrupção do fluxo de
sangue e favorece a formação de coágulo. Preferencialmente, utilizar uma compressa
estéril, pressionando a firmemente por 10 a 30 minutos; a seguir, promover a fixação
da compressa com bandagem. Em sangramento profuso, pressionar diretamente com
a própria mão enluvada. Após controlar um sangramento de extremidade, certifique-
se de que existe pulso distal; em caso negativo, reajuste a pressão da bandagem para
restabelecer a circulação.
Elevação da área traumatizada: Quando uma extremidade é elevada, de forma
que a área lesionada fique acima do nível do coração, a gravidade ajuda a diminuir o
fluxo de sangue. Aplicar este método simultaneamente ao da pressão direta. Não está
recomendado utilizar esse método, em casos de fraturas, luxações ou de objetos
empalados na extremidade.
Pressão digital sobre o ponto de pulso: Utilizar a pressão sobre pulso de artéria
quando os dois métodos anteriores falharem ou não tiver acesso ao local do
sangramento (esmagamento, extremidades presas em ferragens). É a pressão aplicada
com os dedos sobre os pontos de pulso de uma artéria contra uma superfície óssea. É
necessária habilidade do socorrista e conhecimento dos pontos exatos de pressão das
artérias.
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Principais pontos
Artéria braquial: para sangramento de membros superiores;
Artéria femoral: para sangramento de membros inferiores;
Artéria temporal: para sangramento de couro cabeludo;
Artéria radial: sangramento da mão.
Aplicação de gelo: O uso de compressas de gelo diminui o sangramento interno
ou mesmo interrompe sangramentos venosos e capilares. Nas contusões, a aplicação
de gelo previne a equimose (mancha arroxeada). Deve-se observar o tempo de uso,
evitando-se uso demasiadamente prolongados, pois diminui a circulação, podendo
causar lesões teciduais.
Torniquete: Deve ser considerado como o último recurso (praticamente em
desuso), o torniquete só será utilizado se todos os outros métodos falharem, devendo
ser considerado apenas nos casos de destruição completa ou amputação de
extremidades, com sangramento severo. Consiste numa bandagem constritora
colocada em torno de uma extremidade até que o fluxo sanguíneo pare por completo.
Podem ser utilizados tubos de borracha, gravatas, etc.
Essa técnica deve ser bastante precisa, pois apertado demais, o torniquete
pode lesar tecidos, músculos, nervos e vasos. O membro abaixo do torniquete deve
tornar-se pálido, e o pulso arterial, abaixo do torniquete, desaparecer. Caso não esteja
apertado o suficiente pode interromper o fluxo venoso sem interromper o fluxo
arterial, dando como resultado maior sangramento pela ferida.
Métodos de controle da hemorragia interna: Para suspeitar que a vítima esteja
com hemorragia interna, é fundamental conhecer o mecanismo de lesão. Os traumas
contusos são as principais causas de hemorragias internas (acidentes de trânsito,
quedas, chutes e explosões).
Alguns sinais de alerta para suspeitar de hemorragia interna: fratura da pelve
ou ossos longos (braços ou coxa), rigidez abdominal, área de equimose em tórax e
abdômen, ferida penetrante em crânio, tórax ou abdômen.
O tratamento de hemorragia interna é cirúrgico. O atendimento pré-hospitalar
consiste em instalar acessos venosos de grosso calibre após garantir a respiração da
vítima e transportá-la a um centro médico. Administrar oxigênio em altas
concentrações durante o transporte.
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Para detectar hemorragia interna, conhecer o mecanismo de lesão, observar
lesões que possam provocar sangramento interno e estar permanentemente atento
aos sinais e sintomas que a vítima apresentar.
Fonte: EFOS – Escola de Formação em Saúde. Secretaria de Estado da Saúde do Estado de Santa
Catarina. Primeiros Socorros. São José : 2017.