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Historia Do Brasil Vol V - Pedro Calmon

Enviado por

luigi angelo
Direitos autorais
© © All Rights Reserved
Levamos muito a sério os direitos de conteúdo. Se você suspeita que este conteúdo é seu, reivindique-o aqui.
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História do Brasil: século xx – A República e o desenvolvimento nacional

Pedro Calmon
1ª edição — outubro de 2023 — CEDET
Copyright © Herdeiros de Pedro Calmon
Reservados todos os direitos desta obra.
Proibida toda e qualquer reprodução desta edição por qualquer meio ou forma, seja ela
eletrônica ou mecânica, fotocópia, gravação ou qualquer outro meio de reprodução, sem
permissão expressa do editor.
Sob responsabilidade do editor, não foi adotado o Novo Acordo Ortográ co de 1990.
Editor:
Felipe Denardi
Preparação de texto:
Ulisses Trevisan Palhavan
Capa:
José Luiz Gozzo Sobrinho
Diagramação:
Maurício Amaral
Revisão de provas:
Natalia Ruggiero
Flávia eodoro
Juliana Coralli
Victor Figueiredo
Os direitos desta edição pertencem ao
CEDET — Centro de Desenvolvimento Pro ssional e Tecnológico
Av. Comendador Aladino Selmi, 4630 — Condomínio GR2, galpão 8
CEP: 13069–096 — Campinas–SP
Telefones: (19) 3249–0580
E-mail: livros@cedet.com.br
CEDET LLC is licensee for publishing and sale of the electronic edition of this book
CEDET LLC
1808 REGAL RIVER CIR - OCOEE - FLORIDA - 34761
Phone Number: (407) 745-1558
e-mail: cedetusa@cedet.com.br
Conselho editorial:
Adelice Godoy
César Kyn d’Ávila
Silvio Grimaldo de Camargo
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
Calmon, Pedro (1902–1985).
História do Brasil: século xvi – As origens / Pedro Calmon;
apresentação de omas Giulliano
Campinas, sp: Kírion, 2023.
isbn 978-65-87404-86-8
1. História do Brasil 2. Período colonial
i. Título ii. Autor
cdd 981 / 981-03

Índices para catálogo sistemático:


1. História do Brasil – 981
2. Período colonial – 981-03
Sumário
APRESENTAÇÃO: P C  ,       


I: N  

REALISMO...
... E MUDANÇA
II: A   

NO DIA SEGUINTE
EM SÃO PAULO
NA BAHIA
NO NORTE
NO SUL
NO RIO GRANDE
A BANDEIRA
O RECONHECIMENTO
III: A 

OS MINISTROS
PRIMEIRAS DIFICULDADES
GENERALÍSSIMO
DITADURA E DEMOCRACIA
MÃO FÉRREA
A CRISE FINANCEIRA
IV: A   

NOVAS LEIS
ENCILHAMENTO
REESTRUTURAÇÃO
A CONSTITUINTE
A CONSTITUIÇÃO
V: O   E

DISSOLUÇÃO
LUCENA
DEFINIÇÕES
NOS ESTADOS
O CONFLITO DOS PODERES
O GOVERNO CONTRA O CONGRESSO
O LEVANTE INICIAL
DOIS ALMIRANTES
VI: O M  F

FLORIANO
DERRUBADA
O PROCESSO...
DE NORTE A SUL
PARANÁ E MATO GROSSO
SEBASTIANISMO
AGITAÇÕES
CONTROVÉRSIA
DITADURA
VII: O S  

FORÇAS INCONCILIÁVEIS
A LUTA
RESTAURAÇÃO?
ILUSÃO AMERICANA
ROMPIMENTO
TURBILHÃO
O ENCONTRO DECISIVO
GUMERCINDO
AVENTURA DE WANDENKOLK
VIII: R  M

ANTECEDENTES DA INSURREIÇÃO
CONSULTA À NAÇÃO
INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA
O FRACASSO DA REVOLTA
CHOQUE DE IDÉIAS
CONQUISTA DO DESTERRO
DO RIO NEGRO A BAGÉ
AÇÃO DE CUSTÓDIO
IX: A  

NO PLANALTO PARANAENSE
A RESISTÊNCIA DA LAPA
X: F  

A REVOLUÇÃO CONDENADA
O COMBATE DE 9 DE FEVEREIRO
PLANOS E INSUCESSOS
A CAPITULAÇÃO
CONDUTA PORTUGUESA
REPRESSÃO DESATINADA
XI: O  

CANDIDATO CIVIL
ENIGMA
ANTÍTESE
A ANISTIA
O FIM DE GUMERCINDO
APARÍCIO SARAIVA
COMO ACABOU SALDANHA
XII: Q 

A PAZ INTERNA
RESPOSTA JACOBINA
MANUEL VITORINO
O FANÁTICO E O MEIO
CANUDOS
XIII: B 

PSICOSE DE FIM DE SÉCULO


EXPEDIÇÕES DESTROÇADAS
OS MELINDRES DA AUTONOMIA
MAJOR FEBRÔNIO
MOREIRA CÉSAR
REPRESÁLIA
A VOLTA DO PRESIDENTE
A VITÓRIA DO GOVERNO
PRESIDENCIALISMO
XIV: A   

ARTUR OSCAR
DEPOSIÇÃO DO GOVERNADOR?
A QUARTA EXPEDIÇÃO
A DURA GUERRA
ÊXITO INCOMPLETO
REFORÇOS
EPÍLOGO...
FOGO E SANGUE
A GRAVE LIÇÃO
XV: D  

EXTREMOS CRIMINOSOS
O ATENTADO
RESPONSÁVEIS
INTOLERÂNCIA
A TRANQÜILA SUCESSÃO
XVI: O   C S

O PROBLEMA DAS FINANÇAS


ERA NOVA
POLÍTICA DOS GOVERNADORES
OPOSIÇÃO
XVII: A  

RIO BRANCO
LITÍGIO DAS MISSÕES
A ILHA DA TRINDADE
QUESTÃO DO AMAPÁ
XVIII: P  

REGENERAÇÃO FINANCEIRA
CÓDIGO CIVIL
UNANIMIDADE
A DISSIDÊNCIA
OUTRO PAULISTA
XIX: D

SOB O SIGNO DA PAZ


A QUESTÃO DA GUIANA
SENTENÇA ARBITRAL
XX: A   A

A BORRACHA
A “LINHA VERDE”
PROTESTO E DEMARCAÇÃO
AVENTURA
PLÁCIDO DE CASTRO
A AÇÃO BRASILEIRA
TRATADO DE PETRÓPOLIS
XXI: O   R A

GENTE ANTIGA
VIDA NOVA
O PREFEITO PASSOS
OSWALDO CRUZ
CONTRA A VACINA
A REVOLTA DE TRAVASSOS
VENCEU O PROGRESSO
XXII: C 

NOVAS CIDADES
O NOVO RIO
XXIII: É  

O BLOCO
SUCESSOS DE MATO GROSSO
CONVÊNIO DE TAUBATÉ
A FORTE DIPLOMACIA
QUESTÕES TERMINAIS
PAN‐AMERICANISMO
XXIV: A   A P

ACIMA DOS GRUPOS


ESTRADAS
A PAZ DE HAIA
FORTALECER PARA SUBSISTIR
VOZES GUERREIRAS
XXV: A  

HISTÓRIA REPETIDA
O FULGOR DA ESPADA
NILO PEÇANHA
RUI BARBOSA
SIGNIFICADO DA LUTA
XXVI: O  

RECOMEÇA A DESORDEM
AMOTINAM‐SE OS MARINHEIROS
“SALVAÇÕES”
NO ESTADO DO RIO
ALI E ACOLÁ
BOMBARDEIO...
AS CONSEQÜÊNCIAS
RIO GRANDE E SÃO PAULO
CEARÁ E O PE. CÍCERO
CONSEQÜÊNCIAS
XXVII: C  

RESISTÊNCIA TRIUNFANTE
PRUDÊNCIA E FIRMEZA
O FIM DE UM CHEFE
XXVIII: O   C

OUTRO CASO DE FRONTEIRAS


MONGES E BANDIDOS
O ACORDO
XXIX: A G G

REALIDADE UNIVERSAL
NEUTRALIDADE E INDIGNAÇÃO
MARCHA PARA A INTERVENÇÃO
EM GUERRA
POLÍTICA PATRIÓTICA
ÚLTIMA EPIDEMIA
AS AGITAÇÕES SINDICAIS
XXX: U   N

DE MINAS A SÃO PAULO


CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 1919
QUANDO APARECE A DEMOCRACIA SOCIAL
EPITÁCIO PESSOA
NA VELHA BAHIA
AO CLARÃO DAS FESTAS
XXXI: “H   ...”

REAÇÃO REPUBLICANA
O FATOR MILITAR
A CAUSA REGIONAL
5 DE JULHO
O CENTENÁRIO
XXXII: I  

GOVERNO INABALÁVEL
DESMONTE
A REBELIÃO NO SUL
REVIRAVOLTA
NOVAMENTE A SEDIÇÃO
SUBLEVAÇÃO EM SÃO PAULO
XXXIII: I

REVOLUÇÃO VOLANTE
COLUNA‐FANTASMA
ESTADO DE SÍTIO
REFORMA CONSTITUCIONAL
XXXIV: E  “R V”

WASHINGTON LUÍS
ESTRADAS E MOEDA
A VOLTA DOS PARTIDOS
ENTRE MINAS E O SUL
CANDIDATO GAÚCHO
ALIANÇA LIBERAL
CRISE GENERALIZADA
PARAÍBA EM FOGO
PARA O PRÉLIO DAS ARMAS
O TERRÍVEL IMPREVISTO
XXXV: A R  

DE SUL A NORTE
EM MINAS GERAIS
NO NORDESTE
PROPORÇÕES DA LUTA
A QUEDA DA LEGALIDADE
XXXVI: A N R

DITADURA... E PROGRAMA
PLENOS PODERES
GRUPOS E CORRENTES
O CASO PAULISTA
O POVO NAS RUAS
SEPARAÇÃO DE FORÇAS
CÓDIGO ELEITORAL
XXXVII: O  

9 DE JULHO
HISTÓRIA REPETIDA
A DURA RESISTÊNCIA
CONSEQÜÊNCIAS
A VOLTA À LEI
A CONSTITUINTE DE 1933
XXXVIII: A  C

O NOVO DIPLOMA
SOCIAL‐DEMOCRACIA
PRESIDENTE CONSTITUCIONAL
ENTRE AS EXTREMAS
1935
MAIS FORTE O GOVERNO
A ATMOSFERA INTERNACIONAL
XXXIX: O E N

TRANSIÇÃO PARA O GOLPE...


1937
ESTADO NOVO
A CARTA OUTORGADA
LINHAS DOUTRINÁRIAS
CONTRA OS EXTREMOS
LEGISLAÇÃO SOCIAL
XL: N S G G

POSIÇÃO INTERNACIONAL
NEUTRALIDADE E ESCUSA
COMPROMISSOS CONTINENTAIS
CONDIÇÕES MILITARES
EM FAVOR DA AMÉRICA
DEPOIS DE PEARL HARBOR
A GUERRA INCLEMENTE
O ATAQUE INOPINADO
O TRAMPOLIM DE NATAL
SILENCIOU A POLÍTICA
MOBILIZAÇÃO E COMPROMISSOS
BRASILEIROS NA EUROPA
O CONTINGENTE EXPEDICIONÁRIO
A MARCHA DA F. E. B.
XLI: R

OUTRA ERA
OS PARTIDOS
OUTUBRO DE 1945
GOVERNO DUTRA
1950
1954
O GOVERNO DE CAFÉ FILHO
TRANSIÇÃO
O DESENVOLVIMENTO
MUDANÇA
XLII: A  

CORRENTES HUMANAS
TRANSPORTES
AVIAÇÃO
PRODUÇÃO
O CAFÉ
AÇÚCAR E FUMO
ALGODÃO
BORRACHA
CACAU
CRIAÇÃO DA INDÚSTRIA
SIDERURGIA
ENERGIA E COMBUSTÍVEL
XLIII: P   

O PROBLEMA INTELECTUAL
POESIA
ESCRITORES
SERTÕES
A ACADEMIA
MACHADO E SEU TEMPO
A GRANDE INSATISFAÇÃO
GERAÇÃO DE 1922
FILÓLOGOS
TEATRO
HISTÓRIA
DIREITO
MEDICINA
CIÊNCIAS NATURAIS
MARCHA DAS IDÉIAS
FARIAS BRITO
O PROBLEMA SOCIAL
PESQUISA
ENGENHEIROS
ARQUITETOS
ARTES: PINTORES
ESCULTORES
EDUCAÇÃO
CORRENTES MODERNAS
NOTA

BIBLIOGRAFIA
N  R
APRESENTAÇÃO: P C
 ,    
   
A sociedade brasileira, como uma paisagem, é um sistema cuja
estrutura e evolução são determinadas por múltiplos fatores.
Considerá-los na indissociável coesão que os une é
fundamental se quisermos compreender o funcionamento da
história nacional. Historicamente, não somos órfãos de pais
desconhecidos. A continuidade, que não signi ca indiferença
aos dramas herdados, é uma consciência própria do homem.
Diante do passado, temos a percepção de nossa
individualidade e com a história compreendemos o que os
homens foram, zeram, conseguiram. Se saíssemos da história,
tombaríamos no nada. Pensá-la é vê-la no reino do possível.

Desde a invenção da escrita, o registro de experiências


humanas informa que recebemos do passado um conjunto de
valores, necessidades e crises. Da luz elétrica aos livros de
Graciliano Ramos, sem ignorar a falta de saneamento básico
pleno e a Constituição da República Federativa do Brasil de
1988, o passado sempre deixa a sua herança. A História
sempre lida com eventos que aconteceram em um tempo. Não
é uma manipulação, mas o descobrimento de realidades
próprias do passado, enquanto a historiogra a, constituída
como o campo privilegiado de recolha de materiais humanos,
é o estudo das variações dos comportamentos dos homens do
passado. Descortinar o passado é exprimir um diálogo
explicativo, por meio das fontes históricas, acerca de eventos
singulares e não mais existentes. O passado, enquanto
conjunto descontínuo de fatos verdadeiros e mutilados, não é
um ser, mas um cruzamento de itinerários. Sem a história,
vemo-nos privados de falar das origens de que brotamos e que
nos sustentam.

A pesquisa historiográ ca, diametralmente oposta à cção,


transforma o passado em fenômeno do conhecimento e não se
contenta com o interior das coisas, mas apreende, no seu
exterior, o signi cado dado pelo homem. Dotada de um
caráter temporalmente transcendente, é um lugar ontológico
privilegiado, onde o homem pode viver e contemplar, através
de personagens variadas, a plenitude da sua condição,
transportando-se imaginariamente para outro tempo. O ato de
explicar a substancialidade do passado não é somente o de
uni car ou familiarizar a aparência com o aspecto de um
grande princípio, ou a realização da condição autoconsciente e
livre dos homens, mas é uma apreensão das realidades não
dadas que se revela por meio do dado.

Toda pesquisa histórica anda sempre às voltas com a linha


difusa entre resgatar a experiência daqueles que viveram os
fatos, interpelar seu sentido e reconhecer nessa experiência seu
caráter inconcluso. A historiogra a examina o ponto do
contato da palavra com a realidade concreta do objeto
examinado. É um instrumento privilegiado de decifração do
mundo. Encontrar o verdadeiro sentido das palavras contidas
em um texto é tarefa que se impõe a qualquer historiador que
deseja transformar em compreensão histórica o seu estado
inicial de incompreensão semântica. Historiar é uma atividade
intelectual, composta por tudo o que um historiador pode
aprender: leituras e convivências, por idas e vindas entre os
documentos, alocação de seus interesses intelectuais, um
esforço de imaginação em fazer reviver o tempo estudado.
Qualquer historiador, para produzir bons signi cados sobre
um tempo irreversível, precisa de uma atenção constantemente
voltada para os múltiplos objetos que exprimem os vestígios
esparsos do passado.

O historiador que conhece os eventos apenas em sua ordem


cronológica não descortina os indivíduos em meio aos fatos,
mesmo que correspondentes à dimensão episódica da
narrativa. Esse tipo de erro insere o heterogêneo psíquico em
uma homogênea superestrutura psíquica. Enquanto a história
é feita de acontecimentos, a historiogra a é a tentativa de
composição de certas totalidades temporais, extraídas do uir
histórico e rmadas num cálculo cronológico. Não chega a ser
historiador aquele que simplesmente trabalha com a nco nos
arquivos. Para o historiador, a determinação da veracidade de
documentos é uma tarefa preliminar. Deve-se devolver o fato à
sua totalidade em busca de uma compreensão da vida humana.
A leitura de um documento é como conversar com um ser de
papel. Pacientemente, o historiador faz perguntas que
possibilitam a re exão sobre as diferenças entre a realidade, o
perceber e o imaginar da essência analisada. Seu pensamento
re exivo pertence, antes de tudo, às categorias do pensamento
comparativo, no qual, cada fonte histórica, com seus diferentes
tipos, representa um universo aberto onde o seu intérprete
pode descobrir in nitas interconexões. No presente e no
passado, ser historiador sempre exigiu erudição e sensibilidade
no tratamento de fontes. A alma dessa compreensão é forjada
na luta que o pensamento conceptual do historiador estabelece
contra o drama da palavra. Ao fazer mais que acatar o critério
da evidência aparentemente imediata, o historiador percebe
que em cada documento de uma mesma temporalidade há
diferentes vozes.

Evitar conclusões apressadas ou rígidas é uma condição


essencial para não transformar a especi cidade do fato
histórico em um acontecimento indistinto. As motivações
morais implicadas nos fatos analisados podem ajudar a
compreender a história, mas não são os objetos da explicação
histórica. Há diferenças entre a história como fato e o registro
escrito dos fatos. Fundada na diversidade dos homens e
tempos históricos, a história não é um conhecimento de
intenções, mas dos fatos livres realmente executados. O bom
historiador não é um mero colecionador, mas um operário da
verdade pretérita. Seus pensamentos e aspirações se dirigem à
construção humana sobre a re exão, sobre o saber. A história
se dirige ao conhecimento da ação humana. A transformação
desse depósito de múltiplas matérias-primas individuais em
uma estrutura lógica é um dos ofícios dos historiadores.
Descobrir realidades próprias do passado, constituídas
enquanto resultados das decisões dos homens concretos,
requer esforço. Enquanto homens, somos hóspedes de um
momento da história.

A história integra a existência humana através de uma


reunião de passados, individuais ou coletivos. O fato histórico
é a ação humana realizada singularmente no tempo. Por mais
ampla que seja a causa histórica, a sua recepção é sempre
individual. Como escreveu Ortega y Gasset: “Eu sou eu e
minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim”.
Originalmente, o sujeito da história é o indivíduo, que, por sua
essência sociālis, engaja-se em totalidades coletivas detentoras
de vínculos que aproximam os homens na realização de
projetos de vida. Do trabalho corporativo à família, exemplos
não faltam para enfatizar que o vínculo social permeia a
história. Inescapavelmente, tupinambá ou esquimó, o homem
nasce no seio de uma sociedade e faz sua vida em seu meio.
Do mais remoto núcleo familiar ao mais abrangente tema
global, é sempre inimaginável um fato histórico que não seja
também social. Evidenciar a especi cidade humana em nada
invalida a certeza de que o indivíduo é meio e instrumento da
história.

A verdade existe, inclusive nesses tempos em que o rigor


intelectual passa longe de ser difundido. A rmar a sua
existência é uma condição para o desenvolvimento de
qualquer pesquisa historiográ ca. A questão da verdade na
história é capital. Se não há certeza, não há verdade; nem o
mínimo de coesão social. Fora da verdade, nada pode ser
verdadeiro. Abandoná-la leva ao nada. Se cada um tem a sua
verdade, por que não posso a rmar que Machado de Assis foi
um hipopótamo membro da Al-Qaeda? O que perguntei é
incognoscível porque desarticula a consciência natural do
mundo fenomênico e a ordem do conhecimento. Na nossa
consciência, ordenamos e elaboramos o material sensível em
relação às formas a priori da intuição e do entendimento. A
nossa convicção da realidade de que Machado de Assis não era
um hipopótamo é o resultado da soma de um raciocínio lógico
com a vivência imediata numa experiência da realidade. O
conhecimento consiste em forjar uma imagem do objeto; e a
verdade do conhecimento é a concordância desta imagem com
o objeto. Nem tudo é questão de ponto de vista. Na história, há
divisão entre os objetos reais e ideais; é real tudo o que nos é
dado pela experiência histórica. Para o realista, o verdadeiro
existe fora e independentemente da nossa consciência,
enquanto para o idealista o verdadeiro não existe pura e
simplesmente, mas necessita ser concebido.

Na generalidade nada mais representativo do que a cegueira.


A impossibilidade de esgotamento da verdade é tomada como
prova de sua inexistência, e a subordinação dela à vontade para
tirar a limpo convenções entendidas como arbitrárias é
confundida coma negação da unidade entre o pensamento
subjetivo e o objetivo. Nessa babel, impregnada de idealismo
lingüístico, além dos problemas hermenêuticos, deve-se levar
em conta as conseqüências dessa predisposição para se
multiplicar uma importância pessoal. Esse idealismo reduz o
ser das coisas percebidas e distingue o dado da percepção e a
própria percepção. Suprimida a realidade aparente, sustenta a
tese de que não há coisas reais, independentes da consciência.

Sucessão e dimensão episódica indicam a ordem dos


acontecimentos; totalidade temporal e seqüencias de
enunciados indicam a ordem do discurso. O passado possui os
seus predicados técnicos de veri cação. Historiogra camente,
algo pode ser verdadeiro sem ser bom e o menor fato histórico
tem um sentido. Exemplos do mal na história não faltam e é
pela pesquisa que um historiador distinguirá, dentro do que
for possível, a concordância de um tempo histórico consigo
mesmo. O passado é sempre dotado de uma realidade própria.
Apresentá-lo é um dos enfoques do historiador, que,
inevitavelmente, está no presente e no passado ao mesmo
tempo. Ele abarca com suas pesquisas acontecimentos,
descreve ambientes, estabelece relações de causa e efeito,
analisa as personagens. Na condição de artí ce, o historiador
se interessa pelos acontecimentos com a pretensão de
descobrir a sionomia pouco conhecida do passado. Por
essência, a história é o estudo por meio de documentos, mas a
narrativa histórica se coloca para além de todos os
documentos, visto que nenhum deles pode ser a totalidade do
acontecimento em si. Para um historiador, a noção de fonte é
bastante exível: é toda fonte informativa da qual sabe extrair
algo para melhorar a compreensão do passado humano. O
passado pode ser banal e morti cante, mas é sempre um ponto
onde o historiador se coloca.

Na historiogra a, o passado subsiste na voz narrativa


amparada na memória, que, sujeita à linearidade do signo
histórico, conta com a força do imaginário. Através da
memória, o homem constitui a sua voz. A memória, que nem
sempre é épica, pálida ou morta, é feita de acontecimentos,
constituídos de múltiplas histórias que se passaram em
diferentes unidades espaço-temporais. Os acontecimentos,
mediante pesquisas ou convenções, recebem do historiador o
seu enredo arquitextual, ou a dimensão textualizada dos
acontecimentos de uma totalidade temporal. Dessa maneira, a
relação do historiador com a memória passa a ser
classi cativa, combinando a análise temporal com a integração
da lógica narrativa, que se con gura em seqüências que se
integram à lógica do passado coletivo. O historiador combina
a análise temporal com a integração da lógica narrativa. Essa
síntese pode ser mera ilusão que objeti ca o passado, como
também pode ser um bom horizonte de expectativas que
enquadra e rege a leitura histórica.
Todo historiador, quando se pretende sério, tem diante de si
um desa o: a manutenção de uma consciência autônoma, livre
de paixões políticas e imune a todo aliciamento ideológico. A
maneira como cada pesquisador responde a esse desa o
norteia sua pesquisa e condiciona seus resultados. A verdade é
sempre profunda, e o historiador deve ser prudente para
justi car os vestígios que escolheu. Todo acontecimento
histórico tem potência para explodir numa multidão de
objetos de conhecimentos, que, quanto mais conhecemos,
mais se alargam aos nossos olhos.

Da luta entre o caos da existência, os princípios de ordem e


um corpo de múltiplos fatos nasce a história.

Os valores moralmente subjetivos implicados nos fatos


podem nos ajudar a compreender a história, mas não são o
objeto primordial da explicação histórica. Há em nós a
tendência de julgar um evento pelos seus agentes menos
dignos e, como vivemos numa época de intenso fanatismo
ideológico, esse anacronismo, tão comum em historiadores
brasileiros, domina a maioria dos espíritos descritivos. O
historiador, quando lida com qualquer assunto, precisa ajustar
o espaço que sua base moral terá no con ito com o tema
analisado. O bom pesquisador, por meio do estudo, coloca
suas opiniões em con itos. Estudar o passado consiste em
mais do que reagir aos personagens e temas analisados.
Independentemente do valor de suas suspeitas iniciais, o
pesquisador precisa compreender o motivo de algo ser uma
verdade. O uxo de consciência que estabelecemos com as
nossas opiniões é tão familiar quanto o ar que respiramos.
Quando se obtém a verdade por meio do conhecimento, você
não apenas a possui, mas compreende o motivo de ser uma
verdade. Porém, quando você tem a verdade apenas por ter
uma opinião certa, você não a compreende, nem compreende
seus motivos.

A descrição de processos históricos não se desenvolve por


mágica, mas graças à tentativa metodológica de identi car os
códigos e os mecanismos pelos quais o signi cado é produzido
em várias regiões da vida social do passado analisado.
Historiogra camente, desde que bem fundamentadas, as
visões distintas sobre o passado não se excluem, mas
integram-se. A dialética historiográ ca, vinculada às variações
do ser humano, ilumina o caminho até o passado, permitindo
que apreendamos os fundamentos dos signi cados e
orientações. O historiador é aquele que, apesar dos próprios
con itos de sua realidade, investiga os enigmas das conjunções
pré-existentes. Cotejada com o passado, a vida do historiador é
menos que um grão de areia na ampulheta. Nenhum
historiador será capaz de esgotar qualquer realidade analisada.
Seu talento é o de dirigir a própria consciência, à maneira de
Proust, para um lugar privilegiado, e isso só será possível com
a apreensão dos conceitos essenciais para a legitimidade da
historiogra a, tais como memória, passado, linguagem,
verdade, documento. Compreendê-los, parafraseando o poeta
Manoel de Barros, é enrugar o couro intelectual.

A idéia de uma história nacional é um limite inacessível ou


antes uma idéia transcendental. Não se pode escrever esta
história, e as historiogra as que se crêem totais são enganosas.
O historiador pode escrever dez páginas sobre um dia ou
exprimir dez anos em duas linhas. Do mesmo modo, não está
reduzido a ser um cronista de eventos tidos como
consagrados. Uma das razões que tornam tão fascinante o
estudo da história é a ambigüidade essencial de toda situação
histórica; cada livro de história impõe a lógica de sua escrita.
Como vozes direcionadas, os historiadores e suas múltiplas
maneiras de pesquisar, re etir e viver o país textualizam as
mesclas híbridas de suas experiências.

Não precisamos saber tudo sobre determinado


acontecimento para que possamos entendê-lo com certa
razoabilidade. Inclusive, muitas vezes, uma montanha de
informações pode provocar o efeito contrário, isto é, poderá
servir de obstáculo ao entendimento. O historiador ca mais
próximo da realidade pesquisada por meio de dois predicados
importantes para a composição historiográ ca: a imaginação e
a multiplicidade das fontes, que são restos do homem que
emanam do fundo dos tempos, como destroços de um
completo naufrágio, objetos cobertos de signos que podemos
tocar, cheirar e observar na lupa. Dessa verdade que anseia por
atingir e que lhe escapa permanentemente, o historiador
recompõe os processos, que, em conjunto, formam uma
história de maior ou menor duração. Descrever uma totalidade
é multiplicar os itinerários que a atravessam. Caracterizar a
maneira de pensar ou sentir de certos grupos sociais, mesmo
de determinados indivíduos, não é tarefa fácil. Ao pretender
reconstituir a maneira de pensar ou de sentir de certas épocas
ou de certas coletividades, tomei o Brasil em seu conjunto, mas
sem ignorar alguns traços essenciais de suas variantes
regionais.

A memória é essencial a um grupo porque está atrelada à


construção de sua identidade. Composta de ações de nidas
como dignas de viver na anamnese dos homens, ao mesmo
tempo que visa estabelecer a construção de arquétipos por
meio de símbolos nacionalmente reconhecidos — por
exemplo, a bandeira e o hino nacional —, muitas vezes não
passa de ilusão de simultaneidade. Profundamente relacionada
com os quadros sociais do país, suas funções se constituem em
tentativas de unidades narrativas mínimas.

Predominantemente formado por escolas que produzem um


número cada vez maior de indivíduos atingidos por essa
espécie de mal-estar histórico crônico, o “brasileiro médio”,
muitas vezes, considera que há poucos fatos na vida brasileira
que despertem uma dedicação generosa. Dotado de orfandade
histórica instituída pela experiência — mais ou menos
recalcada — do fracasso escolar e refém do marginalismo de
nossas elites, que Oliveira Viana causticou como sendo um dos
principais dramas brasileiros, sua relação com a memória
nacional é quase sempre antipática. Basta ligeira inspeção para
encontrar no Brasil de hoje esses sinais. Em geral, receberam
um tipo anacrônico de ensino da história brasileira, no qual o
presente se projeta no passado, como se a nação fosse apenas
um pretexto para juízos morais. Não se trata de entronizar ou
de destruir ídolos. Trata-se de um tipo de professor de história
que, ao transformar o passado em um espetáculo para um
público em luto, permanece limitado ao papel do colecionador
que arranca os fatos do seu contexto, sem submetê-los a um
verdadeiro inquérito. Acostumado a viver interpretando o
passado de uma forma adestrada e maniqueísta, de certo
modo intoxicado pela própria universidade, expõe perante os
seus estudantes ou às vezes perante um público mais extenso
um arremedo de desmisti cação do Brasil. Esse tipo de
fanático sem escrúpulo, atuando sobre uma multidão amorfa,
deprimida, analfabeta funcional, carcomida por divisões
intestinas, etc., tem grande probabilidade, com os meios da
propaganda e de espetacularização das informações, de exercer
um poder magnético. Nas palavras de Manuel Antônio de
Almeida: “À custa de muitos trabalhos, de muitas fadigas, e
sobretudo de muita paciência, conseguiu o compadre que o
menino freqüentasse a escola durante dois anos e que
aprendesse a ler muito mal e escrever ainda pior”.

Sendo o Brasil uma realidade viva e humana, que sofre


in uências de toda a sorte, não é anacrônico tentar
compreendê-lo em uma perspectiva histórica que dialogue
com os dias que correm. Conhecer seus muitos eventos que
continuam presentes na agenda atual é uma forma de
combinar as abordagens cronológica e analítica. Se muitos são
os eventos, contextos políticos e culturais que assinalam esses
mais de cinco séculos de existência nacional, alguns traços
insistem, teimosamente, em comparecer na agenda local. O
caminho da autoa rmação do pensamento brasileiro já está
aberto, carecendo apenas dos que continuem o trabalho dos
desbravadores. É o caminho palmilhado por Pedro Calmon,
historiador de apurada pesquisa, dos maiores e mais
primorosos em língua portuguesa.

Devo a Pedro Calmon um dos estímulos mais decisivos para


que a minha formação cultural se processasse iluminada pelas
luzes da história brasileira. Pedro Calmon Moniz de
Bittencourt, um típico baiano de exportação,1 não foi somente
um intelectual erudito, mas homem de ação e de muitas
sugestões. Foi Deputado Estadual e Federal, Reitor e Ministro.
Como escritor, lega uma obra notável, estruturada em três
grandes áreas: literatura histórica, história e direito.2 No
primeiro grupo, incluem-se os mais divulgados dos seus livros,
por exemplo, O Rei Cavaleiro e a Vida de Castro Alves. Fazem
parte da segunda categoria os cinco volumes da História Geral
do Brasil, os três da História Social do Brasil e a sua grande
obra História do Brasil. Na área do direito, estão reunidos o
Curso de Direito Constitucional e Curso de Teoria Geral do
Estado.

Nascido em 1902, a 23 de dezembro, na cidade baiana de


Amargosa, Pedro Calmon, desde o curso secundário,3 revelara
excepcional inteligência, a ponto de seus professores o
convidarem para compor algumas bancas examinadoras.
Poderosa inteligência, assíduo leitor, ainda adolescente se
tornou íntimo dos clássicos, armazenando sólida cultura.
Espírito disciplinado, tocado pela fé católica,4 o segundo lho
de Pedro Calmon Freire de Bittencourt e de Maria Romana
Moniz de Aragão Bittencourt, tem na sua progênie expressivos
representantes da nobiliarquia brasileira,5 a exemplo do
Visconde Nogueira da Gama, prestigiado político do nal do
Segundo Império, pelo ramo materno. Oriundo do tronco
paterno, o representante mais destacado é o Capitão de Mar e
Guerra, João Calmon, combatente na luta contra os
holandeses, para cuja missão viera de Portugal acompanhado
da família. Editado por Monteiro Lobato, estreou como
escritor aos 18 anos com a publicação de “Pedra d’Armas”, uma
coleção de contos relacionados com a história da Bahia.6
Também nesse período, inicia a atividade jornalística em O
Imparcial, graças a Homero Pires. Por in uência de seu
padrinho, Miguel Calmon7 — que fora em sua vida um
segundo pai — escolheu ingressar na Faculdade de Direito.
Estudou na Faculdade de Direito da Bahia por dois anos,
transferindo-se para o Rio de Janeiro, em 1922, para
secretariar a Comissão Promotora dos Congressos do
Centenário da Independência.8 Continuou seus estudos na
Universidade do Rio de Janeiro, atual Faculdade Nacional de
Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
diplomando-se em 1924. Aos 23 anos volta à Bahia,9 para
exercer a deputação estadual, nos governos de Góes Calmon e
Vital Soares.

Para não poucos historiadores brasileiros, que se de nem


como atualizados, a obra historiográ ca de Pedro Calmon está
defasada. Embasado na minha convivência íntima e
prolongada com seus textos, discordo. Sobre a discordância,
cabe dizer que a historiogra a não precisa ser unânime em
absolutamente nada. Heródoto e Tucídides, por exemplo,
ambos gregos e mestres antigos da história, divergiram no
modo de escrevê-la, ou seja, a divergência está na gênese da
narrativa história. Só para contextualizar, Heródoto, ainda sob
o ciclo da epopéia, e que tanto se ocupou do antagonismo
entre o espírito helênico e o oriental, entremeava de mitos e
lendas as suas narrações, ao passo que Tucídides, seu
discípulo, sem prejuízo da prosa ática, preferiu o relato seguro
e objetivo, sendo um precursor da informação documental.
Um tendeu mais para a arte, o outro, para a técnica de
reconstituir o passado. No meu entendimento, Pedro Calmon
realizou a proeza de uni cá-los nos volumes de sua
monumental obra História do Brasil.

Na adolescência já ouvia falar dos livros de Pedro Calmon e


de sua personalidade — um tanto medieval em um tipo
renascentista. Talvez por isso mesmo, sem mais informações,
concluí que se tratava apenas de um medalhão.
Independentemente desses juízos iniciais, estudá-lo, sendo eu
então um jovem aspirante a historiador, seria um caminho
obrigatório, a nal ele é o autor de dezenas de livros,10 e o
intelectual que melhor concebeu e modelou a universidade
entre nós, a partir do reitorado que exerceu com fulgor, na
Universidade do Brasil, bem como no luminoso exercício da
cátedra durante período longo e fecundo. Por isso,
desconhecê-lo seria negar a condição de universitário e
confessar obscurantismo e ignorância imperdoáveis. Não
precisei ler um de seus livros para começar a mudança na
minha percepção, bastou que eu começasse a investigar a sua
biogra a para que me surpreendesse, a nal esse homem que
classi quei como um medalhão era admirado por Carlos
Heitor Cony, escritor que já reverenciava nessa época.
Descobri essa admiração de Cony quando li sua crônica em
homenagem ao recém-falecido Pedro Calmon. Nesse texto,
carregado de emoção, o romancista registrou que a morte de
Calmon mostra um tempo que acabou, sendo muito provável
que as gerações mais novas ignorem o que Pedro Calmon
representou no panorama cultural de um tempo não tão
distante assim. Segundo Cony, Pedro Calmon foi um tipo de
homem que não há mais. Era agradável e sensível sem ser
ingênuo, cordato sem bom-mocismo, educado porque
entendia ser obrigação das pessoas civilizadas tratar bem ao
seu semelhante. Tinha a intuição das limitações humanas e
sabia a maneira de estimular as boas qualidades das pessoas,
fazendo-as sentirem-se mais importantes do que são. Era, além
disso, um paci cador por temperamento e formação. Sobre
esse seu temperamento conciliador, nesses meus estudos
inspecionais, descobri algumas passagens interessantes, sendo
uma delas a vez que defendeu seus alunos11 universitários na
época da repressão estado-novista. Esse homem conciliador e
hábil, que não poucos alunos disseram que sabia compreender
o idealismo dos moços arrastados pelo espírito não-
conformista, soube vencer com habilidade o con ito entre
estudantes e a polícia, quando, certa feita, na solenidade de
uma formatura, o orador o cial excedeu-se, segundo os
critérios ditatoriais, nas críticas à ditadura de Vargas. Como a
polícia era mencionada nesse discurso e no evento havia
policiais presentes, o clima cou tenso e reforços policiais
foram chamados. Calmon, um defensor do sagrado direito de
pensar livremente, conseguiu controlar bem a situação interna,
mas vendo que a polícia cercava a Faculdade de Direito se
dirigiu ao encontro do comandante militar. Dizendo que a
situação interna já estava controlada, enfatizou que caso algum
policial quisesse entrar na Faculdade, que antes zessem o
vestibular. O resultado dessa sua ação? Os policiais não
entraram na Faculdade e nenhum estudante12 foi preso ou
perseguido nesse dia.

Como historiador lhe camos devendo, nós e as gerações do


futuro, preciosas e legítimas contribuições para o
conhecimento da nossa história. Em 1931, foi eleito sócio
efetivo do Instituto Histórico e, em 1932, criou no Museu
Histórico Nacional, a cátedra de História da Civilização
Brasileira, para a qual escreveu o livro com o mesmo título.
Esse seu estudo é pioneiro nessa temática dentro de nossa
historiogra a. Como se desenvolvesse um esquema didático,
onde o leitor, na clareza do seu estilo e através da comprovação
documental, encontra respostas, conseguidas depois de
exaustivas e pacientes pesquisas, de raciocínios inteligentes, de
lúcidas interpretações. Ao invadir o espaço da intimidade de
personagens relevantes, chegando ao nível de quase escutar o
som de suas vozes, Calmon não foi indiferente à dor ou à
alegria do brasileiro comum. Biógrafo de soberanos, os seus
per lados ressurgem para a vida na inteireza do porte, na
justiça das observações, nos traços característicos, nas
minúcias necessárias, tudo relacionado com a época, as
circunstâncias e os ambientes em que viveram e atuaram,
ressaltadas e interpretadas a participação e contribuição de
cada um. Ministro da Educação, serviu à política brasileira
com a visão superior do estadista, atento aos interesses
nacionais, preocupado com o destino da mocidade brasileira.
Jurista, professor catedrático de Direito Público e Teoria Geral
do Estado, diretor, por um decênio, da Faculdade Nacional de
Direito, reitor, durante 18 anos consecutivos, da primeira
universidade brasileira, a Universidade do Brasil.

Antes de completar 34 anos, em 1936, passou a ocupar a


cadeira de nº 16 na Academia Brasileira de Letras, cujo
patrono é outro notável baiano, Gregório de Matos Guerra,
sobre cuja vida Calmon escreveria anos mais tarde. Chegou a
ser Presidente da Academia Brasileira de Letras e, nesse posto,
che ou a delegação do Brasil encarregada de assinar, em
Lisboa, o acordo ortográ co binacional da língua portuguesa.
Foi membro e presidente do conselho federal de cultura, além
de também ter sido presidente, nesse caso por 17 anos, do
Instituto Histórico e Geográ co Brasileiro. A sua obra foi de
tal porte que lhe não tardou o reconhecimento internacional
merecido.13 Tornou-se professor honoris causa das
Universidades de Coimbra, Nova York, Buenos Aires, México,
Quito e Santiago do Chile, membro da Real Academia
Espanhola, da Academia das Ciências de Lisboa e da
Academia Portuguesa da História.

Tendo sido sensivelmente prejudicado pela Revolução de


1930, que o afastara da arena política e, ao mesmo tempo, o
impedira de fazer concurso para a Faculdade de Direito, aos 32
anos ingressou na Faculdade de Direito do Brasil, tornando-se
livre-docente de Direito Constitucional. Quatro anos vencidos,
no verdor dos anos, converteu-se Calmon em professor da
mesma disciplina por memorável concurso. Depois, volta ao
terreno político, ao disputar uma cadeira de Deputado Federal,
em 1935. Venceu, mas seu mandato de deputado federal durou
efetivamente muito pouco tempo, porquanto, a 10 de
novembro de 1937, o Estado Novo cerrou as portas do
Legislativo Brasileiro. Apesar de político, chegou a concorrer
até para o cargo de governador do Estado da Bahia em 1954,
foi um homem que viveu segundo o juízo de Ortega y Gasset:
“A missão do chamado intelectual é, de certo modo, oposta à
do político. A obra do intelectual aspira freqüentemente, em
vão, a aclarar um pouco as coisas, enquanto a do político sói,
pelo contrário, consistir em confundi-las mais que estavam”.

Poucos brasileiros acumularam tantas glórias no decorrer de


suas vidas. Pode-se discordar das idéias de Calmon, nos vários
terrenos em que foram lavradas. Seus princípios conservadores
e sua visão dos acontecimentos podem gerar controvérsias,
mas não considero possível não admirar seu empenho e
pertinácia em achar os documentos cartas, jornais, peças
jurídicas, livros antigos, depoimentos orais. Calmon não foi
um copista de historiadores precedentes, não seguiu trilhas;
refez por conta própria os caminhos por outros percorridos,
dissentindo, con rmando, inovando. É um historiador só
comparável, nessa paixão, aos grandes de nossas letras.
Combinando pesquisa com acerto, no rumo da lição de
civismo, que entendia complementar do conhecimento. Esse
civismo o levou, em 1928, a estabelecer em lei a defesa do
patrimônio tradicional na Bahia. Acho realmente impossível
falar de nossa história sem procurá-lo, sem reverenciá-lo.
Concordemos ou não com o universo de suas conclusões, não
podemos estudar a historiogra a brasileira sem passar por
seus livros e ensinamentos. O moralismo calmoniano, de
fundo monárquico14 embora nada sebastianista e de forma
barroca, nunca o impediu de reconhecer certos
condicionamentos abranges de nosso passado histórico.

Pedro Calmon convenceu-me de que algo superior e belo


existe do lado de cá, nascido e cultivado pelo Portugal de
antanho. O homem, que foi casado com a Sra. Herminia
Caillet Calmon e que teve dois lhos, Maurício Caillet Calmon
e Pedro Calmon Filho, faleceu em 17 de junho de 1985, no Rio
de Janeiro, num triste m de tarde.15 Mesmo no hospital,
convalescendo de três cirurgias no intestino sofridas em março
desse mesmo ano, aproveitava o tempo para preparar mais três
livros: um catálogo genealógico das famílias tradicionais
brasileiras, uma edição revisada e comentada das memórias de
seu bisavô, o Visconde Nogueira da Gama, e suas próprias
memórias, que ele dizia estar escrevendo muito rapidamente.

Em nossos dias, estamos, de fato, diante de uma verdade


indesejada: a de tolerar a omissão de pronunciamentos
necessários sobre a historiogra a produzida por essa ilustre
personalidade que foi Pedro Calmon. Em contraste com esse
incompreensível silêncio, e atendendo ao clamor de não
poucos, vem ao grande público esta nova edição, em cinco
volumes, de História do Brasil, a obra mais importante de
Pedro Calmon. Neste Brasil formado por milhões de
brasileiros que desconhecem a vida e o nome de Pedro
Calmon, e que transforma tenebrosas guras em
personalidades enaltecidas, badaladas, comentadas, inclusive
em meio a ridículas dissertações, é grandioso saber que há um
público interessado em conhecer Pedro Calmon, esse homem
de cultura enciclopédica.

omas Giulliano16
E um dia, povoada a terra...
— Olavo Bilac, O caçador de esmeraldas
I: N  

REALISMO...

Proclamada, a república — ou antes, reconhecida a tranqüila vitória da


revolução — não gastou tempo, vidas e dinheiro com o desmonte do
antigo regime. O seu trabalho, rápido e enérgico, foi organizar o novo,
aproveitando, realista, os materiais existentes: a burocracia, com o
funcionamento rotineiro dos serviços, a começar pelo Tesouro, a
justiça (imunes os tribunais de mudanças precipitadas), a força
pública... Foi moderada e cautelosa. Compreende-se que assim fosse; e
nesta primeira característica lhe encontramos os traços do dissídio
fundamental, que a condenou às provações da anarquia e da guerra
civil.

Desencadeada por uma coligação de conservadores ressentidos,


dissidentes liberais, militares irritados, partidários da autoridade forte,
positivistas inspirados por um programa acadêmico de reformas, é
natural que se processasse numa linha de compromisso ou equilíbrio,
entre tendências antagônicas. Depurar-se-ia, adquirindo expressão
estreme, de revolução de base, se a resistência lhe pusesse à prova o
ímpeto. “Era muito rápido para ser sério”.17 Sem sacrifício e heroísmo,
os movimentos dessa natureza degeneram em transformações
incompletas; adaptam-se aos costumes que pretenderam suprimir. O
crítico dos fatos brasileiros, que os apreciasse com a distância de uma
quinzena, naquele novembro de 1889, poderia tudo resumir numa
inversão: do império republicano (parlamentar e descentralizado) se
passara à república... imperial (autoritária e concentrada).18 Parte da
geração que se opusera às instituições, nos quadros da propaganda,
cujos núcleos tinham sido São Paulo, o Rio Grande, Minas Gerais, a
corte, tomou avidamente o poder. E esbarrou na concorrência da velha
política. Observa-se o con ito de mentalidades, de objetivos, de
teorias, simpli cado e, de certo modo, neutralizado, pela posição
eqüidistante do governo provisório, feito para conciliar os grupos na
representação de suas tendências. Nesse aspecto de renúncia às
opiniões radicais, visando à consolidação da ordem, em que primava o
respeito às di culdades do momento — o ministério formado pelo
marechal era uma peça inteiriça de lógica política. Nele guravam a
juventude das armas, seu apóstolo da Escola de Guerra, Benjamin
Constant, a Armada, com Wandenkolk, a campanha republicana,
desde a primeira hora, com Quintino e Aristides Lobo, a ala paulista,
com Campos Sales, os rio-grandenses, com o positivismo militante,
Demétrio Ribeiro. Rui Barbosa, deslocado na pasta da Fazenda, de fato
a primeira cabeça do governo, podia ser chamado de Ministro da
Idéia, tal o destaque que lhe dera a batalha quotidiana travada, desde
maio de 89, com a situação reacionária. Essa coalizão de correntes, sob
a in uência prudente do ditador — receoso de novidades que não
tolerava, sem intransigências ortodoxas, ele, que, até o
“pronunciamento”, fora um crente do sistema reinante, linha viva de
comunicação entre o passado e o presente, garantia e árbitro da
evolução —, ganhava uma e ciência bené ca. Tudo se faria, fez-se
tudo com a mínima inquietação, no mais breve prazo: a deportação da
família imperial (cujo embarque silencioso, na calada da noite, selou a
implantação da república), a detenção e o exílio de alguns adversários
temíveis, a substituição dos presidentes das províncias ao som das
charangas militares, a mudança da bandeira, atos fundamentais da
reorganização — suavizados pela a rmação solene de que as dívidas e
compromissos exteriores eram encampados pelo novo regime. Os
banqueiros ingleses telegrafaram, pressurosos: os fundos brasileiros
estavam mais rmes na City.19 As nações amigas, os Estados Unidos à
frente, apressaram-se em reconhecer a república.

... E MUDANÇA

A república deu a impressão de que envelhecera no segundo mês de


existência.
O mal, foi a facilidade com que se impôs: na aceitação
indiscriminada, o sentido, já decadente, do acordo com a imoralidade
eleitoral, as oligarquias regionais, a falsa democracia, a troca dos
rótulos e não dos processos, a “adesão” dos vícios que tinham
corrompido a centralização monárquica, acrescido de um, inédito: o
caudilhismo de espada à cinta. Mas, apesar da deformação realista, ou
por isso mesmo, cumpriu a sua tarefa sem cataclismos: favorecida pela
alegria econômica, que lhe foi o timbre, a marca demagógica, a sua
arma. Quebrou, numa época de nervosismo comercial, as formas
estreitas, tanto da legislação como dos costumes: e envolveu-se na
“festa” do “encilhamento”, dos negócios, do jogo da Bolsa, da
prosperidade aparente — que enrodilhava no seu turbilhão a
sociedade —, com as emoções e os sentimentos populares: o período
áureo da aventura... “Se o encilhamento não tivesse vindo por si, devia
a república inventá-lo”.20

Graças a este conjunto de circunstâncias, a que a disciplina das Forças


Armadas emprestou algum tempo o apoio essencial, a nação
abandonou o velho sistema; começou a comportar-se
republicanamente sem as calamidades que lhe adviriam da transição,
se não a presidisse, por toda parte, uma tolerância espontânea. O
caráter brasileiro estava pintado nessa ênfase, nesse simbolismo, nessa
timidez inconseqüente, que tinha a vantagem de congraçar as classes,
diluindo entretanto nas meias-tintas de um ceticismo prematuro as
esperanças doutrinárias daquilo... Os republicanos foram os primeiros
decepcionados. Correu a frase de que “não era a república dos nossos
sonhos”. Uns após outros se foram desligando da responsabilidade da
ação, nas controvérsias que dividiram e, por m, dissolveram o
governo provisório: Aristides Lobo, Demétrio, Rui, o próprio
Deodoro. Foi preciso que troasse o canhão da revolta para que a luta
de nisse en m os campos e desse ao regime o seu forte relevo.21

A história dos três primeiros anos da república compreende a


organização legal, a cisão, o choque das forças, cuja aglutinação pusera
abaixo o trono, e cuja separação obedecia à ordem natural das coisas.
II: A   

NO DIA SEGUINTE

Às três e meia da tarde de 16 de novembro, os novos ministros,


Aristides Lobo, que também representava o Marechal Deodoro,
Benjamin Constant, Rui, o Almirante Wandenkolk, perante a câmara
municipal, convocada especialmente, prestaram o compromisso de
“manter a paz e a liberdade públicas, os direitos dos cidadãos, respeitar
e fazer respeitar as obrigações da nação, quer no interior quer no
exterior”.22 Podia ser extravagante, o juramento, na Casa do município
e não no Supremo Tribunal: e com José do Patrocínio, ontem
caudatário fanático do “terceiro reinado”, à frente do cerimonial,
assinando a ata dezenas de pessoas presentes... Mas a confusão dos
primeiros momentos — tudo justi cava.

Havia pressa em concluir a revolução. Começou a organizar-se em 18


de novembro.23

Depois dos atos inaugurais, qual a instituição da república federativa


pelo decreto número um, a nomeação do ministério e dos primeiros
governadores (Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro), a “Proclamação
do governo provisório”,24 providências que contentassem a Marinha
(indulto de desertores, abolição de castigos corporais) — era preciso
ver o que ia pelas províncias, com a passagem do poder às novas
autoridades.

A contra-revolução seria provável, teria explodido,25 se a não


desautorizasse o imperador, tomando loso camente o caminho do
desterro. Foi a sua partida noturna, habilmente insinuada nas medidas
urgentes do restabelecimento da ordem, o sinal da capitulação das
últimas resistências, a mais signi cativa, ou a mais poderosa, a da
Bahia, cujo comandante das armas era o irmão mais velho de
Deodoro.
O que aconteceu nas províncias (desde 16 de novembro, segundo o
decreto institucional, Estados Unidos do Brasil )26 testemunha a feição
especial que nelas tomou o levante, e as suas possibilidades civis.

EM SÃO PAULO

De posse da repartição dos telégrafos, o Tenente Vinhais (que na


redação de O País era o encarregado dos telegramas) se comunicou
com as províncias, a anunciar a vitória da revolução. Esses despachos
derrubaram os governos locais, como um sopro derruba castelo de
cartas. Incruentamente...

Em São Paulo foi que se soube de véspera (graças à correspondência


de Glicério com Campos Sales) do golpe que seria desfechado na
manhã de 15 de novembro. Prevenido, o clube republicano (fadado a
exercer papel preponderante na política nacional durante o decênio)
tomou a dianteira aos acontecimentos. Às nove da noite de 15
começou a encher-se de povo a Rua de São Bento. Os mais entusiastas
queriam assaltar o palácio. Foi voto vencedor o de Gabriel Piza,27 para
que se esperasse o dia seguinte, quando, su cientemente informado, o
presidente, General Couto de Magalhães, o abandonaria. Dissolveu-se
a multidão, depois de um discurso de Américo de Campos (veterano
das agitações liberais de 1868). A 16, tudo transcorreu numa ordem
correta: perante a câmara municipal se empossou o triunvirato,
composto de Prudente de Morais, Rangel Pestana e Américo
Brasiliense; entre alas respeitosas, Couto de Magalhães, calmo, polido,
sem gestos, deixou o palácio;28 e a população não teve mais dúvidas
sobre a solidez da república quando, no dia 18, insistindo no “fato
consumado”, na impossibilidade da “restauração”, o Conselheiro
Antônio Prado a concitou a acatar o poder instituído.29

Em Minas, ausentes o chefe da facção republicana, João Pinheiro, e


Cesário Alvim, nomeado governador, o engenheiro Antônio Olinto
dos Santos Pires foi, por ofício de Aristides Lobo, incumbido de
receber das mãos do Visconde de Ibituruna a presidência. A
cerimônia, no Palácio de Ouro Preto, reduziu-se à transferência de
funções.30 Não se registrou um incidente, não houve um choque, nada
que dramatizasse a mudança. A prova está no convite que o novo
governador fez ao secretário do presidente deposto, para que
continuasse... A câmara municipal, o Barão de Saramenha à testa,
advertiu que estava pronta para formalizar a instauração do governo. E
nessa docilidade se desvaneceram as hipóteses de resistência.

NA BAHIA

Foi na Bahia que se pensou em lutar, desobedecer, separar a


província... Dirigia-a um presidente forte, o Conselheiro Almeida
Couto, cujos adversários eram o partido conservador, desfalcado,
havia pouco, do seu principal suporte, Cotegipe, a ala federalista do
partido liberal (Rui Barbosa), a juventude republicana, com alguns
intelectuais e escasso eleitorado. Deu-se ali o contrário do esperado: na
noite de 16, gente exaltada, da suposta “guarda negra” (antigos
abolicionistas, que juravam defender a monarquia que emancipara os
escravos), correra a pau os republicanos.31 Em palácio, o presidente era
solicitado a manter-se rme, podendo contar com o desvio dos
acontecimentos por uma atitude decidida, talvez a contra-revolução...
Publicando em 16 de novembro as novidades telegrá cas, informou o
Diário da Bahia: “O Sr. Marechal Hermes da Fonseca, comandante das
armas, não adere ao movimento da corte, o que comunicou às
guarnições do Norte das províncias e à corte”. Ali estava — se faltasse a
Dom Pedro  outro condestável — o homem, para a ocasião. Ainda a
17, em resposta ao apelo de Deodoro, asseverou Almeida Couto:
“Como presidente da província e no nome do povo baiano, reunido
espontaneamente e em massa em palácio [...] declaro respeitar e
manter a Constituição e as leis do império”. Quebrou o “impasse” o
Coronel Frederico Cristiano Buys, comandante do 16º de infantaria,
que tinha correspondência com a direção local do Partido
Republicano (Diocleciano Ramos, Virgílio Clímaco Damásio).
Telegrafou ao governo provisório; e recebendo a con rmação de estar
“fortemente constituído”, às seis da tarde de 16 de novembro, com a
presença de muitos civis, proclamou a república. Mas somente na
manhã seguinte — ciente da “partida da família imperial para a
Europa, cando assim extinta a dinastia imperante”, o marechal
comandante das armas se dispôs a aderir. O documento conciso que
assinou foi transmitido à tropa; e, à uma da tarde, em frente ao Forte
de São Pedro, Virgílio Damásio, cercado de o ciais, de estudantes, de
correligionários, proferiu os três gritos, que rematavam a crise: Viva a
república brasileira; vivam os Estados Unidos do Brasil; viva o estado
da Bahia.32 A banda de música atacou A Marselhesa... Damásio tomou
posse do governo perante a câmara (que pro igara dois dias antes a
revolução e se rendia ao “fato consumado”) — no dia 18 —; e o
entregou, a 22, ao médico ilustre a quem o ministério preferira para o
cargo, Manuel Vitorino Pereira.

NO NORTE

As primeiras notícias foram para os clubes republicanos: sentiram-se


donos da situação. Mas os telegramas o ciais foram para os
comandantes militares: e estes tomaram conta do governo. No Recife,
saiu Martins Júnior à rua, com grupos entusiásticos que ovacionavam
a república, na noite de 16 de novembro. O presidente Sigismundo
Antônio Gonçalves (que se empossara na antevéspera) resignou,
porém, em mãos do Coronel José de Cerqueira de Aguiar Lima,
substituído, em seguida, pelo General José Simeão de Oliveira.
Poupadas então (como no Rio Grande), se despejaram as discórdias
num tremendo con ito de republicanos e democratas (dois partidos,
históricos e adesistas), à semelhança dos dias dramáticos de 1847. O
Clube do Maranhão entendeu-se com o comandante do 5º de
infantaria, que, conciliatório, fez junta, sob a sua che a, de o ciais,
doutores e negociantes.33 O Clube do Pará (constituído, em 1886, com
Justo Chermont, Pais de Carvalho, 2º Tenente Lauro Sodré, Bertoldo
Nunes) uniu-se, na tarde de 16, à guarnição de Belém e intimou a
demissão ao presidente Silvino Cavalcanti...

NO SUL
O presidente do Paraná, Jesuíno Marcondes, entregou o governo, a 16
de novembro, ao Coronel Cardoso Júnior, comandante de brigada, que
se lhe apresentara com um telegrama de Deodoro. Teve palavras
cordiais: daria todo o concurso para que a ordem não fosse alterada.34
Republicanos e conservadores fundiram-se num partido forte, sob a
direção de Vicente Machado da Silva Lima, o propagandista do novo
regime de mais vigorosas qualidades de chefe; e os liberais se
arregimentaram em torno do Dr. Generoso Marques dos Santos.
Ganharam estes as primeiras eleições com o auxílio do governador
provisório, General Aguiar Lima — porém por breve tempo gozaram a
vitória, frustrada nos acontecimentos de novembro de 91.35

Em Santa Catarina, a junta, que no dia 16 assumiu o governo,


transferiu-o, a 17 do mês seguinte, ao Tenente Lauro Müller, nomeado
telegra camente pelo marechal. Os partidos monárquicos aderiram
discretamente; não teve conseqüências um motim de praças do 25º de
infantaria, possivelmente insu ado por reacionários encobertos; e,
com o seu no tato, o jovem governador organizou, não somente a
administração, como o partido. Este elegeu a Assembléia que, por sua
vez, o reconduziu ao governo, que ocupou até novembro de 91 —
quando dele se afastou, dias antes da queda de Deodoro.36 A oposição
formara-se, com o rótulo de União Federalista, em redor de Eliseu
Guilherme, Severo Pereira, Fernando Haeckradt: não lhe foi difícil
ligar-se — no ano seguinte — ao governador designado para o Estado
(Tenente Manuel Machado), cujo rompimento com o presidente
(Marechal Floriano) deu a Lauro Müller a oportunidade de reaver as
rédeas do comando, mas através de um episódio particularmente
nefasto para os catarinenses — a revolução de 1893.

Em Mato Grosso (e destes sucessos resultariam as graves


conseqüências que veremos) o próprio chefe liberal, Generoso Ponce,
proclamou o General Antônio Maria Coelho. Este, entretanto, formou
com os conservadores; os antagonistas, vencidos em eleições
dominadas pelo terror (3 de janeiro de 91), apelaram para o governo
central, que o substituiu; o pleito em que preponderara a violência foi
anulado; realizou-se outro, com a vitória de Generoso; e a
Constituinte, assim criada, elegeu Governador Manuel Murtinho.37 Na
sua defesa esmagaria Generoso, no ano seguinte, a rebelião dos
quartéis.

NO RIO GRANDE

Era mais poderoso, no Rio Grande do Sul, o partido liberal, graças a


Gaspar Silveira Martins, chefe incontestável da província. Aí também o
Partido Republicano tinha, com a unidade de doutrina, a rigidez do
comando: Júlio de Castilhos. Surpreendido em viagem para a corte,
Gaspar não pôde contrapor-se aos acontecimentos. A sua ausência
facultou a ação rápida dos jovens propagandistas a quem o órgão do
partido, A Federação, servia de porta-voz e centro da reunião. Foi na
redação da sua gazeta que se reuniram — ainda a 15 de novembro —
Castilhos, Ramiro Barcelos, o Visconde de Pelotas: e decidiram que
assumisse este o governo — pela autoridade da sua alta patente38 —
cando o primeiro como secretário do Estado. Sem apoio político —
os gasparistas atacando rudemente Castilhos, defendido com
veemência pelos republicanos —, Pelotas preferiu recusar. Deodoro
nomeou Castilhos, que declinou, indicando o General Júlio Anacleto
Falcão da Frota. A crise não parou aí. Opondo-se o governo do Estado
à criação dos bancos emissores com monopólio bancário (de que
trataremos), dissentiu de Deodoro; e demitiu-se. Em 6 de maio de 90
entrou em exercício o Vice-governador Francisco da Silva Tavares.
Com ele rompeu o republicanismo castilhista, cindindo o partido: e a
dissidência não tardou em aliar-se aos gasparistas, para enfrentar o
Congresso unânime eleito pelo governo, e a sua Constituição
positivista.

No bojo desta tempestade estremeciam as forças que iam pôr à prova


o regime.

Por toda parte, pois, a tropa, ou o grupo republicano, selou a surpresa


dos espíritos com a ocupação do governo, e o franqueou aos novos,
aos políticos sem experiência, que se jactavam do triunfo no meio do
cataclismo, em verdade esmagados pela responsabilidade inesperada.
O governo provisório teve o cuidado de destacar para a direção dos
Estados pessoas de sua con ança, e, consciente da sua solidez,
envolveu o país na rede propícia de serenidade e força, que foi o seu
clima.39 Mas o sortilégio dos decretos acabou quando as paixões
retomaram o curso: passada a perplexidade do primeiro momento,
enevoou-se o ar, encheu-se com as sombras graves de uma borrasca
inaudita.

A BANDEIRA

É de 19 de novembro o decreto que criou a bandeira: conservando o


losango áureo em campo verde, substituiu o escudo monárquico pelo
globo celeste, representados nele os estados por estrelas
astronomicamente dispostas, conforme o aspecto do rmamento na...
manhã de 15. Uma faixa branca, no sentido da eclíptica, atravessa essa
esfera azul, com o mote positivista, Ordem e progresso. “Ordre et
progrès”... Pediu Rui a Teixeira Mendes (responsável pela concepção)
que em artigo para o Diário o cial a justi casse.40 Ficamos sabendo
que a idéia do dístico é de Miguel Lemos; Teixeira Mendes consultara
o astrônomo Manuel Pereira Reis sobre a exata posição das estrelas às
9 da manhã de 15 de novembro; o pintor Décio Vilares se
desincumbira da parte artística; e Benjamin Constant (que encarregara
o chefe do Apostolado de sugerir o símbolo) o levara à aprovação do
governo. Havia pressa; agradou; testemunhava o efêmero predomínio
da seita, que assumira o papel de preceptora losó ca da república;
batida assim, pelas auras favoráveis da doutrina, tremulou naquele dia
a bandeira nova.

Iludir-se-ia quem, pelo letreiro do pavilhão, imaginasse que o


positivismo dava a lei.41

No dia seguinte, dava-a o liberalismo de Rui Barbosa.

O RECONHECIMENTO
Fracas objeções zeram-se no estrangeiro ao reconhecimento da
república.

Precipitou-se a Argentina — com visível sensação de alívio (pois isto


abolia o “sistema” do império, abrindo-lhe a oportunidade de novo
acerto, para a fronteira disputada)42 — logo em 3 de dezembro.
Reconheceu festivamente o governo de fato. Voltou-se a Europa para
os Estados Unidos: deles dependia a atitude uniforme das potências.43
Os democratas, no Senado, propuseram o reconhecimento, razão
su ciente para se oporem os conservadores (Shermann e Ewarts),
lembrando a gura venerável do imperador deposto e a conveniência
de se aguardar a normalização do regime, pelo voto da Assembléia
Constituinte. Venceu a habilidade do nosso representante, Salvador de
Mendonça, junto da natural predileção do governo de Washington
pela forma republicana, cuja sorte tanto lhe interessaria em 1893: e a
29 de janeiro de 90 formalmente a reconheceu. Ingleses e portugueses
tinham outros escrúpulos: a ordem monárquica, ameaçada pelo
incremento da propaganda revolucionária. Que se esperasse a
Constituinte, declarou o governo de Lisboa, mais receoso dos
republicanos locais do que dos brasileiros — naquele ano da coroação
do Rei Dom Carlos, a vésperas da insurreição do Porto. Datou de 18
de setembro o reconhecimento, bem depois da França (20 de junho) e
do próprio império alemão (26 de agosto de 90).

III: A 

OS MINISTROS

A ditadura não teve a unidade de uma doutrina, mas a debilidade de


uma aliança.

As divergências provinham das profundas diferenças entre homens


formados sob as mais distintas inspirações. Deodoro, de saúde má e
temperamento autoritário, preferia a linha curta, do bom senso; não o
deslumbravam os gestos, as exterioridades republicanas que o
surpreenderam na idade dos desenganos. Inclinou-se aos conselhos de
Rui Barbosa, que não comungava com os exageros “jacobinos” e tinha
duas preocupações: atender às nanças e dar ao regime o gurino
norte-americano. Aristides Lobo zelava a pureza das instituições,
con adas aos correligionários da propaganda: um intransigente.
Quintino meteu-se num plano difícil: acabar desde já com o dissídio
de fronteiras — a questão das missões — indo a Buenos Aires num
couraçado, pomposamente, para dividir ao meio o território
contestado. Campos Sales esforçava-se pela transformação legislativa,
que não abalasse as classes conservadoras; Demétrio Ribeiro,
positivista, pedia despesas, atitudes, a coragem de um programa, que a
juventude militar aplaudia de antemão. Benjamin e Wandenkolk
cavam nas nuvens do idealismo. Governo de coalizão, feito na
insegurança do triunfo, sem que o consolidasse a amizade ou a
con ança dos ministros uns com os outros,44 tirou a sua força das
di culdades que se lhe depararam.

PRIMEIRAS DIFICULDADES

A 18 de novembro um motim do 25º de infantaria no Desterro —


dominado pelo major que o comandava —, a 18 de dezembro outro no
2º de artilharia do Rio, foram como o convite para que o governo,
receoso de inimigos ocultos, conspirações vagas e desordens, deixasse
irritadamente a tolerância em que se ia desarmando. O marechal
parecia enfurecido. Decretou — no dia 23 — a instituição de um
tribunal militar, para os casos de indisciplina dos quartéis e ainda de
quem quer que fosse, que “por palavras, escritos ou atos”, os
“aconselhassem ou promovessem”. Só não foram fuzilados alguns
soldados colhidos na repressão, porque Rui Barbosa se opunha a tais
extremos.45 Prendessem-se os monarquistas perigosos! Foram presos
Silveira Martins, Ferreira Viana,46 Ouro Preto, outros vultos do
passado. A pena de banimento pôs fora do país Ouro Preto, Carlos
Afonso, Silveira Martins. A ditadura varria a oposição. Mas, temível cá
fora, desconjuntava-se no interior. Ao marechal faltava saúde para
conduzir os acontecimentos; e os ministros, sem se entenderem bem, o
melhor que conceberam para o aliviar das responsabilidades, foi a
criação de um conselho de gabinete em que as medidas, apreciadas
coletivamente, se tomassem por maioria, com as respectivas atas
lavradas por secretário el, o sobrinho de Deodoro, João Severiano da
Fonseca Hermes.47 Iniciou-se este sistema em 2 de janeiro de 1890 —
no Palácio Itamaraty, comprado dias antes para sede do governo.48

GENERALÍSSIMO

No dia 15 — explosão do nervosismo que lavrava na tropa — houve


uma cena bizarra: o ciais e populares correram ao Itamaraty e
prestaram ruidosa homenagem ao fundador da república. Um dos
oradores, o major de engenheiros Serzedelo Correia, na ênfase do
discurso lhe impôs o título de “generalíssimo”.49 Ao Tenente-coronel
Ministro da Guerra outro orador pediu que se aclamasse “brigadeiro”.
Terceiro porta-voz pelo mesmo modo promoveu a vice-almirante o
Ministro da Marinha. Eles agradeceram e aceitaram. As respectivas
patentes foram redigidas em seguida: e a 25 de maio o “generalíssimo”
rematou essa extravagância conferindo aos demais ministros (os mais
civilistas do mundo) as honras de “general de brigada”. O chefe de
polícia, Sampaio Ferraz, benfazejo na sua ação contra as maltas de
“capoeiras” que desassossegavam a cidade, ganhou os galões de
“coronel”...50 O cesarismo hipotético que tais demasias consagravam,
dando-lhe indisfarçável amenidade, marcava entretanto o caráter
marcial da revolução: e a vestia de cores ctícias.

A solidariedade ministerial seria absurda. E o povo mostrava-se


indiferente...51

DITADURA E DEMOCRACIA
Para de nir a divergência entre os membros do governo basta atentar
nas suas tendências, autoritárias e democráticas. Queria Rui abreviar o
período experimental da ditadura, convocando a Constituinte.
Demétrio Ribeiro e seu secretário, Aníbal Falcão, defendiam a
“ditadura forte”. O Diário o cial de 14 de dezembro publicou os
discursos que lhe dirigiram alguns discípulos de Benjamin, militares
de terra e mar, e a sua resposta. Pregavam a dilatação do governo
pessoal; e ele exigia ditadura, não parlamentarismo. Rui, vigilante nos
zelos liberais, era sensível às ponderações da imprensa do Rio e de São
Paulo, que reclamava a Assembléia, para legitimar o poder.52 Venceu,
com o decreto de 21 de dezembro, que a convocou.53 Neste dia a
Tribuna liberal (de oposição ao regime), registrou o acerto: “O
positivismo perdeu a partida que com o republicanismo estava a jogar
dentro do gabinete”.

A rmou Rui, quatro anos mais tarde: “A verdade é, porém, que nas
reformas políticas, as que deram à revolução o seu caráter e os seus
moldes permanentes, a opinião de Benjamin Constant nunca teve
preponderância, nem iniciativa: foi apenas um elemento, ponderoso,
sim, mas coordenado, paralelo, igual entre iguais, no meio dos votos
que compunham o Conselho da Ditadura”. Aliás... “Benjamin
Constant era um discípulo refratário ao jugo de sua escola, e nem
conhecia a política de Comte”.54 Esta, o Apostolado positivista
esquematizou nas “Bases de uma Constituição política ditatorial para a
República Brasileira” — em 31 de janeiro de 189055 —, que não
chegaram a in uenciar a Constituinte, estampando entretanto a
distância, na do Rio Grande do Sul, a imagem diluída da doutrina.56
Ultrapassado o momento em que o positivismo poderia imprimir nas
instituições o selo sectário — com o ditador central e a sua assembléia
dócil —, cuidou o governo de adaptar-se às novas circunstâncias.

MÃO FÉRREA

As novas circunstâncias exigiam disciplina. Estranhou Deodoro


(formado na velha hierarquia) que o ciais impetuosos censurassem
nos jornais o governo. Em 15 de março, chamou a atenção de
Benjamin para esses casos de incontinência de linguagem e agravo à
autoridade: não reconhecia direito a seus camaradas mais jovens, de
faltar ao “respeito e acatamento”. Tomaria providências, se as não
tomasse o ministro, porque era “preferível não haver exército, a haver
um exército desmoralizado”.57 Cesário Alvim (alvo da crítica do Major
Jaime Benévolo em artigo do Jornal do Comércio) secundou o
marechal nessas graves considerações. Benjamin — por elas molestado
— quis demitir-se a 16 de março. Ficou, a instâncias de Deodoro (e
Quintino). Mas não podia continuar na pasta da Guerra. Encontrou-se
a fórmula de sua remoção: o Ministério da Instrução Pública, Correios
e Telégrafos, para isto criado em 19 de abril de 1890. Neste, acomodar-
se-ia com dignidade o temperamento losó co do primeiro
republicano. A pasta militar, com os imperativos do pulso férreo e da
seca obediência, ajustar-se-ia ao prestígio de Floriano Peixoto —
engrandecido nesse quadro de instituições inconclusas por seu silêncio
após 15 de novembro. Evitara a efusão de sangue, tornara-se
(ajudante-general) o laço rme unindo o exército imperial ao do
regime que dependera do seu gesto, da sua paciência, da sua omissão.
Floriano, Ministro da Guerra, assegurou a vitalidade da república...
que dezenove anos almejara para a pátria (confessou, na festa que a 30
de abril, seu aniversário, lhe zeram os companheiros de armas). Esta
a rmação o colocou na linha mais exposta da defesa das instituições,
cujo peso, cedo ou tarde (calculou-se logo) lhe cairia nos ombros.

A CRISE FINANCEIRA

A crise mais séria, que explodiu a 17 de janeiro de 1890, preconizou a


dissolução do governo provisório. É preciso lembrá-la, para ter em
vista o processo de separação das correntes, de xação dos rumos que
foram, por etapas fatais, da discórdia à decomposição, desta à
reorganização reacionária, daí ao golpe de Estado, com a seqüência do
fracasso, da renúncia, das agitações regionais, da segunda ditadura, da
guerra civil.
A crise declarou-se porque, sem ouvir os colegas, o Ministro da
Fazenda obteve de Deodoro o decreto daquela data, autorizando as
emissões bancárias.58

O seu pensamento era singelo.

Ressentia-se a animação dos negócios — que vinha dos últimos


meses da monarquia — de meio circulante, elasticidade da moeda,
crédito fácil. E, a menos que se continuasse o sistema do lastro-ouro,
que mantinha o câmbio (em invejável paridade) mas restringia a vida
econômica, forçoso era emitir, ou deixar emitir. Que os bancos
pudessem fazê-lo sobre apólices... No “relatório” referente a esse
tempestuoso ano de 1890, justi cou-se com a angústia dos banqueiros,
que recorriam ao papel do Tesouro, sem poder voltar à circulação
metálica, com as novas empresas que proliferavam à sombra da
especulação entusiasta, com as próprias tendências do momento, que
lhe pareceu o melhor para as estimular, a exemplo do que sucedera nos
Estados Unidos. Explicou: “No regime rmado pelo decreto de 17 de
janeiro, a apólice resgata-se a si mesma pelo seu emprego no depósito
dos bancos: e este, além do papel inerte de garantia, exerce a função
dinâmica de consumir a apólice depositada, reduzindo
progressivamente a dívida nacional”.59 Os seus companheiros de
gabinete e a oposição — que crescia, alarmista — não viram com esta
simplicidade a inovação. Bradaram que se entrava pelo atalho da
aventura, em que as in ações arruinariam o erário e o trabalho.
Clamaram pela destituição do ministro. Exigiram Demétrio, Campos
Sales, Aristides Lobo, Wandenkolk, que o ministério se reunisse, para
lhe tomar contas. Chegou a renunciar, em carta que Aristides
entregaria a Deodoro. Este bateu o pé, imperioso; e na sessão de 30 de
janeiro, em que se julgava seria Rui demitido, a sua obstinação
triunfou; e todos concordaram em aprovar o que estava feito.60

A atitude de Demétrio foi extremada:61 abandonou o governo.


Sucedeu-lhe — reforçando a in uência paulista — Francisco Glicério.
Demitiu-se Aristides Lobo. Foi substituído por Cesário Alvim.62 Em
verdade se temia o abalo da ordem, provocada ou estremecida pelas
ressonâncias de conspirações mais ou menos fantasistas; e a idéia de
que a situação corria perigo a todos assustava.

Voltara Quintino da sua embaixada ao Prata. Em contraste com as


festas que lhe zeram, protestou-se azedamente: o tratado de
Montevidéu (25 de janeiro de 90) não convinha ao Brasil... A celeuma
criada pela imprensa retumbou no seio do governo, que, tendo
aprovado a viagem, se via na contingência de recusar-lhe os
resultados.63 A Comissão Especial do Congresso, encarregada de
examinar o acordo, opinaria por sua rejeição e a volta ao arbitramento
(parecer aprovado na sessão de 10 de agosto de 1891, 142 votos contra
5).

IV: A   

NOVAS LEIS

Apressou-se o governo provisório em realizar as prometidas reformas,


atendendo tanto aos compromissos da “propaganda” como às
resistências conservadoras, que os travavam.

Têm o primeiro caráter, programático, os decretos da “grande


naturalização” dos estrangeiros domiciliados que categoricamente não
a recusassem, sobretudo a separação da Igreja e do Estado, segundo a
posição liberal dos que, em 1872, se tinham batido por ele, contra ela.64
Os positivistas, com Demétrio Ribeiro, queriam a separação sumária,
exigida pelos núcleos republicanos dos estados. Encarregou-se Rui,
ouvindo o antigo mestre, o bispo do Pará, Dom Antônio de Macedo
Costa,65 cujo conselho era então inestimável, de lavrar essa lei difícil,
em que liberdade não fosse hostilidade nem seqüestro. Assumindo-lhe
a responsabilidade (discurso no Senado, de 20 de novembro de 1912),
diria Rui que procurou inquietar “o menos possível as almas”,
poupando “à liberdade de cultos” a reação “das tradições crentes”.66
Seguiram-se-lhe o casamento civil (proibida a anterioridade do
religioso), a secularização dos cemitérios...67 Traduziram a segunda
tendência os atos de urgente legalização do regime pela convocação da
Constituinte, a organização dos poderes locais, a reestruturação
judiciária,68 a criação de um Tribunal de Contas da República.69

Serviu de cortina protetora dessa vasta alteração de instituições e


costumes o tumulto nanceiro, que, com o apelido de encilhamento
(jogo, delírio de apostas nos parelheiros do hipódromo, azar e
aventura...), atordoou por algum tempo a atenção pública,
amortecendo, no Rio de Janeiro, o choque das novas leis.

ENCILHAMENTO

A palavra era julgamento.

Como se tratava de jogo de bolsa, a analogia popularizou o vocábulo:


e a volubilidade desse espírito se apoderou da capital (a exemplo do
que acabava de suceder em Buenos Aires, donde espraiou a onda dos
fáceis negócios) e deu sionomia ao período, na febre das “épocas
milagrosas”.70 Somaram-se os fatores coincidentes da in ação bancária
(que a sociedade, segundo Comte, entrara na sua fase de progresso, a
que as indústrias presidem), da fantasia e da especulação, num regime
de irresponsabilidade — tal o fervedouro das operações ctícias —
agravado pela complacência o cial. A lei encorajara a jogatina,
favorecendo a improvisação das companhias, por ações vendáveis na
praça, para ns utópicos, ou apenas absurdos:71 empresas de rótulos
sonoros que realizavam quando muito a décima parte do capital, e
logo, impulsionadas pela procura dos coupons, vendidos, revendidos,
circulantes com “ágio” crescente, se constituíam fonte de lucros
mirí cos. Como as assembléias gerais, ao aprovarem os atos da
diretoria, as absolviam de responsabilidade, não faltaram banqueiros e
corretores, a inundar a Bolsa de papéis que, de mão em mão,
acabavam — com a insolvência — arruinando os incautos. Ganhavam
os que se valiam da boa-fé dos compradores, passando-lhes, na alta, os
títulos, que caíam, como bilhetes brancos, de loteria... Mas no ir e vir
da torrente se zeram grossas fortunas; os hábitos pacatos da cidade se
transformaram, com a ostentação, o luxo, a prodigalidade, cujos
fascinantes excessos celebrizaram o Rio de 1890; e generalizou-se a
impressão de que a monarquia retardara este esplendor, obra da
“liberdade”.72

A imprensa aproveitou a ilusão para atribuir a desordem ao governo,


que concorria, com os comerciantes, para a queda cambial, a anarquia
das nanças, tudo o que havia de ilícito no “encilhamento”. E aquele
barulho de imprecações — num ambiente enervado pelos pregões da
Bolsa — disfarçou a crise política.

REESTRUTURAÇÃO

Andou depressa o governo na organização do regime.

Rapidamente antepôs a aparência de normalidade — a que não faltou


a sistemática da ordem — às forças desintegradoras que em torno
militavam. Com a naturalização dos estrangeiros, a liberdade de
cultos, o casamento civil, a desenvoltura das empresas de capital, o
regulamento das eleições com o sufrágio amplo, adquiriu a república
sionomia própria. Ideologicamente igualava os homens, depositava
nas mãos do povo o seu futuro, destravava o comércio, laicizava a
sociedade, apartando do Estado a Igreja. Ligava-se à corrente radical
que preponderara na França com a terceira república, sem perder (esta
a característica que os vários projetos de Constituição lhe deram) o
cunho americano, presidencial e federalista. Para completá-lo, foi
eleita em 15 de setembro a Assembléia Geral Constituinte, que se
instalou no Palácio de São Cristóvão em 15 de novembro de 1890.

Fizeram-se as eleições pelo “regulamento Alvim”, ao sabor do


governo e de seus agentes. Dissolvidos os partidos (como em
dezembro de 89 informara Rui a O Século, de Lisboa),73 retraídos os
antigos chefes, escolhidos os que serviam, ou tinham aderido à
revolução,74 o Congresso, assim formado, careceria da experiência, e, o
que era pior, da vivacidade dos antagonismos, apagados na submissão,
inevitável, ao poder executivo. Diz Medeiros e Albuquerque que
a Constituinte foi uma assembléia de calouros. A maioria de seus membros entrara por ali na
vida pública. Um grande número deles vinha dos quartéis: eram o ciais moços, e quase
todos se consideravam solidários com Benjamin Constant. Só havia nessa assembléia um
grupo realmente ativo, coerente, sabendo mais ou menos o que queria: o grupo positivista.
Embora pequeno, pesou muito — e nefastamente.

“O regime presidencial não suscitou, nunca, nenhum debate geral.


Ele apareceu um dia, em um projeto de Constituição decretado pelo
governo provisório. Ninguém o discutiu. Foi aceito, por assim dizer,
em silêncio”.75

Há dois casos típicos: de Saraiva e Silva Jardim.

Presidente do partido liberal, chefe da ala federalista, da qual se


destacara Rui para fazer a república, podia o Conselheiro Saraiva
orientar os espíritos precavidos. Tinha uma larga experiência ao
serviço do Parlamento e da administração. Veio senador pela Bahia.
Foi recebido hostilmente; não achou confortável o novo meio,
estalando de intolerância; voltou, desiludido, para o seu refúgio rural
— renunciando à cadeira. Com Silva Jardim, quem errou foi a sua
própria gente. Surpreendido em 15 de novembro pelo golpe, que se
cansara de anunciar, sem que para ele o convidassem, cou fora das
posições. Não logrou eleger-se constituinte. “A situação parece
pertencer aos ex-monarquistas... Creio que sou o último republicano”,
con denciou a um adversário.76 Bom para demolir, não o julgaram
apropriado para compartir da vitória. Pagou pelo intrépido
revolucionismo da propaganda, em que se distanciara da losó ca
prudência dos mentores do partido, como Saldanha Marinho,
Quintino, Aristides Lobo... Viajou para a Europa. Atraiu-o, em
Nápoles, a majestade fumegante do Vesúvio. Galgou a montanha
verde-negra; afoitou-se, até perto da cratera; e lá desapareceu — a 1o
de julho de 1891 — no seio do vulcão.77
Esse m alegórico do mais ardente dos precursores da república
serviu de comentário e contraste à fria evolução da política brasileira.

A CONSTITUINTE

A tarefa especí ca da Assembléia era elaborar a Constituição dos


Estados Unidos do Brasil.

Adiantara-se aliás o governo provisório, arrebatando-lhe este


privilégio, pois logo a 3 de dezembro de 1889 con ara a uma comissão
de cinco membros (presidida pelo velho Saldanha Marinho) a
lavratura do projeto, para cujo estudo, por sua vez, se transformou ele
próprio em comissão revisora — de que resultou (por decreto de 22 de
junho de 1890) a Constituição aprovada pelo Executivo, a ser presente
aos constituintes. Para a homologação... Diga-se que não são relevantes
as diferenças entre o primeiro e o segundo trabalho (o da comissão
dos cinco e o do governo, nas reuniões em que Rui Barbosa foi “magna
pars”), verdade é que este o refundiu, e de tal modo que razoavelmente
o Ministro da Fazenda se proclamou seu “autor”. As reuniões, a que
presidia Deodoro, estenderam-se, noturnas, de 10 a 18 de junho.78 A
autoria de Rui consiste na redação do texto, calcado no da comissão,
mas sem sacrifício das vistas originais,79 com que o alterou; e de jeito a
podermos considerar como duas fases autônomas do mesmo
planejamento, a que o Congresso ajuntou pormenores valiosos.

A CONSTITUIÇÃO

Para a instalação da Assembléia a 15 de novembro de 1890, “sem um


grito, sem um viva”,80 armou-se, no pátio interno do Palácio de São
Cristóvão, um vasto e modesto recinto, de madeira. Não a acusassem
de dispersar-se em discussões vãs! Presidida por um autêntico
representante do republicanismo paulista, Prudente de Morais —
severo e pontual —, os seus trabalhos correram breves e tranqüilos.
Antes de mais nada se conveio em restringir-lhe a competência “ao
objeto e termos de sua convocação”.81 Proibia-se-lhe qualquer
interferência no governo (razão do descrédito da primeira constituinte
imperial) e a discussão de dois pontos pací cos: república e
federação.82 Esta adesão inabalável ao “fato consumado” varreu as
possíveis resistências abrigadas na desilusão ou na reação da “velha
guarda”; e foi num ambiente de urgência e acordo que correram os
debates.83 O liberalismo o cial estampara-se no projeto. Che ada por
Castilhos, a bancada sul-rio-grandense se destacou, tanto pela prévia
divulgação do programa doutrinário (a nal, um sistema!) como pela
energia com que o apresentou. Defendia sobretudo a autonomia dos
estados e a universalidade do voto. Manteve-se o presidencialismo. Em
vão pediu o Senador Saraiva, para o moderar, que fosse de dois anos o
mandato do presidente...84 Ficou sendo de quatro (não seis, como
propusera a comissão). Aos ministros impedia-se de participar da
discussão legislativa; seriam o presidente e os senadores eleitos pelo
povo, não como quisera Rui, por um colégio eleitoral reduzido e pelas
Assembléias estaduais; reforçou-se a economia dos estados dando-se-
lhes a propriedade de terras e minas, e novas fontes de receita;
especi caram-se os direitos individuais...85 Caíram certas disposições
extremadas, como a obrigatória precedência do casamento civil, a
expulsão dos jesuítas... Mas não havia relações com a Igreja!86
Equilibravam-se, nos “freios e contrapesos” (como nos Estados
Unidos) os poderes; e a nal a clareza, a síntese, a limpidez verbal da
Constituição — promulgada em 24 de fevereiro de 1891 — lhe
garantiam uma duração razoável. Estabilizava a autoridade, franqueara
aos estados vida própria, proclamara as liberdades democráticas. Tanto
fosse cumprida!

É escusado acrescentar que não foi.

Na verdade jamais a observaram, no espírito de suas disposições


básicas, so smadas, na prática do governo, por um presidencialismo
autocrático associado às oligarquias regionais. Permitiria (veremos)
que à sua sombra se formasse outra “ordem”, qual a dos “costumes”, em
contradição com a “ordem” da lei. Confesse-se embora que nenhum
país é regido estritamente por sua Carta Magna; tanto que a propósito
da Inglaterra (modelo na espécie) disse um autor que quatro são na
realidade as suas Constituições, a simbólica (dos signos), a legal (dos
textos), a convencional (das concessões), a existente (dos hábitos)...87
De fato a república legalizou-se. Mas — “prometida e adiada”,
argumentou Rui88 — longe de adaptar-se às normas clássicas do
legislador, continuaria metida na conjuntura de sua visceral
imperfeição combinada com duas séries de problemas, que, com
aquela Constituição tão norte-americana,89 ou sem ela, teriam de ser
resolvidos: da conservação (combatida por todas as forças da
oposição) e da organização local (conturbada pelo deslocamento das
in uências, na anarquia das províncias).

Não espanta, pois, ser mais importante do que o solene ato de 24 de


fevereiro, da assinatura do Estatuto Máximo, a escaramuça política do
dia seguinte, que foi a eleição para a presidência e a vice-presidência
dos marechais desavindos.

V: O   E

DISSOLUÇÃO

Dissolveu-se o governo provisório minado por insanáveis


descontentamentos. Pretextou-lhe a retirada o caso do porto de Torres,
no Rio Grande: mas o episódio é secundário no processo de
desagregação, resultante da incompatibilidade que se estabeleceu entre
a orientação dos ministros e a prudência de Deodoro. Por várias vezes
cedera à pressão e à eloqüência dos auxiliares; contemporizara,
conciliador; transigira; fora paciente.90 Mas era visível a crise de
con ança que germinava no governo, à medida que a Constituinte
avançava o seu trabalho, desdobrando as perspectivas da normalidade
legal. Entendera Glicério de propor garantia de juros de 100 mil
contos-ouro à companhia hidráulica, que se encarregaria do
equipamento portuário do Rio de Janeiro.91 Deodoro resistiu; e
lembrou as obras de Torres, que mereciam favor semelhante.
Dissentiram os ministros; e, irredutíveis, demitiram-se coletivamente a
20 de janeiro de 91.

LUCENA

Magoado com os homens que a seu lado tinham feito a revolução,


atirou-se Deodoro nos braços de um veterano do ancien régime.
Incumbiu o Barão de Lucena de recompor o gabinete.

Eram amigos desde que, presidindo o Rio Grande, e por incumbência


de Cotegipe, Lucena dele se aproximara, apreciando-lhe os brios
militares e os assomos do temperamento indomável. Desembargador,
sofrera uma remoção injusta, no último governo liberal, e a república
o encontrou predisposto a aceitá-la, tanto porque abatera os
adversários, cuja causa a nal se confundira com a da Coroa, como por
estar à sua frente o velho soldado. Este o nomeou juiz da Fazenda no
Rio de Janeiro e, em setembro de 1890, governador de seu estado,
Pernambuco. De regresso ao Rio, hospedou-se no Itamaraty; e desde
logo o lúcido magistrado passou a ser o seu conselheiro íntimo.
Interveio amistosamente, mas sem resultado, para evitar a demissão do
ministério; e só lhe sucedeu porque Deodoro, exausto, disse que, se
recusasse, também iria embora...92 Exerceu cumulativamente as pastas
da Justiça (até 22 de maio) e das Obras Públicas (até 4 de julho) e cou
na da Fazenda (a partir desta última data). Chamou para os outros
postos do gabinete Tristão de Alencar Araripe (Exterior e Fazenda), o
jurisconsulto João Barbalho (Interior e Instrução), e o Desembargador
Antônio Luís Afonso de Carvalho (Justiça), formando governo
distante do Congresso e da in uência que os estados disputavam,
estranho ao fervor republicano e sem interesse de lisonjeá-lo, mais
perto agora do império — que parecia ressurgir, com os antigos
servidores — do que dos entusiasmos jacobinos, que respondiam ao
agravo com exaltado ressentimento...

Õ
DEFINIÇÕES

Os fatos subseqüentes obedeceram a essa decepção: o Congresso,


alarmado com a política de Deodoro; e unido em torno do seu
presidente, Prudente de Morais; a maioria pronta para, no primeiro
ensejo, destituir o generalíssimo; este decidido a não ceder, não
transigir, não capitular; e a oposição inclinada para o outro marechal,
Floriano.

Em 25 de fevereiro correu perigo a eleição de Deodoro para


presidente no quatriênio que ia inaugurar-se.

Nos incidentes que antecederam à votação estão delineados os


sucessos que, por um decênio, abalaram e dirigiram a nação. Prudente
levantou-se, com a bancada paulista, contra Deodoro. Constou que, se
vingasse tal candidatura, o exército, indignado, fecharia a Assembléia.
A Armada — protestou o Almirante Custódio de Melo — defenderia a
representação nacional! Estudantes,93 o povo, a gente que, em 89,
recebera o novo regime ao som da Marselhesa, cavam contra a
ditadura, cercada de baionetas... Conviria a medida de forças? Falou
mais alto a ponderação dos que temiam arriscar num desa o a sorte
do seu partido, senão a rmeza das instituições. Campos Sales e
Bernardino de Campos viram claro, tanto mais que o candidato à vice-
presidência seria o Marechal Floriano Peixoto, impotente então para
deter as iras de Deodoro, porém desenganadamente seu herdeiro.
Valia a pena esperar. Tentaram convencer Prudente da necessidade de
sua desistência. Foi mais forte a obstinação, algo fatalista, com que
resistiu.

Diria Campos Sales, nas reminiscências, que desse “primeiro erro”


decorreram os demais, que ensangüentaram e talaram o país durante
demoradas desordens:94 disse certo. Esta intransigência acabou de
afastar Deodoro da Assembléia, com a qual jamais se conciliou; e
produziu o pretexto, no m do ano, para o golpe de Estado.
Abandonaram os paulistas a intervenção apaziguadora; e a votação
correu apertada, vencendo Deodoro por 129 votos contra 97. Mas
Floriano, apresentado pela oposição, derrotou Wandenkolk
(sustentado pelos deodoristas) por 153 contra 57. O irremediável da
contenda declarou-se no dia seguinte, por ocasião da solene posse de
ambos. O Congresso recebeu friamente o pai da república; e
prorrompeu em aclamações ao vice-presidente, sagrado — em face do
velho camarada, numa desfeita estridente — o “homem do dia”.95

Notou o cronista:
Eu comparei tudo — e comparei ainda o presidente e o vice-presidente. Aquele proferia as
palavras do compromisso com a voz clara e vibrante, que reboou na vasta sala. Desceu
depois com o mesmo aprumo, e saiu. A entrada do vice-presidente teve igual cerimonial,
diferiu logo nas palmas das tribunas, que foram cálidas e numerosas, ao contrário das que
saudaram a chegada do primeiro magistrado. O Marechal Floriano caminhou para a mesa,
cabeça baixa, passo curto e vagaroso, e quando teve de proferir as palavras do compromisso,
fê-lo em voz surda e mal ouvida. Tal era o contraste das duas naturezas.96

NOS ESTADOS

O governo, ou antes, Lucena, interveio por toda parte, naquele período


de eleição de assembléias e governadores. “Faz-se em todo o país
guerra aos republicanos históricos (escreveu, em abril, José Tomás da
Porciúncula a Silva Jardim) e principalmente aos que não votaram no
Congresso no nome de Deodoro para presidente da república; essa
guerra é sistemática em São Paulo, Minas, Espírito Santo e Ceará,
sobretudo”.97 Em São Paulo, Jorge Tibiriçá (envolvido na atitude da
bancada, favorável a Prudente) foi substituído, em 6 de março, por
Américo Brasiliense. Prudente telegrafou-lhe, de Piracicaba: “Parabéns
pela vossa demissão. Caiu convosco o partido republicano.
Acompanham-vos os aplausos de toda a opinião desinteressada”.98 “Os
republicanos ainda não governaram o país; o governo está nas mãos
dos velhos barões da monarquia, decrépitos e inúteis como ela” —
protestava, na Constituinte baiana, Cosme Moreira.99 E Xavier da
Silveira: “Atropelam-se nas regiões governamentais os ex-validos da
monarquia”.100

No Rio Grande, percebeu Castilhos que a perda de tempo em


discussões demoradas seria fatal à autoridade: e com presteza elaborou
a sua Constituição positivista — o governador chefe responsável e
direto do Estado, sem se ater ao dogma da divisão de poderes, nem ao
princípio da limitação do mandato.101 Elegeu câmara unânime, e, a 14
de julho de 91, fez por ela aprovar, sem emendas, o projeto.

Criticou-o alguém: “No Rio Grande do Sul souberam aproveitar a


situação com habilidade rara. Votemos desde já a Constituição sem
emendas, como foi apresentada, dizia-se; o que se votar hoje pode
revogar-se amanhã; o que importa é constituir desde já o Estado, para
pô-lo a coberto da intervenção federal iminente”.102

O CONFLITO DOS PODERES

Reacenderam-se as hostilidades, estimuladas pela força que dava à


oposição o “seu marechal”, centro de convergência, e sua bandeira, na
luta desencadeada. A Campos Sales deve-se também a única tentativa
razoável para contê-la: o acordo para que, representada a oposição no
ministério, este fosse de equilíbrio, não de combate. Esbarrou
aparentemente a idéia no número dos ministros: Lucena concedia
dois, ela queria três. Prudente de Morais votou contra.103 Delineou-se
outra solução: destruir o governo, pelo impeachment. Apesar de
presidencialista, levando a prevenção ao sistema parlamentar até a
intolerância e a guerra civil (como aconteceu no Rio Grande), aquela
gente dele conservava a noção rudimentar de que, sem o Congresso, o
presidente não podia manter-se. Respirava ainda a inquietação do
velho regime quanto à instabilidade dos gabinetes oscilantes na sua
posição precária, em face de maiorias pugnazes; usaria
temerariamente do poder que julgava legítimo, de chamar a
julgamento e destituir o chefe da nação, contando votos num plenário
faccioso... Aí estava o dilema da república, compor-se com o governo
de prazo xo, pela combinação, ou atirar-se a ele, pela violência. Num
caso, a oposição o envolveria; noutro, provar-lhe-ia a resistência... pelo
desatino.

Floriano, este se dissimulava, num silêncio astuto. Esquivou-se,


reservando-se.
Certo de que era seu o futuro, antecipou-o.

Declarou-se o con ito em torno do projeto de lei que de nia os


crimes de responsabilidade do presidente. Se aprovado, teria o
Congresso base para o afastar, pelo impeachment.104 Vetado o projeto,
Prudente (vice-presidente, na presidência do Senado, porque ausente
Floriano...) decidiu submetê-lo ao voto da casa, disposta a rejeitar o
veto. Aceitava o desa o. Em carta a Cesário Alvim, de 1o de
novembro, preveniu Lucena: “Se ele (Prudente) isto zer, eu vos
anuncio da parte do generalíssimo que o Congresso será dissolvido”.105

O GOVERNO CONTRA O CONGRESSO

A doutrina do governo era que o veto só podia ser apreciado na sessão


legislativa seguinte. A oposição queria recusá-lo imediatamente.
Eletrizara-se a atmosfera com o dissídio; e Prudente de Morais
precipitou-lhe o desfecho. O Senado rejeitou o veto; e, sem perder
tempo, remeteu a matéria à câmara, que procederia do mesmo modo...
Surpreendeu-os o decreto de 3 de novembro — em que, invocando
altas razões do bem público, Deodoro dissolveu o Congresso,
declarando que seriam em maio seguinte as eleições para a nova
legislatura.

O golpe de Estado sacudiu o país de um espanto em que se misturava


a reminiscência das dissoluções, a que se habituara na monarquia, e o
temor das reações correspondentes. O povo parecia aceitá-lo, com essa
inquietação complacente que causa a violência apoiada à força. Dos
congressistas só se conheceu protesto, datado de 4 de novembro,
quando, a 23, caiu Deodoro. Também não se publicou no Rio o de
Campos Sales e seus amigos, saído em São Paulo, no dia 5. Os
governadores, com exceção do Capitão Lauro Sodré, do Pará,
telegrafaram aplaudindo, aderindo, ou prometendo assegurar a ordem,
o que tudo equivalia à concordância.106 A ordem dependia de dois
fatores: a Marinha, que obedecia em boa parte à orientação ideológica
do Almirante Custódio José de Melo — o mais ativo dos adversários
da ditadura, na qualidade de deputado pela Bahia, chefe real da
resistência —; e o vice-presidente, Floriano Peixoto, a quem
aproveitava a conspiração.107 Os sucessos seguiam o seu natural
desenvolvimento. Fora Custódio um dos tenazes oposicionistas de
fevereiro de 91, que tinham compensado a eleição de Deodoro, para
presidente, com a de Floriano, para vice-presidente, derrotando
Wandenkolk. Ambos aguardavam o m desse agitado governo, fosse
através do impeachment (encartado na lei de responsabilidade,
inutilmente vetada), fosse no imprevisto dalgum desvario, que pusesse
a revolta na rua. Não havia maior do que o atentado cometido contra a
representação nacional. Perpetrado este, saiu o almirante a coordenar
o “pronunciamento” naval; e a casa de Floriano, em São Cristóvão, se
converteu no centro da conjura. Enigmático, sem se descobrir aos
olhos do governo, mas de corpo e alma solidário com a sublevação que
se organizava,108 aquele homem glacial encarnou — no atropelo destas
conjunturas — a continuidade do regime, ameaçado de colapso, os
compromissos de 1889, que se diria traídos pelo Barão de Lucena, o
espírito revolucionário das instituições, aparentemente condenadas a
desaparecer. E ngia um alheamento descrente...

O LEVANTE INICIAL

O movimento que depôs o marechal iniciou-se em Porto Alegre.

A dissidência (Barros Cassal, Demétrio Ribeiro, Assis Brasil), forte


com os federalistas (correligionários de Silveira Martins, suprema
expressão eleitoral da província, engrandecido com o exílio e o
infortúnio) promovera o levante das guarnições de Rio Grande e Bagé;
e pela manhã de 12 de novembro, o povo na rua, exigiu em Porto
Alegre a renúncia de Castilhos. O pretexto do motim era a sua
de nição tardia contra o golpe de Estado. Em verdade, destituía-o
porque carecia das simpatias federais (seus amigos contrários, no Rio,
à ditadura) que o seu silêncio parecia requestar.109 Os adversários
escolheram o momento para abater o jovem chefe do mais en brado
partido com que no Sul contava a república: e foi singular a reação.
Desdenhando uma resistência dramática, declarou-se apeado do
poder, entregando-o à anarquia...110 Aclamado o General Barreto Leite,
limitou-se a devolvê-lo a um triunvirato (General Rocha Osório,
Cassal e Assis Brasil), que não esquentou lugar. Faltava-lhe a con ança
da situação que ia inaugurar-se com Floriano: a sua sorte
condicionava-se à “salvação do regime”, logicamente identi cado com
a facção castilhista.

Ordenou Deodoro providências radicais. Pensou numa expedição de


terra e mar. Con ava na solidariedade do país... Enganava-se com a
calma, subseqüente ao golpe. Inesperadamente de agrou a “greve” do
pessoal da Estrada de Ferro Central do Brasil.111 Ameaçava o
abastecimento da cidade. Já aí Custódio dispunha de duas ou três
unidades da Armada. Com o arrebatamento do seu gênio de iniciativa
e bravura, não esperou pela palavra dos correligionários do exército,
que gravitavam em torno de Floriano: passou-se para bordo do
Primeiro de Março, em seguida ocupou, com a sua guarnição, o
encouraçado Riachuelo, e, ao amanhecer 23 de novembro, movia-se
vitoriosamente na Guanabara.

DOIS ALMIRANTES

Surge então o Almirante Saldanha como o condestável da ditadura


vacilante. É admirado pelo cavalheirismo, pela lealdade, pela
competência pro ssional: infunde respeito, con ança, dedicação.112
Sabem-no hostil à república. Isto mesmo o ajustava a uma situação
composta de veteranos da política imperial, de generais inadaptados à
nova ordem, de conservadores coligados na reação — contra o
“jacobinismo”. A opinião dividira-se pela linha das paixões, de uma
banda a resistência, encarnada no governo que caíra na ilegalidade, de
outra o ardor republicano, dos seus inimigos. No momento corriam
paralelas duas restaurações: da autoridade (que, na suspeição geral,
poderia complicar-se com a restauração da Coroa, apregoada por um
remanescente e vivaz partido monárquico)113 e da Constituição,
rasgada em 3 de novembro. Luís Filipe Saldanha da Gama pusera-se às
ordens de Deodoro. Se lhe valesse a in uência, a restauração da
autoridade importaria a revisão de toda a obra feita a partir de 15 de
novembro de 89: vislumbrava-se, no desassombro de sua atitude, a
reimplantação da monarquia.

Custódio e Saldanha agiram com extraordinária rapidez. Enquanto


aquele se apoderava do Riachuelo, este se instalava no Solimões. E
pediu a Lucena um batalhão de infantaria para com ele abordar o
navio sublevado. Era na madrugada de 23. Conta Lucena que Deodoro
dormia depois de uma crise de dispnéia que o assaltara à meia-noite; e
esperou que despertasse, para lhe transmitir a requisição. As horas
perdidas já não podiam ser recuperadas. O presidente ainda telefonou
para as fortalezas, ordenando que respondessem à esquadra; e mandou
dar a Saldanha a tropa que requisitara. Subitamente, mudou de idéia.
Aterrou-o a magnitude do con ito. Travar-se-ia uma batalha à sua
vista, à volta dele, provocada por sua imprudência, outros diriam por
sua ambição — dele, a quem Tobias Barreto chamara “grande herói
sem ambição”;114 agitou-o uma emoção nobre, de patriota que não
podia consentir que corresse por sua culpa o sangue dos concidadãos;
atendeu, meditativo, às ponderações de Lucena, agora para que
desistisse de lutar, selando com a renúncia a grandeza do gesto...
Quando o Sr. Lucena acabou de falar, Deodoro levantou-se, pôs as mãos sobre a mesa,
inclinando-se ligeiramente para frente e, de cabeça baixa, re etiu algum tempo. Depois
voltou-se, ereto, e ordenou a um dos seus ajudantes: “Lamenha, diga a Saldanha que julgue
sem efeito as ordens dadas e venha falar-me”. E tando outro: “Lobo Botelho, mande
preparar o landau e vá dizer a Floriano que me venha falar”. Dirigindo-se então a todos,
declarou: “Já não sou presidente da república e vou pedir a minha reforma”.115

VI: O M  F

FLORIANO

O vice-presidente assumiu o governo na manhã de 23 de novembro de


1891, como restaurador da Constituição que iria “consolidar a
república”. A frase é de Campos Sales, na moção com que o Senado —
a 21 de janeiro seguinte — lhe hipotecou o seu pleno apoio.116 Chamou
para as pastas militares o Almirante Custódio e o General José Simeão
de Oliveira. Contrapôs ao manifesto melancólico em que Deodoro se
despedia, a sua veemente mensagem, declarando-se vingador da
legalidade. Convocou para 18 de dezembro o congresso dissolvido. E
prorrompeu na sua política de abater os representantes da situação
decaída, de cimentar nos estados a autoridade que lhe fosse el, de
erradicar a reação e fundar materialmente outra espécie de ditadura: a
da “salvação”.

Seria excessivo pedir àquele frio soldado, que servira silenciosamente


às antigas instituições, que adotara sem ênfase o novo regime, que
colaborara com o governo provisório como Ministro da Guerra e
primara pela omissão enquanto herdeiro do poder, uma atitude de
respeito passivo pela lei, que não convencia. Vira forjar-se a
Constituição ao arbítrio de opiniões individuais, no círculo fechado do
governo; e assistira à sua aprovação por uma assembléia livre de fazer
o que entendesse, mas distante do povo. Desagravara-a sem risco,
bene ciário hábil de uma revolução que arquitetou na sombra, sem lhe
correr os perigos: e, pois, estava de pé essa constitucional república,
abandonada por seu fundador (gritavam os vencedores de 23 de
novembro), não lhe parecia razoável entregar o comando à desordem
dos partidos ou à anarquia das ruas. Modelou-se nele o “homem forte”.
Era da raça misteriosa dos heróis de poucas palavras, de aparência
inerme, pensamento dissimulado, intrepidez calma, insondáveis
energias reveladas pelo ataque, pela provocação, pelo desa o. Se
tivesse sucumbido antes dessa hora histórica, se não tivesse
sobrevivido ao primeiro governo da república, maltratado pelos
monarquistas, como perjuro, suspeitado pelos deodoristas, como
insincero, o seu per l desluzido atravessaria a crônica política sem
características originais, caudatário taciturno do cesarismo
triunfante... O poder transformou-o: assim “modesto e vulgar” como o
retrataria Quintino117 — “esquivo, indiferente, impassível”.118 Era, no
rigor da expressão, o chefe.
DERRUBADA

Começou “derrubando” os governadores que se tinham manifestado


favoráveis ao golpe de Estado. Pouco importava que, mandatários de
prazo certo, não fossem demissíveis. “A restauração das leis assentava o
seu reinado, golpeando até aos fundamentos as leis restauradas”, diria
Rui.119 A mesma idéia sumária (que vinha do tempo das dissoluções
parlamentares) que levara Deodoro a extinguir o Congresso, induziu
Floriano a depor os governadores, tão legalmente indestrutíveis como
a Assembléia, que restaurara. Nem repugnou a violência aos ortodoxos
da legalidade. Custódio fala do “pensamento da revolução”.120 Era a
justi cativa: houvera uma revolução, que seguia a sua lógica, não um
retorno à ordem jurídica, de nida nos papéis o ciais.121 Comportou-se
Floriano como árbitro de uma reorganização à viva força, não como
espectador de uma paci cação mole. Aderiram-lhe os grupos que, nas
províncias, cobiçavam a direção; e as submeteu, de Norte a Sul, com o
auxílio pressuroso da tropa. Interveio, utilizando-a. O exército tomava
uma posição irrevogável na “consolidação da república”. O vice-
presidente identi cou-se com ele.

Houve uniformidade de processos na deposição dos governadores. O


marechal tinha para isto um elemento de choque, nas oposições locais,
uma razão popular, na incompatibilidade deles com a “legalidade”
desagravada, e agentes e cazes, nos militares de con ança
despachados para os lugares necessários. Manobrou esses recursos.
Reproduziu-se, do Norte ao Sul, uma cena equivalente: escudados na
parceria dos batalhões, os políticos, ferventes de entusiasmo
constitucionalista, se reuniam num comício agressivo; atestava-se de
povo a praça; defensivamente o governador se cercava em palácio da
polícia fracamente armada; uma comissão ia levar-lhe o ultimatum;
intervinha, intimidativo, o o cial encarregado de liquidar a pendência;
e a m de evitar o pior, resistente ou frouxa, com ou sem drama, fosse
corajosa ou acomodada, a condenada autoridade acabava rendida,
fugitiva ou expulsa.
O PROCESSO...

É do deputado paraibano Epitácio Pessoa (falando na câmara em 28


de outubro de 1891) a corajosa acusação:
Que vemos desde que se restaurou a legalidade na república? Vemos reproduzir-se a cena de
que tantas vezes, com tristeza, fomos testemunhas no tempo da monarquia — a derrubada
de presidentes de províncias, acompanhada da mais feroz reação [...]. Vemos o Sr. Marechal
Floriano Peixoto telegrafar aos chefes dos distritos militares — que está causando má
impressão a deposição de governadores — como se o governo, em lugar de ordens positivas e
terminantes, devesse transmitir notícias ou fazer tímidas observações aos seus subordinados;
vemo-lo depois ordenar-lhes que mantenham as autoridades constituídas, e, logo em
seguida, os comandantes das forças federais, ou em desobediência àquelas recomendações, o
que não se acredita, ou em obediência a contra-ordens reservadas, continuarem a depor os
governadores e a apossar-se dos cargos.

Vemos o presidente da república enviar emissários para todos os estados, sob o pretexto de
colher informações exatas e imparciais dos acontecimentos que ali se desenrolam, e coincidir
a deposição dos governadores com a chegada desses emissários, alguns dos quais se têm
colocado franca e ostensivamente à frente do movimento sedicioso. Vemos na Bahia o
representante do presidente da república, para desfazer suspeitas que se levantavam contra
sua missão, protestar em termos claros e peremptórios que não tem o intuito de assumir o
governo do Estado e, logo em seguida, apoderar-se deste governo, que só deixou por força do
manifesto da guarnição, ante cuja atitude decidida e enérgica teve de recuar, teve de ceder, o
Marechal Floriano Peixoto.

E para a maioria: “O Marechal Deodoro deu um golpe de Estado; vós


tendes dado mais de dez; o Marechal Deodoro dissolveu o Congresso
Federal, vós tendes dissolvido o Congresso de quase todos os estados,
tão indissolúveis como este”.122

DE NORTE A SUL

Em Manaus o governador, Tenente-coronel Taumaturgo de Azevedo,


enfrentou a desordem: capitulou quando o 36º de infantaria e a otilha
do rio o dissuadiram. Em São Luís o próprio mensageiro de Floriano,
Tenente Manuel Joaquim Machado, promoveu o meeting que destituiu
— aos gritos — o Governador Lourenço de Sá.

O General José Clarindo, do Ceará, não se deixou intimidar.


Entrincheirou a polícia e resistiu aos cadetes da Escola Militar. O
batalhão de linha que poderia auxiliá-lo fora deslocado para
Maranguape. Bombardeado o palácio pelos alunos, o velho general,
depois de uma resistência impávida, capitulou.123 Era na madrugada de
17 de fevereiro de 1892. Entregou o governo ao Tenente-coronel
Bezerril Fontenelle, comandante da guarnição; e num protesto
vibrante (escrito por seu secretário, Farias Brito) expôs ao país a
extensão do atentado.

No Recife também houve luta.

Meses antes o governo, José Maria de Albuquerque à frente, formara


três batalhões de polícia. Quando o Brigadeiro Ourique Jaques,
representando Floriano, foi a 18 de dezembro noti car o Barão de
Contendas de que devia largar o poder, defrontou, no Campo das
Princesas, com essa força. Talvez tudo acabasse bem se um incidente
não de agrasse a batalha. Um cavalariano, que derrubara algumas
pessoas, foi abatido a tiro; e os soldados de ambos os lados, julgando
que era isso o sinal do combate, romperam o fogo, que durou meia
hora.124 Cessou com a retirada do governador, a fuga de seus
correligionários, a “legalidade” triunfante.

Governava a Bahia José Gonçalves da Silva.125 Capitaneada por César


Zama, depois de um comício a oposição o intimou a resignar. O 9º de
infantaria, comandado pelo Coronel Moreira César — guardemos o
nome — foi alinhar-se em face da secretaria do Estado, onde
permanecera o governador. E o General Tude Neiva, para evitar o
choque, o convenceu a transferir as funções ao sucessor legal. Era o
presidente do Senado, Luís Viana, que recusou. Aconselhado por
César Zama, o general assumiu a responsabilidade da situação.126
Correu um mês de inde nível mal-estar, acéfalo o Estado, o
comandante militar sem autoridade para organizar o governo, os
políticos, reagrupados, a rea rmarem — com digna teimosia — que
José Gonçalves continuava investido do mandato. Transigiu-se.
Convocou Viana o Senado, demitiu-se da presidência, para que fosse
eleito o almirante reformado Joaquim Leal Ferreira, e este — neutro e
venerando — foi empossado como governador interino (23 de
dezembro). Preservaram-se assim os quadros políticos — intactos com
a manobra — e escapou a Bahia a um con ito semelhante ao do Ceará
e de Pernambuco.

Também em Minas, à intervenção demolidora faltou brecha por onde


entrar. Cesário Alvim infundia respeito; e como repugnasse a
intromissão desabusada da União na autonomia do Estado, o que
melhor ocorreu à dissidência foi um esboço de separação, criando,
núcleo da revolta... o Estado de Minas do Sul. Transparecia o jogo
federal, nesse episódio mo no. Sentiu Alvim o dilema, entre
con agração e demissão; e passou o cargo ao vice-presidente. Pedia-se
paz. E como na Bahia, a paz se consumou com a eleição pela
Assembléia estadual de gura antiga, que aliava a probidade à
prudência, o “conselheiro” Afonso Pena.127

PARANÁ E MATO GROSSO

Os fatos do Paraná e de Mato Grosso realçam devidamente a crise, na


sua forma de anarquia militar. Contava Generoso Marques, em
Curitiba, com a guarnição federal, e parecia não temer a oposição
formada em torno de Vicente Machado, quando, um belo dia (29 de
novembro) se lhe anunciou um comício. Exigia-se que entregasse o
governo ao Coronel Roberto Ferreira, comandante do distrito. Quis
resistir. Mas o coronel ouviu diante dele a o cialidade; e o depôs.
Substituiu-o uma junta, que fez eleger presidente e vice-presidente
Xavier da Silva e Vicente Machado, origem da situação dominante no
estado até 1908.128 As forças que pretenderam destituir o governador
de Mato Grosso encontraram pela frente um vulto respeitável de chefe:
Generoso Ponce. Respondeu à intimidação das armas com os clarins
da guerra. É verdade que neste transe lhe valeu a desorientação dos
adversários, que se precipitaram à luta contra o Governador Manuel
Murtinho desobedecendo ao mesmo tempo as ordens de Floriano, de
modo a serem duplamente rebeldes, na questão estadual e em face do
presidente. A alma do movimento foi o Major Aníbal da Mota,
sobrinho do General Antônio Maria Coelho. Estourou em Corumbá
(22 de janeiro de 92), com o lema separatista, de República
Transatlântica de Mato Grosso; e facilmente conquistou a capital (2 de
fevereiro), com a adesão dos corpos de linha. Generoso Ponce
convocou então os correligionários dos municípios próximos e a
investiu com mil e quinhentos homens. O governo revolucionário,
para evitar a batalha, acordou em transferir o mando a uma junta
conciliatória. Em Corumbá, porém, a insurreição manteve-se. O
Coronel Ewbanck, nomeado por Floriano comandante militar, teve de
retroceder, por não permitirem que o seu navio subisse o rio.
Decepcionado com o repúdio da convenção de paz, o caudilho
duplicou os seus elementos e cercou a cidade. Nela entrou à viva força,
debelando a resistência do 2º de artilharia, do 2º, 8º e 21º de infantaria
— já aí com o auxílio de vários contingentes que se haviam declarado
pela legalidade, o mais importante, o 19º de infantaria, sob o comando
do Major Tupi Caldas;129 e assumiu o poder. Devolveu-o a Manuel
Murtinho. Floriano agora o sustentava: representara a autoridade; e
com a vantagem de a ter vingado.

A república corria perigo...

SEBASTIANISMO

Em 5 de dezembro, em Paris — no hotel tranqüilo onde se hospedara


—, faleceu o imperador. Sacudiu a nação um sentimento brusco de
admiração pelo velho monarca, maior na dor sem queixas e no exílio
sem dinheiro do que outrora, quando reinava e governava: e se zeram
em sua honra adequadas manifestações de pesar. Tornaram-se mais
intensas à medida que, passado o primeiro momento de compungido
espanto, os grupos monárquicos se atreveram a deliberar sobre aquelas
homenagens, censurando, além disto, o governo, que reclamara contra
as exéquias imperiais decretadas pelo presidente da França.
Enfrentavam a reação. Gerou-se na imprensa a polêmica que desceu às
veemências do meeting e armou os sintomas de uma vasta luta.
Presidida pelo venerando Marquês de Tamandaré, realizou-se em 10
de dezembro a reunião popular promovida pelo jornal O Brasil:
aprovou um programa de comemorações. No dia seguinte o clube
republicano rio‐grandense chamava à rua os adeptos (em manifesto
com a assinatura do Capitão Tasso Fragoso) contra a provocação.
Nomes ilustres subscreviam, é verdade, as frases de respeito à memória
de Dom Pedro : Quintino, José Veríssimo, Constâncio Alves,
Rosendo Moniz... Na Cidade do Rio, Patrocínio, a 7 de dezembro,
antecipara-se a todos, exigindo o repatriamento de seus restos mortais.
Laet, no dia 12, clamava pelas colunas da sua gazeta: “Ele há de vir, o
glorioso imperador”.130

Com o seu espírito belicoso, levantou a luva que Rui atirara aos
decaídos de 15 de novembro: em editorial, apelou para o
“sebastianismo”.

Desse artigo de 10 de dezembro de 91 vem a palavra, que se estendeu


à resistência conservadora, na sua rixa com o jacobinismo. Adquiriu o
relevo tradicional: é uma fórmula de reivindicação em busca de
desbotadas reminiscências, erigido o tema da volta do rei, e do
reinado, em crença poética, entranhadamente brasileira, porque
brotava das mais antigas fontes da raça, nas suas fantasias de
ressentimento e esperança...131 Sebastianistas, sim! É curioso notar. O
sebastianismo arrogante — de que o jornalista se desvanecia —
transitou da cidade para os sertões, em vez de emigrar do campo para
a capital. Em 1891 foi apelido. Em 1897 — veremos — seria religião. A
Floriano servia: pois a república tinha inimigos, competia-lhe defendê-
la. No íntimo, não se iludia. Não era a restauração do trono, que
parecia iminente: mas a de Deodoro. Os monarquistas formavam uma
elite; porém civilista. Os camaradas e os amigos do fundador da
república, estes eram capazes de abalar o governo: queriam retomá-lo,
como o tinham perdido. À força!

AGITAÇÕES

O que ia pelos estados se re etiu no Rio de Janeiro, onde Deodoro —


quisesse ou não — era o centro da conspiração contra a “legalidade”.

A violência de 3 e a sedição de 23 de novembro tinham habituado os


espíritos às surpresas da violência: nela con ando, os vencidos
procuravam deter a ditadura. Amotinaram-se os marinheiros do
cruzador Primeiro de Março. Foram subjugados sem derramamento
de sangue. Era o indício das ligações que os inimigos da situação
tinham na esquadra: tanto assim, que, ados do apoio ou da abstenção
dos navios de guerra, se insurgiram a 19 de janeiro as fortalezas de
Santa Cruz e da Laje.132 Comandou a primeira o Sargento Silvino
Honório de Macedo, que acabava de ser absolvido, em processo
disciplinar, pelo Conselho de Guerra,133 e, à frente dos presos,
aferrolhara no refeitório a guarnição, hasteara uma bandeira vermelha,
ameaçara canhonear a cidade, e se dizia restaurador de Deodoro. Não
custou a Floriano dominar o levante, mandando tomar de assalto, por
terra, Santa Cruz, posta, além disto, sob a mira da artilharia naval.
Rendeu-se após um dia de combate; e a Laje, sem um tiro. Mas este
desatino revelava o fermento de desordem de que adoecia o país.

Agravara-se com a questão — asperamente explorada — do período


constitucional do vice-presidente.

Pela letra fria da magna carta, pois o presidente renunciara antes de


dois anos de exercício, cumpria-lhe ordenar as eleições, para a
sucessão...

CONTROVÉRSIA

A controvérsia agitou a imprensa. Em carta a Pardal Mallet resumiu-a


Rui (que defendera a fórmula norte-americana da eleição indireta e da
sucessão pelo vice-presidente, qualquer que fosse a época em que
ocorresse a vaga): far-se-ia a reforma constitucional, esclarecendo a
dúvida, ou nova eleição; absurdo seria apelar para a hermenêutica do
Congresso, como desejava o governo.134 Ponderava este que houvera
equívoco de redação no artigo 42: devia ler-se, “no caso de vaga, por
qualquer causa, da presidência e vice-presidência”, e não, “da
presidência ou vice-presidência”.135 Quem arbitraria a contenda? O
Supremo Tribunal (que, intimidado, se eximiria de falar) ou o
Congresso (cujo voto era de antemão conhecido). Floriano entregou a
questão ao Congresso, que, em junho, decidiu ser legítima a
continuação no cargo até o m do quatriênio. Resolveu errado? Sim,
bradaram os deodoristas; não, gritaram os orianistas. Na realidade —
embora faccioso — interpretara a obscuridade. A comissão legislativa,
que lhe dera parecer na Constituinte, ao referir-se à necessidade de
nova eleição, cuidara da ausência de presidente e vice-presidente,
quando seria inadmissível governar “durante uma longa interinidade”
alguém não eleito “na previsão de vir a ocupar tão elevado posto” —
como o vice-presidente do Senado, os presidentes da câmara e do
Supremo Tribunal. Lá estava o projeto do governo provisório, que ao
vice-presidente atribuía a sucessão — pelo resto do período. O artigo
42 poderia entender-se como obrigando a eleição se faltasse também o
vice-presidente.136 Não repugnava esta idéia à índole do regime, que
outra não é a prática vigente nos Estados Unidos: com a vantagem de
evitar as perturbações incalculáveis dos pleitos extemporâneos. Assim
não julgava a reação, tão exacerbada agora, no combate ao governo,
como os outros, no ano anterior, a Lucena e Deodoro.

Clamou-se que o seu dever era restituir a soberania ao povo, para que
elegesse o presidente.

Floriano fechou-se num silêncio desdenhoso.

Estabeleceu-se o dilema: cederia o governo, ou recorreria a oposição


aos meios extremos. Recorreu.

DITADURA

Resolveram altas patentes do Exército e da Marinha precipitar a


solução, impondo-a — numa mensagem de treze assinaturas que o
Marechal Almeida Barreto foi levar ao Itamaraty, e os jornais
publicaram em 5 de abril. Eleição “quanto antes”. Era um
“pronunciamento”: e o ministério insistiu com o vice-presidente para
que, num ato vigoroso, o castigasse.137 Floriano reformou —
divulgando um manifesto explicativo — os signatários do documento.
Fazia-se forte diante da arrogância: enfrentava-a. Os elementos civis e
militares associados para depô-lo marcaram para 10 de abril uma
homenagem popular a Deodoro, pelo propalado restabelecimento de
sua saúde. Constou que a festa encobria o objetivo audaz de um ataque
ao palácio, se contassem, como acreditavam, com a tropa. Disto
avisados, Floriano e os ministros militares zeram sair à rua os
batalhões éis: e quando, em tumulto, os cabeças da revolta se
dirigiram da casa de Deodoro, que não pudera recebê-los, para o
Itamaraty, saiu-lhes ao encontro, cruzando a pé a Praça da República,
o próprio vice-presidente. Deu voz de prisão ao Tenente-coronel Mena
Barreto, que se salientava no grupo exaltado; e passou, serenamente,
superior à tormenta, numa ostentação fria do seu destemor.138 Por sua
vez os agitadores, vendo que as baionetas ali postadas se conservavam
obedientes ao governo, estenderam o des le até a Rua do Ouvidor,
onde, sem outros incidentes, dispersaram... Houvera entretanto
tentativa de levante: e Floriano, além de decretar o estado de sítio por
72 horas, mandou prender e deportar para as regiões extremas do país
os indigitados chefes.139 Vários tinham imunidades parlamentares.
Cauto e angustiado, o Supremo Tribunal desprezou o habeas‐corpus
com que Rui Barbosa procurou libertá-los.140 Dois eram lentes de
escolas superiores. Demitiu-os. Que recorressem à justiça! Aceitando a
luva, respondia à agressão.

Estava-se em ditadura.

A morte de Deodoro, em 23 de agosto de 1892, encerrou o episódio


da instabilidade do governo — dele arredando a ameaça da “volta” do
Fundador.

Reformado em 11 de janeiro, zangado com a classe, intimamente


desenganado do regime e num ostracismo altivo, recomendara o
marechal que não lhe zessem honras militares nos funerais;141 e
prometeu nunca mais vestir aquela farda refulgente, com que a
posteridade o reconheceria. Exilou-se, com a sua dispnéia e a sua
amargura, para uma casa modesta de Santa Teresa; e desprezando o
estrondo dos acontecimentos, que indicavam a proximidade de uma
catástrofe, condenou-se ao de nitivo silêncio. Como que se alistara no
rol das vítimas da república cesarista que proclamara — para que
reluzisse a estrela do rival vitorioso.
VII: O S  

FORÇAS INCONCILIÁVEIS

A despeito da “derrubada” nos estados e da oposição levantada na


capital federal contra o vice-presidente, possivelmente não sobreviria a
guerra civil, se os partidos se acomodassem no Rio Grande. Mas se
odiavam de morte. Poderia Floriano amainar as paixões, intervindo;
ou disso se aproveitou para dividir, sem remédio, os beligerantes, com
a vitória dos “republicanos”? O emissário que mandou a Porto Alegre
lhe deu a impressão dos fatos: embora em minoria o castilhismo, nas
suas leiras militavam os correligionários autênticos de Floriano, pois
os contrários, che ados por Gaspar da Silveira Martins, numa mistura
de dissidentes (velhos republicanos, como Joca Tavares), restauradores
(inconciliáveis com a nova ordem) ou deodoristas, com o rótulo geral
de “federalistas”, tendo inscrito no seu programa a volta às instituições
parlamentares, reuniam, sob a bandeira nova, os inconformados, os
descontentes, os reacionários.142 Para ele se delineou, clara, a situação:
repondo Castilhos, deteria a oposição esperançosa dos êxitos
“federalistas”;143 e uni caria, de Norte a Sul, a frente dos defensores do
regime, contra os que o hostilizavam na sua ditadura ou o negavam na
sua legalidade. Foram palavras suas: “O que se passa nesse Estado é
lamentável e ao mesmo tempo útil, porque desta vez cará liquidada a
situação política e que não poderá deixar de ser republicana”. O
essencial era não aparecer — denunciando-se — na revolta que
repusesse o governador caído em 12 de novembro... Não apareceu. Ou
melhor: dissimulando-se nas hábeis manobras do comandante do
distrito, General Bernardo Vasques, por mais que se ocultasse,
ngindo-se surpreendido, não houve quem o não descobrisse nessa
transformação dramática.

As duas forças estavam organizadas em março de 1892. Os


“republicanos”, sem segurança no Estado, celebraram em Caseros, na
Argentina, uma grande reunião: juraram (os generais Hipólito Ribeiro
e Francisco Rodrigues de Lima, o senador Pinheiro Machado, cabeça
do movimento, Gabriel Portugal, Evaristo Teixeira do Amaral, Manuel
do Nascimento Vargas, Filipe Aguiar, Honorato Cunha, Antônio
Duarte Jardim, Antônio Cidade, Ataliba Gomes, João Francisco,
Horácio Fernandes, Adolfo Martins de Meneses, Aparício Mariense)
juraram promover por todos os meios a volta à “legalidade”. E logo os
primeiros chefes prometeram apresentar os seus contingentes
armados. Isto a 13 de março.144 No dia 31 celebrou-se em Bagé o
congresso gasparista,145 sob a presidência do General João Nunes da
Silva Tavares (Joca Tavares), que, aos 78 anos,146 era uma relíquia de
todas as guerras da fronteira: replicou, aclamando presidente do
partido Gaspar da Silveira Martins e candidato ao governo do Estado o
velho general. O item principal do seu programa consistia na
substituição “da Constituição comtista do Estado por uma
Constituição republicana representativa, modelada nos princípios do
governo parlamentar”. Em verdade, os dois partidos levavam a mão à
espada.

A LUTA

Começaram as hostilidades com a revolta que estalou em Porto


Alegre, a 17 de junho. Descansava no poder, aparentemente apoiado
pelo governo federal, o velho Pelotas. Mas o General Vasques,
comandante do distrito, e o da otilha, Legey, o largaram à sua sorte.
Colaborou Vasques com a sedição deixando que a polícia, rebelada, se
aprovisionasse no Arsenal de Guerra. O exército não saiu a defender o
governo. Empossou-se nele — restaurado — Júlio de Castilhos, que,
ato contínuo, nomeou vice-presidente e passou as funções a Vitorino
Monteiro. Pelotas telegrafou a Joca Tavares, em Bagé, transmitindo-lhe
por sua vez o governo, como 2° vice-presidente: também por
nomeação... Deslocava para as coxilhas o facho da resistência:
entregava-o ao sopro do pampeiro!

Ninguém se espantou mais com a reviravolta do que o Ministro da


Marinha, Custódio de Melo.147
Dois barcos da otilha revoltaram-se em Porto Alegre. O ministro
destituiu os comandantes; e cessou o motim. Reunira Tavares em Bagé
ponderáveis elementos: mas, à aproximação da força federal, cedeu aos
conselhos de Gaspar, que não se conformava com a luta intestina; e
dissolveu a sua gente. Não se falasse em paz: essa dispersão marcava o
compasso aos acontecimentos. Os federalistas perdiam nos municípios
as posições; delas desalojados, refugiavam-se em território estrangeiro;
con avam nas armas; dispunham, para dirigi-las, de seus caudilhos. O
telegrama que, de Melo, no Uruguai — para onde convergiram —
enviou Tavares a Gaspar, em 31 de janeiro de 93, retrata a exaltação
indomável: “Impossível conter forças, amigos Estado reúnem-se. Para
evitar imediata invasão marquei dia 5, dando tempo virem vossas
instruções. Se puderdes, vinde. Dizei estação mandar receber armas,
embora tenha invadido. Conto regimento Bagé”.148

Em 5 de fevereiro, rompeu a guerra.

RESTAURAÇÃO?

Achou Floriano a fórmula do governo: o republicanismo.

Com a mesma simplicidade tachou de restauradora a oposição,


embora nela se engajassem republicanos inabaláveis, como Serzedelo
Correia e Custódio, a dissidência de Demétrio, Assis Brasil, Barros
Cassal... O epíteto colou-se à revolução, cujos chefes o repeliram, no
manifesto de 15 de março de 93: “Nossos adversários, com o desígnio
pér do de tornar antipática à opinião a revolução rio-grandense,
apontam-nos no país como restauradores da monarquia! É uma
monstruosa calúnia!”.

Há exagero no quali cativo.

Os inimigos da situação poderiam transigir com a idéia monárquica,


porém por diferentes caminhos. O mais vibrante, Gaspar Martins,
concordava com Rui Barbosa,149 então em visível descrença desse
republicanismo frustrado, para ser el às liberdades constitucionais,
quaisquer que fossem os rótulos. “A rmei sempre a indiferença das
formas de governo”. Para o tribuno gaúcho o primeiro problema era o
parlamentarismo.150 Para o baiano, “o descrédito da república: eis a
restauração”.151

É certo que a campanha contra Floriano arrebanhava todos os


descontentamentos e fazia circular, na sua linguagem indignada, um
curioso respeito pelas instituições abolidas.

Espelho dessa conversão é o Jornal do Brasil.

Fundado em abril de 1891 por Rodolfo Dantas, núcleo acadêmico da


reação, que durara, nessa fase de experiência, até a queda de Deodoro,
vendido nos primeiros dias da ditadura, passou em maio de 93 à
direção de Rui.152 Desejou este fazê-lo o novo Diário de Notícias, com
que arietara e derrubara o império; e a partir de maio (data de “traços
de um roteiro”) agelou as arbitrariedades em curso. Substituía a seu
modo o Congresso, onde a maioria obediente imobilizava o
inconformismo da oposição.153 Esse combate doutrinário à violência
o cial produziu, em 1893, o efeito dos ataques a Ouro Preto em 89:
atiçou a rebelião, que só podia vir do mar para a terra — com o
desgosto das forças navais. Tinham abatido Deodoro, que descambara
para a ditadura; deviam insurgir-se contra Floriano, que a
continuava... Há duplicidade de sentido na carta de Rui ao Jornal do
Comércio, em 6 de março: que no montante da intolerância “as
baionetas podem ser tão inúteis como contra a água do mar”.154 A
Armada falaria por último!

ILUSÃO AMERICANA

Resumiu Eduardo Prado na Ilusão americana a incompatibilidade dos


homens do passado com o republicanismo continental, ou a sua
interpretação indígena.155 O mesmo protesto in ama a prosa de
jornalistas pugnazes (Laet, Nabuco, Taunay, Ferreira de Araújo,
Patrocínio) e a reação dos velhos liberais.
O governo, sim, pragmaticamente se inclinara para os Estados
Unidos, zera o presidente Grover Cleveland árbitro da “Questão das
missões”, e colheu o resultado dessa diplomacia: o apoio americano
contra a esquadra revoltada (como veremos).156

ROMPIMENTO

No ministério, despeitado pela reposição de Castilhos, acreditando na


“traição de Floriano”, sem ilusões sobre o caráter pessoal do seu
governo, estabelecera Custódio de Melo uma forma de conciliação.
Interviria no Rio Grande para atalhar a guerra civil, mas por
intermédio de alta patente militar, que, eqüidistante dos grupos,
convocaria as eleições e entregaria ao vencedor o poder legitimamente
conquistado. A intervenção impunha-se como uma exigência de
salvação pública. Mas a Floriano a idéia não podia seduzir, porque
desarmaria o castilhismo, abrindo naturalmente aos gasparistas a
vitória das urnas. Manteve, porém, uma discrição sibilina, a ponderar
as razões do Ministro da Marinha. Parecia estudá-las... Foi quando o
Tenente Manuel Machado, governador de Santa Catarina, aderiu à
revolução, com o longo manifesto de 24 de abril. Surpreendido, o
marechal destacou para o Desterro e a fronteira dos dois estados
o ciais de sua con ança, que contivessem a trêfega autoridade; e
permitiu que contra ela se armasse a sublevação civil, no Vale do Itajaí,
che ada por Hercílio Luz, delegado de terras — que criou em
Blumenau um governo provisório (22 de julho) e à testa de sua coluna
de voluntários arremeteu para a capital.157 Custódio, indignado com a
contradição do vice-presidente, que, em vez de interferir no Rio
Grande, se voltava contra Santa Catarina — exprobrou-lhe o erro; e
exigiu que pusesse em execução o seu projeto de apaziguamento. Em
22 de abril Felisbelo Freire fora nomeado Ministro do Exterior. Pediu-
lhe Floriano o parecer jurídico: e o novo ministro a rmou que a
Constituição não consentia... Demitiu-se Custódio a 30 de abril. No
mesmo ato Rodrigues Alves, Ministro da Fazenda, intimamente
constrangido nesse governo de força, largou a pasta.158
Correu o almirante a articular a revolta na esquadra, de que era
potencialmente o chefe.

A oposição insistiu no plano de interrupção da luta no Sul pela


intervenção generosa: apenas, combatendo Floriano, queria-a do
Congresso, “por uma autoridade investida de poderes especiais,
nomeação feita pelo poder executivo, mas dependente da aprovação
do Senado” (como, da tribuna da câmara, pediu no seu impetuoso
discurso de 23 de maio o jovem paraibano Epitácio Pessoa). A maioria
rejeitou-a, por inconstitucional. Cabeças serenas, do exército,
apelavam para a paci cação: com o estado de sítio e um governador
militar, “que este seja alheio às paixões políticas”.

Foi a recomendação inútil que o General João Batista Teles enviou de


Bagé, a Floriano, em 2 de novembro (de 1892).159

TURBILHÃO

Divide-se a revolução rio-grandense em três fases: a invasão, julgando


os rebeldes que sublevariam o Estado; fracassado o plano, a separação,
Gumercindo Saraiva de marcha batida para o Norte (sobre o Paraná e
São Paulo), Joca Tavares em operações na fronteira; e o retorno, a
penosa retirada, o destroço, o exílio, a anistia.

Entraram Gumercindo e Vasco Martins pelo Aceguá, com 600


homens. Juntou-se-lhes, com três mil, o velho General Joca Tavares —
que assumiu o comando — para tomar, após fraca resistência, Dom
Pedrito (23 de fevereiro) e ameaçar Santana do Livramento e Alegrete.
De Bagé saiu o General João Batista em auxílio de Santana e a libertou
(17 de março). Caiu Alegrete (19 de março). A meia légua, na restinga
de Jararaca, os revolucionários destroçaram a coluna que partira de
Cacequi com mil homens e prenderam, ferido, o seu comandante,
Coronel Santos Filho (27 de março).160

Surge aí a empolgante gura do senador Pinheiro Machado.


Licenciou-se do Senado para cingir a espada; entrou em São Borja,
repelindo a força de Dinarte Dornelles (29 de março), organizou na
costa de Botuí (2 de abril) a “divisão do Norte”, comandada pelo
General Francisco Rodrigues de Lima, somando, com a coluna de
Uruguaiana, do General Hipólito Ribeiro, seis mil homens161 das três
armas; e a 3 de maio se chocou com o inimigo nas margens do arroio
Inhanduí.162

O ENCONTRO DECISIVO

Senhoreando as campinas entre Alegrete e Uruguaiana, os federalistas


deviam defender-se na linha do Ibicuí das tropas que con uíram de
Itaqui, São Borja, São Luís, com os regimentos policiais e o 30º do
exército (Coronel Artur Oscar). Dominado pela estância da Palma,
onde aquartelou o Estado‐maior revolucionário, o passo de Inhanduí
era para ambos os exércitos o caminho inevitável. Tomaram os
invasores a iniciativa, atravessando-o, e atacaram a Divisão do Norte
antes que a ela se incorporasse, com três regimentos montados e
alguns canhões de antecarga, a coluna de Hipólito, que de Uruguaiana,
onde Gumercindo a ameaçara, retirava para Itaqui. O primeiro
momento do combate, em que a vantagem topográ ca e o ímpeto da
acometida os favoreceram, foi formidável, sem que cedesse, rme no
solo, a infantaria do 30º (da Bahia), que, em quadrado, resistiu à carga
dos lanceiros, nem os esquadrões legalistas afrouxassem o fogo.
Seriam compelidos a retirar, quando se apresentou, ao meio-dia,
marcando a fase decisiva da refrega, a gente de Hipólito. Continuou até
ao entardecer, por cinco horas de desperdício de munição, esgotados
os dois lados na fúria da ação inconclusa, que não poderiam sustentar
noite adentro, exaustos. Os federalistas repassaram então o Inhanduí,
sem vozes de derrota, é certo, porém com os planos frustrados.

Travara-se a mais encarniçada batalha da revolução: o castilhismo,


satisfeito com a prova, gritou o seu triunfo.163

Contramarchou a tropa insurreta em três colunas (Tavares, Coronel


Salgado, Gumercindo), duas pela Serra do Caverá em direção do
território oriental, onde, acossadas pela Divisão do Norte, dispersaram
(6 de junho), e a última, levando tudo de vencida, para Encruzilhada,
Caçapava e Lavras.

GUMERCINDO

Iniciara Gumercindo, com meio milhar de homens, a marcha através


do Rio Grande, que o levaria, de arremesso, pelos serros de Santa
Catarina e campos do Paraná...

Foi o mais famoso dos caudilhos de 93.

O seu caso é representativo desse tipo de guerrilheiro e chefe.

A sua biogra a resume os sentimentos de que se constituiu —


somando as vinditas rurais — a revolução, com os seus “heróis e
bandidos”.164

Natural do Arroio Grande, portanto rio-grandense, mas de fala


castelhana, educado e afazendado no Uruguai, pátria dos irmãos (o
mais destacado, Aparício Saraiva),165 tomara armas nas sublevações
orientais de 1870 e 1875; de lá, perseguido, se passara ao Brasil, tivera
em Santa Vitória do Palmar posições de mando...166 Ainda em 4 de
agosto de 1889 o conselheiro José Francisco Diana, Ministro de
Estrangeiros do gabinete Ouro Preto, escrevia a um correligionário
liberal: “Vi a nomeação do nosso Gumercindo para delegado de
polícia. Acertadíssima nomeação”. E recomendava: “Não me deixem
derrotar aí pelos conservadores e republicanos. Aperte o trabalho por
Santa Vitória. O Gumercindo Saraiva que desenvolva a acostumada
atividade, faça valer a sua in uência e afaste conservadores, se os não
puder levar à urna. Insistam com os republicanos para que voltem ao
grêmio liberal”.167 Caiu, com o regime, e Gaspar Martins. Porém como
se caía naqueles lugares e naquele tempo: humilhado e preso pelos
adversários intolerantes, que pagavam à vista as tropelias passadas
(“afaste conservadores”). Fugiu da cadeia, tornou ao país vizinho,
chamou às armas parentes e amigos, numa leva de broquéis que
estendeu o belicoso tumulto por toda a fronteira — e se engajou na
luta política do Rio Grande. Transformou-se — à testa de centenas de
gaúchos de poncho, lança, boleadeira, chiripá e divisa escarlate,168
reencarnação tempestuosa das cavalgatas farroupilhas, pela mesma
planície em que se tinham plasmado juntas a bárbara personalidade
do caudilho e a sua vocação estrondosa da guerra e da liberdade — no
lendário chefe dos “maragatos”. A admiração fácil da corte deu-lhe um
apelido: Napoleão dos pampas...

Aparício, este seria El General: os blancos dele zeram, com literatura


e bronze, um herói da pátria.169

A revolta da Esquadra abriu a segunda fase às operações do Rio


Grande.

AVENTURA DE WANDENKOLK

O Almirante Wandenkolk decidiu salvar a revolução federalista


tomando, por um golpe de audácia, o porto do Rio Grande, com o que
cortaria a rota de abastecimentos do governo. Em carta que a 20 de
julho de 93 escreveu a Rui Barbosa, minudenciou a aventura. Sabia
que a cidade era guarnecida apenas com uma ala do 29º de infantaria e
algumas peças de campanha. Contava que Gumercindo dela se
aproximasse, quando estivesse com o seu navio sobre a barra: e, na
surpresa deste cometimento, ganharia a mais fácil e completa vitória
anfíbia, “o termo da luta”...170 Assim imaginou e fez. Embarcando com
o nome trocado para o Prata, passou-se, com um grupo de
revolucionários, para bordo do vapor Júpiter, quando este de Buenos
Aires saía para o oceano, obrigou o comandante e a tripulação a lhe
obedecerem, armou-o com duas metralhadoras, meteu nos porões 460
carabinas para o Rio Grande. Na véspera de sua entrada o Coronel
Laurentino Filho, com uns trinta homens, lograra apoderar-se do
vapor Itália, que levava para Porto Alegre valioso carregamento de
armas e munições. Foi o único auxílio efetivo que teve Wandenkolk:
porque tomou a canhoneira Camocim, que saíra a reboque de outro
pequeno navio para lhe dar combate, chamou à fala os demais navios
que havia no ancoradouro, mandou desembarcar um contingente em
São José do Norte, mas veri cou que seria impossível conquistar a
cidade, porque todo o apoio de terra não passava da escassa gente de
Laurentino. Detido no Jaguarão, Gumercindo retardara-se: não havia
esperança de que chegasse. A resistência governista cresceu, rápida e
espessa. A artilharia começou a bater a otilha. De medo a um
desastre, desiludidamente, o almirante (a 12 de julho) suspendeu as
operações e fez-se ao mar.171 Do Rio de Janeiro partira o cruzador
República para aprisioná-lo. Encontraram-se em Santa Catarina. Não
resistiu. Foi transportado para a capital federal, a m de ser
sentenciado com a severidade, ainda inédita, de um julgamento
emocionante.

Fora declarado “pirata” pelo governo. Mas era o presidente do Clube


Naval — eleito em acinte a Floriano, como expressão arrogante da
classe; e foi ela que moralmente se sentou a seu lado, no banco dos
réus. A causa de Wandenkolk converteu-se num desaire para a
Marinha, cujo estado de espírito pressagiava a exasperação e o levante.

VIII: R  M

ANTECEDENTES DA INSURREIÇÃO

O processo a que respondeu Wandenkolk consternou a sua


corporação. Senador da república, permaneceu preso sem que o
governo disto noti casse o Senado, o que fez dez dias depois, e para
lhe atender ao protesto. Julgado inicialmente por um Conselho de
Guerra de três velhos almirantes, decidiu este que não houvera
agrante do crime, aliás político e não militar. Apelou Rui Barbosa
para o Supremo Tribunal, requerendo habeas‐corpus em favor dos
civis envolvidos na sedição. Marcada a audiência para a apresentação
deles, o governo se recusou a cumprir a ordem e os libertou 49 horas
depois da concessão do habeas‐corpus, sem deixar de replicar à alta
corte com um ofício impertinente. Por sete votos contra seis (índice da
indecisão dos magistrados) aprovou ela a proposta do Ministro José
Higino, para que se não tomasse conhecimento do ofício...172 Por 25
votos contra 23 concordou o Senado, corresse pelo foro civil o
processo de Wandenkolk. Desfechou Rui outro pedido de habeas‐
‐corpus, desta feita denegado por nove contra três: e Floriano mandou
que o julgamento andasse pelo juízo secional de Santa Catarina... A
negativa do Supremo foi de 30 de agosto. Na manhã de 5 de setembro
publicou-se o veto ao projeto de lei que, a pretexto da reforma
eleitoral, declarava inelegível para a presidência o vice-presidente do
quatriênio anterior. A proposição visava a impedir que Floriano —
inevitavelmente, entusiasticamente elegível nas atuais circunstâncias
— se perpetuasse no poder. O seu veto pareceu a con ssão do
“continuísmo”. Custódio não esperou mais. Na mesma noite içou a
bordo do Aquidabã a bandeira da revolução.173 Todos os navios surtos
no porto, três encouraçados, quatro cruzadores, sete torpedeiros, nove
vapores... aderiram ao movimento.174

Calculou-se, ao amanhecer 6 de setembro,175 que a intimação pusesse


abaixo o governo. Ilusão! Cairia se não contasse com a guarnição
militar, o que todavia não bastava. Contava com a vivacidade, a paixão
da “idéia”, em que pouco e pouco se metera, compondo o prestígio
inabalável da autoridade: a idéia republicana.

Deodoro não agüentara o repelão dos marinheiros porque a má


política, com o erro da dissolução, alienara o apoio de todos os grupos.
Fundador do regime, não pudera solidi cá-lo; chefe constitucional,
rompera com a lei; decepcionado, doente, confessara-se sem fé...
Floriano, não. Apoderara-se do “princípio”, criara a mística, manejara a
propaganda, cujo tema era a república em perigo, o sebastianismo à
porta; servido pelos fatos, lá estava, eumático, inquebrantável nas
reservas do heroísmo sem gestos. Tinha por si a mocidade militar; esse
fanatismo jacobino176 que se tornara a força das ruas; a maioria do
exército, convencida de que o parlamentarismo de Gaspar, no Rio
Grande, a reação, no Rio de Janeiro, a revolta da Esquadra
signi cavam... a restauração. E mobilizara a guarda nacional.177
À
CONSULTA À NAÇÃO

É tempo de perguntar: sobreviria a restauração com o êxito da


Armada?

Dúvida não há que a revolta só descobriu a índole simpática à


restauração com o manifesto do Almirante Saldanha, que aderiu em
dezembro. Mas havia um compromisso entre os seus inspiradores. Era
a “oportuna consulta à nação”.

Opor-se-ia Rui à revocatória mediante essa “consulta”? Não; pois se


fartou de dizer no Jornal do Brasil (e repetiria nas Cartas de
Inglaterra) que se contentava com o governo representativo —
transigindo portanto com a forma parlamentar, dos gasparistas — e o
“regime jurídico da liberdade”.178

O apelo à nação, que dissesse as instituições que preferia, estava, por


outro lado, nas con dências do partido monárquico, que não
deixariam de orientar (e explicam) atitudes surpreendentes, como a de
Saldanha.

A Princesa Isabel, a quem os “restauradores” continuavam a


considerar sucessora da coroa, concitara João Alfredo a não con ar em
“golpes de força”; de nira-se. “O senhor conhece meus sentimentos de
católica e brasileira. Não duvidará pois que uma vez que a nação se
pronunciar por convicção geral pela monarquia para lá voltaremos”.179
Foi o pronunciamento que Gaspar e Saldanha exigiram. Aquele não
acreditava na restauração; este, por ela daria a vida.180 Positivo é que os
sebastianistas se alistaram no partido da revolta; com o marechal cou
a excitação republicana. “No Brasil” — observou Rui no Jornal a 24 de
julho — “presentemente só há dois agrupamentos políticos naturais: o
dos que fraternizam com a ditadura e o dos que lutam pela
Constituição”. Como os monárquicos estavam contra a ditadura,
logicamente se classi cavam entre os “da Constituição”... A imprensa
completou a preparação psicológica, desenvolvendo a propaganda da
“república” traída.
Jacobinos, às armas!

INTERVENÇÃO ESTRANGEIRA

É certo que tudo isso não evitaria um grave abalo se a esquadra


aterrorizasse a cidade com os grossos canhões, e lavrasse a desordem.
Floriano tinha, porém, o adequado elemento de proteção, que era a
diplomacia. Dirigia-a o secretário-geral do ministério, Visconde de
Cabo Frio.181 Rebeldes, com poderosos recursos, ameaçavam a cidade
aberta, onde a autoridade, mundialmente reconhecida, se identi cava
com o patrimônio e a vida dos cidadãos... Carlos de Carvalho (e o
marechal chamou-o por isto para Ministro das Relações Exteriores,
cargo que exerceu por 17 dias), publicou no Jornal do Comércio, de 11
de setembro, um artigo severo: “Defesa da cidade pelo direito
internacional”. O governo, prendendo-se à argumentação, insinuou às
forças navais estrangeiras presentes no Rio (ingleses, italianos,
portugueses, alemães, franceses) que se opusessem às operações contra
a capital, pelos prejuízos que causariam a seus nacionais. A 16 de
setembro começou a “intervenção” (como diz Nabuco) com o apelo
daqueles comandantes para que Custódio se “abstivesse” “de toda
operação” cujo alvo fosse o Rio de Janeiro.182 De início, pois, cava
com o objetivo frustrado. Podia bloquear, mas não canhonear a cidade
ou investi-la, num ataque pesado... Interpunha-se a frota
internacional! Era apelo. Tornou-se ultimatum (30 de setembro) —
quando o governo inglês ordenou a seus representantes em Lisboa,
Paris, Roma, Berlim, Haia e Washington, pedissem instruções para os
navios surtos no Rio de Janeiro, a m de “se oporem por todos os
meios, de mútuo acordo e chegando mesmo ao emprego da força, ao
bombardeamento da cidade”.183 O Foreign Office antecipou-se à atitude
que assumiram os Estados Unidos.

O ministro do Brasil em Washington, Salvador de Mendonça, soube


pôr em brios o “monroísmo”: e quando o secretário de Estado,
Greshan, parecia concordar com a vitória da revolução (análoga,
talvez, à que, no Chile, depusera Balmaceda) dele obteve todo o auxílio
para a “legalidade”, a m de que os ingleses não explorassem — foi o
argumento! — a oportunidade de ajudar a restauração da monarquia
na América...184

Aliás o ministro americano no Rio, transmitindo em 3 de outubro o


pedido de Floriano, para comprar dois navios de guerra, dizia que ele
tinha provas de que a tramavam os rebeldes.185 E em 10 de outubro,
nervoso: “It is rumored that an attempt will be made to restore
Monarchy”.186

Vale dizer que, para impedir a intromissão européia, e reforçar a sua


posição no continente, o State Department passou de espectador a
aliado. Ordenou as três providências que mais interessavam ao
marechal: permissão para a venda de navios ao governo, aumento da
sua otilha no Rio e ordens ao novo comandante (destituído o
primeiro, por ter trocado cumprimentos com Custódio) para garantir
o desembarque de mercadorias transportadas em barcos norte-
americanos, o que importava a suspensão do bloqueio — nem que
fosse preciso empregar a força. Os Estados Unidos intervinham...
Realmente, às três belonaves que em dezembro ali estavam, se
juntaram em janeiro, sob o comando do Almirante Benham, dois
cruzadores pesados.

Entre a Marinha insurreta e a capital interpôs-se essa muralha de aço;


porque a agressão para os lados de terra quebraria o compromisso de
não a hostilizar!187

O FRACASSO DA REVOLTA

À luz destes fatos compreende-se a ine cácia da sedição, cujas


possibilidades se esgotaram entre 6 de setembro e 3 de outubro.

É certo que a 13 de setembro a artilharia de bordo experimentou as


baterias de terra, principalmente as fortalezas de Santa Cruz e São
João,188 e, tomada de pavor a população re uiu em massa para os
subúrbios. Observação indispensável: poucos tiros acertaram. Explica-
se: careciam ainda as fortalezas de canhões modernos; e os seus
poderosos Armstrongs não tinham a precisão dos da esquadra, que,
por sua vez, queria mais intimidar do que demolir. Chega-se a pensar
se de ambos os lados houvesse realmente a intenção de se destruírem
— com pontarias cuidadosas —, os estragos teriam sido consideráveis:
e foram escassos. O naufrágio do Javari, metido ao fundo por uma bala
do Forte de São João, foi a perda mais grave dos revoltosos.

Em breve as salvas e o crepitar esporádico da metralha na baía


deixaram de ser uma calamidade, para se transformarem num
espetáculo. Com que calma ironia anotou Machado de Assis: “Pela
segunda vez desci na praia da Glória a pretexto de ver o
bombardeio!”.189

Depois do ultimatum a cena cou mais longe; a cidade respirou; e


Floriano tratou de retirar aos insurretos os meios de manutenção.

Impedidos de desembarcar no Rio, só lhes restava tentá-lo na


margem oposta, onde havia depósitos de carvão e material bélico.
Custódio esboçara um assalto a Niterói em 8 de setembro. Desistiu
ante o fogo nutrido. Perdeu tempo, não se apoderando logo dos
estabelecimentos desabrigados. A curiosa atitude de Saldanha foi-lhe
propícia de começo porque — incompatível com ele, mas oposto a
Floriano — se dissera neutro, com os alunos da Escola Naval, na sua
ilha.190 Estendera a absurda neutralidade às de Villegaignon, em que
aquartelavam os fuzileiros, e das Cobras, em que funcionava o
hospital. Evitou que o governo zesse delas o seu baluarte, contra a
Armada; resguardava-se. Não impediu a adesão de Villegaignon à
revolta, em 9 de outubro. Nem, por mais que proibisse aos alunos a
saída da Escola, obstou a que muitos, fugindo, fossem
entusiasticamente meter-se nos navios. O levante era de toda a
Marinha; e arrastava Saldanha. Floriano tratou-o habilmente. Mandou
primeiro que licenciasse a escola. Respondeu que não: seria extinguir o
ensino, e a corporação. O marechal, paciente, respeitou-lhe a
resistência; e deixou que se abastecesse em terra. Sabia que acumulava
víveres e munições; e acabaria entrando na luta. Porém quis adiar-lhe
o pronunciamento. Protelou-o Saldanha até 9 de dezembro. Floriano
tinha razão. Os dois almirantes detestavam-se; um não se submeteria
ao outro. Enquanto comandasse um, o outro caria de fora.
Combinaram dividir as forças.

E somente depois disto jogou Saldanha na revolução todos os seus


recursos.

CHOQUE DE IDÉIAS

O manifesto de Saldanha é de 9 de dezembro. Condenando o estado


de coisas a que chegara a nação, prometia consultá-la, em plebiscito,
sobre o regime que lhe desse tranqüilidade e união. Atribuía os males
existentes ao que sucedera de 15 de novembro de 1889 em diante. Nas
entrelinhas sobressaíam-lhe as convicções: sem falar da volta do
império, na realidade sorria à hipótese, invectivando as desordens que
sobrevieram à sua queda. Para os sustos da opinião civil, que se cindira
em partidos, legalidade e revolução, tanto valia o manifesto do
almirante como a doutrina de Gaspar. O que fosse contra o
jacobinismo tinha o mesmo peso. O triunfo paci caria as idéias. Mas
os iniciados no pensamento revolucionário perceberam a distância
que os separava. Gaspar contentara-se com a república parlamentar, e
exigindo menos, se satisfaria com a observância, no Rio Grande, da
Constituição Federal, sem o “comtismo” castilhista. Rui, os
republicanos incompatíveis com a ditadura, embora aceitassem todas
as conseqüências do con ito, paravam, cautelosos, nessa reivindicação.
Pugnavam pela verdade democrática. Mas os monárquicos pediam
uma regência: e Saldanha era o seu homem. Registrou um deles, no
seu diário: “É um raio de luz a uma prisão que nos chega hoje a nós,
monarquistas”.191 E a imprensa gritou, retumbante: os restauradores
desmascaravam-se!192 Debalde Saldanha emendando-se, no manifesto
de 20 de dezembro deu “vivas à república civil”.

Tinham desaparecido os jornais da oposição; qualquer notícia a ela


simpática importava a prisão do autor, a eliminação da folha;
austeramente, o Jornal do Comércio, para não servir de cartaz à
ditadura, decidira calar sobre a revolução. Não publicava nada! O
Tempo e O País, este com “a exposição metódica e lúcida” de Eduardo
Salomonde e os editoriais dirigidos à mocidade republicana193 —
exultavam em libelos convincentes: o sebastianismo guerreava a
liberdade...

CONQUISTA DO DESTERRO

O projeto das novas operações envolvia, com junção de forças, o


socorro federalista.

Destacara Custódio — a 17 de setembro — o República, sob o


comando do Capitão-de-mar-e-guerra Frederico Guilherme de
Lorena, para tomar Santa Catarina e ali criar um governo provisório.
Daria com isto ajuda à rebelião rio-grandense; e tornaria possível o
reconhecimento da sua beligerância pelas nações estrangeiras.
Adquiriria uma base territorial. A Lorena correu fácil a missão:
acompanhado do Palas e da torpedeira Marcílio Dias (a que se
seguiram, em outubro, os vapores Meteoro e Uranus), surgiu
ameaçadoramente em frente do Desterro.

Não havia em terra elementos sérios de resistência. Canhões que das


velhas fortalezas responderam à artilharia moderna da esquadra,
contavam-se três: o resto era de alma lisa, dos tempos coloniais, peças
inservíveis adormecidas nos parapeitos da época de Dom João ...194
Serra Martins, comandante do distrito, na suposição de que o
República não pudesse aportar no Desterro devido ao seu calado, saiu
com uma pequena força a tiroteá-lo na enseada de Canasvieiras. Mas o
navio, deixando esse fundeadouro, varou a barra e se apresentou,
imune, em frente à cidade. Reuniu-se o Conselho de Guerra,
dominado pela gura veneranda do Marechal Barão de Batovi, que se
declarou adversário de Floriano, e recomendou a rendição. Serra
Martins em vão se opôs; e acabou consentindo em mandar a bordo
uma comissão, que registou, em ata, a entrega da praça (30 de
setembro). O que se seguiu foi um movimento geral de adesão a
Lorena, que a 14 de outubro se investiu na... presidência provisória da
república. Nomeou Ministro da Guerra o Dr. Aníbal Elói Cardoso.
Desterro passava a ser a capital interina do país! A revolução tinha
en m o seu núcleo administrativo, um porto e uma direção! De pouco
serviu; ou antes, foi pior.

Chegaram, vindos do Prata, os delegados revolucionários, Seabra,


Francisco da Silva Tavares, Antunes Maciel. Transportou o Íris, de
Laguna para a Ilha de Santa Catarina, os mil homens do Coronel
Salgado. Mas os chefes se desentenderam. Acusou Gaspar Martins, três
anos depois: “O Almirante Melo combinou comigo um governo e
depois aceitou o inquali cável governo que, sem sua ciência, se ergueu
em Santa Catarina, e nem mais se comunicou comigo. Esse governo
era a discórdia; não só guerreava a revolução do Rio Grande, mas
também a Saldanha no porto do Rio de Janeiro”.195 Escreveu, zangado,
a Custódio. Este, para contornar a crise, decretou que caria a
presidência em junta, de Lorena, Maciel (representando Gaspar) e o
Tenente Manuel Joaquim Machado (por Santa Catarina).196 As iras
federalistas voltavam-se porém contra Aníbal Cardoso, positivista, do
grupo de Demétrio Ribeiro, adversário de Gaspar, Rui, e seus aliados
liberais...197 Um fracasso.

Mais do que nunca — entretanto — os rio-grandenses, rebelados


contra Castilhos, tinham o direito de in uenciar a situação que ali se
formara: porque Joca Tavares voltara à luta.

DO RIO NEGRO A BAGÉ

A segunda invasão federalista de Joca Tavares foi precipitada em


agosto pela intimação das autoridades uruguaias (sob pressão
diplomática do Brasil) para que o general exilado deixasse a região
fronteiriça. Com as poderosas forças que de novo reuniu (Coronéis
Joca Tavares, Cabeda, Pina, Estácio Azambuja), procurou localizar as
que o Marechal Isidoro Fernandes de Oliveira — comandante do
exército estacionado em Bagé — expedira para o Rio Negro, em
cobertura da fronteira (e das comunicações desta com Pelotas e o Rio
Grande). Numa hábil convergência de destacamentos entusiastas
conseguiu cercá-las nos acampamentos de Santa Rosa perto daquele
rio, onde, após uma série de sangrentas sortidas, capitulou a tropa
governista, com o Marechal Isidoro e a sua o cialidade. Foi isto a 28 de
novembro (de 93). Manchou a vitória o sacrifício dos prisioneiros,
terrível carniçaria de nefastas conseqüências para a revolução.

Começou a sofrê-las no sítio de Bagé, que durou, prolixo e ine caz,


de 24 de novembro a 7 de janeiro.

Em substituição do marechal, tomara a che a da guarnição federal o


Coronel Carlos Teles. Dispunha de mil homens (o 31 de infantaria
como casco dessa tropa heterogênea), alguns canhões, víveres para
menos de um mês... Alcançavam cinco mil os rebeldes, que fecharam
as saídas da cidade e procuraram apoderar-se dela em escaramuças e
ataques, repelidos, na boca das ruas, pelas trincheiras intransponíveis.
Há entre o cerco de Bagé, com Carlos Teles, e o da Lapa, com Gomes
Carneiro, uma analogia de táticas, recursos, episódios, furor e
perseverança, que os erigem em páginas de igual colorido militar,
como pontos culminantes da insurreição federalista. Apenas o
comandante de Bagé foi mais feliz do que o estóico sitiado da Lapa.
Recebeu a tempo (quando já se lhe esgotavam mantimentos e
munições, e para alimentar a tropa tivera de abater os últimos cavalos
de serviço), o socorro da Divisão do Sul, mandada organizar
apressadamente pelo governo federal — e ao aproximar-se ela,
fracassado o mais furioso assalto às barricadas, levantaram os rebeldes
o cerco.198 Levantaram-no, para retirar, Joca Tavares — vencido
nalmente pelos incômodos da idade avançada — sem saúde para
continuar na campanha, e a sua gente obrigada a pedir novamente ao
estrangeiro a hospitalidade providencial. A resistência de Bagé teve
naquela preamar convulsiva o papel de um dique, que susteve e
rebateu o rolar das ondas. Extinguia-se em seguida o seu ímpeto;
estava salva a “legalidade” rio-grandense.

E a Armada?

AÇÃO DE CUSTÓDIO
A 16 de novembro, de bordo do Aquidabã, informava Custódio a Rui
Barbosa, então em Buenos Aires:
Talvez eu tenha de sair para ativar as operações no nosso litoral, e neste caso cará tomando
conta deste porto o Almirante Saldanha da Gama. Desta forma, continuando a esquadra (a
parte que aqui car) a trazer apertada a garganta do tirano enquanto eu vou atacar-lhe os
membros nos estados, me parece que ao primeiro triunfo sério da revolução fora daqui não
lhe restará outra saída senão passar a outrem as rédeas do governo.199

Saiu o Aquidabã (Custódio no passadiço, comandando a manobra)


sob o fogo das fortalezas, juntamente com o Esperança200 — repetindo
a proeza do República —; e as suas intenções foram pontualmente
realizadas. Irrompeu por Paranaguá a 15 de janeiro, para precipitar a
queda do governo paranaense, iminente com a incursão de
Gumercindo e Piragibe através de Santa Catarina. E não teve pela
frente senão uma resistência frouxa.

Que acontecia no Paraná?

IX: A  

NO PLANALTO PARANAENSE

Para defender o Paraná, expedira Floriano o General Francisco de


Paula Argolo, que, desde o primeiro momento — em Curitiba —,
percebeu a gravidade da situação. Não havia armamento, a guarnição
era reduzida, para equipar os provisórios — que o Governador Vicente
Machado fazia recrutar — só lhe mandavam velhas espingardas,
Chassepot e Minié (estas de espoleta); para os canhões faltava
munição...201 Com louvável, mas baldada atividade, tratou de organizar
em Paranaguá e Antonina uma defesa qualquer; e, com 400 homens,
foi para o Rio Negro, ao encontro da vanguarda federalista. Julgava
poder atacá-la em combinação com o contingente de Artur Oscar, que
devia transpor o Pelotas, e a Divisão do Norte, de Rodrigues de Lima,
ao encalço de Gumercindo entre o Vale do Itajaí e os limites do
Paraná. Operaria, outrossim, com o apoio no destacamento
concentrado em Tijucas, sob o comando do Tenente-coronel Ismael do
Lago.

Dissiparam-se-lhe as esperanças quando soube que Artur Oscar


chegara com uma semana de atraso ao litoral, por onde escapara a
coluna de Salgado; que Lima e Pinheiro tinham retrocedido de Itajaí;202
e em Tijucas a força, constringida em impiedoso cerco (pouco mais de
600 homens) acabaria rendendo-se.203 Com medo de ser aprisionado
no Rio Negro, 400 contra 4 mil, voltou Argolo — depois de alguns
tiros de artilharia — para Curitiba.

Floriano compreendeu que era preferível nomear outro comandante,


e enviou o Coronel Antônio Ernesto Gomes Carneiro. Para a che a do
distrito, com a demissão de Argolo, mandou o General Pego Júnior.

O primeiro, tomando a direção do contingente que Argolo levara ao


Rio Negro, fez nca-pé na Lapa, donde não saiu mais: pois com a
eliminação desse obstáculo os revolucionários entrariam por São
Paulo.

O General Pego, porém, fracassou no intento de defender o litoral.


Desceu a Paranaguá, ao lhe dizerem que a esquadra forçava a barra.
Recolheu-se a Morretes, donde vigiaria Paranaguá e Antonina. Soube
que os navais desembarcavam, anulando a oposição rala com que o
Coronel Eugênio de Melo os recebeu, em Porto d’Água;204 que
entravam de ímpeto na cidade, prendendo-o, numa das ruas; e apenas
uma companhia da polícia sustentara o fogo, na cadeia velha. Pensou
ainda em reorganizar o contra-ataque: mas, cético, precipitado,205
ordenou que se metesse tudo num trem, e abalou para a capital. Aí
formara-se, explicável, um ambiente de terror: e algumas pessoas
notáveis, com o Barão de Serro Azul à frente, apelaram para o general
e o governador, que não transformassem Curitiba numa praça
forti cada. Na certeza de que os federalistas já rodeavam a Lapa,
cortando a linha férrea, e pela serra (mal defendida por uma patrulha)
podia, de uma hora para outra, investir Custódio de Melo, o general
deu ordem para a retirada. O comboio não passou de Serrinha.
Temeu-se que o capturassem: e, tornando a Curitiba, dali partiram os
retirantes, cerca de 600 — que podiam ter salvo a Lapa, se fossem
sérias as disposições de luta — para Itararé e Sorocaba.206 Numa
caravana veloz, fugitiva... A 20 de janeiro entrou Custódio, de trem,
como um triunfador, na capital paranaense e foi abraçá-lo, na segunda
capital conquistada pela revolução, o “General” Gumercindo, cuja
cavalaria encerrara, no perímetro da Lapa, em an teatro sobre os
campos‐gerais, por todos os lados aberta ao assalto, o Coronel
Carneiro e os remanescentes da desbaratada força federal de Santa
Catarina e do Paraná.

Daí aos lindes de São Paulo, era um pulo... Porém tinham de passar
sobre aquele reduto isolado: e, neste, a honra das armas manteve de pé
a resistência inabalável.

Foi o que mudou o destino da guerra.

A RESISTÊNCIA DA LAPA

Malogrou-se o plano de Custódio e Gumercindo pelo tempo perdido


no cerco da Lapa. A defesa dessa cidade aberta, em torno da qual os
esquadrões rebeldes apertaram os anéis de fogo sem conseguir
estrangulá-la, num assédio prolixo e desnecessário, salvou a
“República de Floriano”. Errou Gumercindo — o que lhe valeu a
derrota e a morte — insistindo em tomar a Lapa. Se a deixasse à
retaguarda, e galopasse pelos campos‐gerais, para Itararé; se invadisse
São Paulo, antes que os reforços legais lhe fossem ao encontro, e
espalhasse, até Sorocaba, o clamor da revolta, transtornaria as
esperanças do governo: e talvez ganhasse a guerra. Não esqueçamos
que o governo tinha Saldanha à ilharga, pronto a entrar na capital
amedrontada sob a mira de seus canhões; e que a expectativa do povo
traduzia, numa inde nível descon ança, um sobressalto imenso... O
Coronel Carneiro não cedeu, não recuou, não parlamentou. Tinha,
contra uns 4 mil, 750 homens, incluídos os “patriotas” do Coronel
Joaquim Lacerda, chefe local. A medula dessa força eram os grupos do
17 de linha, do regimento de segurança, do 3º de artilharia e do 8º de
cavalaria. Compunha-lhe o Estado-maior um conjunto de valentes
o ciais: Coronel Carlos Napoleão Poeta, Tenentes-Coronéis Emílio
Blum e Constantino Pereira da Cunha, ajudante-de-ordens Capitão
Homembom, ajudante-de-pessoa Alferes Arsênio. Dirigia os
abastecimentos o Major Filipe Schimidt. Carneiro separou-a em duas
brigadas, a regular, sob a che a de Serra Martins (que, não cumprindo
os termos da capitulação do Desterro, se incorporara aos defensores de
Tijucas e viera, batido, à Lapa), e a de voluntários, às ordens de quem
os apresentara, o Coronel Joaquim Lacerda. As avançadas chegaram a
alcance de tiro em 15 de janeiro; os pequenos canhões da Lapa os
saudaram a 16; a 17 começaram as escaramuças. O engenheiro
Gonçalves Júnior traçou as linhas de trincheiras. Nelas a resistência foi
inquebrantável, até 7 de fevereiro, quando, dentro já da cidade, os
federalistas acertaram as balas no grupo que equipava uma das peças
de artilharia. O Coronel Carneiro a elas se expôs, para socorrer um
dos seus o ciais, e foi atingido duas vezes. Levado para a residência do
médico, que atendia zelosamente aos defensores da praça, Dr. João
Cândido, veri cou este a gravidade das feridas. Morreu a 9 de
fevereiro.

Extinguiu-se com ele a ama que animava a luta.207 Esmagada nas


tenazes do cerco, cortadas as comunicações com o exterior, sem
alimentos nem munições para a prolongação inde nida daquele
espetáculo de heróica teimosia, a praça rendeu-se no dia 11, com a
promessa de respeitarem os vencedores vidas e bens dos vencidos. Em
verdade, sacri cara a revolução as suas possibilidades nessa demora
fatigante, presa às dobras desse terreno ensangüentado por um
episódio solitário de honra militar, enquanto tudo a solicitava para os
caminhos do Norte; e quando dali se despegou, mal consolada com os
troféus do êxito caro, era tarde. As suas vanguardas alcançaram Castro
e Jaguariaíva. Surpreendeu-as a notícia de que 5.800 homens estavam a
desembocar na passagem de Itararé: e de medo a chocar-se com eles,
retrocederam — não mais para os ondulados campos de Curitiba,
porém, em retirada franca, para a serra catarinense, e o Rio Grande.
X: F  

A REVOLUÇÃO CONDENADA

E Saldanha?

A esquadra norte-americana, ancorada na Guanabara, impediu-lhe


— com o tiro de advertência208 — a visita aos navios mercantes de sua
nacionalidade, abarrotados de material encomendado pelo governo.
Com isto, cessava o bloqueio. Se quisesse impo-lo, atirar-se-ia aos
cruzadores yankees; suspendendo-o — renunciava à e ciência da
insurreição, reduzida desde já a uma demonstração inócua de força
diante da legalidade robusta. Tinha outro inimigo: o tempo. O governo
con ava na esquadra que adquirira nos Estados Unidos e na Europa, e
que, concentrada na Bahia, sob o comando do almirante reformado
Jerônimo Gonçalves, estava incumbida de cortar a retirada aos navios
rebeldes, quando — desistindo do combate — pretendessem recolher-
se aos portos do Sul.209

Os insucessos militares de Saldanha não pararam mais. Faltou-lhe a


Ilha do Governador, conquistada por uma expedição às ordens do
General Silva Teles, que morreu dos ferimentos recebidos na batalha
do Jequiá, e do Coronel Moreira César. Não pôde evitar a destruição
dos depósitos das Ilhas do Viana e Mocanguê. Decidiu jogar a cartada
nal — empenhando na tomada de Niterói, em 9 de fevereiro, as
forças disponíveis. Jogou e perdeu.

O COMBATE DE 9 DE FEVEREIRO

De surpresa, naquela antemanhã, sob a proteção dos canhões da frota,


desembarcou a maruja em quatro diferentes pontos. Eram
quatrocentos homens, sob o comando do 1º Tenente Antão Correia da
Silva e a direção pessoal de Saldanha, que pôs pé em terra com os
primeiros escalões de ataque. Tomadas de assombro, as guarnições da
Armação e da Ponta da Areia bateram em retirada, abandonando as
baterias. Vitoriosos nesse encontro inicial, a uíram os navais para as
ruas que conduzem à cidade. Mas o General Francisco de Paula
Argolo, que a comandava, con ou ao Tenente-coronel Fonseca Ramos
a contra-ofensiva, dando-lhe tudo o que tinha, e eram os batalhões
policiais, os da guarda nacional, os de voluntários 23 de Novembro e
Benjamin Constant, entre 2 e 3 mil homens, que dividiu em duas
colunas, uma para recuperar a Ponta da Areia, a outra a Armação.
Vendo crescer sobre eles essa tropa, recuaram os marinheiros para
aquelas posições, e contiveram, com o fogo de bordo, a fuzilaria,
repetidos choques a arma branca, três assaltos que visavam a desalojá-
los do outeiro do Laboratório, e praias circunvizinhas. Não puderam
evitar a junção das colunas legalistas, em movimento de cerco; e dando
por nda a missão, reembarcaram ao meio-dia, depois de sangrenta e
bravia peleja em que o próprio Saldanha — de espada desembainhada,
peito descoberto, desdenhando do perigo — foi duas vezes ferido.210
No episódio nal da reconquista do Laboratório caiu varado por uma
bala o Tenente Tasso Fragoso. Foram pesadas as perdas de lado a lado.
A Marinha considerou um êxito tático esse formidável esforço
dissipado numa batalha desesperada; os orianistas o reputaram uma
vitória. Diz um dos biógrafos do almirante que ele se regozijou pela
destruição da maioria das peças que, daquelas praias, o hostilizavam,
achando que fora completo o sucesso das suas armas.211 Alegou depois,
se tivesse mais quinhentos homens entraria em Niterói.212

PLANOS E INSUCESSOS

O combate, e esta con ssão, explicam o seu plano, que era ocupar uma
base de reabastecimento, criar aí a convergência de recursos, e, com os
que lhe fossem do Sul, irromper pela capital federal. Apoderar-se-ia de
Niterói com 400 marinheiros? O fracasso seria inevitável; nem lhe
chegaram os sonhados contingentes do Sul. Na realidade o
desembarque de 9 de fevereiro lhe extinguiu as ilusões de uma
vantagem qualquer sobre os orianistas. Provou-lhes o poderio bélico,
a superioridade numérica, a rmeza. E já se anunciava a chegada da
esquadra governamental, sob o respeitável comando do Almirante
Jerônimo Gonçalves,213 com armamento su ciente para engarrafar os
navios que se deixassem car à espera...

Imaginou Saldanha (embalado algum tempo com a esperança do


retorno da esquadra de Custódio com uma divisão federalista, para
tomar o Rio de assalto...)214 interceptar, na Bahia ou no Recife, a frota
legalista, pelo Aquidabã e pelo República. Convinha-se que a entrada
de um desses navios nos portos do Norte derrocaria automaticamente
o governo local. Cairia, sem mais nada, naqueles redutos históricos do
liberalismo e do conservantismo... Os sucessos de Pernambuco
autorizavam a suposição. Lá aparecera o Sargento Silvino de Macedo,
em missão misteriosa... O homem do destino foi Joaquim Freire —
espécie de personagem protéico, que, por singular coincidência, surge
na crise deste período no Rio de Janeiro, metendo-se como adepto da
revolta entre os seus corifeus, no Recife, a perseguir a sombra de
Silvino, no Paraná, a organizar as listas das execuções... Floriano
Peixoto não teve na sua milícia de irredutíveis um Javert mais tenaz.
Fê-lo major honorário, patente que se lhe tirou em 1897, porque
(última façanha) gurou Freire entre os conspiradores, contra a vida
do presidente. Casualmente viu ele na rua um moço, que lhe pareceu
Silvino. Correu a avisar o Governador Barbosa Lima. Preso,
identi cado, tido logo como emissário da revolução, Silvino foi
julgado sumariamente e, por ordem pessoal de Floriano, passado pelas
armas.215 José Mariano (que encabeçava o movimento favorável a
Custódio) não escapou à violência policial: esteve dez meses recluso
no Forte do Brum...216 Mas os navios não chegaram. Um desarranjo de
máquinas no República os forçou a mudarem de rumo. Foram
inutilmente para Santa Catarina. Alexandrino de Alencar, comandante
do Aquidabã, recebeu ordem de Custódio (contrariando a de
Saldanha) para ir juntar-se a ele. Assim as duas belonaves — deixando
livre a rota da armada governista — abandonaram na Guanabara o
almirante,217 condenado a render-se, se, como era inevitável, lhe fosse
fechada a barra. Os barcos de Floriano zarparam a 1o de março da
Bahia, dispostos ao ataque. A insígnia do chefe ia içada no cruzador
Niterói (comprado nos Estados Unidos, e cujo famoso canhão
pneumático nunca funcionou...).218 “Baldo de munições de guerra e de
boca”, sem combustível, à espera de um encontro puramente
destrutivo — convenceu-se Saldanha da necessidade de cessar fogo. A
1º de março realizara-se o pleito presidencial, na ordem morna em que
se conciliavam as expectativas de um regime civil e a fadiga da vigília
militar. “Logo após a famigerada eleição de 1º de março” podia falar de
paz, com a evasiva de que a capitulação fora antes da política do
marechal, impotente para impedir a sucessão. Prudente de Morais
seria, de qualquer forma, o contraste, dessa ditadura desaçaimada...
Afagou a idéia de asilar as suas tripulações nos navios estrangeiros.
Americanos, ingleses, franceses, italianos estavam em condições de
recebê-las. Preferiu as corvetas portuguesas Mindelo e Afonso de
Albuquerque, comandadas por um nobre marinheiro, Augusto de
Castilho. Na comunhão da língua, falava-lhes o sentimento
consangüíneo, da aliança natural... Portugueses não eram estranhos!

A CAPITULAÇÃO

O dia 11 de março foi decisivo para a revolução que se extinguia.

O marechal mandou avisar aos barcos estrangeiros que deviam


retirar-se da área do porto,219 pois os revoltosos tinham sido advertidos
de que, após 48 horas, às três da tarde, as fortalezas e a esquadra — que
surgira na enseada da Praia Vermelha — abririam fogo. O Almirante
Gonçalves, por seu lado, zera o plano de combate, que consistiria em
entrar às onze da noite (ao pôr da lua), e atacar, com todo o poder de
sua artilharia, e das Ilhas Villegaignon e das Cobras, ao tempo em que
as torpedeiras se atirariam aos navios pesados de Saldanha... Este não
esperou o prazo.

Por intermédio do comandante português — ainda a 11 de março —,


ofereceu as suas condições. Queria poupar (escreveu a Castilho)
maiores vexames da ordem deste que acaba de sofrer (a pátria), qual a exigência apresentada
pelo corpo diplomático de depósito prévio por parte do Marechal Floriano Peixoto de
valiosa quantia ou hipoteca do território nacional, como garantia dos interesses estrangeiros
nesta capital, para lhe ser permitido romper fogo.
E pedia-lhe asilo a bordo das corvetas, para umas setenta pessoas.
Castilho acedeu a este pedido. A proposta de rendição tinha por
cláusula principal a retirada da o cialidade para o estrangeiro, com
garantia de vida a inferiores e praças.

Floriano, a quem o ministro de Portugal levou o escrito, respondeu


que consultaria os ministros.

A 12, a população começou a abandonar a orla marítima.

Na manhã seguinte, ainda calado o governo sobre as suas condições,


ordenou Saldanha que fossem inutilizados os armamentos de bordo e
de terra, e, com surpresa de Castilho e da marinhagem portuguesa,220
recolheu, com quantos o desejaram, à Mindelo e à Afonso de
Albuquerque — para cima de quinhentas pessoas apinhadas num
espaço que mal chegava para a tripulação... À hora dada — três da
tarde —, as fortalezas desmascararam as baterias num canhoneio
simultâneo, a que não contestaram os navios, desertos, e as duas ilhas,
despovoadas. O silêncio con rmava o m do episódio — que assim,
através de humanitário asilo, antes que houvesse um grande desfecho,
terminou atropeladamente, a evasão misturada ao mais curioso
problema diplomático.

CONDUTA PORTUGUESA

Realmente, não assentira o marechal nos termos da capitulação e


exigia a entrega dos refugiados. Para isto dispunha da autoridade da
vitória, do domínio do porto, da força de terra e mar. O próprio
presidente do Conselho de Portugal, Hintze Ribeiro, conveio na
entrega. Castilho, rmado nos princípios da honra, negou: o seu dever
era levar a salvamento os que se tinham abrigado sob a proteção da
sua bandeira. Com exímia dignidade — e desconforto — apesar da
intimação, para que aguardasse a solução do litígio, navegou com eles
barra afora, em direção do Prata. Afrontou um instante o perigo de
uma catástrofe: se se pusessem a canhonear os seus pequenos navios
de madeira. E arrostou duas ordens de protestos: dos asilados, que lhe
não perdoaram a decisão do seu governo, de — para atender ao do
Brasil — proibir o desembarque em Montevidéu ou Buenos Aires, a
m de serem conduzidos a Lisboa; e de Floriano, que, indignado,
rompeu relações diplomáticas com Portugal. É que, dizia el-Rei Dom
Carlos, com dois países jamais poderia estar mal, a Inglaterra e o
Brasil...221 Mas eram tão precárias as acomodações de bordo que o
desespero dos o ciais de Saldanha foi mais forte do que a palavra: a
maioria escapou, em lanchas ou a nado, para retomar a liberdade nas
praias uruguaias e argentinas.

Quanto ao Almirante Custódio, dispunha da divisão do Coronel


Salgado, que cara em Santa Catarina, e dos portos do Sul, enquanto a
esquadra governista a eles não chegasse. Gumercindo deu-lhe a idéia
de tentar o derradeiro esforço — capaz de mudar a face aos
acontecimentos — com a gente de Salgado e os barcos em que poderia
ser levada. Se lograsse tomar a cidade do Rio Grande, engarrafaria, na
Lagoa dos Patos, os elementos legais, e os desviaria do interior do
estado, ameaçado de novo pelas colunas que re uíam do Norte.
Faltou-lhe, porém, o essencial para esta reabertura de operações: a
convicção. Os federalistas que transportava não quiseram arriscar-se
ao desembarque incerto; e por lhe escassear o necessário para uma
prolongada ação naval, se limitou a surgir diante daquela cidade,
trocar com as baterias de terra alguns disparos, sondar com isto as
disposições do lugar, na esperança de um auxílio qualquer, que o
convidasse a empenhar-se a fundo; e, desanimadamente, foi desarmar
na costa uruguaia.

REPRESSÃO DESATINADA

Eliminada nas águas do Rio de Janeiro a revolta, reconquistados pela


legalidade o Paraná e Santa Catarina, o capítulo nal da guerra civil foi
maculado por uma série de torpes excessos, em que sobrelevou a
ferocidade de alguns militares ébrios de intolerância e paixão.

Não os justi cou a reciprocidade das violências, porque a luta cessara


no mar; e os seus ecos em terra esmoreciam na distância.
Em 16 de abril, perto da Ilha de Anhatomirim, foi o Aquidabã
(sempre comandado por Alexandrino) abalroado pelo torpedo que lhe
acertou a contratorpedeira Gustavo Martins;222 e na iminência do
naufrágio, com vinte metros de rombo no costado, a tripulação o
abandonou, para se embrenhar no continente, atrás das forças de
Gumercindo em retirada. Com a captura do famoso barco a legalidade
concluiu o seu triunfo. As tropas de Pires Ferreira entraram
festivamente em Curitiba, onde assumiu o comando o General
Everton Quadros; e para o Desterro (que, por ato do legislativo
estadual, passou a chamar-se Florianópolis) seguiu o mais truculento
dos o ciais governistas, Antônio Moreira César,223 conhecido pela
turbulência epilética do seu temperamento exaltado, em cuja morbidez
se desenhavam as intenções mais atrozes... Com este comandante do
distrito, destacado para as “operações de limpeza” na capital
federalista, era imaginar a série de criminosas execuções que lhe
marcaria o despotismo. Não desmentiu a previsão.

Acumulando funções (governador provisório e chefe da guarnição),


prendeu a quem quis, remeteu-os, com ordens sibilinas, para a
Fortaleza de Anhatomirim, sinistramente apropriada, no seu
isolamento, à matança clandestina, e mandou fuzilar culpados e
inocentes, sem dar tempo aos recursos de graça, sequer a um esboço
de defesa, na brevidade de supressões em massa... As mais notáveis
vítimas foram o Marechal Barão de Batovi, que se apresentou à escolta
de cadetes que o foi buscar de grande uniforme, e o Capitão-de-mar-e-
guerra Frederico Guilherme de Lorena. Circunstâncias tétricas
frisaram a estupidez do assassinato. Como o lho do barão, o Dr.
Alfredo de Gama d’Eça, a ele se agarrasse num abraço convulsivo, o
comandante do pelotão deu voz de fogo, e rolaram ambos mortos,
crivados de balas.224 Lorena, ao saber que o conduziam à morte, despiu
a sobrecasaca militar, dizendo que a não queria conspurcada pelos
tiros da soldadesca irresponsável; e ofereceu o peito descoberto.
Mostra-se na ilhota de Anhatomirim o sumidouro, que, no parque,
comunica com o mar, e por onde se crê que desapareceram muitos
corpos. Quantos? “Houve quem contasse na Fortaleza de Santa Cruz
185 prisioneiros que dela não mais saíram”.225 Uma hecatombe! Não é
lícito carregar Moreira César com a culpa integral dessas atrocidades.
Em sessão do Senado — a 18 de junho de 1896 — o Barão de Ladário
leu um telegrama, com estas palavras: “Marechal Floriano — Rio —
Romualdo, Caldeira, Freitas e outros fuzilados segundo vossas ordens.
Antônio Moreira César”.226 Cumpriu instruções especí cas, ou as
interpretou a seu modo? A impunidade, a con ança, a fama, as
considerações o ciais que desfrutou o coronel enquanto em Santa
Catarina se manteve, com o seu batalhão — o 7º de infantaria —,
dizem mais do que os papéis. Na verdade, Floriano não interveio para
evitar a efusão de sangue, que tinha o caráter serôdio da vingança, na
sua capa de castigo ou expurgo: completou a vitória com o extermínio.

No Paraná a repressão, sem atingir aquelas proporções, foi também


cruel. Fez o arrolamento dos suspeitos o secretário do General Everton
Quadros, Alferes Comissionado Joaquim Freire. Atribui-se-lhe a
ordem infame para que o Barão do Serro Azul, um irmão, quatro
amigos — pertencentes ao comércio de Curitiba — fossem passados
pelas armas, de surpresa, na Serra de Paranaguá. O barão não fora
revolucionário: limitara-se a intervir em favor da praça, para a
resguardar da pilhagem, e cara em casa, sem nada temer, quando
reentraram as forças governistas. Acreditava que o não incomodassem;
e propalava a sua inocência. Foi porém recolhido preso; disseram-lhe
que iria defender-se no Rio de Janeiro; e o embarcaram no comboio,
noite alta. A viagem disfarçou a armadilha: pois no quilômetro 65
parou o trem, os soldados zeram que descesse, e, na beira do abismo,
o abateram, a tiro e coices de fuzil, lançando o corpo encosta abaixo
daquele paredão de montanha... Na cidade alguns, como Francisco
Braga, foram fuzilados no cemitério, ao pé da cova aberta... Em
Paranaguá tiveram a mesma sorte o Major Colônia, o Tenente Pedro
Nolasco.227 Os principais federalistas salvaram-se, emigrando para
Buenos Aires.

XI: O  


CANDIDATO CIVIL

Enquanto Floriano empenhava todos os recursos para debelar a


revolução, desprezando a política e, com isto, a sucessão, organizou o
Senador Francisco Glicério o Partido Republicano Federal; e fácil foi
concentrá-lo em torno da candidatura de Prudente de Morais. Sagrou-
a a convenção do partido em 25 de setembro de 93. Teve unanimidade
de votos para presidente; para vice-presidente, o senador baiano
Manuel Vitorino Pereira venceu o do Pará, Pais de Carvalho, por
maioria de um voto. A data explica a impotência do marechal para
desviar de sua lógica os acontecimentos. Não poderia evitar o sucessor
paulista, que desde 1891, presidindo à Constituinte, e em seguida, ao
Senado, era o pretendente nato. Glicério, adotando-o, uni cou a sua
agremiação: possivelmente não teria forças para vetá-lo. Mas Floriano
não escondeu o ressentimento. Quando Glicério o advertiu que o
escolhido seria Prudente, negou-se a intervir, mas objetou que se
arrependeriam: seus amigos seriam perseguidos...228 Procurou desfazer
o compromisso do partido, acenando com a candidatura de Afonso
Pena (que rmemente recusou), de Rangel Pestana, do jovem Capitão
Lauro Sodré.229 Em verdade só lhe serviam Sodré e Castilhos. Prudente
signi cava a demissão dos vitoriosos, a retirada do jacobinismo, o
epílogo da república retinta... Pergunta-se: qual então o pensamento
daquele homem enigmático?

ENIGMA

Tudo conspirava para a sua conservação no poder.

Se de um lado Carlos de Carvalho o induzira a publicar o Manifesto à


nação, convocando-a a eleições,230 do outro os correligionários —
jovens militares — achavam descabido esse rito cívico, bom para os
tempos normais, agora inoportuno ou absurdo. Respondendo, depois
do pleito, a uma homenagem, declarou, sibilino: “Homem da ordem,
não turbarei a posse do eleito e seu governo, salvo se enveredar pelo
caminho errado, no que não acredito”.231 Acreditava. Na sua carta a Rio
Branco, de 1911, Gabriel Piza (ministro em Paris) conta que avisara ao
governo que a França reconheceria como beligerantes os revoltosos, se
houvesse novo adiamento de eleições no Brasil...232 “Telegrafei
imediatamente essa notícia ao chefe da nação e os eleitores foram
convocados”. Podia optar: a ditadura, mas instável; ou uma sossegada
transmissão de mando, após a qual a sua gura de condestável soturno
do regime cresceria com as decepções, a confusão, os últimos
estertores da tormenta. Tratou mal o sucessor eleito. Não mandou
recebê-lo à chegada de São Paulo; deixou-lhe sem resposta o pedido de
audiência, para conversarem antes da posse; a esta não compareceu.
Para que o Congresso e a cidade o vissem fraco e só...233

Mas se assim encorajou o jacobinismo, logo o desprezou, recusando-


se a servi-lo.

Não deu um passo para “turbar” ou perturbar a legalidade, que


salvara a seu modo; nem para a proteger — em 15 de novembro de
1894.234 Omitiu-se, numa atitude perigosa, cujas reservas não con ou a
ninguém. Cessado o seu período, ausentou-se. E nada aconteceu... O
certo é que, resistindo à tentação de proclamar-se ditador, sul-
americanamente, ao som das fanfarras, preferiu recolher-se, sem
frases, à humildade de sua casa; e quando se julgava que ia surgir, com
o uniforme de gala, numa apoteose de armas e ores, levado pela
multidão, à porta do Congresso, fechada para o civil casmurro —
desapareceu.

Fugiu aos entusiasmos da tropa e do povo — com astuta prudência.

Os médicos (cuja opinião a política não ouvira) poderiam esclarecer:


sofria. Não tinha saúde para continuar. Esgotara nos dias nervosos e
nas noites insones da guerra civil as energias indomáveis; e retirou-se
para os ares silvestres — na estação da Divisa, a tentar a cura tardia.

Morreu de cirrose do fígado em junho do ano seguinte.

ANTÍTESE
O fato é que, de carro de aluguel, foi Prudente prestar o juramento ao
Senado, onde cálidos aplausos o festejaram; e chegou ao Itamaraty sem
ninguém para lhe tomar à entrada o chapéu. Aberto, abandonado, sem
guarda nem funcionários, fora o palácio invadido pelos curiosos.235 Já
ali estava, com os novos ministros, perplexo, quando se apresentou
Cassiano do Nascimento, Ministro da Justiça de Floriano. Com um
rápido discurso disse que o marechal lhe transmitia o poder.

A humilhação in igida a Prudente resumia a crise desfeita.


Começava diminuída uma administração naturalmente tímida. O
verdadeiro dirigente era Glicério.

A sua grossa gura eclipsava o vulto severo do presidente.236

Certo, a subida ao governo do advogado de Piracicaba (o biriba, na


chacota da Rua do Ouvidor, em contraste com o marechal ) desarmava
os ódios sectários, retirando à revolução o primeiro dos seus motivos.
Contava com o Congresso. A opinião afagava-o com as suas
esperanças.

Acusa-o Campos Sales de nefasto retraimento, deixando que o


Congresso (neste, Glicério) trabalhasse às tontas, fora da cooperação
do Executivo distante.237 Não se estranhe a crítica a quem, sucedendo-
lhe, fez o contrário. Mas sabia o que queria. Queria a ordem — com a
lei — e a paz — com a ordem. O seu programa reduzia-se a pouco,
com paz e ordem; infringia a lógica do republicanismo triunfante
(de nida por Castilhos) que era o castigo dos rebeldes, o governo
forte, a supressão dos entraves que os inimigos lhe opunham... Quem
estivesse contra a punição, estaria contra Floriano. Não convinha ao
presidente cultivar os ódios, que o atingiam, e manter a mística, que o
excomungava. O próprio marechal o classi cara como adversário,
ausentando-se de sua posse, desfeiteando-o com a indiferença: a sua
política derivava necessariamente da afronta que se lhe zera a 15 de
novembro de 94, quando saltara à porta do Itamaraty no carro de
aluguel, sem ninguém para lhe tomar a cartola. Os amigos seriam, por
isto mesmo, os oposicionistas da véspera; que os orianistas não lhe
perdoariam a clemência, o acordo com os réus... Lúcio de Mendonça
indignava-se com a sua habilidade calada, “prudente e demorado”.238
Não podia ser de outro modo, com Glicério dirigindo o Congresso,
comprometido com a situação anterior, as ruas agitadas pelos
jacobinos, a autoridade depreciada e débil entre o Partido, que tinha
direção própria, e as forças armadas, que haviam perdido a sua. A
anistia a gurou-se-lhe o remédio: pelo menos cicatrizaria as feridas;
permitiria que capitulassem os remanescentes da revolução.

A luta pela anistia absorveu a primeira fase do governo de Prudente


e, se de um lado o reforçou, com a simpatia dos vencidos, por outro o
condenou às iras da rubra “legalidade”.

A ANISTIA

Campos Sales teve a iniciativa do projeto, que excluía os cabeças da


revolução. O presidente aceitou, emendando: anistiados seriam os que
se apresentassem no prazo de noventa dias, prorrogável pelo governo.
Glicério, para não desgostar os castilhistas, correu a impugnar e
ameaçou romper.239 Prudente, fugindo a um dissídio prematuro, pediu
que o seu nome fosse afastado das discussões. In uenciaria a proposta
atrás da cortina, sem se arriscar à derrota... Mas a partir deste instante
as suas relações com Glicério estavam abaladas: não se curvaria à sua
prepotência. O fenômeno político era culminante. Simbolizava a
de nição do presidencialismo nas suas linhas autênticas. Até aí reinara
a ditadura, com ou sem o Congresso, a ditadura impulsiva de
Deodoro, a ditadura solerte de Floriano... Pela primeira vez o poder
sem farda ia funcionar em harmonia com um Parlamento assustado,
tendo entre eles o Partido comandado por seu engenhoso “general” —
que se dizia “das vinte e uma brigadas”, porque lhe obedeciam as
bancadas de todos os estados. Um observador atilado veria nessa
tentativa de “organização” o ranço do parlamentarismo abolido: tirava-
se ao Executivo a condução da Assembléia conquistada pelo chefe da
maioria, ou sua expressão monolítica. Neste caso o “taciturno do
Itamaraty” (chama-lhe Rui)240 se ocultava na sombra de um poder
isolado, sem ação fora da área administrativa, vendo de longe o
turbilhão das câmaras... Os silêncios tristes de Prudente pareciam
ajustados a essa forma de presidente sem política, contrária à
tendência do regime, a gritar pela política do presidente. Dia viria em
que o Jornal do Comércio publicasse, numa “vária”, que Glicério não
representava a... política do presidente. Sim; tinha a sua. Levou três
anos para reivindicá-la.

Ganhou a “batalha da anistia” pelo cansaço do Congresso, em relação


aos excessos do jacobinismo, e pelo suicídio da revolução, nos seus
momentos nais. Os fatos auxiliaram-no. Desapareceram
Gumercindo, Saldanha, Floriano, este na sua casa modesta de
“vilegiatura”, cinco dias depois do combate de Campo Osório.241

Vejamos estes sucessos.

O FIM DE GUMERCINDO

Em três colunas repassaram os federalistas a fronteira do Paraná com


Santa Catarina: por Porto União (Gumercindo), Palmas (Juca Tigre) e
caminho de Curitibanos (Aparício). Mas a Divisão do Norte, que
retirara do Vale de Itajaí para a Vacaria, depois de bater na Serra de
Tijucas um contingente do Coronel Salgado, apressadamente se
deslocara para Oeste, juntara-se, na colônia militar de Chapecó, ao
destacamento do Coronel José Bernardino Bormann,242 zera
retroceder no Chopim a vanguarda de Tigre (José Sera m de
Castilho), que se perdeu na oresta do Iguaçu, e forçou Gumercindo e
Aparício (reunidos em Campos Novos) a transpor a nado o Pelotas.243
No Jacuí — em Passo Fundo — a cavalaria rebelde derrotou ainda uma
coluna legalista; e se lançou à Divisão em 27 de junho, entre Umbu e
Melo. Foi a batalha do Pulador, a maior deste período. Depois de seis
horas de fogo, feridos o General Lima — comandante da Divisão do
Norte — e Aparício Saraiva, reencetaram os rebeldes
desenganadamente a retirada. Acelerou-a a convicção de que, perdida
a guerra, só no estrangeiro achariam asilo. Desceu Gumercindo —
reforçado pela coluna missioneira de Dinarte Dorneles — pela estrada
de Ijuí a São Borja (paralelamente ao Uruguai); e no planalto de
Carovi, em 10 de agosto de 94 — quando se adiantou, só, para
observar os movimentos do adversário, foi reconhecido por um
soldado que estivera na Lapa, prisioneiro.244 Este levou a arma à cara, e
derrubou-o com certeiro tiro.245 Morreu na carreta onde o recolheram;
foi respeitosamente sepultado pelos companheiros, num pequeno
cemitério à beira do caminho.

APARÍCIO SARAIVA

Desapareceu o caudilho quando re uía para a fronteira, que lhe fora a


origem e o abrigo, a revolução federalista.

Aparício Saraiva — sucessor do irmão no comando, mas sem os seus


compromissos brasileiros — conduzia-a velozmente para Cruz Alta,
correu ao longo do Ibicuí, e a 5 de setembro, pondo-se a salvo na outra
margem do Uruguai, fez supor que acabara a campanha. Recrudesceu
em breves episódios, com a incursão de Piragibe e Cabeda, a 27 de
setembro, até Upomaroti, a passagem de Aparício — a 26 de janeiro,
vingativamente, pelo Cacequi, Dom Pedrito, São Luís... Retrocedeu.
Desistiu. Com a volta de Aparício aos campos pátrios (logo a sua
aliança com os republicanos, principalmente, no Cati, o Coronel João
Francisco, contra os “colorados” orientais...)246 — cessaram as
rumorosas cavalgatas.

A fronteira dividiu menos do que a paixão.

Para ajudar os “blancos”, valeu-se o irmão de Gumercindo das armas


castilhistas, contrabandeadas com a complacência das autoridades —
que respondiam à cumplicidade das outras, com todas as revoltas rio-
grandenses.247 Podia ser contra a lei e as normas da vizinhança
pací ca; mas obedecia à tradição, ao espírito, à realidade da região, em
que se misturavam — como os arroios na água crespa do rio limítrofe
— idiomas, negócios, famílias, ódios, ideais.

Seguiu Aparício o seu destino de indomado revolucionário, cujo


epílogo, na batalha de Masoller (1904), coincide com o encerramento
de uma fase social (econômica e política) da vida sul-americana. Essa
fase começara com as levas de broquéis da quadra da independência
(precedida pela incursão aquisitiva do território missioneiro) e
terminava cavalheirescamente ao som das salvas, nos últimos arrancos
da carga de lança e sabre, em que o poncho guasca dos velhos
centauros era a permanente sugestão dos farrapos de Bento Gonçalves
e dos voluntários de Joca Tavares.

Restava — remanescente deslocado desse ciclo subversivo — o


Almirante Saldanha.

COMO ACABOU SALDANHA

O Almirante Saldanha recolhera-se, com a maioria dos companheiros,


à hospitalidade uruguaia. Foi em seguida à Europa, no desejo de
alcançar do governo português a libertação dos asilados da Mindelo e
da Afonso de Albuquerque, que lá tinham sido internados; e como não
o deixassem entrar em Portugal, voltou ao Prata, resolvido a uma ação
desesperada. Reuniu a sua gente em Corrientes, depois em Artigas, e
com uns quatrocentos homens, dos quais, acaudilhados por Vasco
Martins, cinqüenta gaúchos lanceiros, precipitou a invasão, ao saber
que o governo de Montevidéu, premido pela diplomacia brasileira, ia
ordenar o desarmamento e a dispersão dos refugiados. Investiu pela
costa do Quaraí e foi acampar em frente à barra do Quaraí-Chico, no
Campo Osório. A 24 de junho o atacaram as forças do General
Hipólito Ribeiro e do Tenente-coronel João Francisco Pereira de
Sousa.248 Eram cerca de mil e duzentos cavaleiros. O plano de defesa
consistiu em sustentar o fogo ao centro, onde se entrincheirara a sua
pequena infantaria, e carregar sobre os ancos. Sucedeu, porém, o que
era freqüente nos pampas: o ardor da luta sobrepuja a prudência.
Enganado pelo inimigo, que ngiu retirar, o esquadrão de Vasco Alves
lhe caiu em cima. Eis que o atropela, e arrasta de vencida, toda a
coluna republicana; com tal ímpeto que, a galope, se atirou aos
entrincheiramentos. Lembrava o episódio em que morreu o Barão de
Serro Largo, em Ituzaingó... O combate transformou-se em matança,
esmalhados os fuzileiros pela campina, com a cavalaria de rédea solta
sobre eles. Saldanha teve ainda tempo de ordenar que escapassem
pelas picadas do Quaraí; e, oferecendo-se à morte, volteou com o
cavalo, em direção de um magote de lanceiros. Foi levantado na sela
por um lançaço; atingido por outro — que um Salvador Tambeiro lhe
acertou —, caiu; tentou soerguer-se; o soldado, que o acometera,
novamente o prostrou, com duas cutiladas à cabeça...249

O sebastianista acabou como Dom Sebastião, no campo de batalha...


Foram os sobreviventes do recontro que deram às autoridades
orientais a notícia de como ele morrera, numa tentativa impossível de
abalar a situação castilhista, em verdade vítima do pundonor, de que
fora mestre sem mácula. Esse desfecho de epopéia era digno daquele
homem: e esgotou a guerra civil. Mais uma semana, e fazia-se a paz no
Rio Grande.250

O sacrifício do almirante foi a liquidação oportuna de uma luta já


absurda; apenas, para ele, o seu m lógico. “As folhas de todos os
matizes deram-lhe o apelido de Coriolano”.251

Finou-se Floriano no seu retiro da Estação da Divisa, até onde o


entusiasmo dos correligionários fora levar-lhe, a vésperas de morrer,
uma espada de ouro. Proferiu palavras de presságio, que
correspondiam à inquietação dos manifestantes. Cético, registou
Capistrano de Abreu: “Ainda depois de morto publicaram um
discurso, autêntico ou não, grito de alarma contra o primeiro
presidente eleito pelo povo”.252

As exéquias do marechal, estas assumiram a importância de uma


apoteose. Machado meditou: “Os mortos não vão tão depressa como
quer o adágio; mas que eles governam os vivos, é cousa dita, sabida e
certa. Não me cabe narrar o que esta cidade viu ontem”.253 Fez-se do
saimento fúnebre uma demonstração ideológica. E a inauguração, em
setembro, do seu mausoléu, serviu para separar dessa ortodoxia
republicana extremada e bravia o governo ameaçado. Entre eles havia
Floriano.
XII: Q 

A PAZ INTERNA

O presidente queria a anistia, para governar. A política, encarnada em


Glicério, combatia-a, para manter a coesão republicana, dos
orianistas. Carecia a oposição, favorável a um perdão largo, de
autoridade para se fazer ouvir: representava, impopular, os vencidos.
Neste impasse, valiosos elementos favoreciam os desígnios
conciliatórios de Prudente: alguns governadores — com os seus
amigos do Congresso — que apoiariam a orientação presidencial; e as
altas patentes do exército.

A nomeação do General Inocêncio Galvão de Queirós para


comandar o 6º distrito resolveu o problema. Porque este inteligente
militar não teve dúvida em tomar à sua conta as negociações, que o
chefe da nação não determinara nem proibira: adivinhando-lhe o
pensamento.254

As suas intenções eram claras: mandara substituir nos postos da


fronteira os irregulares pela tropa de linha; ordenara a transferência do
quartel-general de Porto Alegre para Pelotas, separando-o do centro
político, em que predominava Castilhos, destituíra os ministros no
Uruguai e na Argentina, Vitorino Monteiro e Fernando Abbot;
prometia ampla segurança aos que, desarmadamente, voltassem aos
lares. Galvão entendeu-se con dencialmente, ainda no Rio, com o Dr.
Francisco Tavares, que escreveu ao irmão, Joca Tavares: o essencial
seria esclarecer que os federalistas continuavam lutando, não contra o
governo federal, porém contra o castilhismo. Na hipótese de uma
resposta satisfatória, encontrar-se-iam, para um acordo... O velho
caudilho a rmou que combatia a situação estadual, não a república,
até porque a discórdia girava em torno da “inconstitucionalidade” do
regime rio-grandense. E assim prevenido das facilidades que
encontraria, o general recebeu em Pelotas o chefe revolucionário e
desta conferência resultou — em 10 de julho de 95 — o convênio da
paz. Tavares e o próprio Galvão sustentaram que deveria modi car-se
a Constituição do Rio Grande... “indubitavelmente contrária à lei
federal”.255

Cienti cado dos passos dados pelo general, Prudente concordou,


vencendo as resistências que no ministério se levantaram contra o que
parecia um entendimento açodado, do Poder com a rebelião: e tanto
que se divulgou a boa-nova, uma onda de júbilo, com Patrocínio à
frente,256 correu pela cidade e se atirou ao Itamaraty.

Pela primeira vez o povo aplaudia o “taciturno”. E este, respondendo à


alocução de Patrocínio (nos últimos arrancos da eloqüência
fascinante), assegurou que a sua política consistia em devolver a
tranqüilidade ao país.

Não podia restituir-lhe a ordem com os obstáculos que a maioria lhe


apresentava. Travou-se no Congresso, surda, complicada, rancorosa, a
luta contra a anistia, em que se uniam — opostos ao presidente — os
castilhistas, justamente indignados com a referência feita no acordo à
sua Constituição, Glicério, que achava isto atentatório à autonomia dos
estados, o “jacobinismo” das ruas. Em 19 de setembro, fatigado,
Prudente positivou que con rmaria a anistia, ou resignaria. O projeto
do Senado, que a concedia amplamente, caiu na câmara (relator,
Medeiros e Albuquerque). Dez minutos depois Glicério apresentava
outro, com restrições.257 Prevaleceu. Em 21 de outubro foi a nal
decretada, excetuados do benefício os militares, que só voltariam ao
serviço ativo depois de dois anos.

RESPOSTA JACOBINA

Um fato intempestivo reacendeu a ama orianista: a suposta


reabertura da guerra civil, nos “sertões”.

O episódio de Canudos — longínquo e inexpressivo, explosão mística


de uma latente rebelião, sem forma ou sentido político, coisa de
fanáticos — modi cou de repente a situação nacional.
Entre o governo e o descontentamento dos triunfadores da véspera se
interpunha, fulgurante na auréola de herói popular, o “marechal”... Os
que o tinham levado em apoteose para o cemitério, voltaram com
entusiasmo a inaugurar-lhe o mausoléu de belo mármore, panteão
com que o honrava a república. Compareceu o representante do
presidente. E como se previra, a cerimônia transformou-se em
comício, falando Irineu Machado, Nicanor Nascimento, Raul
Pompéia...258 Ofendido pelo desrespeito à autoridade, o representante
do presidente retirou-se; e para que o meeting absurdo não
degenerasse em motim, a polícia o abreviou... Sem demora, entrou o
governo a contra-atacar. Pompéia, diretor da Biblioteca Nacional,
Irineu, funcionário da câmara, foram demitidos. Como falara de
improviso, defendeu-se aquele, reconstituindo o discurso, para provar
que não injuriara ninguém. Essa declamação escaldante vale pela
de nição da crise: e a estende à interpretação da época. O escritor
considerava que a capital — com os interesses estrangeiros e a insídia
cosmopolita — estava contra a nação, na sua pureza provinciana: e se
devia reprimi-la.259 Em verdade, o orianismo, enrolando-se na glória
do grande morto, pregava a revolução... Abaixo a “traição” civil!

MANUEL VITORINO

A precária saúde do presidente obrigou-o, porém, a afastar-se das


funções. E a licença, por prazo imprevisível,260 alterou subitamente a
sionomia do governo. Assumiu-o (a 11 de novembro de 96) o Vice-
presidente Manuel Vitorino Pereira, parlamentar de outra formação,
que, não pertencendo às mesmas origens republicanas, era, com os
seus dotes cintilantes de orador e jornalista, um autêntico condutor de
massas. A antítese de Deodoro e Floriano repetia-se neste caso. Frio e
calado, Prudente, o Biriba, como o alcunhavam,261 perdia em
expansões o que ganhava em austeridade, no exagero de seus silêncios.
Sem compromissos com o passado, culto e imaginoso, tinha Vitorino a
intuição do momento, a sensibilidade do tribuno que a na com a
exaltação dos auditórios, a simpatia dos jacobinos, incompatíveis com
a nova situação. Tornou-se o salvador, o homem que reergueria a
república, tão enferma quanto o seu presidente... “Escancarou todas as
janelas do novo palácio ao ruído exterior”.262

Vitorino, certo, como toda gente, de que exerceria o poder até o m


do quatriênio — tão pessimistas eram as notícias do presidente —,
quis inicialmente consolidar a autoridade. O melhor teria sido a
renúncia de Prudente: dar-lhe-ia a segurança de agir, imprimindo ao
governo orientação própria. Bernardino de Campos (intérprete da
política paulista) não deixou que se encaminhasse tal apelo. Levar-lhe-
ia, sim, os nomes que desejasse, para recompor o ministério.
Gravemente doente, irritadiço e contrariado, Prudente começou
recusando; e só conveio na aprovação de novos ministros quando
Bernardino, seu amigo, assentiu em ocupar a pasta da Fazenda: neste,
ele con ava!263 Vitorino nomeou em 20 de novembro os ministros da
Fazenda (Bernardino), da Viação (Joaquim Murtinho), da Marinha
(Almirante José Alves Barbosa); e em janeiro os da Justiça (Amaro
Cavalcanti) e da Guerra (General Argolo). Organizou assim o seu
governo.

O FANÁTICO E O MEIO

Há um pitoresco ponto de contato do cataclismo revolucionário que


agitara o país com o caso de Canudos: o sebastianismo.

Tanto dele se falou, desde 1891, que ninguém estranhou o novo


alarde sebastianista:264 com a circunstância, agora verídica, de acreditar
na volta del-rei o “monge” que pastoreava, pelos caminhos remotos de
Itapicuru, Chorrochó, Cumbe, Monte Santo, legiões de peregrinos. A
propaganda orianista colara à insurreição da esquadra o rótulo
satírico, que cabia — isto sim — à dos “jagunços”. Extraordinária
coincidência de reações irresponsáveis, em psicologias primárias
contaminadas de crenças apocalípticas, o autêntico sebastianismo,
jacente nas adormecidas recordações populares — herança tri-secular
cultivada nas lendas e tristezas da raça —, despertou a nal, onde
sempre existira. Não era nas ruas da capital, entre conspiradores
retóricos, muito menos nos acampamentos da guerra civil: mas nos
estirões desertos do interior, lá, onde a ignorância rústica misturava
religião e fábula, nas nevroses místicas, e à falta do missionário, o
beato podia ser o chefe.

Tudo concorria para isto.

O meio físico, agelado pelas estiagens, oferecendo à angústia dos


povoados a sionomia enxuta da terra pardacenta, a esterilidade da
planície arenosa, ralos oásis na vastidão tórrida dos sertões; o
abandono em que viviam, em lugarejos cujo centro natural era a
capela, construída pela piedade coletiva para o consolo das rezas, para
os efeitos humildes da única sociabilidade possível nesses arraiais de
adobe, ramagem e coivara, que era o culto; a descon ança da
autoridade, que só aparecia para oprimir, com a polícia, para depredar,
com as correrias de mandões e bandoleiros, com o funcionário
municipal para cobrar o imposto, intermediário suspeito entre esses
sofrimentos e a “política”, a política pessoal dos “coronéis”, assentada
feudalmente nas suas zonas privativas. Adoçavam tais infortúnios o
patronato desses senhores, onde os havia, patriarcais e graves; a
passagem caritativa do vigário; certos traços de civilização, próprios
das povoações em crescimento. Fora daí, campeava agreste, calado,
triste, o homem das “caatingas”, tipo histórico formado dois séculos
antes, quando a expansão pastoril foi lineando pelos “gerais” o “rumo”
das fazendas, e que conservara, no isolamento e na miséria, as
qualidades elementares dos seus troncos étnicos: resistência, astúcia,
frieza, resignação, delidade... E o heroísmo sem nervos dos caçadores
solitários, a bravura tesa e silenciosa dos homens rudes, que pouco
estimam a vida arriscando-a a cada momento, no seu destino andejo...

No dia em que para essas maltas de vaqueiros crédulos surgisse um


“santo”, vestido de santidade, com as santas insígnias da romaria,
encamisolado num burel, rosário ao cinto, barba nazarena, a falar do
m do mundo e dos exércitos invisíveis de Dom Sebastião, nesse dia
de encontro dos simples com o “monge” aconteceria o inevitável.
Milhares de fanáticos atrás do “apóstolo”, que arvorava uma cruz,
reunindo em círculo o povo. Esses romeiros a pervagarem por
descampados e feiras, assustando o comércio, indignando os padres,
que não podiam detê-los. A palavra do “conselheiro”, imperiosa,
consoladora, absoluta. E a ação repressiva, sacri cada pela
imprudência, a brutalidade, aliada à estupidez... Inutilmente! O sujeito
que sublevou os “sertões” era um maníaco inofensivo que, cabelos
caídos sobre os ombros, barba longa, vestido de um camisolão azul,
munido de dois breviários, falando em indicar às almas a salvação
urgente, viera do Ceará, perambulara por várias regiões da Bahia e se
estabelecera à beira do Vaza-Barris, com uma multidão de éis, a
levantar, no meio de um vilarejo de palhoças, a sua igreja do Bom
Jesus.

Chamava-se Antônio Vicente Mendes Maciel; e o lugar —


Canudos.265

CANUDOS

É preciso descrever-lhe a topogra a, menos como luxo de pormenor


do que explicação prévia. Com a idéia certamente de estabelecer-se
num sítio defensável, acobertado da surpresa dos seus inimigos
intransigentes, escolhera — com a intuição de um estrategista — o vale
do Vaza-Barris, onde este encurva desviado do rumo franco de
Sudoeste pelos últimos relevos da Serra do Cambaio. Neste trecho
circunscreve o rio, qual fosso semicircular de fortaleza redonda, uma
área que arrampa suavemente em an teatro, cortada ao meio por um
desses tênues a uentes dos caudais sertanejos, de que no verão só se vê
o coleante sulco enxuto. Duas estradas, de Uauá para o Oeste e de
Canabrava para o Norte, foram as ruas iniciais do acampamento
construído em função da aguada, a praça, com o cruzeiro plantado em
alvenaria (em 1893),266 a igreja velha, em melhor lugar, de pedra e cal,
a nova, ao pé do cemitério, rente ao rio, com as abas de um morro do
outro lado do barranco, e, além delas, escabrosas, as alturas da Favela.
Rompem por essas ladeiras as estradas antigas de Massacará e
Geremoabo. Defronte, dominando o povoado, há os restos da Fazenda
Velha. E a cintura do Cambaio, donde serpeando descia o caminho de
Monte Santo, parecia distendida ali como o antemural — que a hirsuta
vegetação veste de asperezas selvagens. Não há altos montes,
tombadouros, grossos obstáculos preservando o recinto côncavo em
que se meteu o Conselheiro: na sua Igreja Nova, tendo à esquerda os
pedregais do Cambaio, à frente a Serra do Cocorobó, à direita a tapera
da fazenda antiga, a sua vantagem consistia em só poder ser atacado
por um adversário descoberto, obrigado a deslizar por aquelas
encostas até os seus valados, portanto sob a mira de suas armas... Nas
longas secas toda essa paisagem é poeirenta, monótona e estéril.
Extinguem-se os veios sussurrantes, em cujas depressões o que sobra
da torrente sumida é a umidade dos pântanos, com esparsos poços
cor-de-lama. Desdobra-se pelas encostas o carrascal cinzento e
espinhado, vegetação feroz do deserto, e sob esses tufos de mandacarus
e xiquexiques, cabeças‐de‐frade, palmatórias e quipás, o chão arenoso,
a brotar nas mais agressivas espécies de cactáceas, reverbera os
fulgores do dia. Por vezes — nota alegre ferindo os tons mortos do
panorama — o icozeiro, angicos, favelas arborescentes, os juazeiros
sacodem a copa viçosa sobre o areal, e recordam farrapos de
bandeiras, numa planície incendiada. Foi atrás daquelas colinas, e com
as margens do Vaza-Barris delimitando, em meia-lua, a cidadela, que o
“monge” ncou pé, com um milheiro de fanáticos, em seguida cinco,
dez, vinte mil, na aldeia labiríntica de casebres construídos à toa, ao
sabor da pobre gente, de barro, palha ou telha, vila desordenada de
rezadores governada mansamente por ele — com a fabulosa
autoridade de “santo”.

XIII: B 

PSICOSE DE FIM DE SÉCULO

Antônio Conselheiro era o apelido.

Entre os papéis que lhe acharam, havia uma profecia, aliás corrente
na imprensa, pois visionários europeus a anunciavam — de que o
mundo acabaria em 1900; e estas signi cativas palavras: “Em verdade
vos digo, quando as nações brigam com as nações, o Brasil com o
Brasil, a Inglaterra com a Inglaterra, a Prússia com a Prússia, das
ondas do mar Dom Sebastião sairá com todo o seu exército”.267

O fato é que as desordens nacionais tinham naquele cérebro enfermo


batido a chispa do messianismo:268 e, vexado pela autoridade, para ele,
a República, odiou — como se odeia um símbolo de maldade — tudo
o que à República se referia. Atribuiu às mudanças políticas os
pecados, a Igreja separada do Estado, o casamento civil, a substituição
do signo monárquico,269 que tinha cruz, pelo novo sem ela... Por
último, a revolução, cujos ecos chegaram ao seu deserto, parecia
con rmar o vaticínio. “O Brasil contra o Brasil”. Por esse tempo —
ainda em 93 —, porque a sua gente queimara certos editais da câmara
que anunciavam as taxas recentemente lançadas, lhe foi ao encalço
uma expedição policial. Encontraram-se, no lugar chamado Masseté,
destacamento e romeiros. Estes enfrentaram os soldados, que,
aturdidos, retiraram, deixando alguns mortos. O governo cometera o
erro inicial. Tratara o ajuntamento dos fanáticos como uma reunião de
celerados: e atirara-lhe em cima a força. E era (ia resmungar aquela
multidão de fanáticos) a fraqueza... Oitenta homens enviados para
dispersar a beataria de Canudos não passaram da estação de Serrinha.
Seria temeridade atacá-los com pouca tropa.270 Os capuchinhos, Frei
João Evangelista de Monte Marciano e Frei Caetano de São Léo, de
ordem do arcebispo-primaz, tentaram melhor combate: a santa
missão. Foi em vão que disseram palavras amenas ao Conselheiro,
rodeado de clavinoteiros rancorosos, e já com uma idéia heróica na
sua ingênua rebeldia: “No tempo da monarquia (explicou aos frades)
deixei-me prender, porque reconhecia o governo; hoje não, porque
não reconheço a República”.271

Fracassou a persuasão a ita dos missionários: Canudos era uma


praça de guerra!

EXPEDIÇÕES DESTROÇADAS
Receoso de que fossem até lá, o juiz de direito de Juazeiro, Arlindo
Leoni, pediu ao governador do Estado as providências necessárias.
Sem recursos adequados, requisitou o governador auxílio federal: cem
homens às ordens do Tenente Manuel da Silva Pires Ferreira. A nal,
seguiria contra aquela “nossa Vendéia” (pois a idéia de revolta se ligava
naturalmente ao “símile” romântico, cheirava à restauração...)272 a
tropa de linha. “É muita coisa para tal homem”, sorriu Machado de
Assis.273 Partindo de Juazeiro a 7 de novembro de 96, a coluna chegou
a Uauá, exausta, no dia 20. Aprestava-se para, na manhã imediata,
rumar para Canudos, quando foi surpreendida pelo mais imprevisto
dos acontecimentos. Em romaria, de cruzes arvoradas, como se
peregrinasse, penitentemente, pelos campos, uma multidão de
fanáticos se aproximara, cantando rezas; e de súbito, com uma cólera
terrível, de facão e bacamarte, arrasadoramente, assaltou o povoado
adormecido. Despertados pelo estrondo do ataque, os soldados
entreabriram as janelas, e, a coberto do fogo, descarregaram as
Mannlichers. Rolou por quatro horas a espingardaria: e por m,
quando, dizimados, retiraram os assaltantes,274 veri cou o Tenente
Pires Ferreira que seria absurdo prosseguir. Seria lançar-se à morte
certa. Voltou a tropa em desalinho, mal refeita do assombro,
apavorada... Já não se podia contemporizar com o Conselheiro. O
Major Febrônio de Brito foi incumbido de dar cabo dele com 600
homens (metade exército, metade polícia) — que atacariam de en ada,
costeando a Serra do Cambaio.

OS MELINDRES DA AUTONOMIA

Luís Viana representa nesta fase da história republicana o princípio (a


que Castilhos, no Rio Grande, dera a rigidez de um dogma) do direito
que tinham os estados de se governarem por suas próprias
autoridades. A “política dos governadores”, de nida no m do período
de Prudente de Morais e consolidada, ou antes, xada em sistema no
de Campos Sales, inaugurou-se como fórmula conciliatória dos
melindres da autonomia com o intervencionismo da União, sob as
inspirações, e segundo as necessidades dessa resistência. Teve, em
1896, o sentido de imposição, da periferia ao centro, de vez que o Rio
Grande e a Bahia não se submetiam à vontade presidencial. Acabaram
torcendo-a. Compreende-se que assim fosse. No caso gaúcho, os
embaraços criados ao apaziguamento (apetecido pela oposição
vencida e castigada) levara o nome de delidade à república. Somara-
se ao orianismo impenitente, enrolando-se na sua bandeira;
enquanto vivessem os heróis das últimas batalhas (e os seus mentores
civis), ninguém abalaria o poderio castilhista. Na Bahia, onde carecera
o regime de entusiasmos propiciatórios, pois se zera à sua revelia, a
reação tomou outra forma. A da autonomia vibrante e severa.

Com a cisão do grupo que, desde 1891, dirigia o estado, organizara-se


em 1895, com José Gonçalves, o Barão de Geremoabo,275 Manuel
Vitorino, poderosa oposição, que se apoiou à fração do Partido
Republicano Federal, presidido por Glicério, contra Prudente de
Morais. O governador cou com o presidente da república.

No seu diário, indicou Inocêncio Munhoz de Araújo Góis, que


conhecia os segredos do governo do estado: “A soldadesca diz que vai
impor ao M. César276 a deposição do Viana [...]. Parece que tudo é
movido pelo Glicério descontente pela entrada na chapa federal do Dr.
Seabra e Castro Rebelo”.277 Podia ter ajuntado: e a reeleição de Rui
Barbosa para o Senado. Escrevera bravamente a Severino Vieira (12 de
outubro de 1896), que o advertira dos desejos do “partido”: “Eu não
me sentiria bem no governo da Bahia se concorrêssemos para a
exclusão do Rui, porque se me a guraria nosso estado humilhado sob
a pressão de uma política de ódios estranha a ela”.278

MAJOR FEBRÔNIO

Se tivesse mais cem homens, teria varrido os fanáticos de Uauá, dissera


o Tenente Pires Ferreira (e repete Viana na mensagem ao presidente da
república). O General Sólon Ribeiro, comandante do distrito, achou
entretanto que o Major Febrônio não levava tropa su ciente, e o fez
voltar de Cansansão para Queimadas. Esse regresso à base, retardando
lamentavelmente a expulsão dos jagunços, encheu de indignação o
governador. Desentenderam-se, Viana e Sólon; nem podiam deixar de
desentender-se o general autoritário (impregnado da mística
republicana) e o hábil político intransigente na defesa da autonomia do
estado. Telegrafou este a Manuel Vitorino (no exercício da presidência
da república): requisitara forças do exército para suprirem a
momentânea de ciência da polícia, mas... se isto importasse “fazer
comandante do distrito árbitro das operações”, poderia retirá-las!279
Sólon foi substituído no comando. O Major Febrônio —
considerando-se invencível com a sua coluna bem abastecida e forte de
600 homens — arremeteu para o “covil dos perversos” (como, em
telegrama a Viana, quali cara o Arraial do Conselheiro). Encontrou-se
porém numa das regiões de mais escabroso acesso daquele sertão.
Nem teve tempo de reconhecê-la, porque os fanáticos lhe cercaram a
tropa, e quase a exterminaram. Era a menos de légua de Canudos.
Defendeu-se formando-a em quadrado; in igiu numerosas baixas
(cerca de setecentas, alegou-se, com exagero); e com 60 feridos e
contusos, retirou para Monte Santo. Salvou as suas armas; e a honra
militar. Mas proclamando a superioridade numérica de um inimigo
irredutível...280

MOREIRA CÉSAR

Lauro Müller tivera a idéia de chamar Moreira César, cuja presença em


Santa Catarina era intolerável para os seus amigos. Sugeriu ao Ministro
da Guerra o telegrama patético em que, apelando para o seu fervor
republicano, o concitou a vir com o seu batalhão defender o
regime...281 Com a sua na malícia libertava o Estado do incômodo
“restaurador” da república — responsável pelas execuções de
Anhatomirim — e antepunha ao fanatismo de um lado, o do outro.
Defrontar-se-iam, nas “caatingas” do Nordeste, essas duas formas de
loucura — simpli cadas na mesma exasperação.

Aliás a quadra dos fanáticos não se encerrara. Os sebastianistas,


excitados, campeavam, longe e perto do governo, se não na própria
Rua do Ouvidor. Dividiam-se em categorias, pois havia monárquicos,
desnorteados com a derrota de Saldanha, mas intransigentes na
oposição política, a quem as folhas jacobinas continuavam a chamar
assim; orianistas, que, como se o “marechal” estivesse vivo, o
invocavam a todo instante, e não se cansavam de ir comemorá-lo no
seu túmulo do São João Batista, fazendo-lhe discursos. Que
signi cavam os “vivas” a Floriano, a distribuição de pequenos retratos,
que eram como imagens bentas, as romarias ao cemitério, o nome do
herói na boca dos demagogos, o seu culto, senão uma espécie belicosa
de sebastianismo, capaz de explosões inauditas — a última delas o
atentado de 5 de novembro, contra o presidente da república?
Marcelino Bispo, o soldado-assassino, dedicou um soneto a Jesus e
Floriano... Moreira César era um dos ídolos dessa heresia republicana.

Embarcou com o 7º de infantaria, seu batalhão de con ança. A bordo


do Itaipu, descon ado de possível traição, temendo que desviassem o
vapor do seu rumo, “prendeu o comandante e parte da tripulação” (O
Estado de São Paulo, 4 de novembro de 1896). Bastaria este delírio
para que não o enviassem a tão importante missão: porém o
entusiasmo da Rua do Ouvidor o aplaudiu vigorosamente. Ninguém
ignorava a sua epilepsia, as façanhas e os impulsos, desde 1883, a fúria
sangüinária na cidade do Desterro.282 Cruel ironia da política: achava-
se que era homem adequado para acabar com a Vendéia sertaneja.
Tanto que se soube do insucesso da expedição do Major Febrônio, foi
ele investido no comando da brigada que devia vingá-lo.

Com o 7º, e 9º, que se lhe juntou, com a polícia da Bahia, alas do 33º
e do 16º, um esquadrão do 9º de cavalaria e uma bateria de artilharia
ligeira,283 partiu Moreira César com a promessa de não deixar pedra
sobre pedra, na cidadela maldita. Atirou-se para o desconhecido,284
isto é, para o desastre. Fez de Queimadas e Monte Santo base de
operações; mal deu tempo à engenharia para de nir os relevos da
região; traçou a rota entre o Cumbe e a estrada velha de Massacará,
para evitar as rampas do Cambaio, e alcançou o morro da Favela,285 de
onde os quatro Krupps podiam metralhar o arraial.
Iludiu-se com a fraca oposição, não percebeu a tática dos jagunços,
de esperar, emboscados nas anfratuosidades do terreno, o ataque
estonteado, e julgou que os levaria de vencida, num arremesso. No
mesmo dia, ao sol da uma da tarde, depois de alguns tiros de peça,
ordenou a mais simples das formas de batalha: a descida, em linhas
paralelas, de toda a brigada, e o assalto convergente, a descoberto,
frontal. Responderam à artilharia os sinos da igreja nova. Convocavam
à resistência. No ímpeto do avanço escorregou a infantaria ladeira
abaixo, transpôs o Vaza-Barris, linha de água entre o enladeirado da
Fazenda Velha nos socalcos da Favela e as trincheiras de Canudos, e,
batidas de chapa pela desordenada fuzilaria, entrou de baioneta calada
pelo dédalo dos arruados, onde se diluiu a luta em mil episódios
esparsos. Das seteiras da igreja partia, mortífera, a espingardaria.
Moreira César mandou que a polícia e a cavalaria a tomassem: e esses
contingentes, dizimados, não passaram das ribanceiras do rio.
Compreendeu que fracassava o ataque, e, esporeando o cavalo, disse
que ia dar brio àquela gente. Lançou-se às balas. Uma varou-lhe o
ventre. Ampararam-no, para não desmontar. Recomendou que
chamassem o Coronel Tamarindo, para assumir o comando. “Canudos
está vencido...” — murmurou. E levado para o alto, numa padiola,
assistiu, indignado, à catástrofe. Os soldados recuavam, corriam,
fugiam, caçados pelos sertanejos que lhes desfechavam às espaldas os
clavinotes, as lazarinas, os ri es: e os sinos tocavam, gementes, as ave-
marias. Improvisara-se na Favela um acampamento, desmoralizado
pela derrota; e apesar das ordens de Moreira César, que continuava a
querer que atacassem, convieram os o ciais que era indispensável
retirar, para Monte Santo. Bradou: “Estou morto; mas lavro meu
protesto contra esse ato de cobardia”.286 Ao amanhecer, começou essa
marcha penosa, a que os feridos juntavam o lamento, a artilharia e a
sua guarnição à retaguarda, os fanáticos, reanimados e insistentes,
escoando-se pelos ancos da coluna, a acertarem naquela vasta linha
ondulante e aterrada... A agonia de Moreira César foi sombreada de
desespero: morreu entre o silêncio compungido dos companheiros,
que já não sabiam como salvar o seu corpo da profanação do inimigo.
Carregaram-no algum tempo, a ombros: e por m, quando a marcha
a ita se desfez em debandada, e cada um tratou de despojar-se do que
levava, para melhor se evadir, o largaram à beira do caminho, como
um fardo...

Termina com este pormenor sinistro a aventura contraditória do


herói enfermiço, condenado, por um destino inexorável, a transformar
em calamidade a paixão cívica, estrela funesta, que inspiraria os
diagnósticos psiquiátricos das alturas do seu infortúnio... Iniciava-se
ao mesmo tempo a dissolução da luzida brigada que expusera à morte.
E o que se seguiu foi a desabalada fuga, que o grupo de canhões do
Capitão Salomão reteve um instante, na última cena grandiosa do
tremendo desastre.

A cavalo, tentou Tamarindo retardar a debandada: viu-se isolado,


perseguido, alvejado; caiu cosido de balas, sem ninguém que o
vingasse, desamparadamente. Morreram matando o Capitão Salomão
e os que com ele escoltavam os Krupps.287 Os demais, abandonando
armas e bagagens, num “salve-se quem puder” indizível, porque os
fanáticos lhes rastejavam o pavor como se fossem mocós ou preás de
sua caça pobre, espalhados pela vastidão triste da caatinga — por esta
en aram sem rumo, à-toa... Tinham tombado, brigando, os valentes:
restava o bando reiúno dos desertores, com um medo absurdo dos
homens diabólicos do Conselheiro... Esse terror invadiu Monte Santo,
onde o Coronel Sousa Meneses cara com oitenta praças de guarda ao
material: e daí abalaram todos para Queimadas, com vozes de alarme
pânico, imaginando nos seus calcanhares os perseguidores... Até de
preparativos de defesa da capital se cuidou, assoalhando-se uma
incursão possível dos jagunços,288 agora que o fracasso de Moreira
César os equipara com o armamento de uma brigada do exército!

REPRESÁLIA

Os sucessos de Canudos estouraram na capital como um ultraje à


república, traída pela conspiração de restauradores, fanáticos,
vendilhões...
Este estado de exaltação vinha de longe, e crescera, em agosto de 96,
com as arruaças de São Paulo e do Rio, a propósito do protocolo
italiano.

Acordara-se submeter à arbitragem do presidente dos Estados Unidos


a reclamação dos italianos espoliados pela revolução de 93: e o povo se
insurgiu contra a humilhação. Já ia o Congresso aprovar aquela
fórmula, quando Glicério, para atender às intimações jacobinas,
propôs que se recusasse tudo.289 Venciam as massas! Tiveram outro
pretexto para a sua cólera, com o recrudescimento da ação
monárquica, diluída embora na elegância de chefes severos, que se
apresentavam, cerimoniosamente, à luta política. O sebastianismo
alçava o colo, provocante...

Começou em São Paulo, com a folha de Eduardo Prado e Afonso


Arinos (Comércio de São Paulo), o banquete a 15 de outubro,
aniversário do Príncipe do Grão-Pará, o manifesto a 15 de novembro,
assinado em primeiro lugar por João Mendes de Almeida.290 Os
“conselheiros” movimentaram-se, deitaram manifesto a 16 de janeiro
de 97 (Ouro Preto, Lafayette, Andrade Figueira, João Alfredo, Carlos
Afonso, diretores do “centro monárquico”) e, com a ajuda de Gentil de
Castro,291 zeram seus jornais — Liberdade (dirigido por Cândido de
Oliveira)292 e Gazeta da tarde. Gentil de Castro atraiu os fogos da
imprensa inimiga, principalmente d’A República, de Glicério e
Alcindo Guanabara, que o acusou de fornecer armas aos jagunços.
Chamou Alcindo a juízo. Este, perante o magistrado, aplaudido pelos
correligionários, sustentou a acusação. O incidente foi fatal ao
capitalista: porque, em 8 de março, ao se saber do desastre de Moreira
César, com os pormenores de heroísmo e martírio da sua coluna,
maltas jacobinas, encabeçadas por velhos orianistas, lhe incendiaram
as o cinas. No dia seguinte ainda o procuravam. Foram achá-lo na
estação de São Francisco Xavier, quando tomava o trem de Petrópolis.
Acompanhavam-no alguns amigos, entre eles Ouro Preto e o lho.293
Acossado pelos “mazorqueiros”, Gentil de Castro descarregou
inutilmente o revólver: foi derrubado a tiro, na plataforma do vagão...
Na cidade a revolta acalmou, com a presença do Ministro da Justiça,
Amaro Cavalcanti, com o que sobrava de autoridade ao governo, sem
forças para conter a multidão... Referiu-se Rui Barbosa à “mera
aparição pessoal de um ministro de coragem, que bastou para fazer
re uir na Rua do Ouvidor a onda sangüinária”.294 Em São Paulo, as
autoridades assistiram, complacentes, ao empastelamento do
Comércio.295

Que havia de verdade na denúncia? Teriam os sertanejos


correspondência com os políticos — e a sua guerra santa seria a
retomada da guerra civil? — Correram diligências em Minas Gerais,
com a ajuda da polícia do Rio, e chegou a ser surpreendido, a fugir, um
carro, que possivelmente levaria a Canudos munição farta...296 Como
não se encontrou traço de ligação do Conselheiro com os
“simpatizantes”, nem zeram estes qualquer coisa para o socorrer,297
cremos que os supostos auxílios escoados pelos caminhos remotos
fossem rondas de negociantes, atraídos, com as suas carregações, para
os sítios onde fariam o seu comércio. Tais avejões acompanham
sempre as expedições militares: onde há uma luta, aí se instala um
mercado. Mas a nevrose demagógica tudo deformava. E complicava-
se, com a agitação que descia do governo até às mais baixas camadas.

A VOLTA DO PRESIDENTE

A 4 de março, sem aviso, mostrando com a volta inesperada a sua


incompatibilidade com o substituto, reassumiu Prudente de Morais o
poder. Como em 1894: sem ninguém para o receber. Entrando sozinho
no palácio, mandou dizer laconicamente a Manuel Vitorino, então em
veraneio na Tijuca, que já estava restabelecido. E governava.

Entre eles a distância aumentava. Um dos motivos íntimos do


desgosto de Prudente fora com certeza a transferência, com um baile
famoso, da sede do governo, do Itamaraty (que passava a Ministério do
Exterior) para o Palácio do Catete (adquirido, conforme o desejo de
Manuel Vitorino, ao Conselheiro Mayrink).298 Esta festa inaugural, que
parecia conciliar o regime e a sociedade, nos esplendores do luxo,
primeira, retumbante, depois do baile a vésperas da queda do império,
contrastava com a solidão triste do enfermo, no seu repouso das
Paineiras. Atestava, num confronto de temperamentos, a oposição do
vice-presidente, voltado para as belezas da vida, ao presidente metido
asceticamente no seu silêncio amargo...299 Re etia nos sucessos
públicos o antagonismo, em cujas paralelas se reproduzia o caso de
Deodoro e Floriano, vice-presidente, ídolo das ruas, o outro encerrado
na desconsolada austeridade... O jacobinismo enovelou-se na
popularidade de Vitorino, contra o homem da “anistia”, o poder civil
amolecido pela tolerância, o presidente omisso... E este, até 5 de
novembro, quando um fato terrível o libertou dessa atmosfera
deprimente, oscilou entre atos de força e uma timidez grave, com a
desordem — solta desde 8 de março — pelas ruas da cidade.

A VITÓRIA DO GOVERNO

Não vacilou o presidente em mandar contra Canudos uma expedição


poderosa. Mas tudo contribuiu para cultivar o desassossego público: a
irritação dos políticos contrariados pelo retorno do presidente, a
demora dos preparativos bélicos, o rescaldo das agitações habituais, a
que a impunidade dera audácias crescentes, a cisão do grupo
governante. Glicério separava-se do presidente. Mas as bancadas do
Congresso, que até aí lhe obedeciam, começavam a rebelar-se,
preferindo o presidente a Glicério. A de Pernambuco iniciou a
dissidência, em 14 de maio de 97, opondo-se à escolha, pelo chefe do
partido, das comissões permanentes da câmara.300 Dizia-lhe “não”.
Glicério invocou, pela primeira vez (declarou da tribuna) a qualidade
de “chefe do Partido Republicano Federal”. A de nição rme de
Prudente daria com ele em terra.

A oportunidade foi a sedição da Escola Militar, que tanto serviu para


rea rmar a autoridade como para destruir o líder.

Na Escola da Praia Vermelha sucediam-se as manifestações de


indisciplina, culminadas, em fevereiro e março, com as desordens de
rua, as vaias com que os cadetes desrespeitaram o comandante.
Medida de precaução, adiou-se a reabertura das aulas. A 26 de maio,
com o pretexto de que o governo, tirando-lhe o material de guerra de
seus depósitos para mandar ao Rio Grande, a desarmava, a Escola se
amotinou. O presidente agiu implacavelmente: que dois batalhões de
infantaria com uma bateria do 2º de artilharia a cercassem; e quando
os alunos se renderam, decretou o seu desligamento.301

Dissolvia o estabelecimento que fora o berço da república, o seu


seminário, o seu baluarte!302

Fez mais: fechou a Escola do Ceará, solidária com a do Rio, e


extinguiu (golpeando o orianismo) os batalhões patrióticos que, nos
entusiasmos de 8 de março, se tinham recomposto, para defender... a
república.

Os velhos adversários da ditadura (e dos seus homens, que dirigiam a


maioria) não podiam deixar passar o ensejo de varrer-lhe a ameaça e
os remanescentes. O autor da manobra foi José Joaquim Seabra, que o
Governador Luís Viana zera eleger, contrariando Glicério, e, na
câmara, conservava a desenvoltura de livre atirador.303 Incorporou-se
no grupo parlamentar que esteve no palácio, a cumprimentar o
presidente; e à saída (narrou mais tarde o Deputado Castro Rebelo)
segredou ao colega de bancada que no dia seguinte apresentaria moção
de apoio ao governo. Espantado, perguntou-lhe o interlocutor: se o
presidente sabia disto. Segredou-lhe Seabra: ao cumprimentá-lo,
dissera que ia apresentar a moção; e Prudente, num aperto de mão,
concordara, com estas palavras, “aprovo e agradeço”. O mistério deste
acordo frio, entre o oposicionista, disposto a surpreender Glicério com
um grito de aplauso ao governo que fustigara o jacobinismo, e este,
incompatível com o seu líder, foi a arma triunfante de Seabra. Na hora
aprazada, com surpresa de todos (a começar por Artur Rios,
presidente da câmara e seu companheiro de bancada), desfechou a
moção gratulatória. Exasperado, saltou Glicério a opor-se. Teve frases
sentimentais de elogio à Escola Militar. Correu a votação: como era de
esperar, mas com um quorum em que apontava o fracasso de Glicério,
a casa a derrubou, 86 votos contra 60. O resultado satisfazia a Seabra:
graças à oposição da maioria, o governo perdia o aplauso caloroso do
Congresso — proposto pela minoria... E mandou por um colega este
fulminante recado a Artur Rios: demitir-se imediatamente. Perplexo,
hesitou Rios; quis saber — se Prudente estava a par daquilo... Que sim,
con denciou-lhe Castro Rebelo. E Rios demitiu-se...

De fato, no outro dia publicava o Jornal do Comércio uma vária


lacônica, elaborada na presidência da república, informando que
Glicério não interpretava o pensamento do governo...

A “vária” era de Prudente. Tinha o sentido de uma despedida. O


complemento parlamentar foi o gesto do presidente da câmara.
Forçava o plenário a manifestar-se, por um ou por outro. Seabra
acertara em cheio. Conveio-se que Rios seria reeleito, em nome dos
prudentistas. Glicério aceitou o repto, e fez-se candidato contra ele.
Feriu-se, fora do recinto, nervosa “cabala”: ganhou o governo com
curta margem, 88 contra 76. Ganhou com as bancadas da Bahia, de
Pernambuco, de Minas Gerais e São Paulo, isto é, os grandes estados: e
eclipsou-se a estrela do incauto que teimara em ser o condestável civil
da nação, sem o presidente, ou contra este.304

PRESIDENCIALISMO

A cisão matou o partido.

Fora a desforra dos vencidos de 1889, resumiria Alcindo


Guanabara...305 Mais certo é dizer que foi a substituição do grupo, que
pretendia governar o governo, pelo poder pessoal, assentado em base
rme, por de nição, o presidencialismo.

Campos Sales, candidato pela ala que cara com o presidente (os
governadores), suprimiu do rótulo o quali cativo; e protestou que
representava o “Partido Republicano”. Ambiguamente caracterizava,
na carência ideológica, a condição de “histórico”; na realidade, o tal
“partido”, como “força” em que se uniam os adeptos do regime,
orgânico na monarquia, agora não era mais do que a cooperação dos
seus funcionários eletivos. Ligava-os o sistema; a solidariedade era das
peças de uma máquina. Somente esta prevalecia: a máquina do poder,
“verdadeiro motor do Estado”,306 e sua presença.

XIV: A   

ARTUR OSCAR

Urgia vingar, em Canudos, a República!

Disto foi encarregado outro general republicano, Artur Oscar, que


comandava o distrito de Pernambuco. Para tão forte inimigo
organizou um corpo de exército de seis brigadas, em duas colunas, sob
o comando dos Generais João da Silva Barbosa (para atacar por Monte
Santo) e Cláudio do Amaral Savaget (por Sergipe e Geremoabo).307

As operações correram lentas e complicadas.308

Tolos boatos exageravam os recursos dos fanáticos; nem faltava quem


dissesse estarem com eles hábeis capitães, revolucionários antigos, até
personalidades civis...309 Descon ava-se da sinceridade do governador
da Bahia.

Não faltaram insinuações e boatos sobre a sua... traição.

“A situação agrava-se de minuto a minuto” (escreve Inocêncio


Munhoz a 4 de fevereiro).
Manuel Vitorino não ouviu Viana sobre a nomeação de M. César, o ciais e batalhões para a
expedição dos Canudos. Ontem a deputação federal, o governador e Severino pediram ao
governo a nomeação de outro general para comandar a força expedicionária; tiveram
resposta negativa. A situação está grave; os militares insultam diária e publicamente o
governo do Estado. Fundam um clube militar; preparam magní ca manifestação ao M.
César.
Somavam-se a essa irritação as vozes oposicionistas de José
Gonçalves, do Barão de Geremoabo... “Desgraçadamente o bravo
Coronel César deixou-se levar pelas pér das informações dos Srs.
Artur Rios, Luís Viana e o tal chefe de polícia com quem morava em
Queimadas” (queixava-se, em carta a Geremoabo, o Alferes
Macambira Monte Flores). E essa atoarda correspondia à crença,
generalizada nos meios jacobinos, de que o monarquismo do
governador — ajudando a rebelião do Conselheiro — punha em
perigo o regime!

DEPOSIÇÃO DO GOVERNADOR?

Anotou Inocêncio Munhoz, a 7 de março (véspera dos acontecimentos


do Rio de Janeiro que culminaram na morte de Gentil de Castro):
Na noite de ontem para hoje não se dormiu em palácio, na polícia e no Quartel-general.
Ontem pela manhã o Cons. Luís Viana chamou seus ordenanças e, dando-lhes armas, disse-
lhes que se o palácio fosse atacado por força do 16º matassem somente o ciais. O palácio
tem somente 50 praças e os 4 ordenanças bem armados. Às duas horas da madrugada
chegou o comandante do 16, que acompanhara M. César. O Capitão Sales é quem comunica
ao Viana os passos dos conspiradores. A correspondência foi ativíssima esta noite.310

Viana, decididamente, não se deixaria abater. Não ousassem! Não


ousaram.

Era ridícula a notícia daquele suposto monarquismo. Que interesse


teria o governador baiano de trabalhar contra si próprio, demolindo o
sistema político de que era um dos chefes? A sua entrevista à Gazeta
de Notícias — em 24 de julho de 1897 — é um desmentido altivo.311
No banquete que celebrou a vitória nal do exército — em honra de
Artur Oscar —, repetiu a sua grande frase: “A Bahia era republicana
porque queria ser. Se não o quisesse, quem a obrigaria?”.312

Esta rmeza salvou-lhe a autoridade; e, ao lado da ortodoxia


republicana de Castilhos, representa uma componente do federalismo
(de 1896) implantado na “política dos governadores” (de 1897).
O poder central devia fazer desses rijos governos os pilares do
“presidencialismo”, não os agentes da oligarquia a ele hostil.

Desenha-se, nessa reivindicação da autonomia, o lineamento


de nitivo do regime civilmente solidi cado.

Em vez de destroçar-se — abalado pela desordem —, ganhou com a


resistência e a repressão o vigor que lhe faltava.

Aquilo fora a sua prova de fogo.

A QUARTA EXPEDIÇÃO

Careciam, as tropas que se deslocaram para Queimadas e Monte Santo,


de abastecimento organizado. Devorados os recursos locais, tinham de
esperar a meia ração por morosos comboios, naqueles arraiais
esgotados: e que os engenheiros estudassem os roteiros da avançada.
Esperaram impacientemente. Arriscavam-se a chegar depois de
Savaget, que, de Aracaju, apressado, rompia para o vale do Vaza-Barris.
O Coronel de Engenheiros Siqueira de Meneses traçou com os
sapadores a estrada que, à direita, pelo Rosário e Angico, permitiria a
passagem da artilharia, até os cimos da Favela. Graças a isto Artur
Oscar, com três brigadas, os canhões (um deles a matadeira,
Withworth de 32, para demolir a igreja nova) e a distância, escoltada
pelo 5º de polícia baiana a bagagem, alcançou o altiplano donde podia
ver Canudos. Saudou-o com as primeiras granadas. Combinara com
Savaget o assalto geral, a 27 de junho.

A 2ª coluna topou no des ladeiro de Cocorobó — caminho de


Geremoabo para Canudos marginando o Vaza-Barris, as avançadas do
Conselheiro. Foi rápido e terrível. Silva Teles, cujo cavalo pampa foi
logo baleado, comandou a carga, a baioneta, que destroçou a horda de
jagunços espalhada pelas alturas. Savaget saiu ferido levemente. Com a
pontaria tranqüila, de caçadores, escaramuçando pelas dobras do
terreno, no cerrado de juremas e angicos, sobre aquela vegetação
agressiva, os jagunços pareciam conhecer os o ciais, e neles
empregavam o tiro mortal. A 27 de junho (cienti cada na véspera a
coluna de que Artur Oscar estaria acolá no dia marcado) adiantou-se
do Trabubu — a Nordeste — para a posição que devia ocupar ao norte,
em ângulo com a primeira, que desceria das lombadas da Favela e da
Fazenda Velha. Foi de novo atacada por um vespeiro de atiradores.
Ainda a baioneta os repeliu, mas com 150 baixas, entre estas os
comandantes do 33º (Tenente-coronel Virgílio Ramos) e do 12º, o
Tenente-coronel Tristão Sucupira. Já então a alma da segunda coluna
era o Coronel Teles. Ele e ompson Flores, comandante do 7º (o
batalhão de Moreira César), como que apostavam, num concurso de
bravura, quem chegaria primeiro.

Mas a sofreguidão era refreada pela necessidade de atender à


primeira coluna, mergulhada a este tempo numa situação
incompreensível.313

A DURA GUERRA

Certa de que, a cavaleiro do arraial, seria fácil deslizar pelas ladeiras,


num arranco, destruindo e tomando tudo, viu-se em breve a coluna de
Artur Oscar — colhida na mais deplorável das ansiedades.
Entrincheirados em volta, nos fojos, nas rugas do morro, nos
carrascais que lhe vestem as escarpas, os fanáticos puseram-se a fuzilá-
la, num assédio314 que tinha a insídia de uma armadilha.

Os soldados batiam-se com um adversário fabuloso, denunciado


apenas pela fumaça das descargas, tão cosido à terra, que di cilmente
as balas das Mannlicher, destocando-os, alcançavam um ou outro, que
sobressaía das pontas de pedra, das moitas requeimadas, do mato
escasso, sombreado a espaços pela rama solitária do icozeiro... Ia
faltando munição. Esgotada a das cartucheiras, devia aguardar-se o
comboio, que cara para trás, retardado. O emissário voltou; a
retaguarda fora cortada, e atacado o comboio. Defendera-o o 5º da
Bahia, formado de sertanejos do São Francisco315 — caboclos contra
caboclos. Era preciso livrá-lo com uma brigada completa. O Coronel
Serra Martins encarregou-se disto.
O fato é que a primeira coluna passara de sitiante a sitiada. Teve de
chamar a 2ª em seu socorro: ou Artur Oscar acabaria como Moreira
César. Savaget, para o salvar, renunciou a assaltar Canudos pelo norte,
justi cação da sua caminhada de Sergipe para Geremoabo, dos
sacrifícios de Cocorobó e Trabubu. Fez apressadamente a marcha de
anco; e chegou a tempo. Esta junção foi providencial para ambas as
colunas que, separadamente, seriam imoladas — desabastecidas,
exaustas, os melhores o ciais vítimas do seu destemor — tal como
sucedera à expedição que iam vingar...316

ÊXITO INCOMPLETO

Com o reforço, reanimou-se Artur Oscar; e o Coronel ompson


Flores, com o 7º, num arrojo belo, mas inútil, se precipitou, encostas
abaixo, a conquistar Canudos, que lá jazia, no vale, o casario
esfarinhado pelo canhoneio, mas as duas igrejas sempre de pé,
caladamente... Não andou muito. Tombou fulminado; e retrocederam
em desordem, os remanescentes da castigada força. Este episódio
mostrava a invulnerabilidade do arraial, a menos que se abatesse sobre
ele toda a Divisão. Atacou a 18 de julho, reconfortada pela chegada do
comboio de víveres, remuniciada a artilharia para um bombardeio
triturante. Atiraram-se à ação quatro brigadas, a ala de cavalaria, o 5º
da Bahia, dois canhões Krupp: e o resto (sob o comando de Savaget)
permaneceu de sobreaviso, na Favela. Os batalhões transpuseram a pé
enxuto o Vaza-Barris, rechaçaram a resistência dispersa pelos ancos,
invadiram impetuosamente o arraial, até a igreja nova. Veri cou-se aí
o erro do assalto a peito aberto, sem a prévia debilitação do inimigo,
que, desaparecendo como força organizada, se convertia num enxame
de caçadores emboscados nas ruínas dos quarteirões de adobe. Os
comandantes Teles, Tupi Caldas, Dantas Barreto, isolados na praça da
igreja, queriam reforços, para varrer dali os jagunços, que
continuavam a atirar. Mas não havia reservas; todos lutavam, em
grupos, atropeladamente, por inspiração própria; e, dos esconderijos,
os fanáticos começavam a visar os o ciais. Caiu Carlos Teles, e, em
redor, capitães, tenentes, alferes... No m, havia fora de combate 67
o ciais, dos quais 27 mortos.317
A expedição perdera um terço do efetivo.318 Tomara apenas uma
parte do arraial.319

REFORÇOS

Telegrafou Artur Oscar, pedindo ao Ministro da Guerra cinco mil


homens. Aquele subúrbio de Canudos foi resguardado por uma linha
de fossos, perpendicular ao Vaza-Barris, rente ao “cemitério velho”, a
que se chamou — sombria reminiscência, “linha negra”. E como
outrora nos pântanos paraguaios, sofreu diariamente o tiroteio das
guerrilhas que a experimentavam. Num desses choques morreu Pajeú,
famoso jagunço, que dirigira o assalto ao comboio, na retaguarda da 1ª
coluna (24 de julho).

Cerca de seiscentos feridos tinham de ser transportados para Monte


Santo, entre eles Savaget, Teles, Serra Martins. A imprevidência
somara-se à desorganização, para compor a sionomia infeliz de uma
luta em que, por vezes, os soldados, doentes, famintos, andrajosos, se
confundiam, ao longo dos caminhos, com os “tabaréus” a quem
combatiam. Assemelhava-os a miséria. A 27 de julho partiu, enorme, o
comboio dos feridos. Não existia um serviço qualquer de enfermaria e
assistência; e os poucos médicos mal tentavam os curativos urgentes.
Naquele dia saíram da Bahia vinte e quatro estudantes de medicina,
que se tinham oferecido para os hospitais de sangue, dispostos a tudo,
no ímpeto da sua abnegação. Prestaram generoso auxílio à tropa,
desde que a ela se juntaram, a 5 de agosto.320

A 15 de agosto — chegou o auxílio de mil homens (brigada Girard)


mandado do Rio pelo Ministro da Guerra, antes da requisição de
Artur Oscar. Outros 1.600 se apresentaram (23 de agosto): o 1º da
polícia de São Paulo (“aparição triunfal dos bandeirantes”, registou
Euclides da Cunha),321 dois batalhões do Pará (Coronel Sotero de
Meneses), um do Amazonas, o 37º do exército. Com tais reforços era
possível desdobrar o cerco, com a tomada, simultânea, das posições
externas, que mais dano causavam à tropa. O Coronel Olímpio da
Silveira, com dois batalhões, instalou-se nas eminências da Fazenda
Velha, fazendo calar a fuzilaria; e a 7 de setembro Siqueira de Meneses,
com 530 homens, foi ocupar, nas rampas do Cambaio, a saída para
Monte Santo.

Encerrado a Norte e a Leste, o arraial fechava-se ao Sul.

EPÍLOGO...

Foi o epílogo.

Terminaria quando os cordões do sítio estrangulassem, do lado


oposto, o caminho de Várzea da Ema e Canabrava, último de que
poderiam valer-se os fanáticos. Foi tomado a 23 de setembro, ao
alastrar-se o cerco das bandas do Cambaio, através do Mamuquém,
tênue a uente do Vaza-Barris, e da estrada de Uauá, para as duas faces
do quadrângulo ainda desocupadas.322

“Eram cinco mil soldados, em números redondos, excluídos os que


permaneciam de guarda ao acampamento e guarnecendo a estrada de
Monte Santo”. Comprimidos de encontro à cidadela, ou seja, à praça da
igreja, os jagunços cavaram ali um fosso em quadrado, para a última
resistência. As duas igrejas eram ruínas despedaçadas, sendo que à
nova sobrara um trecho de alvenaria ressaltando, rendilhado de balas,
de um montão de escombros. Fato mais importante, de que o exército
só teve notícia oito dias mais tarde, a 22 de setembro morrera o
Conselheiro. Provavelmente não resistiu à destruição do seu santuário.
Constou que o considerava milagrosamente inexpugnável: e no dia em
que o bombardeio o demoliu, foi como se desabasse com ele.
Macerado dos jejuns, chumbado à obstinada imobilidade, ninguém
soube o que fez, o que falou, nos estertores dessa agonia: acharam-no
intacto, de borco na terra batida, o cruci xo colado ao peito... Deixara-
se matar de inanição; e os fanáticos acreditaram que fora para o Céu, a
convocar legiões de anjos, com quem desceria, para os livrar... Antônio
Vilanova, um dos cabecilhas, escapara-se a tempo, pelo caminho da
Várzea da Ema.323 Dois dias depois não passou mais ninguém.324
O Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado Bittencourt,
chegara em agosto a Queimadas, para dirigir a remessa dos socorros, e
a retirada dos feridos. O seu zelo (base do serviço de intendência no
exército) normalizou os fornecimentos, habilitou a tropa a apertar o
cerco sem medo de piores surpresas. O bom senso indicava que se
zesse render o arraial obrigando os defensores a escolher entre a
capitulação e a morte, com cinco mil carabinas e vinte e dois canhões
apontados para o quadrilátero, junto à caliçaria da igreja derreada.
Mas o brio militar, nos seus assomos de impaciência, pôde mais: e a 1º
de outubro, após quase uma hora de preparação de artilharia, que
pulverizou as palhoças à volta daquele quadrado, revolvendo o
pedregal da igreja destruída, avançaram ao som dos clarins as
brigadas, para o assalto nal. Ia adiante o 5º de polícia.325 Com efeito
tomaram a ponta de baioneta os restos da igreja nova, en aram pelas
vielas, quase conquistaram o objetivo: e recuaram, diante da fabulosa
obstinação dos fanáticos dissimulados entre os destroços, ressurgindo
das ruínas, infalíveis no tiro inesperado, mortífero, incessante...
Baquearam, mortos, o Coronel Tupi Caldas, o Major Queirós, do 29º,
o Major Henrique Severiano, do 25º... Trezentos feridos foram
removidos daquele braseiro: e à uma da tarde, quando arrefeceu o
fogo, se apurou que fora inútil o ataque.

FOGO E SANGUE

Uma bandeira branca apontou entre os escombros: dois sertanejos


apareceram. Um era Antônio Beato: entregava-se. O General Silva
Barbosa concitou-o a ir buscar os outros. Beato voltou, mas com
trezentas mulheres, crianças e velhos, bocas sedentas, estômagos
vazios, farrapos humanos de que se libertavam os combatentes, num
ardil irônico... Em verdade, a resistência desmaiava. Homens válidos,
clavinoteiros cansados de brigar, esfalfados, imprestáveis, também
largaram as tocas, abandonaram os companheiros, e se foram meter,
calados, no acampamento...326 Para reduzir os demais, nada melhor do
que o incêndio, mas uma vasta “queimada”, de querosene e dinamite,
que devorasse tudo... Em 4 e 5 de outubro voaram em estilhas os restos
de Canudos, que submergiu num oceano de chamas. No m,
disparando os derradeiros tiros, do fosso, ao pé dos destroços da
igreja, um velho, dois jagunços, uma criança, sustentaram ainda a luta
com as cinco mil baionetas que corriam sobre eles, desatando as suas
ondas de prata em redor da fogueira imensa...327
A cidade está desfeita em brasas...
Uma e outra, depois, foram caindo as casas...328

No dia seguinte, para que nada casse da povoação, as ruínas da


igreja foram despedaçadas a explosões de dinamite. E, escavando-se
no pavimento do santuário, que fora o casebre onde o Conselheiro
recolhera, para rezar e morrer, acharam o corpo ainda incorrupto. À
volta desse troféu meditaram os vencedores. Fotografaram-no, para a
comprovação de que já não vivia o terrível personagem; e, sob as vistas
do médico Dr. Curio, lhe cortaram a cabeça — de longos cabelos e
barbas grisalhas — para o estudo sábio dos psiquiatras da Faculdade.329

A GRAVE LIÇÃO

Assim terminou a mais extraordinária das guerras, que teve todavia


uma vantagem. Sacudindo o país, revelou, na sua realidade, os sertões.
O livro, que produziu, deu corpo a uma idéia, que tinha o relevo
lancinante de um remorso: a idéia de que o Brasil pagava a dívida
contraída com a terra e a gente, por ter tardado tanto em descobrir-
lhes as angústias, a paisagem, os rumos. Canudos foi um acidente, na
história de uma civilização que ocupa devagar, e aos arrancos, a sua
área continental. O Conselheiro recrutara as suas romarias na
ignorância e no isolamento de regiões abandonadas. A rebeldia
formara-se-lhe na incompreensão da autoridade e na tropelia dos seus
agentes: gerara-se de ressentimento e desengano. A sua pobre cabeça
de semilouco desatinara-se com as notícias deformadas da crise
política, as inovações, as bizarrias, os ridículos: e o sebastianismo
vetusto, de que foi o apóstolo bronco, se lhe reduziu a um misto de
reação — contra as profanações — e reminiscências — apocalípticas e
vulgares. Trataram-no como ao inimigo da república, que lhe jogou
em cima as suas melhores forças. Perto de três mil baixas numeraram a
enormidade deste erro, que, penitenciando-se Euclides da Cunha
chamou de crime,330 “monstruoso pesadelo” — disse o poeta,331 Afonso
Arinos — em 1897 — preferiu classi car de ensinamento,332 e Nina
Rodrigues reduziu a termos de ciência.333 Tê-lo-iam destruído sem
nada disto. Se em vez de tropa mandassem justiça, medicina, religião,
escola. Tem-se a impressão amarga de que todo aquele aparato bélico
desenvolvia as linhas plásticas de um exercício no mais pitoresco dos
combates simulados, para a instrução dos quadros: e todavia custou
um preço inaudito. Quanto à população de Canudos, sumiu-se nas
ruínas ou acabou a ferro e fogo. Resultado deplorável: não apareceram
prisioneiros. Ninguém que desse à vitória um resquício de
generosidade. Ébrios de vingança, os soldados liquidaram a faca,
degolando, os que lhes caíram nas mãos. Os jagunços não temiam as
balas; numa superstição conhecida, tinham como condenação
aviltante morrer a arma branca. Então a coragem se lhes desfalecia: e
aqueles admiráveis guerreiros combaliam, em atitudes espavoridas...
Indicaram à ferocidade dos vencedores a espécie de suplício, a que
nenhum escapou.

Há um ressaibo de comédia, na literatura com que Artur Oscar selou


estas atrocidades, proclamando:
Vencidos os inimigos vós lhes ordenáveis que levantassem um viva à república e eles o
levantavam à monarquia, e, ato contínuo, atiravam-se às fogueiras que incendiavam a
cidadela, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de éis defensores da
monarquia. É que ambos, vós e eles, sois brasileiros e ambos extremados em seus ideais
políticos.

Não se enganassem: o sangue honrava esses ideais... políticos! Nesta


distorção dos fatos vibra, com os exageros nais, o jacobinismo de
1893, excitado na campanha federalista, extremado em março de 97. A
sua vítima derradeira seria o expoente desse próprio exército
atraiçoado por tantos equívocos. Porque no Rio continuava a ecoar,
entre explosões de demagogia, aquela metralha de ódio. Somente um
acontecimento fulminante poderia atalhá-la: ocorreu em 5 de
novembro de 1897.

É
É necessário acrescentar que “a vitória que degola os vencidos” (dizia
Rui a 6 de novembro)334 despertou uma reação sadia do espírito
público, repudiando as sinistras ilusões que o acobertaram.

Levantou-se, num protesto severo, a mocidade, pela voz dos


acadêmicos de direito da Bahia: que era feito dos prisioneiros de
Canudos?335

XV: D  

EXTREMOS CRIMINOSOS

Recrudescera a campanha contra o presidente.

Passada a cólera provocada pelo “protocolo” italiano, o jacobinismo


enraiveceu com a discussão do tratado franco-brasileiro — a propósito
do Amapá.336 Tudo aproveitava à agitação; e a polícia proibiu comícios
anunciados. Manuel Vitorino declarou-se solidário com a exaltação de
algumas das principais guras do Partido Republicano, como o
Deputado Barbosa Lima; ouviram-lhe palavras agressivas.337 A
República, de Glicério, era o órgão dessa oposição, em que se inspirou
o orianismo intolerante, da Rua do Ouvidor, do Largo de São
Francisco. Por vezes estrugia um “viva o Marechal Floriano”, e, a
cacete, os “republicanos” corriam os adversários. O Jacobino, jornal do
capitão honorário Diocleciano Mártir, extremava-se em ameaças e
desa os.

Adivinha-se, iminente, a explosão. Conspira-se. Pinheiro Machado


repele o convite para che ar o movimento,338 que não convém ao
castilhismo, forte na legalidade. O culto de Floriano tem os seus
fanáticos. Há quem vá ajoelhar-se no seu túmulo, quem distribua os
seus retratos, como de um santo, quem lhe sacri que a vida... Na
redação de O Jacobino, um jovem anspeçada alagoano, do 10º de
infantaria, Marcelino Bispo de Melo, aceita a idéia de salvar a
república... assassinando o presidente. Achou-se depois, entre os seus
objetos, uma alegoria à república, em que escrevera, sob o seu nome,
lembrando o “marechal”, “anspeçada de ferro”...339 Diocleciano Mártir
sugestionou-o, convenceu-o, inspirou-o:340 e o rapaz, tresloucado,
dispôs-se a cometer o crime.

Foi o autor do atentado de 5 de novembro.

O ATENTADO

Na manhã desse dia, governo, exército, povo, acorreram ao arsenal de


guerra para receber o General Silva Barbosa e o primeiro contingente
das forças que regressavam de Canudos. O presidente esteve a bordo,
em companhia do Ministro da Guerra, Marechal Carlos Machado
Bittencourt. Desembarcou à uma da tarde. Um grupo de populares —
hostilmente — entrou a vivar Floriano, os bravos de Canudos, Manuel
Vitorino... Do outro lado, palmas saudaram o presidente. Junto ao
portão de Minerva, que dá entrada ao arsenal, subitamente arremete
um soldado (era Marcelino Bispo!), engatilhando a garrucha que
levava na mão direita e ajeitando-a com a esquerda. Instintivamente,
Prudente afasta a arma com a cartola, que empunhava; e em vez da
detonação, há o estalido seco do tiro falhado. Logo o Coronel Mendes
de Morais derruba com uma pranchada de espada o criminoso; caem-
lhe em cima, para o dominar, o ministro, dois ou três o ciais; e mãos
amigas impelem o presidente para a carruagem, afastando-o do local.
Estrugem aplausos, movimenta-se, curiosa e aterrorizada, a multidão,
e algo de espantoso ocorre, em cinco minutos de uma luta confusa,
dos militares que subjugam o anspeçada, e deste que se debate sob os
seus punhos. Arrebatam-lhe o sabre. Recorre a uma faca que trazia
oculta. Com golpes mortais prostra o Marechal Bittencourt; fere o
Coronel Morais; atinge o Alferes Oscar de Oliveira; o Alferes João
Manuel Garcia, que procurava tomar-lhe o punhal, cou com a mão
em sangue... Quando o imobilizaram, e arrastaram dali, para o cárcere
no arsenal, jazia morto o Ministro da Guerra. Uma onda de
consternação se propagou, sem demora, pela cidade.

A paixão jacobina imolara um herói.

E o governo digni cou-lhe o sacrifício, da nobre vítima — a quem se


deu o apelido de “marechal de ouro”. As suas exéquias foram de ordem
a mudar o panorama nacional.341

O presidente compareceu ao cemitério e, à saída, recebeu a mais


estrondosa aclamação que ainda se zera a um chefe de Estado.

O povo “em delírio de bravos, de aplausos, de saudações”342 quis tirar-


lhe os cavalos da carruagem, cercou-o, desagravou-o, numa
demonstração ululante de sentimentos diametralmente opostos às
brutalidades da era anárquica, que acabava ali. Prudente acolheu,
severo e triste, essa apoteose, para dela tirar a energia repressiva de que
necessitava. Hauriu vigorosamente a força moral com que replicou às
violências passadas: e se fez temível.

A 6 de novembro, depois da formidável manifestação à porta do São


João Batista, magotes de povo empastelaram, de corrida, A República,
a Folha da Tarde, O Jacobino, retribuindo aos jornais oposicionistas os
assaltos de 8 de março, que tinham silenciado as gazetas
monárquicas.343 E o governo pediu ao Congresso trinta dias de estado
de sítio. Rui defendeu a medida. O Congresso concedeu-lha contra
Glicério e Pinheiro. A “legalidade” — imitando Floriano — varria os
obstáculos: punia. Valeu-se do processo instaurado para apurar as
ligações do assassino com os cúmplices que, à boca pequena, todos
apontavam, indicando os chefes da oposição. O processo deu-lhe os
nomes, e pretexto à reação, a oportunidade da vindita política.

RESPONSÁVEIS

A nal, quem armara o braço ao Anspeçada Marcelino? Até 12 de


novembro houve conjeturas e suspeitas. Apresentou-se então à
secretaria de polícia o juiz da oitava pretoria Gusmão Lima, e disse o
que sabia. O seu depoimento desvelou o panorama da conspiração,
revelando que Diocleciano Mártir o avisara da intenção de mandar
matar o presidente.344 Com esta pista, foi no dia seguinte interrogado o
criminoso, que contou, com luxo de minúcias, o encontro com
Diocleciano na redação d’O Jacobino, em agosto, o juramento que lhe
zera, de eliminar o presidente, inimigo do exército e de Floriano.
Várias vezes se aprontara para cumprir a promessa, mas recuava,
perturbado. José de Sousa Veloso levara-lhe numa caixa a pistola e a
faca, para o arsenal, naquela manhã de novembro. Empunhara com a
mão direita a garrucha, com a outra a faca... Foram presos Diocleciano
e Joaquim Freire; o famigerado orianista estava na conspiração.
Escusou-se, dizendo que o seu companheiro de cárcere lhe confessara
importantes coisas. Delator astuto, puxou o o a uma complicada
intriga policial... A 28 de novembro explicou Diocleciano não só a sua
parte, como a dos correligionários na trama em que se emparceiravam
militares, chefes da oposição, o farmacêutico Umbelino Pacheco, em
cujo estabelecimento se debatera o plano. Por Torquato Moreira
soubera que a idéia do assassinato já era conhecida; capacitou-se que
Glicério, amigo de Torquato, andava informado; conversou com
Barbosa Lima e Irineu Machado; não ousou abrir-se com Manuel
Vitorino; foi franco com o Senador João Cordeiro; o dinheiro para
comprar a arma, dera-o Irineu; José de Sousa Veloso a entregara a
Marcelino... Estas revelações, destinadas a comprometer toda a
oposição, mostram o exasperado propósito de distribuir e diluir a
responsabilidade. A polícia acreditou em tudo. Envolveu na societas
criminis o vice-presidente e os parlamentares.345 Foram excluídos da
denúncia Manuel Vitorino — que protestou contra a sua inclusão em
tal companhia — e Joaquim Freire, a quem o governo tirou a patente
de capitão honorário. O Tribunal Civil e Criminal manteve a exclusão,
negando contudo ao vice-presidente as imunidades que reivindicava346
por falta de provas.347 Ficaram pendentes de julgamento Diocleciano,
Manuel Rodrigues Moreira, Antônio Evaristo da Rocha, José
Rodrigues Cabral Noya, Jerônimo Teixeira França, José de Sousa
Veloso. Quanto a Marcelino Bispo, apresentou indícios de desarranjo
mental, conveio que Diocleciano fora o autor de sua desgraça,348
escreveu um soneto, com o título Jesus Cristo e Floriano, pediu para
ser fuzilado, e, sucumbindo à depressão, enforcou-se nas grades do
cubículo...

INTOLERÂNCIA

Não faltou quem murmurasse que o suicídio aproveitava aos políticos.


Insinuou-se que fora envenenado; garrotearam um cadáver... Seria
inútil a supressão do criminoso, depois da con ssão, prolixa ou
maliciosa, de quem o induzira ao crime. A repressão descambara em
perseguição.349 Um senador e três deputados foram mandados para o
presídio de Fernando de Noronha. O próprio Pinheiro Machado não
escapou à prisão. Interceptaram-lhe um telegrama, em que o capataz
de sua estância prevenira, que a tropa seguia... Referia-se à de muares,
despachada para Sorocaba.350 Foi o Supremo Tribunal quem pôs cobro
à prepotência, concedendo — em 16 de abril de 98 — a ordem de
habeas‐corpus, que impetrou Rui, em favor dos congressistas
desterrados (João Cordeiro, Alcindo Guanabara, Barbosa Lima, Major
Tomás Cavalcanti). Defendera Rui a tese, de que, com a cessação do
sítio, não podiam continuar presos os não processados (26 de março).
Por um voto, o tribunal denegou a ordem, que veio a conceder vinte
dias mais tarde, quando, com os mesmos argumentos, outros
advogados a pleitearam.351 Fixou a doutrina de que, fora do estado de
sítio, não lhe persistem as conseqüências.352

Insurgiu-se o Congresso, fatigado desse longo período de


insegurança. O governo cometera atos de força, que tinham, em
verdade, dissipado o perigo de novas perturbações. Como dissolvera a
Escola, fechou o Clube Militar. Reduzira a irritação das classes
armadas, contava com a solidariedade dos conservadores, impusera a
ordem. Bastava! Por 92 votos contra 85, a câmara negou licença para o
processo dos deputados (30 de julho).353 O Senado, por 94 a 52,
recusou-se a concedê-la no caso de Manuel Vitorino. Rejeitou a
câmara, por m, a emenda senatorial que suspendia durante o sítio as
imunidades parlamentares. Isentava a tribuna política...354 Derrotado
neste pormenor, indignou-se o presidente, pensou em renunciar,355
tachou de inconstitucional a decisão judiciária (mensagem de 12 de
maio). Mas concluiu em paz o quatriênio.

O “marechal de ouro” momentaneamente ofuscara o “de ferro”.

A TRANQÜILA SUCESSÃO

Prudente liquidara o Partido Republicano Federal. A sua sucessão


serviu para desbaratar a organização que Glicério fundara e perdera,
entre duas crises, da consolidação (com Floriano) e do civilismo (com
Prudente). Candidato natural era o presidente de São Paulo, Campos
Sales. Ficara ao lado de Prudente; reunia a “velha guarda”, da
“propaganda”; e o seu título, de “histórico”, o colocava, gura patriarcal
do regime, acima dos con itos partidários. Ao vir ao Rio em
princípios de junho de 97, na esperança de conciliar os conterrâneos
desavindos, sentiu que o seu nome apaziguaria o país.356 Severino
Vieira, leader no Senado, vangloriou-se de ter anunciado a São Paulo
esta candidatura.357 Campos Sales preferiu informar que foi
Bernardino de Campos quem lha comunicou, em 18 de junho.
Glicério e Pinheiro trataram de opor-lhe uma fórmula de luta.
Levantaram, para a presidência e a vice-presidência, os nomes de
Castilhos e Lauro Sodré. Os governadores da Bahia, de Minas, de São
Paulo, de Pernambuco,358 pilares do sistema, caram com Campos
Sales e Rosa e Silva — este representando o Norte. Foram indicados
pela convenção do Partido Republicano, de 19 de outubro de 1897.

Sussurrou-se que o plano da oposição consistia em lavrar em todos os


estados duplicatas eleitorais, e, aproveitando a efervescência do
Congresso, que faria a apuração, derrotar, “de golpe”, o candidato
o cial... Se foi este o projeto, exeqüível até 5 de novembro, a reviravolta
da opinião e do exército o dissiparam. Desagregou-se a coligação
resistente; e na eleição de 1o de março, sem surpresa para ninguém,
triunfou a “chapa” da maioria. Tinha, não o voto, mas o poder dos
estados. Ninguém falasse de autenticidade eleitoral em democracia
lisa: continuava o povo à margem daquele dissídio de personagens,
que descia das alturas da “política”, feitas e desfeitas as operações pelo
arbítrio dos dirigentes — a que não faltava a brutalidade policial. O
presidencialismo lá estava.359 A sua realidade quatrienal — o
presidente. Na América do Norte ironizara-se o poderio de Roosevelt:
“Teodoro  ”... Um americano (E. Hambloch) devolveu o motejo, que
era comentário: “His Majesty the President of Brasil”. Na linguagem do
romancista: “Senhor absoluto nos dois primeiros anos do governo e
humilhado nos outros dois, em que já começa a governar o oligarca
sucessor”.360

XVI: O   C S

O PROBLEMA DAS FINANÇAS

Há uma frase a propósito dos dois presidentes civis: Prudente


paci cou, Campos Sales restaurou as nanças. Complete-se: este
saneamento começou na presidência do primeiro e foi realizado pelo
sucessor, que teve o mérito de executar o mais difícil e impopular dos
programas, o equilíbrio das despesas com economia drástica e
satisfação pontual das dívidas; honradamente. Compreende-se a
gravidade da situação pelo acúmulo dos compromissos, pela
desvalorização e aumento do meio circulante, lançado no exterior o
descrédito dessas nanças periclitantes ligadas à descontinuidade
administrativa, às decepções da aventura in acionista, às leis
contraditórias, às conseqüências naturais da guerra civil. Floriano
gastara mais do que permitiam os recursos do Tesouro,
sobrecarregando-o de letras e emissões, naquele transe de defesa da
república: e a taxa cambial exprimiu, com o declínio desastroso, a
desvalia do mil-réis na bolsa internacional. Mas poderia apelar-se para
o surto econômico... O vencimento das letras contra o erário nacional
não consentia que se esperasse por essa eclosão de riquezas jacentes.
Os banqueiros exigiam: e não havia com que pagar!
Alguns números documentam a calamidade. Com o câmbio a cinco
(num orçamento de 300 mil contos, 186 mil absorvidos pelas
diferenças de câmbio), o dé cit para 1898 de 30 mil contos, um milhão
a pagar em prestações mensais pela emissão de letras em Londres,
donde tinham vindo sete milhões esterlinos em 1895 e dois em 96, o
dilema de nia-se: um empréstimo externo ou a suspensão de
pagamentos. O Ministro da Fazenda, Bernardino de Campos, enviou a
Rothschild (tradicionais banqueiros do Brasil) a exposição dessas
aperturas, e o plano de um funding loan, a nal semelhante ao que
Pellegrini, depois do infeliz governo de Celman, conseguira para a
Argentina. Campos Sales encarregou-se — mas sem instruções
especiais, ou seja, para estudar as possibilidades do negócio — de o
discutir com os credores.361 Já o presidente eleito ia em meio da
viagem, quando chegou ao Rio o Sr. Tootal, emissário do London and
River Plate Bank, e transmitida telegra camente a sua proposta a
Campos Sales, este, debatendo-a com os banqueiros, obteve melhores
condições. Fez-se o funding loan, ou seja, o empréstimo destinado ao
resgate dos títulos de dívida por três anos, à taxa cambial de dezoito,
com dez anos para a amortização, a subseqüente obrigação dos
Rothschild de manter aqueles pagamentos, ao juro de 5% e
amortização de 1,5% anuais, garantida pelas rendas da alfândega.362
Em contrapartida, incineraria o papel-moeda acumulado no Rio, em
quantidade igual às prestações vencidas em Londres. Noutras palavras:
os banqueiros trocariam ao par os antigos pelos novos “coupons”,
emitindo, como empréstimo, estes papéis, e destarte, tomando a si por
aquele prazo a responsabilidade de que o Brasil caria aliviado, com o
compromisso de purgar o excesso de moeda duciária. Era alto o juro;
e o empréstimo, atendendo ao crédito externo, permitia apenas que o
país utilizasse as divisas momentaneamente economizadas.
Continuava imerso na penúria nanceira, maior pela de ação
violenta. É preciso considerar que pesava na opinião geral esse crédito
externo, razão do prestígio das nações, e justi cativa de detestáveis
incidentes, coroados, em 1902, com a intervenção internacional na
Venezuela. E a idéia corrente, esposara-a Joaquim Murtinho na
Introdução ao relatório da indústria, viação e obras públicas, de
1897:363 equilibrar o orçamento, nem que isto arruinasse, pelo
desamparo, as melhores iniciativas, contanto que a saúde nanceira se
espelhasse — como a do organismo na limpidez dos olhos — no
câmbio.364 O que servisse a tal m agradava àquele “frio, cético homem
de negócios, crente no dinheiro”,365 capaz de comprimir despesas,
aumentar impostos, abandonar obras, relegar pruridos industriais e
melhoramentos inadiáveis à livre empresa, mecanismo limitativo, na
sua função glacial de exator. Esse médico homeopata curava pela
dieta... Realmente o país sofreu no seu progresso, diferido para o
futuro, retardando-se: mas regenerou o conceito administrativo; e
robusteceu-se.366 Por isso foi de realizações o governo de Rodrigues
Alves.

ERA NOVA

Em 15 de novembro de 1898 deixou Prudente de Morais o governo,


sob efusivos aplausos públicos,367 num violento contraste com a posse
assustada, quatro anos antes. Três boras levou a carruagem que o
conduzia, do Palácio do Catete à pensão modesta do Largo da Glória,
sua morada provisória.368 Obstruiu-lhe o trajeto aquela popularidade
intempestiva, que foi (quem o diria?) a atmosfera do seu ocaso.
Quando em 1901 voltou à capital federal, essas manifestações de
carinho e respeito se reproduziram, já aí (como era de antever)
estimuladas pelo desagrado da situação dominante. Tanto tinham de
festa a Prudente como de desa o a Campos Sales... Sem músicas
marciais, com parte do trecho a percorrer às escuras, “as famílias
queimavam das sacadas dos prédios fogos-de-bengala”, os estudantes
comprimiam-se junto ao carro, e de pé no veículo o Marechal
Cantuária só pedia que não as xiassem Prudente, “combalido pela
moléstia que, meses depois, o havia de vitimar. Espetáculo indelével”.369
A esse belo crepúsculo correspondia o amanhecer jubiloso do novo
governo, celebrado por aparatosas cerimônias — a que a presença das
esquadras estrangeiras deu um excelente fulgor diplomático. Inspirado
nessa pompa escreveu Rui Barbosa o seu famoso artigo sobre “a lição
das esquadras”.370 Uma era nova...
Mas marcada de precoce decadência.

POLÍTICA DOS GOVERNADORES

Campos Sales (responsável em parte pela legislação republicana),


imprimiu ao presidencialismo uma interpretação própria. Dispensou
os partidos, para se apoiar aos governadores. É como se disséssemos,
deixou o ranço parlamentar das facções para se agarrar à estrutura
federativa do regime, trocando a controvérsia ideológica (os partidos)
pela realidade terrena dos... estados. Começou escolhendo fora da
política, ou sem atenção a ela, os seus ministros.371 Não precisava de
mais nada para projetar no governo a sua imagem pessoal, a sua
vontade inteiriça, a sua doutrina. Que sem ministros no poder (e ele,
que preconizara ao tempo de Deodoro a paci cação pela participação,
sabia disto melhor do que ninguém) os partidos se limitariam a vozear
nas câmaras uma opinião distante. Distante e inconseqüente... Apagou
os últimos vestígios da tradição parlamentar submetendo (segundo
passo dessa evolução presidencialista) a formação do Congresso à
conveniência do Executivo, em solidariedade entrosada o presidente,
que sustentava os governadores — novos árbitros do equilíbrio
institucional372 — e estes, que indicavam e... elegiam o Congresso.
Com implacável decisão de cumprir o sistema, que instituía o poder
pessoal armado de todas as forças que fazem o regime autoritário,
abandonou as considerações liberais — da “propaganda” — para ser,
na “presidência”, um coordenador de realidades. Queria, antes de tudo,
câmaras que lhe aprovassem os atos; ordem nos estados; um clima
pací co e econômico de austeridade. Obteve tudo isto, com o
clamoroso reconhecimento dos eleitos em 1899.

Competindo ao Congresso o reconhecimento de seus membros, o


que melhor fez foi emendar o regimento, a m de que viesse a presidir
a nova câmara o presidente da sessão anterior (que houvesse sido
reeleito). Teria a atribuição de nomear a comissão veri cadora, e ela —
pela vontade de quem já era o indicado para esta missão “de governo”
— con rmava ou inutilizava os diplomas, ao sabor “dos estados”, isto é,
dos governadores dantemão responsáveis pela delidade das
respectivas “bancadas”.373 A comissão limitou-se a “reconhecer” os
diplomados pela maioria das juntas locais: e como eram exatamente os
candidatos “o ciais” — compôs-se, desembaraçadamente, a assembléia
sem oposição...374 “A presunção (dizia Campos Sales) salvo prova em
contrário, é a favor daquele que se diz eleito pela política dominante
do respectivo estado”.375 Era simples. Automático; e conclusivo.
Oligarquia e regime passavam a equiparar-se — na ambiguidade desta
sentença.

OPOSIÇÃO

Aí, o presidencialismo...

Pois silenciava o Congresso, falasse a imprensa! Não calou; entregou-


se. Reduzira-se a tribuna (havia de vituperar Rui Barbosa) “a um
simulacro de locutório, insulado no vazio”. E comparou: “Com o
governo parlamentar as câmaras legislativas constituem uma escola.
Com o presidencialismo uma praça de negócios”.376 A uniformidade da
política, dependente da unanimidade do Congresso, neutralizou a
representação, inautêntica e dócil. Tomou-lhe o lugar, na luta, o jornal.
Assim fora no império, desde Evaristo da Veiga. Assim na república.
Com o apoio intelectual de Manuel Vitorino e Leão Veloso, surgiu, em
15 de junho de 1901, o Correio da Manhã, de Edmundo Bittencourt.377
Acusou-se Campos Sales de subsidiar a imprensa. Apareceu aquele
matutino para combatê-lo, mas com um novo sentido de oposição: a
campanha popular. Pela primeira vez o ataque se inspirava — sem
compromissos de partido — em angústias públicas, irritadas e
efêmeras (a carne ruim dos açougues, a vacinação obrigatória, o
excesso de autoridade, os seus ridículos, Pinheiro Machado...). Dessa
forma recomposta a gazeta de opinião, se formariam ao seu abrigo os
movimentos de rebeldia, como forças à margem (e contra) da
submissão do Legislativo e da passividade dos estados,378 em contato,
já agora, com o espírito intolerante das ruas.379 Para elas apelou
Manuel Vitorino, em vibrantes artigos que prolongavam os ecos da
resistência de 1897 — com uma ênfase de apostolado continuada —
oito anos depois — por outra espécie de ronda liberal: o civilismo.

XVII: A  

RIO BRANCO

Um país enfraquecido pelas dissensões e pela frustração está


ameaçado de todos os dissabores nos seus interesses estrangeiros.
Correu o Brasil este perigo com as questões de limites que o
inquietaram durante todo o período de consolidação e de organização
civil da república. A mais saliente gura que então a diplomacia
acentua, nos seus traços severos de estudo, sagacidade, pertinácia e
patriotismo, é de um homem que, desde 1876, cônsul e ministro na
Europa, vivia longe da pátria, e, com isto, dos con itos nacionais,
preferindo o retraimento altivo — em que as convicções monárquicas
se tinham sedimentado — à colaboração insincera e ressentida.
Chamava-se José Maria da Silva Paranhos Júnior, Barão do Rio
Branco. Ao cair o império, de niu a sua incompatibilidade com a nova
situação, que já não admitia os antigos títulos, adotando a assinatura,
que usou até o m: “Rio Branco”.380 Geógrafo, historiador, conhecendo
como ninguém os problemas de fronteiras, em cujo trato seu pai
prestara à nação serviços memoráveis, não havia, para os negociar,
embaixador mais hábil. A sua ação estende-se — com felicidade — do
caso das missões aos últimos convênios de limites da república. Por
uma circunstância providencial coube-lhe conduzir o primeiro: bastou
para creditar-se como advogado inexcedível dos direitos do Brasil.

LITÍGIO DAS MISSÕES

A controvérsia sobre o território de Palmas, atalhada pelo tratado de


1890, voltara à situação anterior, ambas as partes decididas, em 1893, a
submetê-la ao arbitramento do presidente dos Estados Unidos, tal
como estabelecera o tratado de setembro de 1889. Faleceu em
Washington o Ministro Aguiar de Andrada, designado para
acompanhar a causa brasileira. Sousa Correia, ministro em Londres,
consultou Rio Branco, de quem se lembrara Floriano:381 e ele, sem
hesitar, aceitou a missão. Em dois meses reuniu os elementos
necessários; muniu-se de farta documentação extraída dos arquivos;
em Nova York, assistido por competentes auxiliares (como Dionísio de
Cerqueira e o Almirante Guillobel), escreveu exaustivas razões que
esclareciam, sem sombra de dúvida, o direito do Brasil.

A região contestada tinha extraordinário valor: 30.621 quilômetros


quadrados. Entrava na área portuguesa, segundo o mapa de 1749,
chamado “das cortes”, base do Tratado de Madri, de 1750, consagração
de nitiva do uti possidetis que ao Brasil atribuíra a sua con guração
geral. Lá, entre os rios Iguaçu e Uruguai, corria esse limite de Sul a
Norte, pelos rios Peperiguaçu e Santo Antônio. Em 1788, com o
descobrimento de outro curso de água acima das quedas do Iguaçu, a
comissão espanhola levantara uma objeção imprevista, dando os dois
rios lindeiros como o Chapecó e o Chopim, muito mais a Leste. Em
1888 insistia a Argentina em identi car o Chopim com o Jangada. Se
aceita esta teoria, o Brasil como que se dividiria em dois, o Rio Grande
ligado ao Norte por uma faixa de apenas 45 quilômetros... Perguntava-
se (eis a questão): quais os con nantes do tratado de 1750: o
Peperiguaçu-Santo Antônio (tese brasileira) ou o Chapecó-Chopim ou
Jangada (tese argentina)? Exibiu Rio Branco, entre as provas
encartadas na sua “memória”,382 dois papéis convincentes: cópia
autêntica do mapa “das cortes”, a cuja luz se zera o Tratado de
Madri,383 e as instruções de 1758, aos demarcadores luso-espanhóis,
deturpadas nos textos, mas agora apresentadas no exato teor.

Estes documentos esmagavam o enredo de contradições tecido em


torno do Peperiguaçu. Desmoronou o embargo oposto à a rmativa, de
que lá estava, já no seu lugar, aquele rio, na carta de 1749, e era, na
realidade, a linha limítrofe. Em Paris, estudando-o, e depois com o
auxílio do geógrafo Levasseur, xou Rio Branco as coordenadas, pelas
quais adquiriu a convicção de que o “mapa das cortes” coincidia neste
ponto com a verdade. Dúvida que restasse, as tais instruções de 1758
desvaneciam. E como Estanislau Zeballos (advogado da Argentina,
com a autoridade de perito e o prestígio de ter sido o ministro que
acordara com Quintino, em 1890, o Tratado de Montevidéu) insistia,
ignorando as conclusões a que chegara o contendor, no suposto erro
do mapa, citando, como demonstração, o trecho inverídico das
“instruções”, toda esta argumentação caía por terra. Faltou-lhe o que
sobejou a Rio Branco: o auxílio técnico, dos arquivos, na erudição
geográ ca e histórica.384 Rio Branco teve a certeza do triunfo; este foi
completo.385

A 6 de fevereiro de 1895, no State Department, presentes o Secretário


de Estado Gresham, o subsecretário Uhl, Rio Branco, Zeballos com o
pessoal das respectivas missões, em nome do Presidente Cleveland o
subsecretário apresentou a sentença arbitral. Foi uma cerimônia
singela. Perguntou se queriam que a lesse. Delicadamente, Rio Branco
disse que dispensava o incômodo. Concordou Zeballos: bastava que
comunicasse em favor de quem se declarara o árbitro. O Sr. Uhl
informou: “O laudo do presidente é em favor do Brasil”. O
representante argentino adiantou-se para o colega, e apertou-lhe
efusivamente as mãos.386 O Brasil ganhara a velha questão de missões.

A ILHA DA TRINDADE

Em janeiro de 1895 o almirantado inglês, sem qualquer aviso, como se


as duas pequenas ilhas não pertencessem a ninguém, fez ocupar a
Trindade e a Martim Vaz: declarou-as incorporadas no império
britânico.

A notícia (publicada no Financial News, despercebida) chegou ao


Brasil seis meses depois: e o Ministro Carlos de Carvalho protestou,
exigindo que se restaurasse naqueles rochedos a soberania brasileira.
Para provar a usurpação sobravam documentos: jamais as ilhotas
tinham saído do patrimônio de Portugal e, em sucessão deste, do
Brasil. O premier, Lord Salisbury, sugeriu o arbitramento.387 A idéia
agradou a Prudente de Morais; mas o ministro mostrou que era
inaceitável, se dúvida não havia, quanto aos legítimos títulos do
Brasil.388 Desencadeou-se, como era natural, no Congresso, na
imprensa, nas ruas, uma tempestade de protestos. Foi quando os bons
ofícios de Portugal resolveram a crise, antes que extravasasse em piores
conseqüências. Deve-se o feliz resultado à situação prestigiosa que
tinha em Londres a legação brasileira. A este respeito, o rápido epílogo
da Questão da Trindade é o mais belo re exo da in uência do Barão
de Penedo na corte de Saint-James, através de dois homens que, de
certo modo, a continuaram, o ministro do Brasil, Sousa Correia, e o
seu colega português, o Marquês de Soveral. Bafejado no começo da
carreira pela amizade de Penedo, ligado a Correia, utilizou Soveral a
con ança que lhe dispensava Lord Salisbury, fazendo-se intermediário
o cial da conciliação. Auxiliou-o no Rio de Janeiro o encarregado de
negócios de Portugal, Camelo Lampreia. Em notas aos governos
britânico e brasileiro xou a posição simples do problema, isto é, a
plenitude do domínio que sobre a Trindade tinha o Brasil; e não
duvidou Lord Salisbury em mandar o Baracouta, o mesmo barco que
as colocara, retirar da ilha as insígnias da ocupação.389

Um acontecimento lateral (a que as crônicas não fazem referência)


concorreu para amaciar a crise: a doutrina de Monroe. Em julho de
1895 (pela primeira vez, desde 1823) o State Department falara
seriamente do monroísmo à Inglaterra, a propósito de sua contenda de
limites com a Venezuela.390 De nia-a como uma categórica defesa da
América... Dispor-se-ia o gabinete inglês a agravar as relações com o
Novo Mundo, insistindo em negar a evidência (daquela pací ca
propriedade), nesta parte do Atlântico? O embaixador americano em
Londres dissera aguardar que se terminasse o litígio com o
esclarecimento desse direito... Esclareceu-se de nitiva e
tranqüilamente.

Em janeiro do ano seguinte o cruzador Benjamin Constant


(Comandante Rodrigues Torres) transportou para a Trindade o marco
de bronze, que testemunharia, sem mais contradita, a soberania
brasileira.

Á
QUESTÃO DO AMAPÁ

A Questão do Amapá complicou-se, menos pela irritação dos


negociadores do que pela ação direta.

Comprometeu-a o encontro armado na zona disputada.

Tal como no de Palmas, o que se discutia era — preliminar geográ ca


— a localização de um rio.

Pois o Tratado de Utrecht dera por fronteira Norte o Iapoc (ou seja, o
Oiapoque) ou de Vicente Pinzon, agora se dissentia sobre qual fosse
este curso de água, se o verídico Oiapoque, cujo delta espraia além do
Cabo Orange, como a rmavam os brasileiros, se o Araguari, dois
graus de latitude ao Sul, abaixo portanto do Cabo Norte, onde a
Fortaleza de Macapá era um padrão de soberania — como
sustentavam os franceses. A letra do tratado, no artigo 8, tinha
transparente clareza: destinara-se exatamente a isolar a bacia
amazônica das Guianas estrangeiras. Mas os franceses nunca se
haviam conformado com isto.

Em 1836 o governador de Caiena instalara na margem direita


daquele rio um fortim. Cessou com a interferência inglesa a ocupação
abusiva, em 1840. Em 1856 o Visconde do Uruguai foi a Paris liquidar
o litígio. Concordou (pois os problemas do Prata exigiam que
estivéssemos em bons termos com a Europa) que o limite descesse até
o Cunani, ou o Calsoene... Nada se decidiu. Cinco anos depois,
Joaquim Caetano da Silva demonstrava exaustivamente a legitimidade
da resistência. Tornou-se mais difícil em 1894, quando se descobriu
ouro nas cabeceiras daqueles rios. No ano seguinte, uma coluna
francesa desembarcou no Amapá e foi recebida e rechaçada a bala
pelos moradores, che ados por Francisco Xavier da Veiga Cabral.
Morreu na luta o Comandante Lunier. Exaltaram-se os ânimos no Rio
de Janeiro. Em Paris, a comoção descambou em comédia:
estabelecera-se na zona disputada a “República de Cunani” — espécie
de Texas dos “pioneers” — e um autor, Coudreau, vaticinou-lhe a
independência.391 Convieram as duas partes em levar o litígio ao
arbitramento do governo suíço. Rio Branco foi incumbido de advogar
em Berna os direitos do Brasil — na categoria de ministro
plenipotenciário em missão especial; entre julho de 95 e princípios de
99 elaborou as suas razões;392 e graças a este forte estudo — que se
somava às demonstrações de Joaquim Caetano393 pôde o árbitro, o
Conselho Federal da Confederação Helvética, dar a sentença eqüitativa
de 1o de dezembro de 1900.

Reconheceu a sentença que o de Pinzon, do Tratado de Utrecht, era o


Oiapoque com o que cou o Brasil com o litoral contestado, do Cabo
Norte ao Orange. E quanto à limitação interior, xou-a no divisor de
águas de Tumucumaque. Embora menos do que pedíamos, dava à
Guiana a contravertente, fechando-lhe o acesso à bacia amazônica. A
vitória tinha a perfeição do equilíbrio.394 Mas não encerrava o ciclo das
questões lindeiras. Restava a da Guiana Inglesa, tarefa do governo
seguinte; sobreveio o problema do Acre.

XVIII: P 


REGENERAÇÃO FINANCEIRA

O quatriênio de Campos Sales foi feliz na execução do programa


nanceiro, bem sucedido na política externa, malsinado nos assuntos
interiores e, de resto, autoritário e oportunista, como um período de
recuperação do vigor e da in uência do governo, impopular, mas
respeitado.

O motivo inicial dessa impopularidade foi o cumprimento in exível


das leis de 1898, que instituíam o imposto de consumo, com a selagem
das mercadorias, e mandavam cobrar 10% em ouro dos direitos de
importação.395 Mostrou-se o presidente insensível ao apelo da
Associação Comercial e, em verdade, das classes conservadoras, para
que adiasse a cobrança. Sustentou, contra a oposição da imprensa, seu
Ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho, e enfrentou altivamente a
tempestade de protestos. Respondera a uma reclamação viva: “Não
posso obrigar ninguém a ser patriota; mas hei de fazer cumprir a lei”.396

Cortou obras públicas, suprimiu os velhos arsenais de Guerra e de


Marinha da Bahia, de Pernambuco, do Pará, executou as obrigações do
funding loan, e a 1o de julho de 1901 esta política de austeridade dava
seus frutos, com a retomada dos pagamentos em moeda.397
Recuperara-se o crédito externo, o que permitiu o rescision bonds, de
1901, o melhor empréstimo jamais conseguido, ao tipo de 125, para
uma operação vantajosa: o resgate das estradas de ferro, com a
libertação das garantias de juros em ouro.398 No quatriênio subiu o
câmbio de 7 3/6 a 12, caiu de 50 para 35% a depreciação do papel-
moeda, o resgate de títulos-ouro elevou-se a 4.400.000, os da dívida
pública melhoraram de 35%, e os compromissos no estrangeiro
(conseqüentes à cessação do pagamento de juros) desceram de oito
milhões e setecentas para quatro milhões e trezentas mil libras:399 um
brilhante resultado nanceiro!

CÓDIGO CIVIL

Aquietado o país, devia ter a sua legislação recomposta. Campos Sales,


que em 1890 incumbira Coelho Rodrigues de organizar o projeto do
Código Civil, voltou ao assunto, desta vez por intermédio de um
jurista autêntico, que era o seu Ministro da Justiça, Epitácio Pessoa.400
Este (em 25 de janeiro de 1899) convidou para elaborar o trabalho um
digno continuador da obra paciente dos nossos maiores civilistas, seu
colega do Recife, Clóvis Beviláqua.401 Em sete meses cumpriu a ingente
tarefa, que, revista por uma junta de doutos, foi em junho de 1901
submetida à comissão especial da Câmara dos Deputados, presidida
por J. J. Seabra. Nela colaboraram outros especialistas (e assim, com a
sua resistência às inovações, Andrade Figueira, representante
inabalável das tradições liberais da velha jurisprudência): e de modo a
estar o projeto pronto em janeiro de 1902. Não lhe faltaram críticas à
linguagem. Rui Barbosa antecipara a advertência, quando, no seu
jornal, em 1899, estranhou a nomeação de Clóvis: carecia de
“vernaculidade, a casta correção de escrever”.402 Ocorreu a Seabra
encomendar a um gramático a policiadora leitura. Con ou-a ao
baiano Ernesto Carneiro Ribeiro. Mas, com a audiência ao lólogo,
desviou para o intrincado prélio gramatical o debate que devera cingir-
se aos institutos jurídicos.

Realmente nunca se exerceu, tão persuasiva, a supremacia do governo


na câmara como neste caso, pois em rápidas sessões discutiu, sem
alterar, o projeto, logo remetido ao Senado, tudo indicando que lá teria
a mesma sorte.

Em três dias saiu-lhe Rui ao encontro, com o parecer sobre a redação


(3 de abril de 1902), em que, maciçamente, alinhou todos os seus
reparos, abrindo, com isto, a mais candente das controvérsias sobre
regras da linguagem. Defendeu-se Carneiro,403 e teve a Réplica, outro
monumento dessa miúda erudição.404

Sob o seu peso jazeu o projeto, à espera de que as paixões se


desvanecessem, o espírito das leis predominasse sobre o das letras, e
num ambiente calmo os entendidos se conciliassem, menos a respeito
da escrita do que do Código.

UNANIMIDADE

Adquiriu a política, com as eleições de 1899, a estabilidade desejada


por Campos Sales — e era pouco menos do que a unanimidade em
torno dele.

O reconhecimento, a seu critério, manobrado pela comissão das


execuções405 — isto é, da veri cação dos diplomas — apelidou-se de
guilhotina:406 degolou os candidatos inconvenientes, que eram os
adversários dos governadores.

Na reunião com a bancada paulista, em 24 de abril, positivara


Rodrigues Alves (com a autoridade de presidente eleito do Estado) que
esta seria a orientação. Dissentiram cinco deputados, que foram —
idealistas — propagar em São Paulo, com o apoio de Prudente de
Morais e a ativa direção de Júlio Mesquita, a Resistência.407
Desvaneceu-se contudo a Concentração Republicana, que Glicério,
Pinheiro, Cassiano do Nascimento, Lauro Sodré, tinham levado à luta,
na esperança de eleger considerável número de deputados e senadores.
Acabou com a derrota, ou antes, a degola dos seus candidatos, a
começar por Glicério, que não voltou ao Parlamento. As exceções que
se abriram (com o reconhecimento de Barbosa Lima, eleito pelo Rio
Grande do Sul, de Irineu Machado, pelo Distrito Federal, de Fausto
Cardoso por Sergipe) não foram de ordem a alterar o quadro. Campos
Sales tinha Congresso à disposição: e se com ele não contou até o m
foi porque um fator diferente lhe provou a disciplina. A sucessão
presidencial. A ama oposicionista passou à imprensa. Calou-se a
violência da tribuna substituída pela indignação dos jornais. Apoiou-
se à possibilidade de uma reação militar, muitas vezes prenunciada,
durante esse quatriênio, porém desfeita e retardada, graças à rmeza
corajosa do presidente. Conjurou, com igual energia, o espantalho das
conspirações monárquicas (com o excesso de mandar prender com
violência indigitados conspiradores, como o Conselheiro Andrade
Figueira)408 — e as ameaças da desordem armada, em que se revelavam
os outros sebastianistas, os “saudosos” do marechal. Faltou-lhes o Rio
Grande do Sul.409

Ainda desta feita Pinheiro e Castilhos agiram com fria habilidade: em


vez de romperem com o presidente, que respeitava, no
reconhecimento de poderes, a “vontade dos estados”, deram-lhe uma
solidariedade tranqüilizadora. Por três vezes (disse-se) Pinheiro
obstou a que explodisse a revolta.410 Devia temê-la. O que mais queria
o castilhismo, Campos Sales concedera — na lógica do seu “sistema”: a
política dos governadores. Apontavam-se as colunas desse regime: os
partidos republicanos de São Paulo, de Minas Gerais, do Rio Grande,
fechados, organizados, hierarquizados, máquinas dóceis na mão forte
do chefe. O Mineiro teve o irônico apelido de Tarasca: articulava as
“maiorias locais”, obedientes à direção unitária, do governador todo-
poderoso.411 Pinheiro tornou-se no Senado o advogado dessa situação
— que confundia com a própria forma federal. Não esquecessem que
se afastara de Prudente e repelira a “paz de Pelotas” para não permitir
que impusessem ao seu estado a revisão constitucional. Era o noli me
tangere, a belicosa sensibilidade da autonomia, a que consagrara a
espada de general honorário... A dissidência paulista facilitou-lhe a
adesão ao presidente.

A DISSIDÊNCIA

Quebrou-se a coesão, propiciada pelo reconhecimento de poderes de


1900, com a repetição, mas em escala reduzida, da incompatibilidade
do presidente e do vice-presidente, que, em 1897, transtornara o
panorama nacional. Pretextou-a um caso pessoal: a demissão do
procurador da república no Recife.412 Rosa e Silva, e, com ele, governo
e deputados pernambucanos, declararam-se em oposição. Em
setembro de 1901 che ou Prudente o protesto paulista contra aquele
extremado presidencialismo e exigiu a reforma da Constituição.413 Não
era possível manter-se a ordem republicana sem a liberdade,
con scada pelo sistema vigente!

De muito preparada (a rmou Rodrigues Alves),414 explodiu a


dissidência com a revisão constitucional de São Paulo, para que
Bernardino de Campos, candidato à sucessão do presidente do Estado
que acabava de ser indicado para a da república, fosse eleito por quatro
anos, não pelos dois que lhe faltavam.415 A Prudente e seus amigos a
combinação pareceu insuportável (governos instituídos por força de
interesses conjugados, sem consideração pelas “minorias”): e
denunciou-a, como primeiro passo para a organização de um partido
contra o Poder. Não vingou o partido, mas prevaleceu a idéia. Nela
enraíza, na resistência às formas personalistas da república, o
movimento de regeneração dentro dos próprios quadros republicanos.
Que o presidente fosse eleito, não pelo sufrágio universal, tão
defraudado, porém pelo Congresso; que se regulamentasse o artigo 6
da Constituição (quanto à intervenção nos estados); que se uni casse
no país o processo judicial...

Meses antes se reagrupara no Rio Grande a oposição, para soltar


também o seu grito revisionista: mas pelo parlamentarismo.416

OUTRO PAULISTA

Não custou a Campos Sales fazer sucessor o probo conterrâneo que


presidia São Paulo, Conselheiro Rodrigues Alves. As bancadas de
Pernambuco e do Maranhão (que o hostilizavam) contentaram-se em
adotar, para a vice-presidência, um nome do Norte: o paraense Justo
Chermont. Nilo Peçanha, no estado do Rio, sustentou o de Quintino
Bocaiúva para presidente: porém desesperançadamente, numa
homenagem sentimental ao patriarca da “propaganda”. Com o
presidente de Minas Gerais, Silviano Brandão, como companheiro de
chapa, Rodrigues Alves foi eleito quase unanimemente. Faleceu
Silviano antes da posse (26 de setembro de 1902), e, para o substituir
na vice-presidência da república, o situacionismo mineiro indicou
outro político da velha guarda: o Conselheiro Afonso Pena. Da união
dos dois grandes estados resultava de pronto o equilíbrio inabalável do
governo, a que a austeridade desses estadistas de moral rígida e natural
gravidade emprestou uma nova importância.

XIX: D

SOB O SIGNO DA PAZ


A diplomacia de Campos Sales (no ministério, o jovem mineiro Olinto
de Magalhães) foi feliz e vistosa.

É verdade que não compareceu o Brasil à Conferência da Paz que, a


convite do czar da Rússia, se reuniu em 1899 em Haia. Mas por uma
razão simples:417 único país latino-americano a receber a convocação,
que versava o tema do desarmamento, lutaria, se comparecesse, com o
duplo equívoco de assumir compromissos que não alcançavam os
vizinhos, portanto intempestivos, e de reduzir forças... que procurava
recuperar. O descalabro da Marinha, subseqüente à revolta, a
ine ciência do exército, provada no ano anterior, a necessidade de
reaparelhar-se, para pôr em pé de defesa os seus humildes recursos,
aconselhavam o contrário, isto é, a ausência de congressos
internacionais que lhe dessem deveres sem garantias, platonicamente.

Em compensação, acercou-se amistosamente da Argentina, com o


encontro cordial dos presidentes, em visitas que inauguraram um
período de cooperação leal.

Pouco antes o Presidente Júlio Roca (veterano do Paraguai, com


su ciente autoridade, no seu país, para dar um rumo inesperado à sua
política externa) se entrevistara no Estreito de Magalhães com
Arrázuriz, presidente do Chile: e esse aperto de mãos dissipara a
ameaça de um con ito entre as repúblicas limítrofes, desavindas na
sua fronteira andina. Com o mesmo propósito de paz veio Roca, com
uma otilha de três navios, ao Rio de Janeiro (agosto de 1899), onde
foi acolhido com entusiasmo e franqueza, exatamente como em
Buenos Aires seria recebido, dois meses depois, o Presidente Campos
Sales, ao lhe retribuir, com equivalente cerimonial, a visita.418 A
vantagem foi desacreditar a balela, de que uma prevenção incorrigível
dividia os dois povos, desencorajando a hipótese de uma guerra nesta
parte do mundo,419 os contendores se agrupavam em “blocos”. Deu a
ambas as nações a idéia amável de suas a nidades — elas que, desde o
m da campanha do Paraguai, pareciam apostadas exatamente em
mostrar as suas diferenças.
A QUESTÃO DA GUIANA

A vitória na querela do Amapá, com o laudo arbitral do governo suíço,


coroou a ação calma da chancelaria brasileira. Este êxito aconselhou a
liquidação, por processo análogo, das dúvidas — mais difíceis de
esclarecer — existentes com a Guiana Inglesa.

Resultavam da expedição do geógrafo Schomburgk420 e da missão do


Pe. Youd a oeste do Rupununi — até aí reconhecido como limite — a
que se seguira, em 1840, a posse em nome da rainha da Inglaterra, e
em 1842, a ocupação à mão armada. Para obviar a violência
convencionou-se a neutralização do território até a solução
conveniente da pendência. O seu ponto de partida era a área
jurisdicional do Forte de São Joaquim, construído, em 1775, na junção
dos rios Uraricuera e Tacutu, e de onde os portugueses dominavam as
campinas adjacentes, o divisor de águas do Essequibo e do Rio Branco,
a margem esquerda do Rupununi, por isto considerado
tradicionalmente a fronteira da Amazônia e da Guiana. Assim era até
1814, quando os holandeses cederam aos ingleses aquela zona; e
continuava assim em 1838, quando o próprio Schomburgk reconhecia
ser o Rupununi esse pací co limite.421 A questão tornou-se
subitamente grave com o erro das autoridades brasileiras de não se
estenderem para leste do Forte de São Joaquim, nele se conservando,
porque era a baliza, solidamente estratégica, a velar pela comunicação
natural, do Rio Branco com o Amazonas — erro que permitiu a
incursão do estrangeiro, de bandeira arvorada. Essa ocupação de fato,
a despeito da documentação, foi fatal ao direito do Brasil. Não se
assemelhasse às questões — mais simples — de Palmas e Amapá, o
litígio da Guiana britânica. Nestes, o ocupante obstinado éramos nós.
Rio Branco confessou certa vez, “o nosso direito não era tão fácil
provar nesse caso quanto nos casos das missões e do Amapá”.422
Escrevera, em 1897, uma sucinta “memória” que resumia a contenda,
para uso do ministro em Londres, Sousa Correia.423 Murmurou-se que
habilmente recusara advogar a causa, com o pretexto de que não
acabara a do Amapá, porque previa o fracasso. Tornou-se inevitável
com a escolha do árbitro, não o grão-duque de Baden, como primeiro
se pensou, porém o Rei da Itália, mais inclinado ao poderio inglês do
que à simpatia americana.424

A contenda teve de ser decidida sem mais protelações, quando no


tribunal arbitral, que, por exigência dos Estados Unidos,425 julgara a
questão de limites entre a Venezuela e a Inglaterra, o jurisconsulto
Martens, exorbitando no alcance do pleito, se referiu à fronteira com o
Brasil pelo... Tacutu (3 de outubro de 1899). Com o seu espírito de
previdência, antecipara-se a diplomacia brasileira ao desfecho dessa
contenda dizendo-se nela interessado: e prontamente protestou contra
a conclusão abusiva, em pleito a que não concorrera, exigindo, por
conseguinte, o arbitramento adequado. Negociou-o o Ministro do
Exterior, General Dionísio Cerqueira (com a sua sensibilidade de
explorador exaustivo dos con ns amazônicos), e este acerto se
concretizou no Tratado de Londres, de 6 de novembro de 1901.

O árbitro foi o jovem Rei Vítor Emanuel .

SENTENÇA ARBITRAL

Para produzir a defesa e acompanhar, na Europa, o desenvolvimento


do litígio, Campos Sales escolheu Joaquim Nabuco.426 Distanciado do
partido monárquico por sua nascente con ança na república, agora
que se fortalecera, com a dissipação da anarquia jacobina, o grande
orador se sentiu livre para aceitar a distinção. Malsinado embora pelos
antigos correligionários, aquiesceu ao convite para ministro em
Londres, na vaga aberta com o falecimento de Sousa Correia; e
organizou os dezoito tomos do seu arrazoado, excessivos para a
demonstração do direito, insu cientes para demover a justiça... de
Salomão.

Conhecida em 6 de junho de 1904, a decisão do Rei da Itália


decepcionou a opinião brasileira. Firmou-se no elementar direito de
ocupação.427 Quis ser eqüitativa. Atribuiu à Inglaterra o território entre
os rios Maú-Tucutu e o Rupununi — consagrando a usurpação de
1840. Desprezou o divisor de águas — a Serra de Pacaraima — e a
convenção imemorial das contravertentes, defendida, na colônia e no
império, pela diplomacia luso-brasileira, segundo a qual a bacia
amazônica, separada do Orinoco, do Essequibo, pela linha de
montanhas que lhes aparta os a uentes, não podia ser escoadouro das
Guianas. Trouxe o domínio britânico às ribanceiras do Tacutu, o que
era abrir-lhe o Rio Branco e, por ele, o Amazonas. Quebrou aquele
histórico privilégio. E isto repercutiu na sensibilidade da nação. Em
contrapartida, negou o árbitro o limite pelo Cotingo, pretendido pelos
ingleses, e o recuou ao Maú (e à Serra de Roroíma) — com o que
equilibrou aparentemente o resultado, 19 mil quilômetros para a
Guiana britânica, 13 mil para o Brasil... Disfarçou Nabuco o insucesso,
consolando-se com este pensamento salomônico: “Em tais
circunstâncias folgo de ter recuperado para nós o trecho que mais nos
convinha”.428 Em verdade, nunca se refez deste desgosto, que o
surpreendeu, depois de ter empenhado admiráveis esforços na defesa
da sua causa.

A chancelaria brasileira tinha ganho, pouco antes, o seu mais ruidoso


triunfo: o Acre.

XX: A   A

A BORRACHA

A “questão do Acre” é a das regiões desconhecidas, que os pioneiros de


Leste integraram à viva força no território nacional: e a este respeito —
complemento da formação do império, ainda inconclusa em 1889 —
tem evidente analogia com o ciclo histórico da ocupação do
continente. O que, no século , os portugueses zeram, alastrando o
domínio sobre o litoral salteado pelos “ ibusteiros” (conquista da costa
setentrional); o que zeram no século  os paulistas, entrando a
região das “missões”; e no século  as “bandeiras”, que
descortinaram a zona do ouro, da Mantiqueira aos lindes de Mato
Grosso — empreenderam, depois de 1860, os exploradores da bacia
amazônica, atraídos pela árvore da borracha. Há, na história territorial
do Brasil, o período da borracha, como o do diamante, o do ouro, o da
cana-de-açúcar, o do pau de tinturaria. Deve-lhe o Amazonas a
prosperidade desentranhada da selva pela bravura silenciosa de levas
de imigrantes nordestinos (sobretudo cearenses, tangidos em
multidão, pela seca de 1877, para aquele novo campo de trabalho): e o
conhecimento de todos os rios navegáveis, tributários do grande
caudal, até há pouco mal apontados nos mapas. A resina preciosa
justi ca esse deslocamento de populações ávidas de riqueza, a sua
expansão rápida pelos vales insalubres em que frondejavam os
seringais. O preço crescente — com o aproveitamento industrial da
goma429 — aguçou o interesse dessa invasão, que ia esbarrar, Juruá e
Purus acima, na fronteira boliviana. Resultou do povoamento
tumultuoso, no sentido das nascentes dos rios que despejam no
Solimões, o problema dos limites com a nação vizinha, teórico ou
geográ co em 1860 (quando Duarte da Ponte Ribeiro delineou na
carta a confrontação conveniente), mas difícil e sentimental em 1895,
quando, dramática, surgiu a “questão”.

A “LINHA VERDE”

Resolveu-a no papel o tratado subscrito em La Paz em 27 de março de


1867, pelo qual a linha limítrofe seria “uma paralela” tirada da margem
esquerda do Madeira em latitude Sul 10° 20’ “até encontrar o Javari”,430
explicando que, “se este tivesse suas nascentes ao norte, aquela linha
seguiria por uma reta tirada da mesma latitude a buscar a nascente
principal do mesmo rio”. Parecendo uma solução, era uma
problemática, com a agravante da ambigüidade. Em verdade, o mapa
de Ponte Ribeiro, a cuja luz se acordara a composição, já previa a
oblíqua, da foz do Beni às cabeceiras do Javari, entrando no triângulo
assim de nido a parte principal do curso do Purus e do Juruá, com o
Vale do Aquiri (ou Acre), em 1867 praticamente desconhecido, e em
seguida investido e tomado — sem oposição de ninguém — pelos
caboclos cearenses. A questão tomou-se concreta e humana:
desistiriam esses ocupantes de seu direito de posse em favor do direito
convencional dos outros — quando, na realidade, as pendências sul-
americanas de que o Brasil participou se decidiam segundo o princípio
material do uti possidetis? O governo do Brasil, com a sua diplomacia
cordata, não quis negar o tratado de 1867, e mandou demarcar, com o
desejo de respeitar o prometido, a área litigiosa. Os seringueiros
disseram que não; por nada deste mundo reconheceriam a
propriedade estrangeira. A glória de resolver o con ito, com o êxito da
causa de seus patrícios (e a anexação da zona contestada) coube a Rio
Branco, Ministro das Relações Exteriores a partir de 3 de dezembro de
1902.

Mas a ação hábil da chancelaria teve a sua base na insurreição


acreana, movimento espontâneo dos sertanistas, num surto indomável
de resistência em que sobrelevam algumas guras de caudilhos. O
maior chamou-se Plácido de Castro.

A revolução, dando veemência ao uti possidetis, impeliu o governo


para a sua vitória diplomática.

PROTESTO E DEMARCAÇÃO

Tratou-se de demarcar a fronteira de acordo com o convencionado.

O Coronel Taumaturgo de Azevedo, chefe da comissão, interrompeu-


lhe os trabalhos, avisando que, se con rmado o traço do Beni ao
Javari, o triângulo abrangeria a zona povoada pelos brasileiros. Seria
inadmissível; e exonerou-se da comissão de limites.431 Surpreendido,
mandou o governo que o Capitão-tenente Cunha Gomes determinasse
a linha paralela do 10° 20’, abaixo da qual o território era
desenganadamente boliviano. Aproveitou-se disto o ministro da
Bolívia no Rio, Paravicini, para pedir ao Ministro do Exterior, General
Dionísio Cerqueira, lhe facilitasse a criação, às margens do Acre, de
um posto aduaneiro. O general consentiu: e Paravicini em pessoa
fundou Puerto Alonso — em 3 de janeiro de 1899. Tal iniciativa,
quando se discutia com azedume o domínio de uma ou de outra
nação, precipitou a luta. Reunidos rio acima, em Caquetá, os
seringueiros che ados pelo advogado José de Carvalho decidiram
tomar o posto e expulsar a autoridade estrangeira. Esta não resistiu. E
sobre Puerto Alonso, em 30 de abril de 99, utuou a bandeira do
Brasil. Agredira-se, porém, a soberania boliviana, e de pronto se
organizou em La Paz uma forte expedição, sob o comando do próprio
vice-presidente da república, Perez Velasco, e do Ministro da Guerra,
Ismael Montes. Enquanto essa coluna se deslocava penosamente para a
região contestada, o entusiasmo causado pelo atrevimento dos
sertanejos, com a ocupação da localidade boliviana, inspirou para uma
grande aventura o espanhol Luís Gálvez.432 Tivera meios de apoderar-
se de um segredo formidável. E dele fez a sua fortuna. O episódio
insere uma centelha romanesca na disputa acreana. Raramente um
caso de espionagem espontânea teve conseqüências tão inesperadas.

AVENTURA

Antigo diplomata, que trocara a elegância da carreira por uma vida


boêmia em Buenos Aires e no Rio de Janeiro, onde se arruinara,
explorando uma casa de jogo, surgiu Gálvez em Belém com boas
apresentações e sem dinheiro. Queria empregar-se na redação de um
jornal. O governador do Amazonas nomeou-o amanuense da
Assembléia. Conseguiu melhor, um lugar no consulado boliviano em
Belém, para traduzir papéis. Não admira que o cônsul lhe aproveitasse
os conhecimentos. Espantoso foi que lhe desse a traduzir a minuta de
uma negociação, em que a comissão demarcadora, che ada por
Paravicini, propunha, por intermédio do cônsul norte-americano,
nada mais, nada menos do que a entrega do Acre... aos Estados
Unidos. O documento, assinado por Paravicini e pelo Cônsul Luís
Trucco, constituía uma proposta de tratado, em que a Bolívia daria aos
Estados Unidos, por sua intervenção, o abatimento de 50% sobre a
borracha exportada, e, na hipótese de guerra, o território...433
Evidentemente careciam os proponentes de autoridade para tais
aberturas, nem a tinha o funcionário yankee ali estabelecido. Mas tudo
conspirava para dar excepcional importância à idéia. Estava-se em
1899. Em plena dollar policy, triunfante nas Antilhas com a guerra de
Cuba, a expandir-se pelo Pací co com a ocupação das Filipinas,
proclamando-se que Teodoro Roosevelt seguia as lições imperialistas
do Capitão Mahan. A América do Norte, mais interessada do que
nenhum outro na borracha brasileira, poderia interessar-se por
aqueles disputados domínios... Havia o exemplo sul-africano. Não
sofrerá Portugal o vexame do “protocolo” britânico, com a Chartered,
a British South Africa Company que se meteu entre Angola e
Moçambique, para lhe tomar aquele sertão imenso? Talvez em
Washington não se tivesse ainda pensado nisso. Porém em La Paz —
como prova a cessão de 1901, ao Anglo‐Bolivian Syndicate, se
considerou essa possibilidade. Não sabemos se Paravicini agia por
conta própria. Gálvez é que não teve dúvidas. Apoderou-se do segredo
e correu a Manaus. O Governador Ramalho Júnior também acreditou.
Foi a fortuna do aventureiro. Convenceu o governador a antecipar-se,
com um golpe teatral. Precisava de recursos. Recebeu 600 contos de
réis. Queria armamento. Teve tudo. À fantasia de Paravicini respondeu
com outra espécie de sonho: um Estado independente, na selva, de que
fosse fundador e herói, como Houston, no Texas, como Kruger, no
Transvaal, como o personagem de opereta que pretendera criar, no
Amapá, a sua monarquia... E meteu-se a fundo na oresta.434

Gálvez zera o seu plano.

Alcançou Porto Acre (novo nome de Puerto Alonso) e, a 14 de julho,


proclamou o Estado Independente do Acre. Impôs-lhe uma bandeira,
verde e amarela, com estrela vermelha ao centro. E telegrafou,
comunicando a fundação daquela república — de que passava a ser o
chefe. Um sonho equívoco, que a princípio seduziu aqueles
guerrilheiros rústicos, porém acabou logo, achando eles melhor
reembarcar o estranho sujeito no seu navio, de volta para a capital. A
resposta, por outro lado, do governo federal à originalidade dessa
revolução fora a ordem, para que a otilha do Amazonas afugentasse
os amotinados. Era tarde para os desarmar. Com a chegada da força
boliviana os ânimos em Manaus se exaltaram: e o Governador Silvério
Néri cedeu a Orlando Correia Lopes e a alguns rapazes destemidos
copioso material e o vapor Solimões. Apossaram-se de uma lancha
boliviana, a que deram o nome de Rui Barbosa, e foram
imprudentemente enfrentar a tropa de Perez Velasco. Chamou-se com
razão “expedição dos poetas”, essa leva de intelectuais moços e
voluntários inexperientes, que, a 15 de novembro de 99, saiu de
Manaus com heróicos propósitos e, no Natal, chocando-se com a
guarnição boliviana, que se instalara solidamente em Porto Acre,
debandou, desbaratada, para Caquetá — num insucesso triste.435

Depois desse fracasso, dir-se-ia perdido o território abaixo da linha


Cunha Gomes, e o governo brasileiro conformado com a situação,
quando a denúncia de Gálvez, sobre a possível participação de terceira
potência, tomou outra forma. Não se tratava, em verdade, de cessão
aos Estados Unidos, mas de um negócio em que entravam grossos
capitais anglo-americanos, apoiado nas futuras compras da U.

S. Rubber Co., inspirado pelo ministro boliviano Félix Avelino


Aramayo: o pacto rmado em Londres, a 11 de junho de 1901, com o
magnata Whitridge, em nome do e Bolivian Syndicate of New York.
A empresa caria com o monopólio da zona acreana, exercendo aí os
direitos scais e de polícia, que têm na África e na Ásia as chartered
companies. A marcar o prestígio da organização, para a sua
presidência entrou um primo do Presidente Teodoro Roosevelt...
Divulgou-se a notícia que a Bolívia transferira ao capital
internacional436 a responsabilidade do Acre. A imprensa vozeou o seu
protesto. Coincidiu com outro motivo de enfurecida irritação dos
seringueiros: a ordem dada pelo novo comissário boliviano de Puerto
Acre, Lino Romero, para que, sob pena de perda das propriedades, as
levassem a registo na sua repartição pelo prazo de seis meses, a partir
de 1o de maio de 1902.437 O Governador Silvério Héri autorizou
Rodrigo de Carvalho a instalar em Caquetá um posto scal, que
justi caria nova concentração armada, sobre o rio, teatro das batalhas
previstas. E Rodrigo, que era rio-grandense-do-sul, lembrou-se de um
antigo o cial federalista, seu conterrâneo, talhado para che ar a
insurreição. Comunicou-lhe as suas intenções; e ofereceu o
comando.438 Chamava-se José Plácido de Castro.

PLÁCIDO DE CASTRO
Apesar de um passado de provações, combates e viagens, que lhe
tinham enrijado a bra militar, não passava Plácido de um moço de 28
anos, metido nos seringais do Purus a executar modestamente os seus
trabalhos de agrimensor. Interrompera os estudos na escola de cadetes
de Porto Alegre, por incompatibilidade com a situação local; engajado
contra a vontade no exército legalista se bandeara para a revolução;
subira a major; exilara-se, e tentara a vida de pequeno funcionário, no
Rio de Janeiro. Atraía-o a ação; mudou-se para aquela fronteira,
desconhecido, laborioso, pací co. Na realidade, vibrava com a causa
de seus patrícios, inteirara-se das suas possibilidades de luta e
acariciava o sonho de os dirigir, numa guerra disciplinada. Aceitou o
comando. Autoritário e astuto, possuía as qualidades indispensáveis
para a conjuntura: a primeira, a con ança em si mesmo. Como o
problema básico da campanha era a obediência, formulou condições.
Queria ser atendido como chefe; e passaria pelas armas quem faltasse
ao compromisso. Precisava reconhecer o rio até as origens,
ponderando os recursos bolivianos. Subiu-o dissimuladamente, sem
que descon assem dos seus planos. Em seguida, propagou a revolta,
até reunir dois mil homens, com os seus “ri es” e a sua formidável
vontade de brigar.439 E a 6 de agosto investiu o Arraial de Xapuri, que
não resistiu. No dia imediato, proclamou enfaticamente o Estado
Independente do Acre.

Pensava nisto, ou era um ardil, para desviar das autoridades


brasileiras a responsabilidade do con ito? Diria Rio Branco, na
exposição de motivos com que apresentou ao Congresso o Tratado de
Petrópolis,440 que proclamara “a sua independência [...] com o intuito
de pedir depois a anexação ao Brasil do território ao norte do Rio
Orton”. Aliás invoca a ata, que no momento se lavrou, “acrisolado
patriotismo”, “coração do brasileiro”, “espírito ordeiro e correto do
brasileiro”; e Plácido, no seu primeiro decreto, assentou que leis,
moeda, língua, no novo Estado, seriam do Brasil. Era um separatismo
de ocasião: estalava como uma rebelião sagrada, o desespero dos
caucheros.

A luta começou mal, batido Plácido, com pouco mais de sessenta


companheiros, em Volta da Represa (18 de setembro). Retorna, cerca o
povoado, força-o a capitular em 5 de outubro de 1901. A rendição é
honrosa,441 contagia de desânimo os bolivianos concentrados em
Puerto Alonso. Este teria de cair: caiu após demorado sítio, em 24 de
janeiro de 1903.442

A AÇÃO BRASILEIRA

O infortúnio de suas armas encheu a Bolívia de indignação, e o


Presidente Pando anunciou que marcharia em pessoa para o teatro dos
acontecimentos, com fortes recursos de gente e material. Rio Branco
assumira a 3 de dezembro de 1902 a pasta das Relações Exteriores.
Tivera tempo para se inteirar do perigo que constituía a concessão
feita ao Bolivian Syndicate, do estado de irritação dos brasileiros, com
a luta desigual que se feria no Acre, a necessidade de opor-lhe, com a
rmeza que lembrasse a forte diplomacia do império, os seus
embargos. A 24 de janeiro de 1903, no mesmo dia em que os
bolivianos, cercados, se rendiam a Plácido de Castro, expediu uma
circular telegrá ca, em que pro igou o negócio feito pela Bolívia com
o Sindicato de Nova York, “monstruosidade legal”, “semelhante às
concessões da África e indigna do nosso continente”. Terminava,
gravemente: “O Sr. Pando, presidente da Bolívia, propõe-se marchar
contra os súditos brasileiros do Acre. O presidente do Brasil decidiu
concentrar tropas nos estados limítrofes do Amazonas e Mato
Grosso”.443

Em 3 de fevereiro o ministro do Brasil dizia em La Paz da má


impressão causada pela partida do Presidente Pando, com a sua
expedição. Em Londres, os Rothschild prestaram ao nosso governo um
serviço con dencial: convidados para evitar que os capitais ingleses
encorajassem um atrito entre o Brasil e os Estados Unidos em razão da
U. S. Rubber Co. e do sindicato do Sr. Whitridge, obtiveram (28 de
fevereiro) a desistência deste, com o cancelamento do negócio,
mediante a indenização, à vista, de 110 mil libras. Vitoriosa a
mediação dos banqueiros, ultimou em Nova York a renúncia do
sindicato a ação conjunta do ministro brasileiro, Assis Brasil, e do
advogado da legação, John Bassett Moore, amigo de Rio Branco, que
emprestou ao caso a sua pro ciência: em 11 de junho de 1903 rmou-
se o ato conclusivo. Esta diligência isolou as partes contendoras, para a
solução direta. Precipitou-a Rio Branco, com a ordem à otilha do
Amazonas para entrar os rios acreanos, ao tempo em que se deslocava
de Manaus a coluna de infantaria e artilharia, sob o comando do
General Olímpio da Silveira.

O território passaria a ser ocupado, até o de nitivo tratado de


fronteiras.

O modus vivendi foi assinado em La Paz, a 21 de março de 1903, um


dia depois do aparecimento, em Empresa, do Major Gomes de Castro,
que, em nome do general, assumiu o comando do Acre Setentrional.
Plácido, a quem a intervenção burlava os propósitos de lutar até o m,
não resistiu: limitou-se a mudar (3 de abril) a sua capital para Xapuri.
O General Pando (após a marcha de 2.000 quilômetros) não passou de
Puerto Rico (sobre o Orton) a pouca distância da foz do Tauamano.444
Seria inevitavelmente atacado pelo ardoroso caudilho. Mas o acordo
de trégua lhe suspendeu o ímpeto, retendo-o no momento em que a
guerra assumiria proporções consideráveis. Tornara-se escusada: a
chancelaria ganhara a partida.

Abriu-se em julho a negociação direta, já não mais do tratado de


1867, porém — como era óbvio — em atenção ao “manifesto direito”
da posse.

Para começar, declarou Rio Branco não conhecer o mapa da “linha


verde”, de 1860, sobre o qual se tratara em 1867, com a sua oblíqua do
Madeira às nascentes do Javari: o mais antigo que encontrou foi de
1873, e pouco valia, porque esboçado como interpretação, não como
norma ou diretiva do pacto... Sem a carta, que atestava a intenção dos
dois governos quanto ao traçado geodésico, podia criticar os
antecessores (“em suma, e é o que importa saber, o governo brasileiro
desde ns de 1867 apontou a opinião que mais favorecia à Bolívia”) e
concluir, como concluía Rui falando ao Senado, em setembro de 1900
— que a linha, em vez de ser a oblíqua ao Equador (estuário Beni-
Mamoré às origens do Javari, seja, de 10º, 20’ a 7º), era simplesmente o
paralelo (10º, 20’), ou “linha Cunha Gomes”, de que resultava carem
no Brasil as cabeceiras do Juruá, os mais ricos trechos do Purus e do
Acre...

Errou, quando desprezava, por inexistente, o mapa em que os


antecessores se tinham apoiado, na sua mal julgada benevolência. O
fato é que, dias depois, confessando o equívoco, se apressou a
con denciar a Gastão da Cunha (relator da comissão de diplomacia da
câmara) que neste passo corrigisse a “Exposição de motivos”.445 Era
injusta.

O fundamento real da causa brasileira lá estava, não nas peças


históricas, que os acontecimentos deixavam longe, mas na ocupação
do território discutido, donde os pioneiros jamais sairiam. Tinham a
prioridade da chegada, o direito da propriedade, o valor da posse; e o
sentimento nacional, em que a escudavam. A lei não devia ser dos
títulos, mas dos fatos. Isto proclamara Rui em 1900: bastava o uti
possidetis.446 Quem tomasse a terra contestada era — como na Guiana
— o dono. Ou continuaria a luta.

Negociaram o tratado — que se concluiu em Petrópolis a 17 de


novembro de 1903 — Fernando Guachalla e Cláudio Pinilla, pela
Bolívia, e Rio Branco, Rui Barbosa (que três meses depois se retirou da
comissão)447 e Assis Brasil.

TRATADO DE PETRÓPOLIS

Resume-se o acordo na cessão ao Brasil da “parte meridional do Acre”


reconhecidamente boliviana, povoada exclusivamente de brasileiros, e
que se estimava em 191 mil quilômetros quadrados, contra uma
pequena área de 3.200, na con uência de Abuno e do Madeira, a
construção de uma estrada de ferro entre o Madeira e o Mamoré,448 a
liberdade de trânsito por esse caminho e pelos rios até ao mar, e dois
milhões de libras a serem pagos em duas parcelas. Exultando de júbilo,
declarou o chanceler na sua Exposição de Motivos ao Congresso:
“Efetuamos a nossa primeira aquisição territorial desde que somos
nação independente”.449 Fora realmente assim.

E os acreanos? Teria mais relevo a anexação, se, em vez de enriquecer


um estado, o Amazonas, o governo federal lhe desse a categoria,
inédita no país, de território (à maneira norte-americana e argentina).
Foi o que fez (decreto 1.181, de 25 de fevereiro de 1904). Plácido de
Castro e os seus adeptos não queriam que o Acre passasse para o
Amazonas. Mas não caram satisfeitos com a administração, mais
distante, do poder central. É certo que logo despontaram vilas e
cidades, onde antes acampavam os seringueiros na sua desordem
heróica. Faltava-lhes porém a justiça, com autoridade, à sombra da lei:
e Plácido foi vítima dessa conjuntura. Forçado pelo General Olímpio a
dissolver o seu exército, maltratado pela ocupação militar, que
ingratamente o considerou um homem perigoso, quando em verdade
acabava, com a sua intrepidez, de dar ao Brasil toda a região, foi Rio
Branco que o desagravou, fazendo que o Ministro da Guerra
admoestasse e substituísse o comandante da força. Com o governo do
Acre meridional, foi em 24 de junho de 1906 con rmado na prefeitura
do Alto Acre, da qual o destituiu a sua incompatibilidade com a União.
O novo prefeito, Coronel Gabino Besouro, temeu que, despeitado, se
revoltasse, reunindo ainda uma vez os sertanejos. Realmente,
indignado com as violências policiais que o vexavam e ofendiam,
Plácido começou a mobilizar os antigos companheiros. Gabino
Besouro, para atalhar o levante, convocou-o a uma conferência, em
que a paz foi combinada.450 De volta para as suas terras, em 9 de agosto
de 1908, alguns facínoras, a mando do subdelegado Alexandrino José
da Silva, que fora um dos seus capitães e era agora o seu maior
desafeto, o tocaiaram no caminho, abatendo-o com dois tiros.

O assassinato do pioneiro encerrou a fase de bravia aquisição e posse


dramática do território, em cujas orestas se travara o mais grave dos
con itos de fronteiras que tivera a república e em cujos roteiros,
abertos à penetração civilizadora, corria agora o comércio pací co.451
XXI: O   R A

GENTE ANTIGA

Oriundo embora da velha política, Rodrigues Alves era um espírito


arejado pelas aspirações do progresso, que levara ao governo paulista.
Diferençava-se dos conterrâneos que o antecederam, o nancista e o
paci cador, pelo senso, ou antes, pela bravura (tipicamente paulista)
das realizações. Tinham eles desbravado o caminho, com o
apaziguamento e a reabilitação do crédito. Cansara-se a nação da
anarquia política (dissipada com as místicas revolucionárias) e da
voraz administração scal, que arrecadava sem construir, para pagar.
Exigia melhoramentos civilizados, obras nobres e inadiáveis,
desenvolvimento. “O advento desta era não está longe”.452 O ministério
re etiu-lhe a intenção — de sacudir o país com um forte sopro de
prosperidade — a que acrescia, oportuna, a indiferença pelas
questiúnculas e quizílias do passado, jacobinos e monárquicos,
orianistas e sebastianistas, república de colete encarnado e azedos
reacionários deplorando-lhe as misérias... Compunham-no um
engenheiro, Lauro Müller, um político, J. J. Seabra, um nanceiro
clássico, Leopoldo de Bulhões, um veterano (e dissidente) da
“consolidação”, o General Argolo, o Almirante Júlio de Noronha, que
projetava reorganizar a Marinha,453 e, o maior de todos, o Barão do Rio
Branco.

Impregnado de tradição imperial, dizia Rio Branco (carta de Berlim,


8 de agosto de 1902): “Eu não poderia desempenhar as funções do
cargo como entendo que devem ser desempenhadas, e como o foram
por Uruguai, meu pai, Maranguape, Sinimbu, Abrantes, Abaeté,
Cotegipe e outros ministros”.454 Estabelecia a continuidade moral,
comparando a diplomacia burocrática (Visconde de Cabo Frio) com a
dos “estadistas”. Invocava-os. O barão deu ao governo do conselheiro o
toque histórico (os positivistas diriam que era monárquico) que, em
verdade, se reduziu ao repúdio das paixões e excentricidades de dez
anos antes. Começou pela substituição, na correspondência do
ministério, de Capital Federal por Rio de Janeiro, tirando-lhe o
tratamento de vós e o galicismo, saúde e fraternidade...455 Protestou
Miguel Lemos, sem eco, contra a eliminação dessa fórmula, que tinha
a seus olhos importância fulgurante. Voltara aos conselhos do governo
senão o antigo regime, pelo menos o seu estilo, com o sistema — o
claro sistema brasileiro de que o barão fora o geógrafo e o funcionário.
Circunstância conclusiva: o povo respeitou-o, chegou a amá-lo,
admirando a distância o homem superior, que servia imperialmente a
república, desprezando-lhe a vulgaridade. Habituou-se a isolar o
Itamaraty, com o seu velho espírito, da Rua do Ouvidor, com a sua
oposição boêmia. Era razoável que se inaugurasse, no Largo da Glória
(produto de antiga subscrição popular), o monumento do Visconde do
Rio Branco. Dava razão às gerações extintas. O caso do Acre justi cou
a escolha e os métodos do segundo Rio Branco.

VIDA NOVA

O governo foi de rijo trabalho. Depois da calamidade, o reerguimento.

Proclamou, na mensagem de 3 de maio de 1903, que reinava calma


na zona política e chegara o momento da ação, a começar pela capital,
cujos defeitos “afetam e perturbam todo o desenvolvimento nacional.
A sua restauração, no conceito do mundo, será o início de uma vida
nova”.456

A idéia de vida nova, com a restauração, ou seja, a remodelação


urbana, resumiam-lhe o programa. No caso, vida nova seria arrancar à
Rua do Ouvidor, rebelde e estreita, o prestígio de permanente meeting,
substituindo-a pela avenida larga em que circulasse, desanuviada, a
opinião serena... Devia começar pelo Rio de Janeiro a incorporação do
Brasil no século , para que, atualizado, correspondesse à nação rica,
sua sala de visitas e não seu porto sujo. Requeria-se a picareta do
progresso, que rasgasse os traçados, a engenharia, que os planejasse,
sobretudo higiene, sem a qual nada disto valeria a pena. Os inimigos
eram simultaneamente a tradição e a febre amarela. Mobilizou o
presidente, engenheiros e médicos: e, com Pereira Passos, Paulo de
Frontin, Oswaldo Cruz, conseguiu rapidamente o prodígio — que foi a
transformação da capital.

O PREFEITO PASSOS

O Engenheiro Passos, afamado ferroviário, aceitou a prefeitura com a


condição de a exercer com plenos poderes, numa espécie de ditadura
justi cada pela e ciência. O decreto de 29 de dezembro de 1902, que
reorganizou o Distrito Federal, adiando as eleições, deu-lhe essas
faculdades. Nomeado no dia seguinte, imediatamente instituiu a
comissão da Carta Cadastral, para projetar o alargamento das antigas e
a abertura das novas artérias, racionalizando a circulação, de modo a
ligar confortavelmente o norte, o centro e o sul da cidade. Lauro
Müller, atirando-se às obras do porto, lançou a fórmula: “Fazer
engenharia”.457 A Praça Mauá (chamada assim pelo monumento que,
signi cativamente, aí levantou o Clube de Engenharia, do pioneiro da
indústria) serviria de núcleo à irradiação das avenidas, de um lado a
das docas, que ia ter à Praia Formosa, do outro, de mar a mar, até a
tangente do Passeio Público, a Avenida Central. Dali seguiria a
Beira‐Mar, acompanhando as curvas suaves da baía. Traçadas as linhas
periféricas, importava desafogar o centro,458 reti cando e alargando as
ruas, de jeito a aliar a utilidade, do trânsito, ao decoro dos aspectos.
Foi o que o prefeito promoveu com uma pressa afoita, de quem não se
detinha diante de nenhum obstáculo para despejar os recalcitrantes,
derrubar as construções condenadas (e 550 foram demolidas para a
abertura da avenida), alinhar os logradouros espaçosos, vesti-los de
arquitetura adequada. Tornou-se-lhe anedótica a atividade, autoritária,
fulminante, irresistível. Apelidaram-no de “bota-abaixo”. Para acabar
com os quiosques que enfeavam as praças, antes do desfecho do litígio
com o concessionário mandou derrubá-los. Venceu, antecipando-se à
justiça, o pleito com os proprietários. Destelhava-lhes as casas,
ordenava a destruição dos pardieiros, assistindo, impávido, à remoção
dos entulhos... Curioso é que revelou a paisagem à cidade, voltando-a
para a sua natureza rutilante: desvendou-lhe a Guanabara, distorceu-a,
da posição oposta ao mar para a sua contemplação, valorizou-lhe o
“ambiente”, velado no dédalo das velhas ruas que lhe davam as costas.
O Rio diferente, a “cidade maravilhosa”,459 data desta formidável
iniciativa — encorajada pelo honrado apoio de Rodrigues Alves.

OSWALDO CRUZ

Era pouco, remodelar. Faltava sanear. Convidado o Dr. Sales Guerra


para dirigir a Saúde Pública, indicou um jovem bacteriologista, mal
conhecido, que estagiara três anos no Instituto Pasteur, de Paris, e
geria, em Manguinhos, o incipiente Instituto Soroterápico: Oswaldo
Gonçalves Cruz. Foi a revelação de um homem de luta, acrescido da fé
dos apóstolos. Aceitou, porque podia vencer: venceu, porque cumpriu
o seu programa. O governo surpreendeu o Rio com aqueles dois
realizadores: Passos — rompendo avenidas — e Cruz — exterminando
mosquitos. Custasse o que custasse!

Na realidade o higienista não propunha método próprio, que devesse


ensaiar numa população farta de experiências. Convencera-se de que a
febre amarela desapareceria, se acabasse o transmissor.460 Inspirara-se
no sistema norte-americano de pro laxia, graças ao qual o exército de
desembarque tivera tão escassas perdas nas zonas insalubres de Cuba
— o de Finlay e Gorgas —; e queria aplicá-lo com o mesmo rigor.
Afrontando o ceticismo acadêmico (dos que ainda criam na etiologia
da peste ligada às alterações do solo, às emanações miasmáticas,
contágio e clima),461 de niu Cruz em quatro pontos a campanha:
eliminar o inseto, remover os focos, isolar os doentes, imunizar pela
vacina especí ca a cidade.462

Para o vulgo, sem excluir grandes personagens, a primeira condição


era irônica (e Bilac dedicou-lhe uma sátira engraçada),463 a segunda
curiosa; a última — a vacina — um atentado. Os positivistas
manifestaram a sua repulsa. Com razões cientí cas, morais, religiosas
— se opunham à “monstruosidade”: a violência justi cava a
resistência... Resistiu ele ao ataque nos numerosos tons, de ridículo,
censura, oposição e revolta, mas exasperada revolta que lhe pôs em
perigo a vida. Libertou o Rio da epidemia — contra o Rio.
Nomeado a 23 de março de 1903, em sucessão a Nuno de Andrade
(empenhado aliás em utilizar o processo adotado em Cuba),464 logo a
28, organizou Oswaldo Cruz o combate à febre amarela — com o Dr.
Carlos Carneiro de Mendonça. Juntou a 15 de maio, em comando
único, os serviços federal e municipal; e, por aviso de 15 de abril, criou
a repartição (Pro laxia da Febre Amarela), com a polícia dos focos, a
interdição das habitações malsãs, a destruição da stegomya nos
esterquilínios urbanos, a nal a vacinação, nos moldes da lei alemã de
1874! Este prussianismo pegou a capital num estado de comoção
profunda.

Turmas de vacinadores, com policiais de escolta, de casa em casa, de


bairro em bairro, forçavam os moradores a se submeterem à incisão: e,
sem tempo nem prudência para advertir da vantagem daquilo,
aterrorizavam, como se espalhassem a peste, que evitavam... Os
incidentes foram múltiplos e sérios. Havia quem ameaçasse de morte
os sujeitos da higiene; os que se vangloriavam de os terem expulsado,
de arma em punho; os que, sucumbidos, aguardavam que
germinassem da vacina as atrozes conseqüências... A cidade não fora
informada!465 A imprensa e a tribuna somavam-se à política irritada
para convencê-la de que tudo isso violava a liberdade na forma menos
suportável de tirania, que era a sectária. Não acreditava o positivismo
na teoria da vacinação; os liberais contrapunham ao dever do Estado
— que assistia — o direito do homem — de não ser assistido; o povo,
supersticioso, achava que redobraria a calamidade, propagada
insidiosamente; e a demagogia, inspirando-se na reação, rebelou, nas
ruas, a populaça, e, nos quartéis, a juventude militar. Abaixo a
opressão — e viva Floriano!

CONTRA A VACINA

Tornou-se mais tensa a crise em novembro de 1904.

Havia comícios — como em 1897 — no Largo de São Francisco. Na


tarde de 10 de novembro a polícia deteve um orador popular e
interveio a cavalaria, para que a multidão não o livrasse. No dia 12
repetiram-se as cenas de agressão, o povo contra os policiais e a
ovacionar o exército. Rebentou a insurreição — aos gritos de abaixo a
vacina — nessa noite, e no dia seguinte, após agitada reunião no
Centro das Classes Operárias, à Rua do Espírito Santo, presidida pelo
Senador Lauro Sodré, acolitado pelo Deputado Barbosa Lima e pelo
Dr. Vicente de Sousa, orientador ostensivo do movimento. Em massa,
abalaram os manifestantes para o Catete. Foram contidos por pelotões
do exército e da polícia. Re uíram para as ruas centrais, apupando, de
passagem, o comandante da Força Pública, General Silva Piragibe.
Engajaram-se em tiroteio com as patrulhas, apedrejaram os bondes da
“Jardim Botânico” e os lampiões das Laranjeiras...466

A tibieza da repressão os encorajou, na Praça Tiradentes e


adjacências. Enquanto o chefe de polícia, Cardoso de Castro, e o
General Piragibe tratavam de proteger o Catete, espalhava-se o levante
pela Rua do Sacramento. Como os desmontes do Prefeito Passos
forneciam, a mancheias, as pedras com que podia fazer frente aos
soldados, atirando-lhas das barricadas rapidamente erguidas por
aquelas ruas estreitas, a insurreição tomara o aspecto vago de um
combate: e a autoridade, sem ânimo para uma ação valorosa, hesitava,
assustada. Já agora magotes de desordeiros queimavam os bondes,
cortavam os os telefônicos, assaltavam, no Mangue, a Companhia de
Gás... Segunda-feira, 14 de novembro, amanheceu a situação
dramática, concentrada a resistência no bairro da Saúde, que a
imaginação dos exaltados chamou de Porto Artur (evocando a guerra
russo-japonesa), e a conspiração militar ultimando-se, numa reunião
política sob a che a do Senador Lauro Sodré.

A REVOLTA DE TRAVASSOS

A revolta que nesse dia explodiu tinha como dirigentes Lauro, Barbosa
Lima, Alfredo Varela, General Silvestre Travassos, Major Gomes de
Castro... Interpretou-a Rui (dois dias depois, no Senado): “É um
movimento deliberado a se apoderar imediatamente do governo,
substituindo-o por uma junta governativa de três membros, dois dos
quais serão o General Olímpio da Silveira, com a che a, e o General
Travassos”.467

Não se pode confundir o movimento de 14 de novembro com as


arruaças que dominaram a cidade. Tinha sido concertado entre vários
o ciais positivistas (como o General Marciano Magalhães, irmão de
Benjamin), marcando-se para a parada do dia 15, comemorativa da
república, a explosão468 — favorecida pelo descontentamento popular.
Tomara o governo porém tais medidas preventivas que se anteviu
frustrado o golpe, com a abstenção de Marciano e, sobretudo, do
General Olímpio, incompatível com a situação desde que fora
destituído do comando no Acre. Desligou-se este depois de uma
entrevista infeliz com o presidente — em nome da classe. Ia expor
queixas do exército. Rodrigues Alves recebeu-o friamente; e se limitou
a dizer que falasse ao ministro...469 Decepcionado e prudente, o general
retraiu-se: não gurou na demonstração armada de 14, que deu a
Travassos um destaque lastimável. Às cinco da tarde apresentou-se na
Escola Militar da Praia Vermelha, onde, pouco depois, foi ter Lauro
Sodré. Gritava que decidira salvar a república, e os alunos ainda uma
vez cometeriam esse sacrifício, pela pátria. O comandante, General
Bibiano Costallat, a quem aliás o ministro avisara da iminência do
levante, tentou dissuadi-lo. Travassos declarou-o preso; e numa festa
de brados e ovações, os cadetes, à volta, prometeram derrubar o
governo. Talvez não o tivessem derrubado, mas o abalariam, se no
ímpeto dessa belicosa fúria se lançassem ao Catete. Perdeu-os a
cautela, depois da leviandade. Como fossem poucas as armas, o
general mandou buscar as da Fortaleza de São João, ali perto. Mas essa
praça não aderiu... Perturbou-se. Faltavam os apoios com que contava,
ou presumia, na arrebatada credulidade. Ponderou; retardou-se;
quando saiu com os rapazes e um canhão Krupp, em silêncio, numa
marcha que estava longe de ser entusiástica, porque se toldara de
pessimismo470 — ia ao encontro do desconhecido. Curioso foi que a
coluna legalista que o defrontou na Rua da Passagem também
ignorava o número e as disposições do inimigo. Nessa rua escura se
chocaram duas forças surpreendidas e estonteadas...
Libertado, correra Costallat ao Ministério da Guerra, a dar parte ao
ministro, General Argolo, que convocou sem demora os contingentes
disponíveis, e os expediu para as cercanias do Catete. Assumiu
Piragibe o comando. Eram sete da noite. Não convinha esperar.
Decidiu detê-los com a brigada policial e o 1º de infantaria. Ao
chegarem à Rua da Passagem, o ruído de um cavalo os fez estacar: logo
espocaram tiros; e Piragibe ordenou três descargas. Após a fuzilaria,
sem perceber o que ocorrera, achou melhor retroceder. Mas a tropa,
espantada, debandou...471 Pior seria se fosse ele próprio vítima de
algum ardil dos adversários: e recolheu a palácio, com a notícia de que
houvera aquele choque, e já não tinha com que atalhar a marcha dos
cadetes...

O Ministro da Marinha, Almirante Noronha, sugeriu a Rodrigues


Alves — que ouvia, tranqüilo, os boatos contraditórios472 —
embarcasse num navio de guerra, de onde, a salvo, organizaria a
resistência. Recusou: o seu lugar era ali; e dali não arredava.473 Vários
dos presentes, consternadamente, confessavam o desânimo, quando,
pelo telefone do Hospital Nacional de Alienados, cuja linha não fora
cortada, Afrânio Peixoto, diretor do estabelecimento, enviou a
primeira notícia: os cadetes, abandonando as armas, se refugiavam,
com aparência de destroço, na Escola; e, pelo visto, acabara a sedição!
O telefonema esclareceu tudo. Soube-se mais tarde que Travassos
caíra, gravemente ferido, à segunda descarga da infantaria de Piragibe,
e fora socorrido numa casa da Rua General Severiano; que Lauro
Sodré, ferido seriamente, também se acolhera a uma família das
proximidades; havia um aluno morto; os outros, em confusão, iam
esperar nos alojamentos as conseqüências do desatino... A esta voz, um
frêmito de energia eletrizou o governo: e às seis da manhã o Ministro
da Guerra, de carro, com Lauro Müller, uniformizado de major-de-
engenheiros, a cavalo, e várias unidades do exército, se dirigiu para a
Praia Vermelha. Os navios da Armada se tinham acercado a distância
de tiro. Alinhou-se a força nas imediações; e um espetáculo
melancólico lá se ofereceu à sensibilidade dos vencedores. Havia uma
serenidade resignada; exaustos, aguardavam calados os cadetes as
admoestações de praxe; e as espingardas ensarilhadas indicavam que o
seu propósito era, quanto antes, a volta ao estudo... Foram mandados
presos ao quartel-general. Transportado para o Hospital Central,
morreu Travassos dias depois. E a repressão, desta feita implacável,
extinguiu as agitações arruaceiras, cujo núcleo forte era o bairro
marítimo da Saúde.

Acontecera na Escola Militar do Realengo algo de grave, que pôs em


evidência um nome: o do seu comandante, General Hermes da
Fonseca. Ao deixar o estabelecimento encontrou o Major Gomes de
Castro, que para lá se dirigia. Pressentiu que o m era sublevar os
alunos. Foi-lhe ao encalço, e antes que a sua palavra pudesse rebelar o
corpo de cadetes, prendeu-o no pátio, diante deles. Este gesto
inesperado os dissuadiu. Realengo não se revoltou. E o disciplinado
comandante, que assim se acreditou no conceito público, estava
indicado para exercer, no exército e no Estado, as comissões mais
ilustres: em meio a tantos temperamentos tímidos, mostrara um
caráter inteiriço, de sentinela da legalidade.

VENCEU O PROGRESSO

Atendeu o Congresso, ainda a 15 de novembro, à solicitação do


presidente, do estado de sítio por um mês. A limpeza das ruas
prolongou-se pelos dias 16 e 17. Investidos por marinheiros, infantaria
e alguns disparos da artilharia média da esquadra, debandaram os
defensores da Saúde, Porto Artur carioca. A polícia, intransigente no
castigo, deteve os que pôde apanhar, entre estes, sem dúvida, muitos
inocentes, e, enchendo com eles um vapor do Lloyd, os desterrou para
o Acre.474

Nos estados, só na Bahia se alterou a ordem, com o levante do 9º, ao


comando de um tresloucado alferes, Teodomiro de Queirós. Matou o
comandante, Fabrício de Matos, desceu com o batalhão para o bairro
comercial, quis resistir ao Coronel Sotero de Meneses, que, à frente do
16º, saíra a reduzi-lo, e caiu morto, por uma descarga intempestiva. Os
soldados, que não sabiam por que se tinham revoltado, fugiram; e
restabeleceu-se, de pronto, a boa paz.475 Jorge Tibiriçá, presidente de
São Paulo, que preparara a Força Pública para auxiliar, em caso de
perigo, o presidente, despachou-lhe o 1º e o 2º batalhões de polícia.476
Chegaram quando já se restabelecera a ordem. Ou antes: o seu destino
dependera da rapidez dos sucessos naquela noite lamentável; que,
lembrou Rui — “se a Escola Militar abala às sete horas da noite,
precipitando-se em frecha ao Catete, encontrá-lo-ia sem defesa capaz
de lhe resistir, e deixaria provavelmente o Sr. Lauro Sodré no posto
cobiçado”...477 Deixá-lo-ia, por pouco tempo.

A revolução carecia de ligações fora da capital, e contra ela se


apinhoavam forças políticas, interessadas em se manterem, e às
instituições, por todos os meios.

Falecera em Porto Alegre — a 21 de outubro de 1903 — Júlio de


Castilhos, chefe incontestável da situação rio-grandense.478 No governo
do estado desde 1898, Borges de Medeiros tinha como seu
representante na política federal Pinheiro Machado, que a partir de 4
de maio desse ano era vice-presidente do Senado. Tibiriçá, em São
Paulo, contava que o sucessor de Rodrigues Alves fosse Bernardino de
Campos.479 Não lhes servia a subversão da autoridade em proveito de
um militarismo sem oportunidade, com volta à sistemática positivista,
à paixão do orianismo retinto, num clima de reivindicações
rancorosas. Queriam o funcionamento da “máquina”, a conservação do
poder, essa legalidade de compromisso que superara o período das
dissensões sangüinárias. Encarnavam o presidencialismo ambicioso de
duração. Era a “política”, que se sobrepusera à “ideologia” — e o mais
que exigiu, no ano seguinte, foi o direito de fazer o novo presidente
sem a intervenção do sucessor. Pela “política”...

Amainada a tempestade, viu-se que o progresso por pouco não


pusera abaixo o governo, mas, com este preço, pagava os sacrifícios,
que tinha anunciado. A cidade transformara-se. A revolta popular
valera-se da pedraria das demolições para agredir a autoridade: foi
antes de surgir, do entulho dos bairros destruídos, a beleza larga das
avenidas alagadas de luz.
XXII: C 

NOVAS CIDADES

A idéia da “cidade moderna” foi das poucas que vieram da periferia


para o centro.

O Rio deixou-se conquistar pelo espírito revolucionário produzido


pelas audácias da riqueza — como no caso de Manaus480 e Belém — e
pelo arrojo da política — que criara em Minas Gerais, novidade
magní ca, Belo Horizonte.481

Explica-se o prodígio amazônico pela alta da borracha, a cujo


consumo atendia o Brasil com 98%: permitira a governos engenhosos
(Eduardo Ribeiro) substituir a cidade humilde (de A jangada de Júlio
Verne) por uma capital de belas ruas e arquitetura faceira, servida de
transportes elétricos. O exemplo mineiro particulariza-se na reação
municipal (com sede em Barbacena) à centralização em Ouro Preto,
fora das grandes linhas de circulação da província: foi possível, porque,
com a ruptura da tradição, o deslocamento da in uência (de Ouro
Preto para Barbacena), a coragem de homens empreendedores
(Presidentes Afonso Pena, Bias Fortes), os desesperados protestos da
cidade prejudicada não puderam alterar a decisão tomada. Deram-lhe
um traço dramático, de heroísmo administrativo. O fato é que a
comissão incumbida da mudança (che a de Aarão Reis) se xou no
Arraial do Curral del‐

‐Rei (que um decreto de 1890 denominou, republicanamente, de Belo


Horizonte), e entre 1894 e 97 construiu, em axadrezado racional,
cortado de diagonais, a vasta metrópole futura. Ao instalar-se ali o
governo mineiro, o país o admirou, tanto pela tenacidade, como pelo
descortino: a um tempo rompera com a rotina e dera ao país, a ela
agarrado, o antecipado modelo de uma civilização de ângulos retos, de
pistas de tráfego, de engenharia plani cada, de disciplina urbana
aliada de um romantismo sadio — com parques verdes entre massas
de alvenaria sóbria — num ar higiênico, de sertão. O que o governo
federal, apesar da Constituição, que lhe previra a transferência para o
planalto central, não ousou (ou só ousaria em 1956) — zera depressa,
cienti camente, aquela administração discreta...

São Paulo apresentava-se como um fenômeno de desenvolvimento


impulsivo, graças a dois fatores conjugados: o café e o imigrante.482 Em
1900 juntou-se-lhes outro elemento decisivo: a eletricidade. Em três
anos (1890–93) subira-lhe a população de 64.394 a 130.755.483 Quase
um milhão de estrangeiros recebeu o estado de 1889 a 1900: a maioria
(618.721) italianos. A alta do café permitia consideráveis obras
públicas, a técnica européia auxiliou a remodelação urbana, e graças à
energia elétrica (da e São Paulo Light and Power, com a primeira
usina hidroelétrica do Parnaíba) se conciliou ela com o surto
industrial que lhe completou a metamorfose. Não tardaria a esboçar-
se, na cidade acanhada e fria de outrora, cujo centro virtual fora a
Academia de Direito, o lineamento vigoroso que a trans gurou — com
a canalização dos rios, as grandes praças, avenidas como a Paulista,484
imitando os bairros de Paris e Milão, num luxo de formas novas (no
folhudo estilo de 1890) a exaltar o sentido criador, de uma sociedade
impaciente, seduzida por todas as fantasias de progresso.

O NOVO RIO

Fazendo correr em 1892 o seu primeiro tramway, a Companhia do


Jardim Botânico inaugurou o processo infalível de expansão da cidade:
o transporte que iria ligar aos subúrbios amenos o centro velho e
insalubre do Rio de Janeiro: projetou-a para as praias. A usina
termoelétrica de 62 kw da Rua Dois de Dezembro foi o núcleo de uma
revolução técnica: a substituição dos combustores de gás pela féerie da
iluminação total, dos lentos bondes de burro por aqueles carros
velozes, da modéstia de uma capital às escuras pelo esplendor noturno,
da concentração pela dispersão do povoamento urbano com a
conquista dos arrabaldes.485 Rasgou aquela empresa os túneis velho
(1892) e novo (1904) de Copacabana, onde a prefeitura ensaiou em
1898 os primeiros melhoramentos sistemáticos; e com a uni cação dos
serviços de transportes pela Light and Power (poderosa organização
canadense) começou para a cidade a era moderna. A usina de Ribeirão
das Lajes (1905–1908) deu-lhe força necessária486 para a luz das
avenidas (a vésperas da Conferência Pan-Americana) e possibilitou a
Exposição de 1908.

Propalou-se que era a mais iluminada capital do mundo... De fato


sofreu uma completa mudança, de sionomia, circulação, costumes e
mentalidade, cujo símbolo achamos no deslocamento da elegância
carioca da Rua do Ouvidor para a Avenida Central. Oh, como
sonharam outrora a repleta, estreita, medíocre Ouvidor487 os
provincianos que a consideravam a artéria vital da política, do
pensamento, da pátria, com o luxo, o comício, a redação dos grandes
jornais, a futilidade, a civilização... “O Brasil era o Rio; o Rio, a Rua do
Ouvidor”.488 E isto passa. Passou como as arruaças contra Oswaldo
Cruz e as sedições militares: a Idade Nova transferiu-se para a
desafogada Avenida, apropriada a outra espécie de tráfego: o
automóvel. É de 1906 esta maravilha (doze automóveis de aluguel).489
Concorreu vitoriosamente com o tílburi — até aí o carro barato à mão
da freguesia — em 1911; eliminou-o em 1917.490 A sua buzina desperta
a modorra burguesa: Fon‐Fon é o título da revista mundana, de 1907.
Veste-se a Avenida com todos os estilos arquitetônicos: parece um
mostruário acadêmico, a deslumbrar um povo estonteado,491 contente
de ver no mesmo quarteirão o helênico, o renascente, o farfalhante
“1900”, a placidez clássica da Escola de Belas-Artes (Morales de los
Ríos), o teatral, das Exposições (Palácio Monroe)... Pereira Passos fez o
Teatro Municipal como a Ópera parisiense, de Garnier, em ponto
menor: e esse belo decalque encheu de orgulho a platéia na, em 1909,
quando, entre os bronzes e os mármores do monumento, o governo
ouviu da cultura (foi orador Olavo Bilac) o elogio do seu arrojo.492
Chalets, vilas normandas, palacetes torreados de um duvidoso gosto
de balneário concluem em 1918, quando Frontin abriu a Avenida
Atlântica — a moldura praieira de Copacabana, dotada, quatro anos
depois, do seu hotel palace, modelo do gênero. O corso de automóveis
preconizado pelo cronista Figueiredo Pimentel (1909), Flamengo
afora, a refeição galante no m de Botafogo (Pavilhão Mourisco),
depois no Assírio (debaixo do Municipal), a volta das praias alvas, o
obrigatório des le da avenida, desatam em ostentação e graça a antiga
timidez social, agarrada aos cafés e às esquinas do Rio histórico: e o
des guram. Pois acabara a febre amarela, romperam-se as avenidas,
alongava-se à luz a cidade renovada, viessem visitá-la os estrangeiros
ilustres! Vieram (como hóspedes do Barão do Rio Branco, que dava às
obras do Prefeito Passos o competente rendimento cívico) Ferrero,
Clemenceau, Tagore, Ferri, Anatole France, Doumer... Cantou Rubén
Darío (1906): “En Rio de Janeiro iba yo a proseguir... / Ya no existe allá
ebre amarilla. Me alegro!”.493

Havia o pitoresco da natureza a que o progresso opunha a sua réplica:


e uma febril imitação da Europa (até 1919) a que se seguiu (com a
máquina e o sport, sobretudo o cinema) a da América... O Rio
civilizara‐se!

XXIII: É  

O BLOCO

A sucessão de Rodrigues Alves foi disputada por três correntes


formadas na lógica desse regime de pessoas e não de partidos: de
Pinheiro Machado, chefe das combinações; do presidente, inclinado
para Bernardino de Campos; de Rui Barbosa. Vendo que não seria
aceito pelo governo, resolveu Pinheiro ganhar a batalha política
dividindo São Paulo: lançou com estrondo Campos Sales. Os
estudantes, a oposição paulista, acolheram com entusiasmo a
indicação, que estava longe de reunir as forças necessárias. Julgava-se
em Minas que devia ser mineiro o candidato; na Bahia o Governador
José Marcelino, rompendo hostilidades, se precipitara, apresentando
Rui. Houve, na confusão, um consenso: o repúdio da candidatura
patrocinada pelo presidente. Negava-se-lhe o direito de intervir.
Rodrigues Alves sentiu formar-se à sua volta o vazio. São Paulo,
cindido pela manobra de Pinheiro, que atirara contra Bernardino de
Campos o antigo chefe do estado; Minas, com a autoridade de sua
numerosa bancada, e já aí com disposições de reivindicação, obedecia
à palavra de ordem do seu presidente, Francisco Sales;494 a Rui, como
resultante do entrechoque dos grupos desavindos, só lhe restava o
silêncio.

É interessante observar como os vários competidores da candidatura


mineira (que Francisco Sales indicou — não querendo ser ele próprio
o candidato — Afonso Pena) saíram, uns após outros, da cena. Rui,
sem o apoio que lhe prometiam, desde que a bancada baiana seguia o
Governador José Marcelino, de aliança feita com Minas Gerais;495
Campos Sales, desiludido — em carta a Pinheiro —, e Bernardino,
renunciando à luta impertinente, ele que tinha a altivez do desinteresse
e da indulgência, deixaram livre o campo à sagração de Pena, pela voz
de João Pinheiro.496 Para vice-presidente, foi escolhido o uminense
Nilo Peçanha.

Procurava-se, de um lado, a linha média, que apaziguasse a situação


federal, do outro lado, o equilíbrio, que atendesse aos grupos estaduais.

A fórmula foi feliz: com a vantagem de eleger, fora do círculo


“histórico”, quebrando-o, um sério homem público que juntava à
condição de neo-republicano a simplicidade, digamos, a proverbial
prudência, dos velhos mineiros. Não vinha da ideologia de bandeirola
vermelha na lança gaúcha, da ortodoxia da “propaganda”, ou da
“oligarquia” econômica de determinada região. Procedia da “escola”
dos chefes municipais, da experiência “liberal” de Dantas e Ouro
Preto, da resistência de Minas às intromissões do poder central, da
oposição a Campos Sales e Murtinho, cuja política nanceira
paralisara a marcha do país. Era naturalmente contra a superstição dos
partidos, candidato do bloco (título traduzido do francês, bloc des
gauches...), em contraste com o antecessor, produto da convenção, na
linha sucessória dos presidentes paulistas, além disto crismado como
renovador dos processos, nesse regime lerdo e carunchado.
Em muitas coisas, porém (colegas de faculdade e amigos pessoais),
Rodrigues Alves e Pena se pareciam. Embora recomendado por um
manifesto de antagonismo ao Catete,497 assemelhavam-se pela
mentalidade, pelo sentido da ação, pelo gosto do empreendimento, da
reforma, da colaboração dos jovens, que dessem à sisudez da velhice o
seu clarão de audácia.

A “política” funcionava...

Mas os acontecimentos de Mato Grosso e de Sergipe mostraram,


nesse nal de governo, que o país não progredira tão depressa como se
imaginava.

SUCESSOS DE MATO GROSSO

Vimos que, em 1892, Generoso Ponce, com as forças irregulares que


levantara contra a insurreição dos quartéis, conseguiria restaurar com
a vitória armada o domínio da legalidade. Em 1899, porém, cindira-se
a política estadual; e, desta vez, sem o apoio do presidente da república
(de quem era poderoso ministro Joaquim Murtinho), fora vencido, e
se exilara. Subiu ao poder o Coronel Antônio Pais de Barros, cujos
processos de coação e violência levaram ao desespero os antagonistas,
dividindo o estado em partidos cheios de ódio. Generoso Ponce
revoltou-se a 6 de maio de 1906, em Corumbá, com 500 homens,
desembarcou aquém das defesas de Cuiabá, onde o governador se
fortalecera com a guarnição federal, e, unindo-se a contingentes de
toda parte, que acorreram ao seu encontro, num total de 4 mil
combatentes, estreitou um cerco irresistível.498

Manobrou Ponce a m de isolar a força federal, cujo comandante, o


Coronel Carneiro da Fontoura, decidiu, nessa emergência, manter-se
neutro; e, à notícia de que a brigada contra ele enviada pelo governo da
república, sob a che a do General Dantas Barreto — incumbido de
garantir o governo do estado —, já estava em Corumbá, apressou o
ataque. Lançou-o com tal vigor, que Pais de Barros — a 1o de julho —
fugiu de Cuiabá. No dia imediato o chefe revolucionário fez a sua
entrada triunfal. Cinco dias depois uma escolta, que seguia o trilho do
governador deposto, o surpreendeu na mata de Coxipó: e matou-o.499
Duplo desbarato sofrerá com isto a política de Rodrigues Alves:
fracassara no socorro à autoridade; e foi impotente para vingá-la. De
fato, Dantas Barreto, que, se tivesse chegado a tempo, atuaria como
agente da União para paci car o estado, nele intervindo, se contentou
em observar o sucedido, de que deu ampla notícia num livro denso.500
O Congresso, a quem o presidente “sugerira” decretasse a intervenção,
desandou em considerações protelatórias, a que juntou Rui, no
Senado, a opinião convincente. A batalha política foi ganha pelo
Senador Azeredo, ali o principal amigo de Ponce. Intervenção
justi car-se-ia, mas para restabelecer a ordem: e esta fora restaurada.
Assumira o governo acéfalo com a eliminação do titular, o 1º vice-
presidente. Quanto aos crimes, conhecesse-os a justiça... Em
conseqüência, foi arquivado o pedido de intervenção — com muitas
palavras de elogio ao direito de revolta, razão velha dos povos
cansados de sofrer!501

O braço do poder federal chegou mais depressa a Sergipe... Em


oposição ao presidente do estado, Guilherme Campos, e ao Pe.
Olímpio Campos, o coruscante tribuno Fausto Cardoso decidiu pô-los
abaixo: e a 10 de agosto de 1906, com a multidão, que o seguia, os
obrigou a abandonar o palácio. Homiziaram-se na torpedeira Gustavo
Sampaio. Do Rio, foi ordem para que o General Firmino Rego, com 9º
e o 16º de infantaria, repusesse a autoridade. Indignado, Fausto
protestou: morreria, defendendo a honra de sua terra. Afrontou, nas
escadas do palácio, a tropa; e caiu varado por certeiro tiro.502

Neste episódio vibra tardiamente a nota romântica das insurreições


populares do ciclo que se encerrara com os motins de 1904.

CONVÊNIO DE TAUBATÉ

No campo econômico outra revolução rebentara: manipulada, porém,


pelo governo. O Convênio de Taubaté, rmado em 26 de fevereiro de
1906 pelos presidentes de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro
(Tibiriçá, Francisco Sales, Nilo Peçanha). Valorizava o café. Atribuindo
a crise à oferta livre, resolveram sustentar-lhe o preço pela retenção
dos stocks, de modo a ir a exportação respondendo ao consumo: e
onerada da sobretaxa de três francos por saca, bastante para pagar
juros e amortização do capital indispensável ao custeio dessa
manobra.503 Uma novidade que abalou a economia liberal: intervinha
o Estado na lavoura e no comércio, limitando-os estatisticamente; de
forma empírica, é certo, mas já em nome do princípio inédito da
extensão do poder público à fazenda, ao armazém, ao negócio...
Aquilo era espantoso: e simples. Só mais tarde se chamaria
dirigismo.504 Tinha um precedente: a ação do governo russo contra a
especulação alemã do trigo...505 O estado de São Paulo (com garantia
federal) levantou na Europa o empréstimo de 15 milhões esterlinos: e
“estabilizou” a cotação do café. Teria sido um desastre, se as safras
subseqüentes não fossem pequenas, reduzidas pelas geadas...506 Mas o
estado assumira uma posição ousada de defesa do “principal produto”:
e dela não desistiria.

A FORTE DIPLOMACIA

O êxito da valorização do café nos meios nanceiros da Europa507


(Sielcken, de Hamburgo, Schroder, de Londres) não corre por conta
apenas do interesse mundial da mercadoria. Exprime a con ança que
conquistara o Brasil nos mercados, menos pelas exportações, cujo
ritmo lhe atestava o enriquecimento, do que pela diplomacia, forte e
sábia. Insistimos: estava-se no tempo do prestígio externo pelo peso
estatístico das armas, pelo fulgor protocolar das embaixadas, pela
arrogância dos impérios em expansão, isto é, em concorrência (de que
os episódios de Fachoda e Tânger eram explosões sentimentais);508 e
valia, no conceito internacional, a potência que falava alto, repelia a
cobiça estrangeira, deitava ao mar uma bela esquadra, manobrava com
vistosas legiões, e seduzia o capital sem pátria. Homem desse clima,
Rio Branco a ele se adaptou com esplêndida naturalidade: até porque a
sua idéia de defesa nacional (obsessão patriótica da sua política)
coincidia com o espírito da época. Tinha a nitidez do “sistema”. O do
Brasil na monarquia (e ninguém melhor o justi cou, continuador
devoto da obra do visconde seu pai) se concentrara no apoio dado às
Repúblicas vizinhas, para manterem a sua independência, enquanto
de níamos no mapa e no terreno, bem ou mal, a vaga linha fronteiriça.
A amizade das cortes européias e a distância dos Estados Unidos nos
ajudaram, ou pelo menos não nos perturbaram a tarefa. Na república o
“sistema” se apegou a outra doutrina: a de Monroe. Não foi um simples
cumprimento o nome que Rio Branco pôs no palácio da avenida, cópia
do pavilhão brasileiro da Exposição de São Luís (1904) — Palácio
Monroe. Colocou-se espertamente ao lado dos Estados Unidos na fase
decisiva do novo “manifest destiny” — quando precisavam, malquistos
em tese com os povos hispânicos pela guerra de Cuba, pela anexação
das Filipinas e de Porto Rico, de um amigo na América Latina.509
Vimos de que serviu essa aliança no caso do Acre. Funcionara
tacitamente em 1893, em 1895, em 1899; e o próprio Rio Branco dela
conservava — com o laudo de Cleveland na questão de missões —
uma impressão pessoal. Explorou-a. Tornava o Brasil invulnerável
quanto aos demais continentes; e destemeroso nas relações externas.
Esta tranqüilidade transparece na contenda com o Peru (a respeito do
Alto Purus e do Alto Juruá), a mais grave depois da querela boliviana:
e se lhe estende à política exterior até 1914.

QUESTÕES TERMINAIS

Originou-se a pendência com o Peru da invasão daqueles rios pelos


caucheros — em 1902 — lá estabelecidos como em terra conquistada.
Protestando, recusou-lhe o Itamaraty a participação nas negociações
com a Bolívia — em que não cabia terceiro; e assinado o Tratado de
Petrópolis, exigiu a retirada dos invasores. Só conheceria as suas
razões depois disto. Condescendia na arbitragem: contanto que
precedida da exibição dos títulos de domínio...510 Vários batalhões
foram então remetidos para a remota região;511 e como as armas
estrangeiras eram importadas através do Amazonas, Rio Branco
decidiu interceptá-las, embora esta violência pudesse precipitar a luta.
Mandou que fosse desembarcado o material bélico do vapor que o
levava para Iquitos — alegando tratar-se, não de represália, mas de
segurança; e assim — indo ao encontro da guerra para a evitar —
forçou a conversação amigável. Realmente secionara a artéria vital da
resistência em tais con ns. Concordou-se no Rio (o Ministro Hernán
Velarde e Rio Branco) em eliminar o dissídio pelo retorno puro e
simples à convenção de 1851 (a fronteira declinando do Javari para o
paralelo 11) com a provisória neutralização da zona disputada. Mas só
se rmou em 1909 o tratado nal. A demora deve-se ao Itamaraty,
interessado em esperar o desfecho da questão do Peru com a Bolívia,
arbitrada pela Argentina.512 Acertou entretanto com o Equador (6 de
maio de 1901) reavivar a linha ajustada em 1851 em Lima (na
dependência, é certo, do resultado do seu litígio com o Peru);513
de niu a da Guiana Holandesa (5 de maio de 1906), cerrando-lhe, pelo
espigão do Tumucumaque, a bacia amazônica; esclareceu com a
Colômbia (21 de abril de 1907) a divisória pelo Apoporis–Capuru–
Serro Caparro e Rio Regro, até a pedra do Cucuí, famosa pelo desterro
de 1892; e culminou emocionalmente a política afetuosa com o
Uruguai, instalando-o no condomínio da Lagoa dos Patos e do
Jaguarão.514 Com o Chile apertou laços cordiais (mais vivos com a
recíproca visita de navios de guerra, acolhidos entusiasticamente lá e
aqui). Contou na Argentina com a compreensão generosa de Saenz
Peña (na coerência de sentimentos de Mitre e Roca): e, se esbarrou em
1908 com a hostilidade amarga de Estanislau Zeballos, no incidente do
“telegrama nº nove” — a que aludiremos — não foi dele a culpa. Era
desavença antiga desdobrando-se em tardios alarmes...

Três sucessos brilhantes marcaram o período: o cardinalato obtido


para o arcebispo do Rio de Janeiro (1905), a elevação da legação em
Washington à categoria de embaixada, para Joaquim Nabuco;515 a 3ª
Conferência Pan-americana, que em 1906 se realizou com raro
esplendor na capital saneada, limpa e refeita.

PAN‐AMERICANISMO
Nos últimos anos do império desejara o governo brasileiro ter o
primeiro cardeal da América do Sul. Suspensa a negociação com o
advento da república — loso camente distante da Igreja — retomou-
a Rio Branco. Conseguiu de Pio  a púrpura para Dom Joaquim
Arcoverde, arcebispo do Rio de Janeiro. Nada faltava ao prelado para
esta dignidade, sequer, com a tradição de família, a imponente
presença, a que o prestígio do seu governo eclesiástico dava grandeza
principesca. Rio Branco fez-lhe aparatoso acolhimento, para marcar a
alegria do Estado por essa elevação; e contribuiu para lhe construírem
o palácio — em lugar da antiga residência arquiepiscopal da
Conceição — na Glória, onde fora o Ministério de Estrangeiros. O
chapéu cardinalício era um argumento de superioridade: “Primeira
vez que essa alta distinção recai em um prelado da América Latina”
(diz a mensagem presidencial de 1906); e amáveis relações com a Santa
Sé. Incluía o Brasil no Sacro Colégio — em nome de uma parte da
Cristandade, até aí ausente das pompas romanas: recomendava-a à
atenção universal.

Tudo contribuiu para a importância da Conferência Pan-Americana


em 1906,516 até, prelúdio inesperado, o caso da Panther (famosa
canhoneira do incidente marroquino) em Itajaí.

Foi em dezembro de 1905.

Para os que criam, como Sílvio Romero, no perigo alemão, a visita


aos portos do Sul daquele navio do Kaiser constituía um sintoma.
Houve unanimidade de protestos, porém, ao se saber que, em Itajaí,
por ter desertado um marinheiro, o comandante pusera em terra um
pelotão, para o capturar. Violou a soberania! O desembarque —
esclareceu-se — não fora para prender ninguém, somente para tomar
informações... Mas o clamor da imprensa induziu o Itamaraty a pedir
três navios de guerra, que obrigassem a Panther a entregar o desertor,
se realmente o levasse a bordo. Ao ministro alemão, que lhe falou do
risco disto, respondeu Rio Branco (certo da solidariedade americana):
“Pois que seja a guerra, se desgraçadamente for necessário!”.517 Não foi;
o governo de Berlim deu plenas satisfações; não houvera prisão em
terra, pelos marujos da canhoneira; e tudo acabou em cortesias. Mas
realçava o apoio dos Estados Unidos; popularizava-os. Por que em
1899 desistira o governo francês de mandar força para o Amapá?518 Por
que quatro anos antes tão facilmente terminou a usurpação inglesa da
Trindade? Tinha razão o chanceler: o seu embaixador em Washington
defendia “às maravilhas a política americanista” — em cuja honra a
Conferência se realizou com efusivo otimismo.519 Reluzente e breve.

Com efeito, o auxílio da grande democracia não bastava: tinha o


Brasil de aparelhar-se para os encargos dessa posição cara, que Rio
Branco lhe assegurava com a sua diplomacia sistemática; precisava de
Marinha, Exército, indústria de guerra; sobretudo espírito marcial.

Em 1908, foi este o pensamento dominante.

XXIV: A   A


P

ACIMA DOS GRUPOS

Eleito presidente, quis Pena, numa longa viagem marítima, conhecer


as necessidades dos estados, visitando-os. Inaugurou o costume da
excursão dos candidatos, não para cortejar o eleitorado, mas para ver
com os seus olhos as condições do país: e com isto o impressionou.
Escolheu os auxiliares fora das imposições partidárias, tendo o
cuidado de declarar, no banquete, em Belo Horizonte, que lhe
propiciou a de nição, que a política seria feita por ele.520 É como se
acrescentássemos: deixara de lado Pinheiro, com a sua tutela e a sua
pureza “republicana”... Separaram-se antes da posse do presidente,
naquele 7 de setembro de 1906 — quando em Belo Horizonte, com
Pinheiro Machado, se uniram os principais vultos da situação mineira
para festejar a ascensão de João Pinheiro ao governo do estado. O
chefe rio-grandense falou (pensando no programa de João Pinheiro)
da arregimentação dos responsáveis pelo regime num grande partido
nacional. Esquecia-se, nesse apelo aos propagandistas e apóstolos da
república, da condição de antigo monarquista do Conselheiro Afonso
Pena: e este, ou porque lhe tomasse o discurso como um desa o, ou
porque na verdade repudiasse a idéia de um partido (acaudilhado pelo
senador gaúcho) acima da sua autoridade, não perdeu o ensejo de
explicar, veemente, os presidentes colocam-se por sobre os grupos,
obedientes apenas à sua consciência... Cruzavam espadas: de uma
banda a tese do partido (de Glicério), a limitar o dirigente; da outra, a
sua independência (de Prudente a Rodrigues Alves). Venceu
evidentemente a teoria presidencial. A pasta da Fazenda foi para o
mineiro David Campista, um dos talentos do Congresso,521 a da Justiça
para o rio-grandense-do-norte Tavares de Lira, de invejável cultura, a
da Viação — preponderante, pelos projetos de grandes obras — para o
jovem baiano Miguel Calmon.522 Continuou no Itamaraty Rio Branco;
coube o Ministério da Guerra ao Marechal Hermes, disciplinado
comandante de 1904; o da Marinha cou com um veterano de 93,
Alexandrino de Alencar. À roda do conselheiro os colaboradores
moços, estalando de entusiasmos arrogantes, tiveram por alcunha a
mais amável das ironias: “Jardim da infância”. Exultava, com a sua
compostura veneranda de antigo Ministro da Coroa, entre doutores
adolescentes... Um deles, o primeiro do grupo, se avantajava pela
palavra fascinante, no prestígio raro de uma carreira triunfal: Carlos
Peixoto.523 Os outros eram Campista, Gastão da Cunha, João Luís
Alves, Estêvão Lobo, João Pandiá Calógeras, Miguel Calmon, os
gaúchos Pedro Moacir e James Darcy.524 Reunidos formavam menos
um jardim do que um acampamento espartano: temperavam nas suas
tertúlias as armas que derrubariam Pinheiro; o seu alvo era,
desenganadamente, o “caudilho”. A esperança: João Pinheiro.

Veremos como um imprevisto e um erro — a morte prematura do


presidente mineiro e a intenção de Afonso Pena de se fazer suceder
por seu Ministro da Fazenda — subverteram esse quadro jubiloso, que
durou o tempo de uma primavera...
ESTRADAS

A administração de Afonso Pena levou avante o plano de obras de


Rodrigues Alves, mas num ritmo em que, pela primeira vez, se
encontra a visão global da economia brasileira. Deixou de considerar
os problemas no quadro regional e os encarou em conjunto, a começar
pela viação, destinada a cobrir, com a rede de trilhos, as linhas vivas da
unidade do país. Devia-se ligar à bacia do Prata o São Francisco, pela
combinação das estradas do Rio a São Paulo (Central do Brasil), São
Paulo–Rio Grande,525 Passo Fundo ao Uruguai; e levar a Central a
Pirapora, porto uvial do Nordeste. Completada a comunicação do
Rio a Vitória, cogitava-se de prolongar a da Bahia, tanto para o
Espírito Santo como para Pernambuco (Great Western), aumentada
com o trecho de Timbó–Propriá: o circuito litorâneo. Outras linhas
conjugadas serviriam ao Rio Grande do Norte, ao Maranhão (São
Luís–Caxias), ao Ceará (Sobral e Baturité), a Minas Gerais (Sabará–
Santana dos Ferros, Oeste de Minas), a São Paulo (Faxina–Itararé e
Paranapanema)... Sem a Noroeste, de Bauru a Corumbá, a integridade
nacional continuaria à mercê da situação do Prata. Urgia prender o
Mato Grosso à civilização costeira pela ferrovia que alcançasse, o mais
cedo possível, a Bolívia: a Grande Leste–Oeste.526 Preconizada nos
planos de Honório Bicalho (1881), Bulhões (1882), André Rebouças
(1890), indicada como obra inadiável pelo Clube de Engenharia em
1904, iniciada no ano seguinte, deu-lhe o Ministro Calmon o ímpeto
decisivo. Rasgava o itinerário de penetração destinado a reti car os
rumos do povoamento histórico, atirando para a fronteira esse vínculo
de aço.

Desdobrou-se a ação do governo na conquista do Oeste, até o


Amazonas, pela rede telegrá ca, sob a direção do Coronel Cândido
Rondon, que, em 1891, com Gomes Carneiro, a tinha levado para leste
de Mato Grosso.527 Voltando àqueles sertões para os reconhecer,
conciliando com a civilização o gentio hostil, o grande explorador se
transformaria em protetor intransigente dos índios — na vastidão da
Rondônia.528 Urgia dotar o país de portos acessíveis e equipados,
dando ao Recife, à Bahia, a Belém, a Vitória, ao Rio Grande,
instalações análogas às de Santos,529 do Rio de Janeiro. Fizeram-se
rapidamente essas obras vitais. Foi particularmente útil o entusiasmo
da administração no “povoamento do solo”, cujo serviço (dirigido por
Gonçalves Júnior) registrou médias de entrada de estrangeiros jamais
superadas, antes e depois, e fundou cerca de vinte núcleos
orescentes... Outros serviços do período foram o de Estatística (sob a
direção de Bulhões), e Geológico (Orville Derby), a propaganda
econômica no exterior (Paula Ramos e Vieira Souto). Tratou-se de
melhorar o abastecimento de água ao Rio de Janeiro (a cargo de
Sampaio Correia) — sem o que caria inconclusa a tarefa de Oswaldo
Cruz — e de acabar com a malária na Baixada Fluminense (Carlos
Chagas e Artur Neiva).

Completava o programa nanceiro de David Campista esse acervo de


empreendimentos — com a sua delidade à moeda sã. Manter-se-ia
estável, com as emissões lastreadas, se, para lhes assegurar o
mecanismo, funcionasse, autônoma, a Caixa de Conversão. O
eloqüente ministro bateu-se esplendidamente por esta idéia: e, com a
Caixa, se imobilizou a taxa cambial (6 d.), normalizou-se o serviço de
amortização e juros da dívida externa; cresceu o crédito público.530
Mas (protestou Leopoldo de Bulhões) “importava no abandono da
política nanceira [...] que tinha contribuído para a situação belíssima
que atravessávamos então”: e redundaria num desastre, quando, com a
reforma de 1910, fosse autorizado o aumento da capacidade emissora
da Caixa, coincidente com o dé cit orçamentário constante (a partir
de 1908), a transformação dos saldos-ouro em papel, a
superabundância deste...531

“Rapidamente vingou a doutrina das grandes promessas aos grandes


serviços”.

Comemorava-se, a 28 de janeiro de 1908, o centenário da abertura


dos portos. Idealizou o Ministro da Viação (conterrâneo de Cairu)
uma exposição nacional, à semelhança das de 1861 e de 1874: mas de
proporções impressionantes. Localizou-a, com oridos pavilhões, na
Praia Vermelha: e para esse bairro fulgurante atraiu a deslumbrada
atenção do país. O Rio civilizara‐se: e a economia brasileira — ali
exibida — não lhe cava atrás...

A PAZ DE HAIA

Efetuara-se por esse tempo na Haia a conferência internacional


promovida pelo czar, em que os plenipotenciários conversaram, com
exuberância de teses, sobre a paz permanente. Conseguira Rio Branco
que Rui Barbosa, na che a da delegação brasileira, levasse a tão alto
congresso (o primeiro desta natureza a que o Brasil comparecia) a
lealdade das nossas intenções. O realce que ali teve o Brasil deve-se à
eloqüência do embaixador, que se impôs como gura excepcional; e a
sua rmeza — opondo-se a tudo que fosse hegemonia e prepotência,
descobre, na penumbra, a decisão formidável de Rio Branco. Não é
lícito separá-los, senão no que há de pessoal no desempenho: cumpriu
Rui as instruções quotidianas do Itamaraty, vigilante na reivindicação
de um lugar digno para o Brasil, irritado com a humilhação que se lhe
pretendia in igir, quali cado como potência de quinta categoria na
organização do Tribunal de Presas, ainda mais indignado com a
atribuição à América Latina de um único posto na corte em que as
grandes nações de primeira classe tinham cada qual a sua cadeira...532
Rui cou só, na recusa da composição do Tribunal de Presas; mas
dirigiu a revolta das nações pequenas, encabeçando as sul-americanas,
contra a segunda iniqüidade. Rio Branco telegrafou-lhe: “O Brasil não
pode ser desse número [...]. Agora que não mais podemos ocultar a
nossa divergência, cumpre-nos tomar aí francamente a defesa do
nosso direito e do das demais nações americanas”.533 Fez isto
soberbamente, abalando a assembléia com a sua dialética,534 deixando-
a prevenida do seu “veto” — que seria o veto irredutível à desigualdade
jurídica dos estados. Com esta atitude impediu (e foi o Brasil que
impediu) se formasse a corte com privilegiados e satélites, ao sabor dos
impérios... A Conferência limitou-se a sugerir o tribunal, deixando de
lado a questão da nomeação dos juízes e respectivo rodízio.
Reconheceria Gabriel Hanotaux: “A la conférence de la Haye, ce sont
les représentants des républiques sudaméricaines et notamment du
Brésil qui [...] ont positivement pris la tête de la pensée humaine”.535 E
Léon Bourgois: que podendo aliar-se aos grandes, preferiu car... “o
igual de Nicarágua, o igual de Honduras, o igual de Sião”.536 Não
importava: o essencial era essa con ança nos princípios, esse público
repúdio dos “consórcios” de força, em prejuízo da ordem universal!537

Dito isto no Riderzaal, na verdade quem menos acreditava na sua


sinceridade, por parte dos Estados poderosos, era o Brasil, despido de
estrutura militar que lhe merecesse o nome, a tentar refazer a
esquadra, sem dinheiro para maiores iniciativas.

FORTALECER PARA SUBSISTIR

Em meio dos confusos problemas internos, do choque entre a


mentalidade progressista e a rotina, convalescendo as nanças da
última crise e instável o governo, com o apoio inseguro das oligarquias
estaduais, o vulto que supera o pessimismo e a indiferença das ruas é,
maciço, tranqüilizador, o de Rio Branco. Concentra a política de
revigoramento e defesa da pátria; resolve-lhe as questões de limites
(“deus Terminus”, chamou-lhe Rui); aconselha o rearmamento de terra
e mar, dando-lhe ênfase grave; eleva o “prestígio” da república a níveis
somente atingidos pela monarquia em 1852, em 1864, em 1871.

Por ocasião do incidente com o Peru (1904) expusera o General


Argolo a penúria em que, desorganizadamente, se desmanchava o
exército. Mal se reerguera da decadência em que a guerra de Canudos
o surpreendeu (quando o Marechal Bittencourt lhe dera um esboço de
serviço de intendência) e já a inquietação política, a escassez de
material, a falta de tudo como que lhe apagava o entusiasmo
recalcitrante. Reação análoga — contra esse estado de coisas —
enervou a Marinha na administração do Almirante Alexandrino.
Exagerou Rio Branco — quanto à Marinha. Aconselhou a encomenda,
não de cruzadores médios, do plano de Júlio de Noronha, mas de
dreadnoughts, os maiores do mundo... O excesso era bem dele, na
propensão pelo brilho das armas (que historiara no passado), pelo
fulgor das aparências, em quadros decalcados da vanglória das nações
européias... Tinha um fundo de sabedoria: a ordem armada, ou, na
fraqueza do paci smo prematuro, a humilhação e a decomposição —
dos países indefesos. Podia lembrar o caso da Panther — com os
nacionalistas medrosos de outra irrupção imperialista.538

Mas os argumentos pairavam no ar, com a nevrose de uma guerra


geral, suspensa, iminente, incalculável.

VOZES GUERREIRAS

A administração do Ministro da Guerra, Marechal Hermes, foi intensa


e movimentada. Comandante do 4º distrito militar, marcara o início
de uma era de adestramento e entusiasmo do exército, promovendo as
primeiras grandes manobras em 1905, nos campos de Santa Cruz.
Mostraram que a tropa carecia de tudo...539 Pediu ao Congresso a lei de
alistamento e sorteio militar (nº 1.860, de 4 de janeiro de 1908);
organizou as grandes unidades e os seus quadros, incluindo o de
intendentes; criou outras (metralhadoras, artilharia de posição, a
cavalo e mista, esquadrões de trem, caçadores e cavalaria); dividiu o
país em regiões de inspeção; reforçou as guarnições do Sul e de Mato
Grosso; delineou a rede estratégica. A animação militar propagou-se
ao meio civil: e surgiram os tiros de guerra (regulamentados em abril
de 1907), que abasteceriam com reservistas de 2ª categoria o exército
permanente. A viagem do ministro à Alemanha, para assistir, a convite
do imperador, às suas célebres manobras (agosto a outubro de 1908),
deu ressonância internacional a essa política. Zeballos — na che a dos
negócios estrangeiros da Argentina — prestou especial atenção às
encomendas navais. Pelo programa do Almirante Noronha, se
reduziam a três encouraçados médios, outros tantos cruzadores, seis
caça-torpedeiros, três submarinos, um carvoeiro, um navio-escola.
Alexandrino (1907) (e Rio Branco) emendou as cifras: em vez de
navios de 13 mil, comprou dreadnoughts de 20 (Minas Gerais e São
Paulo). Foi como se um petardo lhe estourasse sob as janelas. Ferveu a
intriga dos “representantes dos estaleiros navais e fábricas de armas”,540
com a insídia de uma propaganda, em que o “perigo brasileiro”
desabrochava, odioso. Propôs-se que o Brasil dividisse com a
Argentina a frota adquirida... Mas Zeballos deixou em 21 de junho
(1908) o ministério: e para justi car a sua conduta antibrasileira
a rmou, num artigo, que as legações do Brasil em Buenos Aires,
Santiago, Montevidéu, Assunção, La Paz, Lima e Washington andavam
difundindo a notícia de que a Argentina ameaçava os vizinhos, para
completar, que o Brasil os defenderia. E transcrevia, entre aspas, dois
períodos de suposto telegrama de Rio Branco a uma delas. Desmentiu
o Itamaraty: jamais telegrafara coisa semelhante. Zeballos voltou à
carga, já agora com uma intimativa: “Revise el barón de Rio Branco su
archivo secreto del Pací co y lea el documento original... 17 de Junio
de 1908 [...] número 9”. O famigerado telegrama nº 9! Rio Branco
con rmou. Sim, fora transmitido, em cifra, à legação no Chile, via
Buenos Aires: apenas... a tradução não era aquela. Publicou-a, in
extenso, no seu texto, deplorando a captação do despacho e a versão
errônea, fruto por certo de embuste, em que caíra Zeballos. É imaginar
o constrangimento causado pelo incidente. Cessava, aliás, com a
singeleza da réplica. Todo o propalado cerco anti-argentino se
esvanecia, como uma espiral de fumaça.541 No ano seguinte, cogitava
Rio Branco do . . . Seria, num entendimento cooperativo, a cordial
inteligência entre a Argentina, o Brasil e o Chile. Consumado o acordo
(que em 21 de janeiro de 1909 propôs primeiramente ao ministro
chileno, em Petrópolis), cimentaria, de nitiva, a paz nesta parte do
continente.

Paz e justiça. Tem este sentido, embelezado pela espontaneidade, o


tratado de maio de 1909, em que o Brasil deu ao Uruguai o
condomínio da Lagoa Mirim e do Jaguarão (reformando, neste
pormenor, os tratados de 1851), com a livre navegação do Rio de São
Gonçalo, da Lagoa dos Patos, da Barra do Rio Grande.542 Rodó xou,
num traço apologético, a alta gura do barão: “La originalidad, acaso
única, de una obra de engrandecimiento nacional realizada, no ya
fuera de las torpes violencias de la guerra, sino aparte también de las
bajas astucias de la política ladina y artera”: “Un honor insigne para la
civilización americana”.543 Conta, nas suas Memórias, Ramón J.
Cárcano como facilmente (em 1911) conveio ele em desistir do
terceiro dreadnought encomendado à Inglaterra, suspendendo uma
pequena corrida armamentista: com superior loso a. Estava na sua
compreensão do “sistema” continental, que era, no Itamaraty de 1912,
a política exterior do Brasil. Faltou-lhe a base da ordem interna; o
bombardeio da Bahia fez baquear o seu coração cansado;
patrioticamente humilhado, sem poder conciliar-se com a estupidez
do atentado, começou por exigir, sob pena de demitir-se, a reposição
da autoridade deposta. “Se o senhor sair, eu também renuncio”, disse-
lhe, emocionado, o marechal. Seria segunda catástrofe, a retirada do
chanceler.544 Pareceu aquietar-se; adoeceu; e num breve declínio do
organismo pujante, no próprio ministério, que se tornara o seu lar, no
seu gabinete do Itamaraty, entre mapas, papéis e livros, junto à vasta
mesa de trabalho, morreu a 10 de fevereiro de 1912.

XXV: A  

HISTÓRIA REPETIDA

“Quem fazia política, era ele”... Com esta frase marcou Pena a linha
pessoal do sistema, extremada — como acontecera com Rodrigues
Alves — na escolha do sucessor. Não seria problema, se vivesse João
Pinheiro. O presidente mineiro sobrepujara o panorama dos partidos
com a individualidade imantada de ação e doutrina: poucos homens se
impuseram tão depressa ao país. A sua sionomia lembrava a de
Castilhos; o positivismo progressista e a energia de comando dele
faziam um chefe; mas vestia a rmeza dessas qualidades com as
maneiras suaves de sua gente, de quem tinha a obstinação e a
modéstia. Ele próprio, numa imagem rústica, traçou o paralelo de
gaúchos e mineiros, comparando a impaciência do cavalo à
perseverança do burro...545 Sem afoiteza, sem ênfase, sem provocação,
seguia pachorrentamente o seu caminho. Do Palácio da Liberdade ao
do Catete546 parecia curto, na crista calva das “alterosas” montanhas
natais... Vítima de moléstia que não perdoa, morreu a 25 de outubro
de 1908. Deixou desorientada a política — contra Pinheiro Machado.
Carlos Peixoto e o seu grupo, ao desabrigo, socorreram-se de David
Campista. O presidente por ele se declarou em dezembro. O Ministro
da Fazenda seria o candidato. Cometia a imprudência do antecessor,
com Bernardino de Campos. De mais não precisava o adversário para
o abater, dissolvendo, no fragor dessa liquidação, o “jardim da
infância”.

Romperia Rui Barbosa o combate por conta própria: negava ao


presidente o direito de apresentar sucessor. Lembrou Rio Branco.
Pinheiro parecia concordar com Campista. De fato, tudo faria para
arrebatar a Carlos Peixoto a che a da política. Venceu-o, com a
candidatura do Ministro da Guerra.

O FULGOR DA ESPADA

No ambiente pairava, signi cativamente, a mística militarista. Bastara


um ano, entre 1907 e 1908, para se modi car na opinião geral a crença
da doce paz.547 As palavras de Rui na Haia pertenciam a um período
ndo. O Brasil devia armar-se, como as demais potências, em franco
desa o estatístico; e o marechal, operoso e educativo, personi cava o
exército. Abraçava-se a Rio Branco e Alexandrino nesse pensamento
de ressurreição do poderio militar. Depois do episódio da Panther, o
governo alemão queria reconquistar a simpatia brasileira: convidou-o
para assistir, ao lado do Kaiser, às grandes manobras. Rio Branco deu à
viagem a ressonância esperada; e a sua volta — o reformador do
exército do Brasil homenageado pelo primeiro exército do mundo! —
foi festejada com estrondo. Ali estava, de plumas e bordados, o
candidato... Curiosa repercussão do “hermismo” nascente foi, em 15
de novembro, a comemoração da república no Clube Militar. A
habitual apoteose a Benjamin, santo da casa, se converteu num ato
votivo a Deodoro, retirado a nal do olvido ingrato. No intervalo da
sessão Lauro Müller — com a sua esplêndida perspicácia548 — falou a
Antônio Azeredo: para acabar com a candidatura Campista, a do
marechal... Pinheiro, presente, aprovou a idéia... Levada por Azeredo a
Rui, este a fulminou: militarismo nunca!549 A do glorioso tribuno, com
efeito, parecia a candidatura espontânea, afagada pela convergência
dos mais favoráveis fatores, deles o maior a sua autoridade cívica.
Disse-lhe Pinheiro que a lançaria, se trouxesse o beneplácito
presidencial.550 Isto não, protestou Rui, com a sua teoria da abstenção
do chefe do Estado; e escreveu com vivacidade a Afonso Pena,
dissuadindo-o de apresentar o conterrâneo.551 Mas o presidente se
iludia com o apoio dos governadores; insistiu. Começou a desenganar-
se com a rebeldia de Bias Fortes, em Barbacena: a situação mineira
cindia-se... Uniam-se os baianos em torno de Rui, separando-se do
“bloco do Catete”.552 Albuquerque Lins, em São Paulo, e o governo rio-
grandense ganhavam tempo, aparentando acompanhar o presidente.
Estourou a crise com as homenagens prestadas ao Marechal Hermes a
12 de maio, seu dia natalício. Tiveram o vigor de um pronunciamento.
Desabava com isto a política o cial. A 14, o presidente pediu a palavra
de Minas (a Venceslau Brás) e o marechal, que nunca lhe falara,
venceu a nobre timidez lendo ao Ministro da Justiça, Tavares de Lira, a
carta em que a rmava que os militares não se achavam
necessariamente afastados das funções políticas.553 Nesta frase estala a
histórica divergência... Empossando-se na presidência da câmara a 5
de maio, Carlos Peixoto usara a palavra certa: “Somos capazes de
praticar a liberdade civil, impedindo”... o “cesarismo”. A 15, escreveu o
marechal, pedindo demissão do ministério. Convidou-o o presidente
para conversarem, e mostrou que, favorável a Campista, não fora ele
quem lhe levantara a candidatura. Quanto aos militares, nada obstava
a que fossem candidatos, sem todavia lhes reconhecer o direito de
apoiarem-se na força...554 Mas o marechal deixou o governo; e a 17
respondeu Venceslau (selando a sorte da candidatura Campista) que
embora mantivesse os seus compromissos, não poderia evitar, se
persistisse, a cisão no estado. Imediatamente desistiu Campista, e
Peixoto, sem explicações prévias, num discurso inesperado,
abandonou a presidência da câmara. Nela só poderia continuar como
expressão da unidade da bancada mineira...555 Livre cava o caminho à
candidatura do marechal, consolidada em reunião que se realizou na
casa de Pinheiro Machado (em que o nome de Rui foi posto de lado)556
— e sufragada em assembléia que Francisco Sales presidiu no Senado,
a 22 de maio — com Venceslau Brás como seu companheiro de chapa.
“Fomos pedir e impor a S. Ex.ª a aceitar a candidatura presidencial”...
com “todo o cunho civil”,557 preveniu Pinheiro ao Senado. Contava
com a impugnação de Rui; e a tempestade “civilista”.

O presidente é que não tinha mais saúde para os grandes abalos.


Profundo desgosto minava-lhe as energias desde que, em novembro
último, perdera o lho Álvaro, seu o cial de gabinete. Faleceu
subitamente a 14 de junho, vítima — bradou a oposição — de
“traumatismo moral”.558

NILO PEÇANHA

Subiu ao governo (pelo restante do período) o Vice-presidente Nilo


Peçanha. Efusivo, de gestos largos, tirando do convívio do povo as
inspirações da política sublinhada de intenções liberais, repetiu em
relação a Afonso Pena o contraste de Manuel Vitorino com Prudente
de Morais. Trouxera da sua formação republicana em Campos a frase
altissonante e a galhardia da atitude. Com isto marcou a mudança que
se operara no país. Começou-a pelo ambiente carioca. Inaugurou, um
mês depois, com um espetáculo rutilante (de Paris romântico) o
Teatro Municipal — para que na mais francesa das datas, 14 de julho,
começasse a funcionar a primeira Ópera da república. Recebeu
memorável aclamação ao descer do landau559 — como um presidente
da “troisième” à porta do grande e imperial teatro —, para che ar, do
seu camarote dourado, a exposição de opulência e arte que, naquele
salão suntuoso, unia a elegância ao Estado. Falou Bilac. A peça era de
Coelho Neto.

Restabelecia-se o equilíbrio; o governo convidava à euforia, à


con ança... Mas não à paz.

RUI BARBOSA
Rui alvitrara o nome de Rio Branco. Foi em vão. Concentrou em torno
de sua rebeldia os baianos, os paulistas, a juventude das academias, as
multidões, ávidas de protesto, predispostas à reação. Chamou-se
civilista, esta resistência, contra o militarismo. Candidato proclamado
pela convenção de 22 de agosto, tornou-se Rui o arauto da regeneração
civil da república, que em 1889 ajudara a fundar, com as espadas. Eram
exagerados os termos. O exército cara à margem da contenda; e com
o marechal se alistavam civilíssimos expoentes da política diuturna.
Mas os movimentos eleitorais se fazem menos com programas do que
com insígnias, e a antítese serviu. Sacudiu, emocionou, dividiu a
nação, que, entre agosto e março,560 viveu a experiência (somente
renovada em 1921) de uma campanha sem exemplo. Envolvendo, pela
primeira vez, a tese da consulta ao povo, estabelecia o dilema do
presidencialismo autoritário, arrimado às armas, e do liberalismo
republicano, com as promessas constitucionais. A agitação “civilista”
tem a expressão difusa de uma revolta de consciências, contra a
estrutura e o automatismo de um regime que se elaborava no mistério
dos conchavos e não na luz dos debates. Nela se desdobrara a tentativa
de dar autenticidade à opinião, vigor e sinceridade ao voto, verdade e
direção à política, fora do personalismo solitário. Rui era o único que
podia sublevar o país com o verbo doutrinário. Porque à incomparável
virtuosidade oratória unia a tradição dos combates incessantes em
defesa da Lei, da Justiça, das Liberdades. Não o acusassem de
demagogo, pois à demagogia se opusera em 1893 e em 1897; não o
dissessem republicano insincero, pois fora um dos organizadores do
sistema; nem era lícito classi cá-lo entre reacionários ou oportunistas,
porque em cada episódio vivido estava uma batalha contra as paixões
azedadas pelo ressentimento. A mocidade consagrou-o patrono do seu
idealismo. As populações saíram à praça para saudá-lo. O país — sem
acreditar na sua vitória — comoveu-se com a sua palavra.

SIGNIFICADO DA LUTA

Lançada por Pinheiro, Glicério, Azeredo, a candidatura do marechal,


Rui, antes de mais nada, tirou-lhe a conseqüência: “Quero o exército
grande, forte, exemplar, não o queria pesando sobre o governo do país.
A nação governa; o exército, como os demais órgãos do país,
obedece”.561 Desta premissa deduziu a objurgatória, que foi crescendo à
medida que progredia a campanha. “Que me importa a mim,
senhores, o espantalho? Não nasci cortesão. Não o fui do trono; não
quis ser da ditadura; da própria nação não o sou; não o serei das
baionetas”.562 O civilismo era a antítese, a revolução branca do voto, a
regeneração, pelo povo. Evidentemente estava de antemão vencido
pela “máquina”.

Começou a viagem eleitoral por São Paulo (16 de dezembro), cujas


multidões galvanizou com a eloqüência; foi à Bahia (14 de janeiro),
onde leu a Plataforma, com o seu programa revisionista;563 e a Minas
Gerais (17 de fevereiro), calorosamente recebido em Juiz de Fora,
Ouro Preto, Belo Horizonte. Estavam com ele as elites letradas, a
juventude escolar, as minorias locais a braços com as “oligarquias”.
Tirados os votos inveri cáveis do interior, onde a eleição se fazia ao
sabor do governo, a de 1º de março pode ser considerada vitoriosa
para o civilismo. Mas o Congresso “reconheceu” os candidatos da
maioria; e empossou-se o marechal a 15 de novembro de 1910. Rui,
que lhe contestou a legitimidade, dizendo-se esbulhado, continuou em
oposição. Seguiu, inabalável, a linha de sua doutrina. Se preferisse ser
hábil, teria vibrado nos adversários o golpe decisivo. Bastava dar mão
forte à política anti-pinheirista que cresceu junto à presidência, no
meio militar em que ela se situou, e ajudá-la, na guerra a Pinheiro —
tão fraco em 1910 como em 1908, con nado agora (por Mário
Hermes) na defensiva a que Carlos Peixoto o reduzira.

Não querendo distinguir entre o presidente e Pinheiro, nem se


prestando a dividi-los, para os combater, fez por quatro anos a crítica
do governo, sem poder moderá-lo.

Assistiu, amante de cólera cívica, à ronda das “salvações”.

XXVI: O  


RECOMEÇA A DESORDEM

Um período calamitoso de intervenções armadas se inaugurou, antes


mesmo da posse do marechal — com o bombardeio de Manaus pela
otilha do Amazonas (8 de outubro de 1910). Apoiadas por
Pinheiro,564 os adversários do governador — que cara com os
civilistas — assim o depuseram, substituindo-o pelo vice-governador.
Um fato diferente: a ilegalidade o cial!

À primeira violência impune e vitoriosa — turvando o ambiente,


outras se seguiram: de um e outro lado. Se os graduados se excediam
ao Norte, os subalternos podiam insurgir-se ao Sul... Mal se iniciara o
quatriênio presidencial assombrado de tantas ansiedades, foi o Rio de
Janeiro abalado pela mais estúpida das ameaças: os canhões dos
couraçados que eram o orgulho da rejuvenescida Marinha. Na noite de
23 de novembro se amotinaram os marinheiros no Minas Gerais.

O pretexto era o inumano regime de castigos de bordo, vergonhoso,


mas subsistente, nessa Armada que se renovava. Dias antes tentara um
marinheiro matar à traição um camarada: e o Comandante Batista das
Neves mandara aplicar-lhe cinqüenta chibatadas. Os motivos
transcendentes se perdiam entretanto noutro terreno. De portos
ingleses e chilenos, alguns tripulantes tinham trazido complicados
planos anarquistas. Dizia-se que a senha circulava por outras marinhas
da Europa e da América. O Cabo João Cândido, que aparece como
chefe, por ser um timoneiro hábil, foi o cialmente a primeira gura do
levante. Dirigiram-no uns poucos, escondidos na penumbra em que
tudo se desenvolveu. Tal era o segredo (e também o inopinado da
explosão) que a o cialidade foi apanhada de surpresa, sem tempo para
se defender, e aqueles esplêndidos barcos entregues à fúria do motim.

Naquela noite, ao voltar Batista das Neves do jantar a bordo do navio


francês Duguay Trouin, a maruja, como enlouquecida, a ele se atirou.
O o cial de serviço, 2º Tenente Álvaro Alberto, deteve-a de espada em
punho, esgrimiu com as baionetas que o acometeram, abateu um dos
atacantes e recebeu no peito três golpes. Munido da baioneta que
arrebatara a um grumete, e com um marinheiro el ao lado, o
comandante exortou a chusma alucinada a retroceder. Ordenou ainda
ao tenente ferido que tomasse a lancha, que o levaria ao hospital.
Adotou Álvaro Alberto outro alvitre. Com as forças a se extinguirem,
ordenou que a lancha aproasse para o São Paulo: daria o alarme à
esquadra. Evitou com isto que se repetisse nos outros navios a
selvageria ocorrida no Minas Gerais.565 Os revoltosos a este tempo se
tinham apoderado do paiol de munições; e a tiros e coronhadas
mataram Batista das Neves. Outros o ciais, despertados pelo tumulto,
e à medida que saíam dos camarotes, foram também assassinados.
Abandonados aos marinheiros o São Paulo, o Barroso, o Bahia,
passaram eles — intercomunicando-se por meio de radiogramas e
sinais — a exigir do governo — que, na realidade, não sabia o que fazer
— o perdão prévio, a abolição dos castigos, a satisfação de suas
queixas... E puseram-se a atirar, com as peças menores, para
Villegaignon e cercanias.566 Ao amanhecer 24 de novembro esse
espetáculo imprevisto estarrecia a população.

AMOTINAM‐SE OS MARINHEIROS

Titãs metálicos na enseada tranqüila, as mais poderosas máquinas


bélicas do país eram como joguetes nas mãos irresponsáveis de
tripulações ébrias de vingança, conscientes da sua força... Lançar os
torpedeiros contra as grandes belonaves seria acabar com o poder
naval do país. Pinheiro Machado aconselhou os meios suasórios. Não
empregou a palavra; poderia dizê-la: psiquiatricamente. O marechal
anuiu. E o deputado Comandante José Carlos de Carvalho foi
encarregado de parlamentar. Bem recebido nos dois couraçados,
trouxe-lhes a intimação: anistia antecipada, ou fogo. Reunidos os
leaders da situação e da oposição, concordaram: e, com discurso de
Rui, no Senado, em defesa do projeto e cheio de clemência para os
sublevados — o Congresso votou a anistia — com a enormidade de ser
condicional. Parecia menos uma lei do que um acordo. “Art. 1º. É
concedida anistia aos insurretos de posse dos navios da Armada
nacional se os mesmos, dentro do prazo que lhes foi concedido pelo
governo, se submeterem às autoridades constituídas”. Antes de se lhes
conhecer o crime; sem notícias ainda da sua extensão; endosso do
Congresso à negociação entabulada pelo Executivo... O Ministro
Almirante Batista Leão chegou a assinar esta ordem terrível (25 de
novembro): “Hostilize com a máxima energia, metendo-os a pique
sem medir sacrifícios”. Não foi necessário.567 Apesar de tudo, o preço
da acomodação era vantajoso: rendiam-se os amotinados, deixando
intactos os navios, e a cidade... Oposição e situação despejaram as iras
sobre os castigos, ainda habituais na esquadra: justi cavam a seu modo
o levante, com as “conseqüências irresistíveis”, “almas” a revelarem
“virtudes que honram a nossa gente e a nossa raça”...568

A revolta — em 9 de dezembro — dos fuzileiros na Ilha das Cobras, e


o princípio de levante no scout Rio Grande do Sul mostraram que a
timidez da autoridade não preservara a disciplina. Reforçou-a o
Ministro da Marinha. O governo passou de um extremo a outro: “A
fúria da desforra”.569 Já agora os canhões navais podiam pulverizar a
bateria revoltosa, na ilha. A repressão foi implacável. Muitos dos
insubordinados morreram nas enxovias subterrâneas, as xiados;
outros, a bordo do Satélite, desterrados para o Acre. Durante a viagem
tentaram insurgir-se. Foram fuzilados doze... Outras levas de
deportados, para a fronteira do Norte, valiam pelo expurgo geral: e,
cheios de indignação, os jornalistas lembravam a promessa da anistia
plena, acusavam de felonia a represália... Na realidade, o país
intranqüilizara-se.

“SALVAÇÕES”

Voltou-se o governo contra as oligarquias.

Que eram elas? O poder transmitido, através de sucessivos períodos,


dentro do mesmo grupo, que, pelas contingências locais, dele se
apossara nos começos do regime. Iniciaram-se com a arbitrária
nomeação dos governadores; legalizaram-se com as eleições feitas a
seu talante, sem oposição capaz de as desbancar, nem condições
propícias à resistência; e se deixaram car, com o domínio, violento ou
suave, da máquina, de que tinham o monopólio. Em assembléias
unânimes, a autoridade bene ciava-se da irresponsabilidade; e porque
os descontentes nada podiam contra a situação, a sua esperança
utuava com os acidentes da vida republicana, que pudessem cortar o
o a tais despotismos. Esperavam que se cindisse o grupo dirigente;
que o sucessor, revoltado contra o antecessor, formasse partido
próprio; que as miúdas contendas, fracionando as oligarquias, as
abatessem. A verdadeira esperança, porém, corria para o poder
central, árbitro do sistema, graças à faculdade de intervenção nos
estados, dissimulada ou ostensiva, a que os abusos do primeiro
decênio deram singular desenvoltura. Deodoro e Floriano tinham
designado para os estados os governadores de sua con ança, impostos
ou derrubados conforme as suas conveniências. Prudente e Campos
Sales preferiram apoiar-se neles (a “política dos governadores”) para
terem no Congresso a maioria inerte. Rodrigues Alves e Afonso Pena
mantiveram este regime, que consolidara as situações locais, dando em
troca ao presidente a quase unanimidade parlamentar.

Interrompeu-se a corrente com a rebelião de que resultou a


candidatura militar, divorciada, pela própria índole, da tradição
partidária e dos seus processos. O novo presidente pertencia à família
do fundador da república, vítima do golpe de Estado; respirara na
mocidade o pesado ar das resistências e dos desa os, ao lado do tio,
que dissolvera a Assembléia intolerante para cair ao estrondo da
violência; ganhara fama e promoções opondo-se à desordem, em
nome de uma disciplina rígida, cujo modelo prussiano fascinava o
idealismo dos quartéis; governaria com a classe. Pinheiro,
aparentemente chefe desta reorganização, representava o cesarismo
civil de Castilhos no vigor do comando, na delidade aos amigos, no
domínio absorvente, suavizado por na sagacidade. Disse-se que foi o
supremo diretor da política neste período.570 Não é verdade. Certo,
ninguém exerceu maior in uência: porém os acontecimentos
escaparam à sua orientação ou à sua previsão, encaminhados por
outras forças, que se fartaram de contrariá-lo. Foram as forças mal
de nidas que se agruparam em torno do presidente com adeptos e
assessores, tanto da jovem geração militar, como remanescentes da
quadra deodorista (assim, para a política de Pernambuco, o velho
Barão de Lucena), classi cadas historicamente como anti orianistas,
que podiam servir ao governo exatamente por isto, retiradas do
ostracismo sonolento pela rajada reacionária, que varria as
oligarquias... Para estas, o inimigo continuava a ser o faciosismo
jacobino. Que viessem — em substituição — inexperientes o ciais;
pelo menos, as respeitariam... Apresentaram-se; e a sua distribuição
pelos estados marcou a série de “salvações”, com a sua principal
característica: a ingerência das armas.

NO ESTADO DO RIO

Começou a seqüência das “salvações” no estado do Rio, onde governo


e oposição tinham criado, meses antes, dualidade de câmaras e atas
eleitorais. O candidato do Governador Backer (que cara com Rui
Barbosa na campanha civilista e, por isto, devia ser desmontado) era
Edwiges de Queirós. O do grupo apoiado pelo poder central, Oliveira
Botelho. O Supremo Tribunal concedeu habeas‐corpus à Assembléia
que pretendia reconhecer o primeiro, para que pudesse funcionar:
reconhecia-a. Iniciava-se, aberrante, a doutrina da intervenção do
Judiciário, sobrepondo-se ao Congresso, nos con itos políticos,
mediante habeas‐corpus que, apesar de sua formal imparcialidade, se
transformavam num recurso de força, condicionado às paixões que
aparentemente rechaçavam.571 A corrupção do regime atingia, por
intermédio das inextricáveis questões de dualidade dos poderes locais,
a alta corte: e do seu voto variável iria depender a solução de outros, e
irritantes problemas partidários. Desprestigiou-a: pois o presidente da
república, sem atenção à sentença, agiu mais e cazmente. Aproveitou-
se do estado de sítio, conseqüente à revolta dos fuzileiros, mandou que
o Ministro da Justiça comunicasse ao Governador Backer que a
guarnição de Niterói passaria a policiar as repartições federais, e a este
título ocupou ela, a 30 de dezembro, os palácios do governo e da
Assembléia. Só entrariam Oliveira Botelho e os amigos... Legitimou-se
a violência, com o decreto, igualmente espantoso, de 3 de janeiro de
1911, que os reconhecia (e por conseguinte, o governador) pela razão
de que o Senado já assim o entendera e a resolução andava com
parecer favorável, pela respectiva comissão da câmara...572

Á
ALI E ACOLÁ

Duplicara-se também o Conselho do Distrito Federal. A maioria


civilista socorreu-se do habeas‐ ‐corpus. Duvidou o presidente, em
mensagem ao Congresso (20 de fevereiro), da competência no caso do
Tribunal573 e, como já autorizara novas eleições, mandou interditar a
sede da Assembléia Municipal. Fechava as portas; e a questão.

A desordem como que deslizou do Norte para o Sul com a navegação


costeira, viajando... As salvas da otilha em Manaus deram o sinal à
exasperação das ruas, à política de braços armas e sedições dramáticas.
Farto dos monopólios concedidos pelo intendente Antônio José de
Lemos (o homem invencível do Pará), o povo de Belém, numa assuada
memorável, quebrou os quiosques...574 O governador bandeou-se com
a revolta, contra o intendente. Encerrou-se o ciclo de dominação do
“velho Lemos”.

Em Pernambuco e na Bahia, acontecimentos mais extensos


ensangüentaram a intervenção. Foram candidatos ao governo dois
ministros, o General Dantas Barreto (da Guerra) e J. J. Seabra (da
Viação). O primeiro era um dos expoentes militares da república, e
representou, para a oposição a Rosa e Silva, encabeçada por Lucena e
seus amigos, a espada providencial.575 O outro, aliado às oposições que
se recompunham em torno de Luís Viana, empreendia a conquista por
outros métodos. Contava com a família do marechal contra a antipatia
de Pinheiro, que, em 1906, lhe rasgara o diploma de senador por
Alagoas; começara a ganhar a batalha quando o governo estadual,
conciliador, lhe dera certo número de deputados; e apoiado a este
grupo, vetou a candidatura de paz de Domingos Guimarães. Por si,
tinha o Catete.

No Recife as coisas correram brutalmente, desde que, lançado pelo


partido federal conservador Dantas Barreto, este deixou a pasta da
Guerra. Soldados do exército e da polícia engajaram-se em
continuados motins; debalde Rosa e Silva — que correu a candidatar-
se contra o general — apelou para a neutralidade do presidente da
república; Estácio Coimbra, que, como presidente da câmara, assumira
o governo, solicitou em vão garantias federais; e numa atmosfera de
violência, exacerbada pela eliminação da autoridade em dias
sucessivos de tiroteios e arruaças, se realizou, em 9 de novembro, a
eleição. Completou-a a interferência direta da força armada, que
assegurou à parte da Assembléia hostil ao rosismo tranqüilidade para
reconhecer o seu candidato, sem ser perturbada pelos antagonistas... A
intervenção pedida por Estácio para poder governar foi desfechada
contra ele. Dantas Barreto — varridos os adversários, os mais em
evidência obrigados à fuga, para salvar a pele — empossou-se a 19 de
dezembro de 1911.

BOMBARDEIO...

Os elementos militares, que empolgaram Pernambuco, não deviam


agir menos desembaraçadamente na Bahia, onde o con ito se
processou com piores excessos.576 Ali brigavam, não o adventício,
coruscante de prestígio guerreiro, mas as alas de uma política em que
militavam chefes autênticos. Esta circunstância acentua a ferocidade
inútil do bombardeio, que pôs no litígio uma nota monstruosa. Na
realidade, a oposição, desguarnecida de toda segurança, com as
ameaças feitas ao governo do estado pela coligação seabrista,
colaborou com a crise, transferindo para o sudoeste do estado a
Assembléia Legislativa. A sua retirada teatral para Jequié, depois de ter
o Governador Araújo Pinho renunciado o mandato, facilitou aos
contendores a ocupação da capital. Os deputados seabristas obtiveram
do juiz federal, Paulo Fontes, um mandado proibitório, para que
funcionassem na sede da Assembléia, a partir de 10 de janeiro. A Mesa
da Câmara conseguiu por sua vez do juiz da vara cível, Cândido Leão,
o mandado de manutenção de posse... O agravo seria suspensivo:
debalde o interpôs o Senador Arlindo Leoni. O juiz não foi
encontrado... Recorreu então ao magistrado federal, impetrando
habeas‐corpus para os congressistas, convocados pelo presidente do
Senado, e impedidos de ocupar o prédio tomado pela força policial.
Deferido o pedido, respondeu o governador em exercício que não o
cumpriria, dado o con ito de jurisdição... Telegrafou Paulo Fontes ao
presidente da república e ao Ministro da Justiça. Em resposta, recebeu
o General Sotero de Meneses, inspetor da Região Militar, ordem
expressa do Ministro da Guerra, General Mena Barreto, para apoiar a
decisão da Justiça... Transportado assim o con ito do pretório para o
quartel, o general mandou intimar ao governador a entrega do prédio
da Assembléia. Aurélio Viana pediu duas horas, para conferenciar com
os amigos. Declarou em seguida que os congressistas podiam reunir-
se, mas sem que o governo do estado retirasse a polícia que lá pusera.
O general — enérgico soldado da campanha de Canudos, que se
destacara, como disciplinador severo, na repressão instantânea da
revolta do 9º, em 1904 — não era homem para paliativos. Disse “que,
se até a uma e meia da tarde não se retirassem as forças da câmara
municipal, em cujo edifício funcionava a Câmara dos Deputados,
agiria militarmente”. E fez distribuir um boletim patético à população:
Tendo o governador do estado se recusado terminantemente a obedecer ao habeas‐corpus
concedido pelo Ex.mo Sr. Dr. Juiz Federal, para que possam funcionar livremente, no edifício
da Câmara dos Deputados, os congressistas convocados pelo Sr. Barão de São Francisco,
presidente em exercício do Senado — cumpre-lhe, em obediência à requisição do mesmo
juiz federal aos poderes competentes da república, fazer respeitar e executar essa ordem, pela
intervenção da força sob seu comando, intervenção a que dará início dentro de uma hora.577

Dito e feito. À uma e meia da tarde de dez de janeiro, o General


Sotero mandou que a artilharia do Forte de São Marcelo acertasse
algumas granadas na Praça do Palácio... Constava que haviam sido
concatenados preparativos cautelosos para esse ataque, numa série de
providências ostensivas, a mais signi cativa, a renovação da bateria da
velha fortaleza, bocas voltadas para o alto casario que, em presépio
antigo e profuso, se desata pelas colinas da Bahia. Por outro lado,
concentrara o governador numerosos contingentes policiais,
apetrechados fartamente, nas repartições do estado. Respirava-se a
luta. Não se contava com o canhoneio.

AS CONSEQÜÊNCIAS

Os shrapnels incendiaram o palácio do governo, a opulenta biblioteca


pública, vários edifícios próximos. Aquela histórica livraria foi em
parte reduzida a cinzas, em parte pilhada, no frustrado trabalho de lhe
atalharem as chamas. Jamais se imaginara que o Forte do Mar,
adormecido no ancoradouro como atalaia inabalável da cidade, que
defendera, três séculos, um dia a agelasse... Desmoralizada a
resistência pelo canhoneio, num ou noutro lugar a polícia, às tontas,
tiroteou com a tropa, que a desalojou facilmente; e destarte o General
Sotero tomou conta — não de uma casa, para os congressistas
temerosos, mas da Bahia — em nome do poder central.

É de calcular a indignação que circulou pelo país. Em carta timbrada


de cólera, o Almirante Marques Leão abandonou a pasta da Marinha.
Não a associava à insensatez... Profundamente triste pelo
desmoronamento — naquela espantosa tropelia — dos seus sonhos de
uma nação culta e tranqüila, modelo de equilíbrio neste vulcânico
Novo Mundo, Rio Branco exasperou-se, desceu de Petrópolis para
reclamar, quis demitir-se, e neste desconforto sucumbiu, um mês
depois. Em delírio, perguntava: “Sotero... que general é este?”.578 De São
Paulo (baluarte do civilismo, ameaçado de tratamento semelhante)
partiu admoestação mais grave.

Os líderes paulistas encontraram-se com Pinheiro, este levou ao


presidente o seu protesto, e pelo Ministro da Justiça, Rivadávia
Correia, foi solicitado ao Ministro da Guerra que repusesse o
governador interino, Aurélio Viana.579 Já batera Rui Barbosa às portas
do Supremo Tribunal, com a sua petição de habeas‐corpus. Seria
concedido, se o governo federal não recuasse. O pedido foi
considerado prejudicado, por sete contra seis votos.580 Com a Alta
Corte o Catete não podia contar.581 Mas a fração da Assembléia baiana,
favorável a Seabra, elegendo outro presidente (a quem caberia a
interinidade do governo) arredara Aurélio Viana. Competia a sucessão
ao presidente do Senado, Cônego Galrão, que se conservava no
interior. O General Vespasiano de Albuquerque (enviado à Bahia com
vozes de apaziguamento) mandou chamá-lo. Parecia uma farsa,
porque, ao mesmo tempo, se propalava que os desordeiros o
matariam, se aparecesse em palácio. O cônego respondeu astutamente,
que só iria com su cientes garantias federais. O general, tomando-lhe
a condicional pela recusa, meteu no governo o Conselheiro Bráulio
Xavier, presidente do Tribunal.
Estava instalada a nova situação.

Seabra era governador em 29 de março de 1912.

RIO GRANDE E SÃO PAULO

A irritação causada pelos sucessos do Recife e da Bahia conteve e


assustou o governo federal.

Pinheiro Machado teve de defender-se — no Rio Grande — contra o


Ministro da Guerra, General Antônio Adolfo da Fontoura Mena
Barreto, candidato intempestivo ao governo do estado. Fracassou na
mesma oportunidade a sua tentativa de intervir em São Paulo.582 Tinha
ali o seu partido um belo diretório (Pedro de Toledo, Rodolfo
Miranda, Manuel Pedro Vilaboim...). Mas o situacionismo () se
preparara para repelir qualquer espécie de agressão. Não se repetiria
no planalto a violência que aniquilara, na vetusta cidade do Salvador, a
autonomia recalcitrante. O Presidente Jorge Tibiriçá (era secretário da
Justiça o Dr. Washington Luís) contratara com o governo francês a
vinda de uma missão militar, para o adestramento da Força Pública.
Compôs-se do comandante Balagny e dos capitães La Brousse, Statt-
Müller e Négrel.583 Rio Branco estimaria que a missão fosse alemã. Os
franceses mostraram-se à altura do compromisso. Em breve tempo
tinha São Paulo uma polícia militar que era, primoroso, um pequeno
exército. O presidente Albuquerque Lins e Washington Luís não
deixariam que sofresse o Estado a intervenção propalada... Não lhe
entrara nos planos, escusou-se Pinheiro, no Senado, a desmentir os
que disto o acusavam. Mena Barreto, já então no ostracismo, declarou
(carta que Rui Barbosa leu da tribuna, datada de 24 de dezembro de
14):
A intervenção no estado de São Paulo foi projetada, tanto que, na qualidade de Ministro da
Guerra, tive ordem do presidente da república para nomear uma expedição de forças
militares, a m de seguirem para ali [...]. Posso [...] a rmar que a aludida intervenção era
incessantemente reclamada perante o marechal-presidente e perante mim mesmo pelo então
Ministro da Agricultura, Dr. Pedro de Toledo, como representante da oposição ao governo
de São Paulo. Antes, porém, da marcha de forças, o marechal desistiu da aventura, e, em
seguida, fez partir para São Paulo o Dr. Fonseca Hermes, em missão especial, cujo resultado
é público e notório.584

Nada aconteceu, porque o Partido Republicano apresentou à sucessão


de Albuquerque Lins o nome paci cador de Rodrigues Alves. Não
esquecessem que o marechal começara com ele a sua ascensão, em
1904... Foi como uma solução milagrosa: e Pinheiro propalou,
encolhendo-se, que jamais pensara em ultrajar a autonomia do
estado.585 Não podia queixar-se: pusera fora do ministério o general
que pretendeu vencê-lo no Rio Grande. Estimulado por Pedro Moacir,
pelo velho Marechal Salgado, pelo General Sebastião Bandeira, Mena
Barreto se apresentaria contra a reeleição de Borges de Medeiros, se o
presidente, a instâncias de Pinheiro, não o advertisse dos perigos desta
precipitação. Insistiu; e foi demitido.

Salvou-se o Rio Grande, por artes de Pinheiro, como se salvara São


Paulo, por sua própria energia, da calamidade a que o Ceará não pôde
eximir-se: o candidato, produzido pela agitação, nela mergulhado;
contra a desordem na capital, a sertaneja; a revolta respondendo à
ilegalidade. Ali se sublevou, às ordens de um apóstolo rústico, a
população fanática. Houvera, em 1897, um Conselheiro. A este, em
1912, chamavam Padrinho.

Em cada um dos estados — era o caso — prevalecia uma candidatura


militar, desmontando as oligarquias, salvadoramente... Em Maceió, o
Coronel Clodoaldo da Fonseca aniquilara a dos Malta;586 em Sergipe, o
General Siqueira de Meneses — o engenheiro de Canudos —
apaziguara os partidos; no Espírito Santo, o médico militar Getúlio
dos Santos conquistara o poder à facção de Jerônimo Monteiro; no
Pará, subira Lauro Sodré — desaparecendo a ditadura municipal do
velho Lemos;587 no Ceará, aos Accioli se antepôs o Coronel Franco
Rabelo.

Mudou a política em 1912. Predomina o “homem forte”: é o apogeu


de Pinheiro. Ninguém duvida da sua aspiração à presidência,
sucedendo ao marechal, que lhe cedia as rédeas da autoridade. O
segundo casamento do presidente,588 no sentir geral, o afastara da
vigilância exigida pela anomalia daquela política personalista e
imprudente.589 A opor-se a Pinheiro (mais poderoso depois que
assumira, pelo falecimento de Quintino, o comando do Partido
Republicano Conservador) havia, é certo, o núcleo militar formado em
torno do Tenente Mário Hermes, lho do presidente, a quem Seabra
elegera deputado e leader de bancada. Mas lhe faltavam experiência,
coesão, continuidade: tinha audácia. O destino do velho caudilho era
enfrentar com hábil serenidade o inconformismo da juventude e
superá-lo. Desaparecera Carlos Peixoto, com Afonso Pena. Acabariam
os “tenentes” quando remansassem as águas agitadas pelas “salvações”.
A linha dos adversários estendia-se de São Paulo ao Ceará, passando
pela Bahia, onde Seabra pensava car com o governo, contra Pinheiro,
e pelo Recife, onde Dantas Barreto pretendia sobrepor-se a um e outro.
A dissidência de Dantas e Franco Rabelo agravou-se, com o apoio que
no Rio lhe deu o Clube Militar. Parecia que o feitiço se voltaria sobre o
feiticeiro, e a última “salvação” destruiria Pinheiro Machado.
Enganaram-se: o seu trunfo eram as oposições locais. Paci cado São
Paulo, com Rodrigues Alves, não lhe custou derrubar o governador do
Ceará, armando a revolta de Floro Bartolomeu — preâmbulo da
intervenção federal.

Explodiu em Juazeiro o movimento a 9 de janeiro de 1913.

CEARÁ E O PE. CÍCERO

Deposto por um motim popular o venerando Governador Nogueira


Accioli (22 de janeiro de 1912),590 dois candidatos militares lhe
disputaram a sucessão, Bezerril Fontenelle, bafejado pelo pinheirismo,
e Franco Rabelo, pelo Catete. Tentou apaziguar as correntes o Coronel
Tomás Cavalcanti. Feriu-o uma bomba lançada na sala da conferência.
Os ânimos ferviam. Franco Rabelo foi eleito e reconhecido pela
minoria da Assembléia (doze deputados)591 — já de acordo com os
acciolistas. Os demais deputados não compareceram por falta de
garantias... Durou pouco a aliança insincera da situação nova com a
antiga. Sob o olhar complacente da polícia ainda uma vez magotes de
desordeiros aterrorizavam Fortaleza, pondo fogo às casas da família
Accioli e de seus amigos. No saque das residências depredadas até
pianos de cauda desapareceram... À violência respondeu a barbárie, na
revolução de Juazeiro do Pe. Cícero. Agüentar-se-ia Rabelo apesar de
tudo, se contasse com o centro. Mas cometeu a temeridade de
acompanhar Dantas Barreto na sua de nição contra Pinheiro; e este,
do alto do seu poderio, o fulminou. Emissários da oposição refugiada
no Cariri combinaram com os políticos do estado, que no Rio se
apoiavam a Pinheiro, a con agração sertaneja, vasta e incontível. Para
derrocar o governador, tinham o cangaceiro.

É uma gura diferente, que em 1914 sobe rudemente à cena política,


eclipsando a memória triste do jagunço, seu antecessor, no
sebastianismo torvo das caatingas.592 Lembra-o na analogia do
comando místico, substituído o “monge” infeliz de Canudos, cearense
como ele, pelo vigário destituído de ordens que era ali o chefe político,
o “beato” humaníssimo, o “santo”.593 O seu título é outro: o “Padrinho”.
Padrinho dos peregrinos que acorriam à vila fascinados por sua fama,
pelos “milagres” que ele atestava; e dos bandoleiros que lá se
albergavam, da pobre gente sem outra proteção, de quantos lhe
obedeciam na capital do “cangaço”, Juazeiro.

O fato é que o Deputado Floro Bartolomeu, que representava na


Assembléia a zona e o pensamento do Pe. Cícero, reuniu ali cinco
deputados e, a 12 de janeiro de 1913, proclamou que assumiria o
governo na qualidade de presidente do Congresso... Convocados pelo
Padrinho, concentraram-se, vindos de todos os recantos do Cariri, os
mais temíveis sujeitos do Nordeste; e, como providência preliminar,
rodearam Juazeiro de forte trincheira, que a tornava inexpugnável.

Tinham os cangaceiros594 mentores hábeis.595 Aquilo faria honra à


engenharia militar... Quando os atacou a polícia, sob o comando do
Coronel Alípio Barros, dela zombaram, repelindo-a, com pesadas
baixas, para o Crato. Tentaram os governistas o cerco. Mas os
cangaceiros não se limitavam à defensiva. Tinham a agressividade dos
fanáticos; mas sabendo bem o que fazer. Lançaram-se sobre o Crato,
Barbalha e, por m, numa la enorme de combatentes andrajosos —
Fortaleza. Desvaneceu-se na estação de Miguel Calmon a última
esperança de Franco Rabelo. Enfrentou-os ali o Capitão José da Penha,
comissionado no comando da polícia. Era bravo e leal. Tombou morto
aos primeiros tiros. Dir-se-ia que os revoltosos retrocediam,
desbaratados. Mas no dia seguinte, reagrupados, continuavam a
progredir, sobre Quixeramobim, Quixadá, a linha de Baturité, a
capital... No Rio de Janeiro, o Clube Militar sustentava a causa do
governador; e se falara abertamente de um movimento de quartéis,
contra a intervenção federal no Ceará. Antecipou-se o governo,
decretando inopinadamente (4 de março de 1914) o estado de sítio: e
prendeu numerosos jornalistas...596 Senhor da situação, efetivamente
interveio, nomeando interventor o Coronel Setembrino de Carvalho597
— e com esta medida tardia obstou a que Fortaleza fosse tomada e
possivelmente saqueada pela gente do Pe. Cícero.

Pinheiro ganhara a partida. Foi eleito governador do estado o


Coronel Benjamim Barroso (por Setembrino598 lembrado a Pinheiro):
e a política “conservadora” do Ceará lhe reconquistou a con ança.

Mas era o m do período.

CONSEQÜÊNCIAS

Na administração se projetou a desordem política: foi especialmente


grave nos campos da cultura e das nanças. O positivismo do ministro
gaúcho Rivadávia Correia aparece na reforma do ensino de 1911 (que
lhe leva o nome), rmada no princípio da liberdade pro ssional — em
voga no Rio Grande —, com a transferência da sua responsabilidade às
congregações das escolas. Como houve, em 1890, o encilhamento —
pela autonomia das assembléias nas empresas, insubsistentes —, houve
a partir de 1911 (até a reação drástica da reforma Maximiliano, de
1915) a in ação dos diplomas doutorais, com a multiplicação de
faculdades inidôneas e a fraude cínica da lei. Liberdade entendeu-se
por licença: calamitosamente.599 Completava-se a crise espiritual com
este triste aspecto de decadência: a ruína do sistema o cial do ensino.
No domínio nanceiro a confusão tem índices deploráveis: a
progressão do dé cit orçamentário, a queda cambial conseqüente às
emissões sem lastro metálico,600 a desvalorização de 25% das apólices
federais, o segundo funding loan...

Desprestigiava-se no conceito internacional o Brasil. Infeliz


coincidência: no dia em que se revoltaram no porto os marinheiros,
visitava o Rio um observador que se cansara de realçar a perfeição da
democracia de língua inglesa: James Bryce. As páginas pessimistas do
livro que dedicou à América do Sul exprimem não só a sua impressão,
como a sua doutrina: com tal inferioridade, como teríamos
instituições semelhantes às suas? Padecia o autor da “American
Commonwealth” do engano peculiar aos viajantes que, sem tempo de
maiores análises, indicam sumariamente a sua surpresa, ao encontro
de brutalidades retardadas, de restos super ciais de uma desordem
absurda. Mas o que escreveu, com o azedume e a dogmática de um
Gobineau, retratava a presente verdade das coisas.601 Retrocedera-se!

XXVII: C  

RESISTÊNCIA TRIUNFANTE

A liquidação do Partido Republicano Conservador — e de Pinheiro —


recorda a do Partido Republicano Federal — e de Glicério. Em 1913,
como em 1897, incompatíveis com a direção do centro, se coligaram os
governadores contra o homem poderoso; e o abateram. Variaram os
métodos. Glicério não contara com Prudente; e caiu. Pinheiro tinha o
marechal; não bastou. Num caso, foi o presidente que alijou o
“protetor” da república; no outro, os estados que se impacientaram
com a submissão do presidente, e quiseram libertá-lo. Tem este sentido
o início da rebeldia, com Dantas Barreto. O governador de
Pernambuco era o único que podia investir sem temor o chefe
nacional. Militar insuspeito ao regime, guindado ao governo pelo
militarismo anti-oligárquico (que não excluía a improvisação da
oligarquia substitutiva), contando com a simpatia da classe e, no
Catete, com a dos adversários de Pinheiro, não soaria a sua palavra
como uma traição às instituições; seria, de qualquer modo, o
anátema... dos salvadores.

Começou Pinheiro a perder a batalha quando a precipitou,


telegrafando-lhe, que o  iria reunir-se para tratar da sucessão. O
 era Pinheiro; e o seu candidato, ninguém duvidasse, Pinheiro.

Indignado, respondeu Dantas, que a convenção para tal m devera


ser nacional, não de um partido; porém se do , pelo menos os
delegados tinham de ser indicados pelos governadores...602 Nesta
réplica cruzam os ferros caudilho e oligarquia, o poder que centraliza e
o poder regional que o repele, o personalismo presidencial e a
província resistente. A reação dinamita o pinheirismo, que se reforça
com o apoio dócil do marechal (“abrigado à sombra do  ”, diz ele,
num discurso indiscreto)603 mas se desmantela com a impossibilidade
da candidatura do seu mentor. A atitude de Dantas é secundada pela
política uminense (e Nilo Peçanha). Consultado sobre o nome de
Pinheiro, Oliveira Botelho, governador do estado do Rio, recusa-se a
aceitá-lo. Cientes deste passo, Francisco Sales (com os mineiros) e
Cincinato Braga (com os paulistas) trataram de aproximar os dois
estados, dirigidos por Bueno Brandão e Rodrigues Alves. Em Ouro
Fino, Cincinato e Bueno combinaram (chamou-se de Pacto de Ouro
Fino o acordo, de 21 de abril de 1913) que se consultariam antes de
tomar uma decisão.604 Fracassa a manobra de Pinheiro de dividir São
Paulo, apresentando Campos Sales (que faleceu em 28 de janeiro); a
idéia de Nilo, de reunir os municípios em convenção, em vez dos
delegados partidários, produz a reunião formidável de 27 de julho, que
sufraga o nome de Rui Barbosa, e, ao mesmo tempo, o Partido
Republicano Liberal, por ele criado605 — com a mesma plataforma
revisionista de 1910; e à vista do impasse Sabino Barroso lembra ao
governador de Minas o seu conterrâneo Venceslau Brás, vice-
presidente, de reputação intacta, porque sabiamente se isolara, na sua
paz rural, de Itajubá. Não havia melhor solução. O humorista gracejou:
este (o de Venceslau) foi o caso único de promoção por abandono de
emprego...606 Pinheiro ainda quis acomodar, insinuando a candidatura
de Borges de Medeiros.607 O diretório situacionista de São Paulo
dispunha-se a aceitar a fórmula Rui-Glicério. Então Rodrigues Alves
vibrou o golpe.

À revelia dos correligionários, cortando-lhes as combinações,


telegrafou, decisivo, ao seu colega de Minas: concordava com
Venceslau. “Eis como se faz no Brasil um presidente da república pelo
arbítrio de um só homem”.608 A frase de Rui é injusta. Na realidade foi
feito pela coligação espontânea dos dirigentes estaduais contra dois
adversários diferentes, o temível homem forte e o gênio perigoso.
Ambos os ameaçavam, um pela prática, o outro pela teoria. O
primeiro, humilhava-os; o segundo, com a rebelião do povo, o ódio às
oligarquias — os aniquilaria. Venceslau simbolizava a continuação
legal, segura e hábil, dentro do clássico bom senso mineiro...

PRUDÊNCIA E FIRMEZA

Homologados os nomes de Venceslau e Urbano Santos (este,


maranhense, representando o Norte) na convenção que a seguir se
reuniu, o pinheirismo, que aderira, ngindo orientar os
acontecimentos mas já agora por eles conduzido, julgou que não se lhe
alterara a fortuna. Pois os candidatos eram do partido, governariam
com ele... Puro engano. Ou antes: com a nura do seu sentido das
realidades, o caudilho não se iludiu nas suas apreensões. O marechal
fora-lhe el. Sem base nem trégua política, numa situação de
desordem e comoção, fora resistindo, mas fora sempre ao encontro do
leader supremo, que passara a jogar por conta própria. Venceslau
jamais se lhe submeteria. Era um cauto espírito respirando — na
liberdade vigorosa da sua força que se chamava a política mineira,
ligada agora à paulista — todas as sugestões da reação — contra o mal-
estar reinante. Compreendera, no seu ermo de Itajubá, que arredaria
Pinheiro, ou tropeçariam juntos. Um ou outro. A incompatibilidade
denunciou-se desde a sua plataforma, em que (reproduzindo a
doutrina de Afonso Pena) sustentou de passagem a tese de que o
presidente governa fora e acima dos partidos. Era como se sussurrasse:
sem Pinheiro... Sem ele organizou o ministério.609 Os atos essenciais do
governo — depois que o assumiu com esperançoso aplauso em 15 de
novembro de 14 — corroboraram o compromisso.

Dois casos de ressonância nacional de niram o divórcio, riscando as


paralelas: porque nos dois o ressentimento de Pinheiro reavivou a
ama dos protestos gerais. O primeiro foi do estado do Rio, em que o
homem a destruir era Nilo; o segundo, o de senador por Pernambuco,
em que, para ferir Dantas Barreto, a vítima foi José Bezerra.

O caso uminense era o da clássica dualidade de assembléias em


torno dos candidatos a governador que se diziam eleitos, o pinheirista
Feliciano Sodré (da corrente de Oliveira Botelho) e Nilo,
responsabilizado pelo fracasso do pinheirismo. A maioria da
Assembléia apoiava Sodré, mas a minoria tinha a mesa, que impetrou
ao Supremo Tribunal habeas‐corpus, para funcionar e reconhecer o
governador. O Supremo, dando a mesa por legítima, favoreceu-a com
a ordem requerida. O fundamento da decisão podia ser respeitável,
mas se reduzia a nal à intromissão da justiça no con ito político, com
o resultado enorme da proclamação do governador pela minoria dos
deputados, sem sequer se darem ao esforço de computar os votos...610
A maioria reconheceu, por sua vez, o seu candidato: e requereu a
intervenção federal. Tudo dependia do Catete: se prestigiasse o
tribunal, con rmaria Nilo; se atendesse à Assembléia, o substituiria
pelo antagonista. Pinheiro tentou forçá-lo a não respeitar o
habeas‐corpus, relegando a questão ao exame do Congresso, para isto
convocado ainda em janeiro. Foi mais forte a pressão dos doutos (Rui,
Amaro Cavalcanti, Epitácio Pessoa, Clóvis, Carvalho de Mendonça),
da imprensa, da opinião, que viu nesse dilema estampar-se o próprio
julgamento do presidente, semelhante ou diferente do marechal, tanto
fosse contra ou a favor da Justiça... Venceslau resistiu a Pinheiro,
mandou cumprir o habeas‐corpus; e não se negou sequer a fornecer
tropa de linha, para que Nilo se empossasse, quando ainda na câmara
se protelava — com descrédito do pinheirismo derrotado — o debate
da intervenção...611 O Congresso, como no tempo de Glicério,
libertava-se do partido, para car com o Catete. Mas o partido
dispunha do Senado. Dantas elegera em Pernambuco José Bezerra
contra Rosa e Silva. Pinheiro, contrariando o Catete, fez reconhecer
Rosa e Silva. Irritado, e já em resposta ao desa o, o presidente nomeou
Bezerra Ministro da Agricultura. Cada um dos poderes constitucionais
exercia as suas atribuições — disse Pinheiro, ngindo-se indiferente.
De fato, deslizava para a oposição, com os seus riscos e as suas
decepções. Mas o país ignorou os planos que o “homem forte”
elaborava para retomar a iniciativa. A morte atalhou-lhe o declínio.

O FIM DE UM CHEFE

Àquele tempo pregava-se aos quatro ventos a eliminação de Pinheiro,


contra quem, pesadamente, caíam as acusações mais cruéis.
Parlamentares, na sua tribuna, a imprensa em linguagem desabrida,
nos comícios oradores rancorosos, o indigitavam ao castigo. E ele,
sobranceiro, falando a estudantes que iam festejá-lo, citava César; que
não esconderia a face na toga, porém a descobriria, a olhar de frente os
que o investissem... Um presságio utuava nesta retórica: era como se
previsse o atentado nos degraus do palácio legislativo, o seu vulto
esguio de vencedor da guerra mais alto e imperioso no encontro com
os conspiradores assustados, e para lhe assistirem a serena coragem os
“padres conscritos”, e a república... Não acertou com o retrato de
Brutus. Foi um pobre sujeito, fanático e irresponsável, que o atacou
silenciosamente, pelas costas, movido por um instinto sombrio de
vingança cívica, de exasperação inde nível... Chamava-se Manço de
Paiva. Na tarde de 8 de setembro de 1915 entrava Pinheiro no Hotel
dos Estrangeiros para visitar Rubião Meira, indigitado candidato ao
governo de São Paulo. Ao subir as escadas acompanhado de Bueno de
Andrade e Cardoso de Almeida, aquele desconhecido, que lhe seguira
os passos, cravou-lhe duas vezes nas costas o punhal barato.
“Canalha!... Apunhalaram-me”, foram as suas últimas palavras; e
tombou morto, sem tempo sequer para divisar nas feições do assassino
a imagem do ódio ou da loucura.
Manço de Paiva, preso quando fugia, não se exculpou, transferindo a
responsabilidade do crime aos políticos que dele se bene ciavam. É
claro que a opinião pública não se conformou com isto, e, durante
muito tempo acusou, identi cou, proclamou supostos mandantes —
rebuçados nesse mistério impenetrável.612 Manço de Paiva condenado
à pena máxima, de trinta anos de cárcere, acabaria por declinar esses
nomes, se em verdade (é o que se pensa) tivesse sido um instrumento
da conspiração, executando-lhe as ordens.613 Cumpriu a pena,
esquecido e dócil. E tão inofensivo que um dia o libertaram, velho,
decrépito, desmemoriado, sem interessar a ninguém, farrapo humano
perdido na insensibilidade da capital, mais ignorado do que absolvido
pela inconstância dos tempos...

Em 1897 e em 1915 produziram-se acontecimentos análogos — tanto


pelo golpe que falhou como pelo que acertou. A tentativa de
assassinato do presidente (em 1897) dissolveu o partido que o
combatia; a imolação de Pinheiro acabou com o partido que ia lançar-
se contra o presidente. Extintos, nesse acampamento de guerrilha, os
fogos sustentados pelo caudilho, com os seus funerais podia dizer-se
que concluíra o capítulo da ortodoxia republicana, de que fora o
personagem central, representando o autoritarismo organizador de
Castilhos, a vitória armada da Divisão do Norte, o pensamento da
“propaganda” caldeado na experiência do poder, através da sua
conquista, quer aos inimigos confessos, quer ao presidencialismo
absorvente, na dupla qualidade de “condestável” e leader. Renovava-se,
com o quadro dirigente, a face do governo: e aquele mineiro de hábitos
simples, que viera de Itajubá a apaziguar paixões, em verdade as
amorteceu com a autoridade tranqüila. Ajudou-o a circunstância de
estar o mundo em guerra.

Não teve profundidade a chamada conspiração dos sargentos, em que


se envolveram alguns oposicionistas impacientes, pensando em
proclamar, com uma quartelada em regra, a República Parlamentar...614
Estouraria a 18 de dezembro de 1915. Descobriu-a a polícia; fez-se o
inquérito; e, sem serem incomodados os políticos, saíram do exército
os inferiores culpados...
A con agração européia aconselhava administração severa, que se
não compadecia com os excessos partidários.615 Devia preparar-se a
defesa nacional. O seu Ministro da Justiça era um jurista, e como tal se
comportou: Carlos Maximiliano. Exigia cuidados especiais a situação
nanceira. E um sopro de idealismo militar percorreu, de Norte a Sul,
o país alarmado...

XXVIII: O   C

OUTRO CASO DE FRONTEIRAS

No nal desse período difícil uma desordem grave encheu de


apreensões o Sul do país. Foi o banditismo (com a política de permeio)
que tomara conta da região contestada entre o Paraná e Santa
Catarina, e, desa ando as expedições punitivas, enfrentava, mortífero,
o exército... Sem poderem acabar com aquilo, e declinando de
qualquer responsabilidade na rebelião obscura, ambos os governos, de
Santa Catarina e do Paraná, pediram a intervenção federal.

Correra o problema de limites pelo foro próprio, o Supremo Tribunal,


mediante a ação proposta pelo governo catarinense, em 1901. O
acórdão de 6 de julho de 1904, 5 votos contra 4, deu-lhe razão,
mandando que passasse para a sua jurisdição o território abaixo dos
rios Saí (litoral), Negro e Iguaçu.616 A decepção dos paranaenses foi
profunda, pois consideravam suas as terras do Oeste, senhoreadas
outrora pelas colônias militares de Chopim e Chapecó, com os campos
de Palmas, Santana, Irani. Rejeitou-lhes o Supremo ambos os
embargos, fundados em que a executória carecia de lei, que a zesse
cumprir; mas o juiz federal em Curitiba (João Batista da Costa
Carvalho) aceitou esta preliminar, para suspender a aplicação da
sentença.
O tribunal responsabilizou o magistrado. In amou-se o espírito
popular, nos dois estados. E um sucesso novo mudou a sionomia do
litígio: a irrupção do crime nos contestados con ns. Sem autoridades
nem polícia que os disciplinassem, por esses lugares, abandonados à
sanha dos aventureiros, prosperaram duas espécies de rebelião:
bandoleiros, que se diziam levantados contra as invasões; e fanáticos, à
volta de monges milagreiros, que lembravam — de corda à cinta, e
cruz arvorada — o Conselheiro, dos sertões da Bahia. Aliás essas duas
formas de sublevação se entrosavam na mesma revolta espontânea,
dos ocupantes da terra, contra a força pública, que “monges” e chefes
de malta diziam que os ia castigar e remover, com infames
crueldades... A guerra do Contestado entranhou-se — como a de
Canudos e, de algum modo, a do Juazeiro — nessa descon ança
primária, explorada pelos interesses locais, na questão irritante de
limites.617

MONGES E BANDIDOS

Concorrera para o povoamento do Vale do Rio do Peixe, cortando em


vertical aquele bravio Oeste, a construção apressada da estrada de
ferro São Paulo–Rio Grande, entre União da Vitória, onde terminava
em 1906, e o Rio Uruguai. Milhares de trabalhadores espalharam-se
pelas matas, onde, em 1912, surgiu o “monge” José Maria, sucedendo a
outro, João Maria, que, desde 1896, se tornara famoso no Vale do Rio
Negro. Antigo soldado da polícia do Paraná, místico imaginoso, que
de doze companheiros zera — Carlos Magno das histórias de cordel
— “doze pares de França”,618 o andarilho juntou muita gente e, com ela
armada, repeliu a primeira expedição mandada de Curitiba para
dissolvê-la. À notícia deste revés o comandante do regimento de
segurança, Capitão João Gualberto, quis, ele próprio, reprimir os
rebeldes.

O seu sacrifício (como o de Moreira César, em 1897) alarmou a


nação. Assaltado, com 58 praças, nos campos de Irani, João Gualberto
tentou defender-se manejando a sua metralhadora Maxim, que falhou;
foi prostrado a golpes de facão; e ali cou, morto, com vários
companheiros. E outros tantos fanáticos: entre estes, o “monge”.
Desmoralizada pelo inopinado da derrota, debandou a tropa...619 Para
vingá-la requeria-se grande força. O governo federal, intervindo,
nomeou para o comando o General Setembrino de Carvalho (que a 12
de setembro de 1914 assumiu em Curitiba a inspetoria da Região
Militar que abrangia os dois estados). Organizou — conforme os
preceitos da guerra — uma expedição das três armas, que somou sete
mil homens, tendo por eixo de manobras a cidade do Rio Negro: e
dividiu-a em destacamentos, remetidos para todos os sítios onde se
acastelavam, nos seus “redutos”, os bandoleiros.620 À viva força, ou
persuasivamente, o exército chamou à obediência ou limpou de
fanáticos aquele sertão e, em marcha convergente — cortadas as
possibilidades de fuga — alcançou o núcleo principal, ao norte de
Perdizes, “reduto de Santa Maria”.621 Este, o Canudos do Contestado.
Tratava-se de uma posição quase inexpugnável, a cavaleiro do vale,
entre espessas orestas e taquarais impenetráveis formando, sob a
umbela do arvoredo, complicado sistema defensivo... Debalde — em 8
de fevereiro — uma coluna tentou tomá-la, a rajadas de metralhadora
e ponta de baioneta. Voltou, com numerosas perdas. Era aconselhável
dividir a tropa, para que o ataque fosse pelo Sul e pelo Norte. Da
coluna do Norte se encarregou o Capitão Tertuliano Potiguara: e com
tal ímpeto, que invadiu o “reduto”, e aí se manteve, até que, prevenida
por mensageiros, que se escoaram na mata, também entrou em ação a
coluna do Sul, esmagando as últimas resistências. A tomada de “Santa
Maria” — a 5 de abril de 1915 — pôs termo à campanha, que custou ao
exército doze o ciais e para cima de 300 soldados.622

O ACORDO

Dirimiu a pendência de limites o acordo a que o Presidente Venceslau


Brás ligou o nome, chamando à conversação os governadores. Foi
celebrado no Rio de Janeiro, a 20 de outubro de 1916. Santa Catarina
cava com 25.510 quilômetros quadrados, e o Paraná com 20.310. O
traço fronteiriço, eqüidistante do Iguaçu e do Uruguai, passando por
Rio Negro, e União da Vitória, deixava em território paranaense
Palmas e Clevelândia.

XXIX: A G G

REALIDADE UNIVERSAL

Paralelamente à política de paz continental, consagrada pelas


Conferências de Washington (1889), do México (1902), do Rio de
Janeiro (1906), de Buenos Aires (1910), desenvolvera-se na Europa —
depois da grande reunião da Haia, em 1907 — a política de guerra,
suspicaz e lógica. Abandonou a con ança na justiça, para substituir o
princípio do equilíbrio (que vinha de Richelieu e Mazarino) pela
fórmula dos blocos ou alianças preventivas. Dividiu aquele assustado
mundo em dois campos, de um lado os impérios centrais (Alemanha,
Áustria e a Itália), do outro a França e a Inglaterra, com a Rússia; e
levou-o ao con ito, como conseqüência natural dos seus próprios
planos de ação. O medo recíproco, a idéia de que, passada a
oportunidade, nenhum deles poderia suportar a superioridade do
inimigo, os acontecimentos balcânicos, foco histórico da crise
européia, explicam o resto, ou seja, o seu desfecho, em julho de 1914.
Dela estava o Brasil geogra camente distante, mas moralmente
vizinho, muito mais do que acreditavam os desatentos políticos que,
absorvidos pelos fatos nacionais, não acompanhavam a evolução do
mundo. A guerra, passando do estreito âmbito das potências para o
terreno vasto de uma competição universal, utilizaria igualmente os
seus meios agressivos ao longo das rotas mercantis, na amplitude das
zonas econômicas, para lá das regiões con agradas, onde quer que
chegassem os interesses dos beligerantes — repudiados pois os
conceitos da neutralidade, do isolamento, da indiferença dos países
pací cos e longínquos em face da calamidade estrangeira. Teríamos de
rever a nossa atitude, se — como parecia inevitável — os Estados
Unidos mudassem a sua. Nesta hipótese, a eles ligados pelos
compromissos férreos do americanismo, que se forjavam desde 1893,
estaríamos no fogo, fossem quais fossem as perspectivas dessa
solidariedade. Iludissem-se os incautos, os partidários de uma
abstenção utópica, os germanó los...

NEUTRALIDADE E INDIGNAÇÃO

Logo a 4 de agosto, noti cado pelo embaixador alemão do estado de


guerra do seu país com a França e a Rússia, decretou o governo o
cumprimento rigoroso das regras de neutralidade.623 Estendeu-as, por
atos sucessivos, às relações com os que se foram metendo na luta.624
Mas as condicionava às circunstâncias do comércio marítimo,
subordinado ao bloqueio das esquadras aliadas, que dele excluía a
Alemanha; e à inclinação das populações, atraídas para a causa
“democrática”. Começou essa manifestação — crescente e inestimável
— das preferências populares quando, a despeito de seu status de
nação neutral, desde 1839, os exércitos do Kaiser invadiram a Bélgica
e, de roldão, se lançaram sobre Paris. Além da inversão do direito
internacional (diria Rui, dois anos depois), o que perigava era o
próprio núcleo de cultura e tradição onde pulsava o coração do
humanismo, nesta civilização ferida de morte... A batalha do Marne,
rebatendo a ofensiva, mudou-lhe o curso. A França resistia; e a
Inglaterra, senhoreando os oceanos, deles varrera os corsários. Lutava-
se por uma forma de existência, entre as democracias e a Kulturkampf,
o direito da força, as conclusões radicais a que o germanismo chegara
através dos marechais e dos professores.625 Não era difícil a opção para
um povo educado nas fórmulas liberais, e, como o nosso, sobretudo
sensível ao apelo das vítimas, à causa dos fracos, às atrocidades
desencadeadas pela conquista... Improvisaram-se, no Rio e nas capitais
dos estados, “ligas pró-aliados”. Recém-chegado da Europa, onde
pudera medir a extensão daquelas ameaças, Miguel Calmon zera na
Bahia um discurso previdente, que chamou As lições da guerra (1915).
Os militares que redigiam A Defesa Nacional telegrafaram-lhe, que
viera cooperar na propaganda do serviço obrigatório, “a m de poupar
o Brasil das tribulações futuras”.626 Outro não foi o sentido da Liga de
Defesa Nacional, que, com Pedro Lessa, fundou em 7 de setembro de
1916, tendo por intérprete peregrino quem, desde outubro de 1915,
falando aos estudantes de São Paulo, se zera o arauto da mobilização:
Olavo Bilac.627 Instituído em 1908 o sistema do sorteio cara até aí
letra morta, à espera de que o aceitassem. Obrigatório... para quê? Para
rejuvenescer, infundir vida nova à pátria, clamou o poeta — levando,
profético, à mocidade das escolas, o grito de alerta.628 Festejando-o, o
exército lhe oferecera (15 de novembro de 1915) um banquete:
associava-se à inteligência, para persuadir e arregimentar. Não parou
mais: falou à Marinha, celebrou liricamente, no dia da bandeira, o
símbolo nacional; foi a Minas, onde Afonso Arinos dera, em 1915, “o
primeiro grito de alarma”, ao Rio Grande, ao Paraná; fez, em
transportes de eloqüência, a propaganda das armas: e a 10 de
dezembro de 1916 a inauguração do sorteio — em todas as regiões
militares — foi uma cerimônia comovente. A Liga cumpria o objetivo:
e oresceram os “tiros de guerra”, com a inscrição em massa do
voluntariado entusiasta... Rui Barbosa teve parte grande nessa
excitação: por ele, desmascararia o Brasil desde o primeiro instante o
apoio aos aliados, vociferando, do alto de sua torre espiritual, o
protesto contra a agressão e a estupidez dos tiranos! A “Nação
armada”.629

MARCHA PARA A INTERVENÇÃO

“Neutralidade não quer dizer impassibilidade: quer dizer


imparcialidade; e não há imparcialidade entre o direito e a injustiça”.630
Esta sentença, proferiu-a em Buenos Aires, a 14 de julho de 1916, num
discurso coruscante de anátemas, que surpreendeu o governo.
Embaixador às solenidades que a 9 de julho comemoraram o
centenário da Convenção de Tucumã, falou Rui ao auditório
universitário, despindo-se da qualidade diplomática, orador político
na plenitude da cólera cívica. Tal oração, em que censurava a
neutralidade americana, querendo que se transformasse na defesa do
direito contra a força — repercutiu no estrangeiro como a de nição do
Brasil. O Sr. Bouilloux-Lafont, que lhe tinha o texto, telegrafou-o para
os jornais de Paris, que anunciaram... “L’entrée de l’Amérique dans la
guerre!”. Não era; o Ministério do Exterior procurou reduzir as
dimensões à “imprudência”; irritou-se Rui; e o povo o aplaudiu.

Estava condenada a política moderada de Venceslau e do seu hábil


Ministro do Exterior Lauro Müller, centro de convergência das
descon anças nacionalistas.631 Filho de alemães, era ele, apesar dos
galões que lhe reluziam na história da república — suspeitado de
germanó lo, culpado da abstenção sistemática, responsável pelo
paci smo inerte. Enquanto estivesse no Itamaraty, continuaríamos em
expectativa... Lauro poderia escusar-se com a opinião dos círculos
militares, de que era porta-voz A Defesa Nacional,632 sobretudo com os
Estados Unidos, que também se tinham encolhido numa passividade
misteriosa — da qual rebentaram, numa explosão de fúria, quando a
Alemanha os afrontou com a guerra submarina.633 Isto em 31 de
janeiro de 1917.

Corretamente, a nossa chancelaria reagiu contra esta “postergação


dos princípios reconhecidos do direito internacional”: as relações com
o império passaram a depender do respeito aos nossos barcos, que, em
nenhuma hipótese, podiam ser atacados. Pela mesma razão, romperam
os Estados Unidos (4 de fevereiro). Aguardamos, fatalistas, os
torpedeamentos. O do Paraná, na costa francesa, a 3 de abril, mostrou
que seria inútil protelar o inevitável: os submersíveis não nos
respeitariam os navios. Rompendo, o governo entregou os passaportes
ao pessoal da legação, e tomou conta dos vapores alemães
imobilizados nos nossos portos (11 e 13 de abril).634 No dia 14 de abril
enchia o povo a Avenida Central, para glori car Rui Barbosa — que
invectivou, como uma vergonha pública, “a continuação do estado de
paz”.

Estava em guerra a América do Norte a 23. Respondeu o Itamaraty à


comunicação yankee: permanecíamos neutros... Explicaria Venceslau,
na mensagem de 22 de maio, que nesse novo decreto de neutralidade
deixara de usar “termos empregados em atos anteriores”; fora sibilino.
Não bastava! Somava-se à emoção das ruas a conveniência evidente do
gesto, que con rmasse a decisão nacional de manter o continente
unido, de desagravar lá fora a bandeira metralhada pelo corso
marítimo... Íamos devagar. Foi o afundamento do Tijuca que avivou a
linguagem da imprensa, atiçou as iras populares e forçou Lauro Müller
a demitir-se — em 3 de maio. Assumiu a pasta Nilo Peçanha. E a 22 o
presidente pediu ao Congresso que revogasse a neutralidade, em favor
dos Estados Unidos.635 Terceiro naufrágio consumou a evolução para a
guerra: em outubro, o do Macau. Atendendo a mensagem do
presidente, de 25 de outubro, em 24 horas o Congresso aprovou a
declaração do estado de guerra que nos era imposto.

EM GUERRA

Pela primeira vez o Brasil, abandonando a política displicente do


alheamento, brandia através dos mares a sua intervenção nos assuntos
mundiais. Metia-se, sem medir conseqüências, na sua área incendiada.
Mudáramos de mentalidade, aceitando os encargos da nova ordem
internacional: participaríamos desta, e das guerras que se seguissem,
porque, na realidade, como dissera Rui em 1916, não poupara, nem
poupariam, os melindres da neutralidade, os direitos comuns das
nações, ensimesmadas na fantasia da imunidade... Ou desistíssemos
do comércio exterior, cortássemos as amarras às alianças econômicas,
ancorássemos nos fundeadouros os navios em lastro, esperássemos de
braços cruzados que os vencedores dessem a lei!

Foi com essa fria lógica que o brasileiro encarou a entrada na guerra
do seu país, desprevenido para uma colaboração ativa, sem elementos
agressivos para isto, contentando-se em preparar, no interior, as forças
“de observação”, em aviar, para o patrulhamento do Atlântico, uma
divisão naval, e em expedir, para o serviço dos hospitais, uma juvenil
missão médica.636

A campanha espiritual de mobilização atingiu o auge em 7 de


setembro de 1917.

Batalhões de voluntários dos estados des laram numa parada


reluzente pelas avenidas cariocas. As outras nações viriam conosco,
vaticinou Rui, saudando no Teatro Lírico (18 de setembro) os
atiradores baianos:637 e virando a página, chamou-lhes a atenção para
“o exemplo moscovita”.

“O exemplo da desorganização moscovita é a peste do Oriente”.638

Punha o dedo na ferida.

O movimento cívico da Liga era dúplice: militava, para os riscos da


guerra, mas educava, para os deveres da paz. “O Brasil ainda não está
feito, como pátria completa... Como fazê-lo?” (discursava Bilac em
Niterói, a 15 de novembro do mesmo ano).639 “São quatrocentos anos
de vida”, lembrara aos paulistas (2 de abril de 1917).640

POLÍTICA PATRIÓTICA

A república vencera as di culdades materiais da instalação, da


experiência; mas se “burocratizara”, nas oligarquias estaduais,
perdendo, na arena política, o lustre do idealismo. Paci sta, no
positivismo esquemático de 89, quebrara o prestígio alegórico do
exército. A Revolução da Armada, três anos mais tarde, eclipsara, nos
seus símbolos, a Marinha de Riachuelo. As restrições nanceiras do
período de Campos Sales tinham desarmado o país, que perdera em
Canudos tantos o ciais valorosos e sofrera, em 1904, com a revolta de
Travassos, novo golpe fundo nas suas esperanças de renovação militar.
Rio Branco resolvera as questões de fronteiras. Se em 1908 soprara,
rijo, o vento germanista das novidades bélicas, e em 1910 prevalecia,
com a eleição do sobrinho do fundador, esse espírito marcial, logo a
anarquia política tudo confundira e desacreditara. Caíra no campo
contrário, da impopularidade das armas, desgovernadas por inépcia
ou ambição. O civilismo de 1909 reanimara aquela política exausta.
Revestia-se agora de feição diferente: o patriotismo externo,
clamoroso, reivindicatório. Os tiros de guerra atraíram homens de
todas as idades. No tiro 7, do Rio, se alistaram personalidades ilustres,
que o povo, admirado, via des lar, fuzil ao ombro, na canícula,
energicamente. Pelo modelo da Liga de Defesa Nacional, instalou-se
em São Paulo (26 de julho de 1917) a Liga Nacionalista — presidida
por Frederico Vergueiro Steidel — com os seus quatro princípios: o
culto do patriotismo, a difusão da instrução, o serviço militar e a
verdade eleitoral.641

ÚLTIMA EPIDEMIA

Mostrara a guerra que carecíamos de defesa armada. Provou a “gripe”


que não tínhamos defesa sanitária. Foi a de 1918 a última epidemia a
lembrar, com o caráter calamitoso, as pestes que tão funda lembrança
deixaram no espírito popular: com a novidade de apanhar de surpresa
o Rio de Janeiro convencido de que, com a extinção da febre amarela,
não lhe conheceria mais os horrores. Reconheceu-os — ao
desembarcar no porto, vindo de África, o primeiro grupo doente da
in uenza, que se declarara em vários sítios da Europa e ferira, em
Dacar, a expedição brasileira. Era em setembro.642 Logo a Diretoria da
Saúde explicou que a natureza universal da moléstia zombava das
medidas pro láticas, não havendo o que fazer, se chegasse. Chegou.

Calculou Miguel Couto em 80% da população da capital os atacados,


numa quinzena. Morreram aqui quinze mil pessoas.643 Nem escaparam
à onda pestilencial o Sul e o Centro do país.

AS AGITAÇÕES SINDICAIS

O “após-guerra” (no Brasil e no resto do mundo) caracterizou-se pela


eclosão das grandes greves, que selaram, em 1919, a sorte de uma
política: a de indiferença pela questão social.

É um novo horizonte entreaberto, o da arregimentação proletarista,


provocada, inspirada, orientada (força é reconhecer) menos pelo
exemplo externo do que pela maturação dos problemas, no país, do
con ito e da convivência das classes. O princípio sindicalista não era
recente nem revolucionário. Enxertara-se, em 1903, por iniciativa do
Deputado Inácio Tosta, na mansa legislação protetora do trabalho,
como uma forma de coordenação, cujo sentido liberal
(associacionismo espontâneo) o decreto de 5 de janeiro de 1907 xara.
Aparecem em ambos os diplomas (1903 e 1907, no governo Pena) os
sindicatos, para “estudo, defesa, desenvolvimento”... Em Pernambuco
fundara-se (em 1914) uma Federação Regional do Trabalho. É de 1918
o Departamento Nacional do Trabalho. Mas o profundo dissídio
ocorreu em junho e julho de 1919, com amplas demonstrações
grevistas no Recife, na Bahia, em São Paulo, na capital federal.644 Delas
resultou, entre outras (curioso tipo de antecipação estadual) a lei
baiana de 10 de junho que estabeleceu a jornada de trabalho de oito
horas nas o cinas do estado, ou por ele subvencionadas.

Implanta-se com isto na consciência pública a inquietação operária; a


querela do século substitui, na controvérsia política, o velho fraseado
romântico; ouve-se a insistência convincente dos precursores (Alberto
Torres, Evaristo de Morais, Maurício de Lacerda, Joaquim Pimenta), a
cuja prédica juntou Rui Barbosa o seu formidável depoimento.

Foi na sucessão de Venceslau Brás.

XXX: U   N

DE MINAS A SÃO PAULO

A prudência de Venceslau Brás — pejorativamente quali cada de


vacilação — deu ao país outra lição de sensatez.

Em viagem a Campos, sugeriu-lhe Nilo Peçanha o nome de


Rodrigues Alves.645 Ninguém mais próprio para dirigir a república no
proceloso quatriênio em perspectiva. Recebera de São Paulo o
governo; era justo que lho devolvesse, dando a Rodrigues Alves o que
este lhe dera... Minas e São Paulo; café com leite (motejou-se);
entretanto equilíbrio; ordem e paz... Depois de sua segunda
administração paulista, quisera o antigo presidente descansar na sua
quieta cidade natal, Guaratinguetá. Mas com a morte de Glicério viera
para o Senado; e assim, sem esforço, naturalmente, reocupara na cena
política um posto de comando. Deixou-se candidatar. Del m Moreira,
de Minas (consolidando a aliança dos dois grandes estados), foi o seu
companheiro de chapa, para a vice-presidência. Estava-se no último
período da guerra. A polícia tinha mão às agitações proletárias; nem
havia clima para uma campanha nacional em torno de princípios
inconciliáveis. Por bandeira, o conselheiro tinha o passado. O seu
admirável passado de governo laborioso, de autoridade sem medo, de
rígido civilismo... Traiu-o a combalida saúde. Na verdade o
surpreendeu a eleição sem condições físicas para exercer novamente a
che a do Estado.

A 15 de novembro (à espera do momento de passar-lhe o cargo)


empossou-se provisoriamente na presidência Del m Moreira.
Governou até 27 de junho de 1919, porque a 16 de janeiro faleceu
Rodrigues Alves.

Interrompeu-se com este imprevisto a lógica dos acontecimentos. Rui


incompatibilizara-se com o governo, melindrado pela insídia em que
se lhe envolvera o convite — assim inaceitável — para che ar a missão
à Conferência da Paz.646 Substituíra-o nela o Senador Epitácio Pessoa.
Se tivesse ido à Europa, perderia parte de sua popularidade; preterido,
aumentou-a. Era candidato à presidência, a menos que Minas e São
Paulo se opusessem. Opôs-se a Bahia. Em nenhuma hipótese
concordaria Seabra com o glorioso conterrâneo, chefe da coligação
local de seus adversários. Isto lhe ouviu Raul Soares, vindo de Minas,
com o encargo (do Presidente Artur Bernardes) de “coordenar” a
sucessão. Conviera-se que não caberia ainda a Minas ou a São Paulo. A
ambos os presidentes, Bernardes e Altino Arantes, faltava a credencial
da experiência, indispensável ao cargo. Parecia o Rio Grande
conformado com a candidatura de Rui que, por sua vez, abrandava o
revisionismo, pondo em destaque o que omitira outrora, “a questão
social”.647 Foi quando alvitrou Borges de Medeiros o nome do
embaixador à Conferência da Paz, evidenciado em publicidade
lisonjeira pelos fulgores da representação diplomática:648 Epitácio
Pessoa.

CAMPANHA PRESIDENCIAL DE 1919

Proclamado pela convenção de 25 de fevereiro de 1919, quem mais se


surpreendeu com a escolha foi Epitácio Pessoa.649

Candidato ausente da intriga e estranho ao seu desenvolvimento, as


urnas o sagrariam a 13 de abril, fosse qual fosse a resistência da
minoria. Rui Barbosa não receou em 1919 o retorno difícil aos climas
emocionais de dez anos antes. Mais velho, considerado sem
discrepâncias pela opinião nacional como o brasileiro mais ilustre,
pois na verdade a ninguém zera ainda o povo as homenagens que lhe
pontilhavam o roteiro político, festejado como um símbolo por
ocasião do seu jubileu intelectual (em 1918), a sua reaparição naquela
campanha desesperançada tinha o aspecto respeitável de um protesto
— sem a profundidade de um movimento. Deu-lhe porém o melhor
de suas forças. Discursou no Rio, em Juiz de Fora, em São Paulo, na
terra natal — que o acolheu com a mais estrondosa recepção de que há
memória. Fustigou com os raios da eloqüência (no seu esplendor
verbal) o caucus, tanto o corrilho, como a política e os atores, de quem
traçou a caricatura e a condenação.650 A 20 de março, no Teatro Lírico,
enveredou por outro caminho: proclamou-se integrado no cataclismo
universal, atualizando (numa expressiva tomada de contato com as
modernas “realidades”) a sua teoria do Poder. É preciso insistir na
data, para positivar — a propósito das novas idéias do “apóstolo” —
que a partir de então as lutas partidárias teriam de beber nas fontes
populistas a inspiração e o vigor. A oração de Rui inclui-se na evolução
brasileira da “questão social” (cujo clímax as greves de junho e julho
desse ano nitidamente marcaram), como uma solene adesão do
liberalismo histórico à conjuntura. “Na história do Brasil não há cenas
maiores”, confessou ele, na Bahia (12 de abril), sensibilizado pelo
frenesi popular. Faltava-lhe (repararam os corifeus da “questão social”)
o timbre socialista. Ficassem os outros com a reação, o anti-
reformismo, o poder de polícia. Para chegar às massas, precisava o
candidato das elites e das ruas armar-se com a linguagem nova...

QUANDO APARECE A DEMOCRACIA SOCIAL

Assessoraram Rui naquela oração, a mais fraca da campanha, diz


Evaristo de Morais, este (com José Agostinho dos Reis e Caio Monteiro
de Barros) e o industrial Jorge Street, por sinal o único citado, pois na
verdade foi o seu pensamento conciliatório que prevaleceu na tímida
conversão do chefe do liberalismo brasileiro. Ouçamos o depoimento
de Evaristo de Morais:
Freqüentemente acode-me ao espírito a lembrança da longa conversa em que eu, o saudoso
José Agostinho dos Reis e Caio Monteiro de Barros ministramos a ele os dados concretos, os
comprovantes, que deveriam servir para a feitura da conferência, vinte e quatro horas depois.
Ele pasmava, diante dos quadros, que lhe apresentávamos, de misérias, sofrimentos, vexames
e explorações, a que estão sujeitas algumas classes trabalhistas, parecendo-lhe incomportável
a situação por nós descrita. E Deus sabe quanto e quanto lhe custou, abandonando os
princípios do seu velho liberalismo econômico, sugerir, de público, providências legislativas
de cunho intervencionista! Por aí se vê até que ponto ia a quase geral despreocupação dos
nossos homens públicos, perante os vários problemas que o socialismo procurava resolver.651

Muniu-se Rui daquelas informações, aferrou-se na solução


intermédia, e abrindo o seu caminho entre as alas antagônicas, mas
deixando distante o liberalismo em que se educara, e com que educara
as gerações, proclamou — de nindo-se:
Estou, senhores, com a democracia social. Mas a minha democracia social é a que
preconizava o Cardeal Mercier, falando aos operários de Malines, essa democracia ampla,
serena, leal, e, numa palavra, cristã; a democracia que quer assentar a felicidade da classe
obreira, não nas ruínas das outras classes, mas na reparação dos agravos, que ela, até agora,
tem curtido.652

E em maré de realismo literário (citando de início Os urupês, de


Monteiro Lobato) revelou, à vista desatenta da Cidade, os seus
“mistérios” abomináveis: os bairros sujos dependurados dos morros,
montureira de abandonada pobreza sobreposta, como um opróbrio, à
paisagem “maravilhosa”, o casario de tábua e lata, os imundos
quarteirões de casebres escorrendo, como a lama e o lixo das sarjetas,
pelas encostas verdejantes das colinas, a que só faltava o apelido, que
vinha aliás da guerra de Canudos: as favelas. Pela primeira vez a
política desenluvava a eloqüência, para estender a mão cordial àquele
resto de humanidade esquecida...653 Mas foi um episódio; ou antes,
uma inspiração.

Falando em seguida aos “operários baianos” (15 de abril), não insistiu


Rui em iniciativas assistenciais, ou nas promessas da intervenção
protetora: limitou-se a honrar o trabalho, operário que também era,
com meio século de dura fadiga.654 Desa ou, isto sim, o
conservantismo inabalável (anti-revisionista, antes de tudo) cujo
quartel-general era a seu ver a situação rio-grandense.

Do Rio Grande (quem o imaginaria em 1919?) havia de sair dez anos


depois o ímpeto revolucionário que retomou o pensamento ali
ousadamente exposto. Espaços iguais separam a evolução social-
democrática de Rui Barbosa (1909–19) e a evolução política da
república (1919–29). Apenas a “revisão”, inviável àquela época, teria de
fazer-se em 1930 por força das armas e não pelo prestígio da palavra.

EPITÁCIO PESSOA

Foi inútil a pregação do “apóstolo”. De tal forma que ele próprio


reconhecia, a 17 de julho, o resultado da eleição, e pedia para o novo
governo uma expectativa pací ca.

Desistiu de brigar no campo federal, porque necessitava da


imparcialidade do chefe do Estado na política da Bahia. O seu
propósito não era renovar uma oposição sistemática, mas reunir, para
a luta que prosseguia, os elementos capazes de empolgarem o poder na
sua terra natal. Quanto a Epitácio Pessoa, desempenhara-se com
galhardia da missão em Versalhes. Defendera — que era esta, desde
1907, a doutrina brasileira — a igualdade das soberanias,655 induzindo
os “grandes” a aceitarem que quatro menores se representassem no
Conselho de Segurança da Sociedade das Nações.656 A Sociedade das
Nações fora o instrumento com que Wilson (primeiro utopista da paz
geral a concretizar politicamente o velho sonho) pensara eliminar as
guerras. O presidente eleito ligou o seu nome à instituição que nascia;
e a convite de vários governos os visitou (como zera Campos Sales),
com proveito para a simpatia que o Brasil merecera à Europa e à
América. Essa viagem diplomática antecipou, com as suas amáveis
ressonâncias, as homenagens com que o esperou no Rio de Janeiro a
política, prenunciando uma administração calma e próspera.

Seria assim, se a sementeira dos problemas partidários (e a frustração


ideológica) não lhe atulhassem de obstáculos o caminho. A começar
pelo ruísmo baiano.

NA VELHA BAHIA

Como o caso da Bahia sombreou os primeiros tempos do novo


governo, é preciso explicá-lo. Seabra foi o primeiro, o mais forte
antagonista de Rui, na campanha presidencial que acabava de
encerrar-se. A prova desta malquerença deu-a Rui no violento
discurso proferido no Politeama Baiano, em que castigou com o seu
mais contundente vocabulário o conterrâneo e desafeto. O Governador
Antônio Moniz manteve-se el a Seabra. Eleito sob os seus auspícios,
não teve dúvida em apoiá-lo para a sua sucessão. Forte e agressiva,
mais agressiva e forte depois da volta de Rui à Bahia em abril de 1919,
a oposição regional, aglutinada desde 1916, dispôs-se a enfrentá-lo nos
comícios abertos. O primeiro, a 25 de março, terminou estupidamente,
dispersado a tiro, pelos correligionários de Seabra.657 O sangue aí
derramado dividiu irreparavelmente as forças.658 Foram às urnas,
levando a coligação oposicionista o nome do juiz federal Paulo Fontes.
Acorreu Rui ao seu apelo, para prestigiar-lhe a causa na capital, no
Recôncavo, nos sertões. Aos que lhe tinham destruído a candidatura
antepôs o espírito popular; fulminava, nessa ronda inesperada, os
adversários; chegou-se a pensar que os bateria no pleito. Seria ignorar
o poder da máquina; e a fatalidade de uma eleição apenas scalizada,
ou real, nos grandes centros, mas à mercê dos chefes locais nos seus
redutos intocáveis... Ganhou Seabra. Sublevaram-se os sertões, tendo
na capital o seu megafone: o jornal de Simões Filho, A Tarde.
Qual a verdade daquela guerra simulada, que, segundo o noticiário
estridente, mobilizou cinco a seis mil clavinoteiros, a cuja frente
voaram, a “redimir o Estado”, os coronéis — com os seus cabras?
Quem os armara, como se planejou o movimento, que possibilidade
tinha de sucesso, descendo, maciço, sobre a capital, assombrada e
indecisa? Exagerava-se, é certo, a dimensão do levante sertanejo, cuja
direção assumiu, nas Lavras Diamantinas, o Coronel Horácio de
Matos, chefe de Mucujê, com o seu batalhão de garimpeiros. O fato é
que a força policial não pôde com ele; e impotente para restabelecer a
ordem, ou temendo que a alterasse às portas do palácio a amotinação
das ruas, o governador requisitou (17 de fevereiro de 1920) a
intervenção federal.659 No dia imediato quem a pediu foi a oposição,
pela voz de um amigo, o presidente do Tribunal, Bráulio Xavier.
Epitácio — prudente — tentou conciliar. Quis habilmente conciliar em
sacrifício de Seabra, mas atraindo Rui. Se renunciasse o primeiro,
eleger-se-ia, em compensação, pessoa dele (lembrou Torquato
Moreira), que paci caria, só com isto, o Estado. Seabra recusou;
insistiu; aceitava o presidente do Senado estadual, Frederico Costa;
discordou a oposição... À vista da divergência, fez o presidente da
república o que lhe cumpria. Interveio por intermédio do comandante
da região (General Cardoso de Aguiar). Protestou Rui, com a
fertilidade do seu saber jurídico; justi cou-se Epitácio, com
exuberância de razões.660 Interveio forçado, para restaurar a legalidade;
restaurou-a. Permitiu que Seabra se empossasse pela segunda vez no
governo da Bahia.

AO CLARÃO DAS FESTAS

Foi operoso e difícil o governo de Epitácio.

Autoritário, sabendo o que queria, tinha a bra dos duros homens de


sua raça, com a sua valentia e a sua perseverança. Como não subira
acomodando interesses, mas, ao contrário, sobrepujando-os, não se
prendia a ninguém. Espantara a timidez política pondo nas pastas
militares ministros civis, Calógeras e Raul Soares. Como no pací co
reinado de Dom Pedro ... Parecia uma provocação: pela primeira vez
na república se ousava isto. Logo reconheceu o exército o austero
Calógeras como um dos melhores ministros que o serviram. Renovou
as instalações, mandando construir uma rede de quartéis, adquiriu
copioso material, incrementou as indústrias de guerra, organizou a
aviação, com a competente Escola...661 A administração, notável nos
assuntos militares, foi empreendedora na viação (1.200 quilômetros de
vias férreas) e pioneira no combate às secas, ponto essencial do seu
programa. Vindo do Nordeste, identi cado com as suas angústias, quis
Epitácio ser o salvador da sua desafortunada gente: e — entregando o
comando das obras ao engenheiro Arrojado Lisboa — mandou atacar
a construção de açudes. Com rapidez, técnica estrangeira, enorme
quantidade de material importado, se abriram naquela região perto de
500 quilômetros de estradas de ferro, 205 açudes, 220 poços... Só não
previu a suspensão dos trabalhos, com perda de parte do equipamento,
por quem lhe sucedesse.662 Nem desatendeu ao café paulista. Usou com
largueza o crédito externo, 50 milhões de dólares, mais 9 para a
liquidação da valorização do café, ainda 25 para a eletri cação da
Central, que não chegou a começar... Agradeceu-lhe São Paulo o
socorro ao café. Politicamente, respaldou-o.

Não se atemorizava com a imprensa, exacerbada e impiedosa.


Respondeu-lhe com a “lei de repressão do anarquismo” (17 de janeiro
de 1921) em que havia sanções insólitas para o incitamento à
desordem, a oposição sediciosa. Desdenhou-lhe os reparos ao pedir
crédito “ilimitado”, para receber a visita do Rei Alberto, da Bélgica. Foi
majestoso (setembro de 1920) na sua hospitalidade. Por que transigir
com as resistências jacobinas, a ato de tão cívica justiça qual o
repatriamento dos restos mortais dos imperadores? Revogou o
Congresso o banimento da família imperial; e a bordo do couraçado
São Paulo vieram de Lisboa os despojos — que o Rio de Janeiro (9 de
janeiro de 1921) acolheu com extremos de emoção. Encerrara-se o
capítulo da controvérsia republicana; poucos sobreviviam aos choques
da consolidação do regime; e a “volta das cinzas” tinha o sentido
delicado, de uma reparação — sem paixões partidárias, misticamente
patriótica.663 Favorecia a ênfase presidencial a sugestão das datas: pois
devia celebrar-se o centenário da Independência, era preciso reunir em
fortes índices as provas do progresso — numa atmosfera festiva, de
vanglória. A Exposição Internacional de 7 de setembro de 1922 foi de
ordem a deslumbrar o povo, atraindo a atenção respeitosa do mundo.
Juntou-se a prefeitura municipal (Carlos Sampaio) a estas intenções: e
com o apressado desmonte do Morro do Castelo, ampliou a área, sobre
o mar, onde em breves meses a Exposição universal pompeou o
contraste das arquiteturas, e o seu ofuscante pitoresco. Perdia-se a
tradição jesuítica do Castelo, dos primeiros governadores: mas se dava
à cidade um bairro fantasmagórico — pouco depois de completadas as
obras de Frontin, na Avenida Atlântica, e estendida esta às alvas praias
de Ipanema...

XXXI: “H   ...”

REAÇÃO REPUBLICANA

Complicou o problema da sucessão a neutralidade do presidente —


libertando a política.

Limitou-se a discordar do nome de Seabra, para a vice-presidência.


Não lhe perdoava se ter oposto à paci cação do seu estado. Raul
Soares, com São Paulo, fez o resto. O Partido Republicano Mineiro
lançou Artur Bernardes; e pediu (telegrama assinado por Bueno
Brandão e Raul Soares) a adesão de Borges de Medeiros. A convenção
nacional rati caria a escolha... Irritou-se Borges com a fórmula inábil,
“deliberou adotar candidatura”, correspondente ao fato consumado; e
respondeu que a ética do regime impõe que antes se conheçam as
idéias dos candidatos...664 Foi fogo no palheiro. Cresceu, com a
comunicação de que para a vice-presidência iria o maranhense
Urbano dos Santos. Pernambuco e Bahia bandearam-se com a
oposição. Ofereceu esta a presidência — contra Bernardes — a Nilo
Peçanha, que representava o estado do Rio... Recém-chegado da
Europa, sem conhecimento exato da situação, comprometera-se Nilo
com a fórmula mineira. Retrocedeu, envolvido pela onda de
popularidade dessa resistência maciça (quatro estados!); aceitou a
direção da campanha, batizada, com sucesso, de “reação republicana”.

A convenção da maioria homologou a chapa Bernardes–Urbano; a


dos dissidentes, Nilo–Seabra.665 “Custe o que custar”, prometeram os
nilistas; “haja o que houver”, contestaram os bernardistas.

O FATOR MILITAR

Desbordou o desgosto explosivo das classes armadas. Em junho (de


1921) assumira-lhes o comando simbólico, que tanto valia a sua
elevação à presidência do Clube Militar, o venerando Marechal
Hermes. Podia ser candidato à sucessão de Epitácio. Pondo de lado os
velhos ressentimentos, Rui Barbosa fez da evocação de Deodoro o
traço comum, das aspirações regeneradoras, e falou à o cialidade do
Clube, numa reconciliação comovente. Chegou a acariciar a hipótese
da revolução que fosse outro Quinze de Novembro! Escreveu a Nilo
Peçanha: “Considero o concurso delas (forças armadas) imprescindível
neste momento, pois tenho a situação atual do país como mais grave
do que em 1889, e vejo nesse elemento a força única de estabilidade e
reorganização que resta ao povo”.666 Desiludiu-se, ao surgir a
candidatura de Nilo (estranho àquela... “reorganização”); retrocedeu às
bandeiras da estrita legalidade — que já não utuavam sobre a
exaltação das patentes jovens. Explorou-lhes a intransigência o conluio
de que resultou — inesperada provocação — a “carta falsa” de
Bernardes.667 É um episódio singular, o do misti cador, que tendo
imitado a letra do candidato numa carta cheia de insultos ao exército
(inverossímil na sua grosseria), conseguiu transformá-la no estopim da
insurreição. Absurda e contestada — produziu o seu efeito ao ser
ardentemente debatida na assembléia do Clube Militar (a 21 de
dezembro).668 Decidiu esta que — com desmentido e tudo era...
verdadeira. E entregou-a ao “juízo do país”.

Repetia-se (desta vez, peremptória) a cisão que a vésperas da


república distanciara do poder a espada. Sem a profundidade do
antigo dissídio (em que, como em 1909, se esboçara o contraste de
classes), mas com a mesma veemência, pois envolvia nos seus
entusiasmos a mocidade dos quartéis. Nem o alvo era apenas o
caluniado político de Minas. Todos os protestos que se acumulavam na
consciência popular com a frustração do regime (da ditadura rival dos
marechais às derrotas de Rui) vinham asperamente à tona, na
indignação subversiva da imprensa... O povo parecia compreendê-la.
Tremenda vaia, seguida das arruaças em que trovejou a rebelião, foi o
desa o carioca a Artur Bernardes, que viera ao Rio ler a sua
plataforma.669 Rolou a catilinária pelas gazetas, cuja cólera não deixava
dúvidas sobre as desordens em marcha. Até as canções carnavalescas
apostavam; no palácio das águias, não poria o pé... Nilo e Seabra
(viajando um para o Norte, o outro para o Sul),670 reproduziram como
lhes foi possível a valente tentativa do civilismo, de transferir para a
deliberação do eleitorado a decisão autoritária das convenções: mas
sem a sua ressonância. Deslizaram as expectativas da reforma do
quadro partidário — que não se alteraria com a eleição... garantida —
para o da violência. Eleito Bernardes, a oposição não se conformou.
Ao descer Epitácio de Petrópolis, em abril, os rumores de um possível
atentado induziram o Arcebispo-Auxiliar Dom Sebastião Leme a
recebê-lo à estação, para juntos atravessarem, de carro, as avenidas...671
Poderia a maioria do Congresso (que proclamava os eleitos) renunciar
ao seu faciosismo? Propôs Nilo aconselhado por Borges de Medeiros
— que o reconhecimento fosse feito por uma comissão arbitral.672 Na
Constituição não havia tal coisa; rompia o lineamento do sistema; era
inadmissível, embora... convencesse. Epitácio recusou encaminhar a
fórmula, que demitiria o Legislativo do seu poder veri cador. Não
impediu, ou antes, aguardou com a habitual rmeza a seqüência dos
fatos — a que os distúrbios do Recife deram o estrondo revolucionário.

A CAUSA REGIONAL

Falecera José Bezerra. Governava Pernambuco Manuel Borba. À


sucessão concorriam, amigo deste, José Henrique Carneiro da Cunha
e, sustentado por Estácio Coimbra e pelos amigos do presidente,
Eduardo de Lima Castro. Logo se disse que o Catete entrava na luta,
com ordens à guarnição, para intimidar o governador; e desciam da
Paraíba elementos policiais, violando a autonomia pernambucana...
Assumiu Borba atitude indômita, de resistência. Graves tumultos, por
três dias, espalharam no Recife a angústia que precede as imolações...
Epitácio mandou que a tropa federal se conservasse nos quartéis; e eis
que a diretoria do Clube Militar, a 29 de junho, desfecha um
telegrama, assinado pelo marechal, em que concitava o comandante da
região a não “desviar a força armada do seu alto destino”. O telegrama
foi a luva atirada ao presidente, que a tomou no ar. O Ministro da
Guerra indagou do marechal se era de sua autoria; que sim, respondeu;
e ato contínuo o presidente mandou repreendê-lo “severamente” no
boletim do exército. Replicou que o telegrama fora concertado pela
diretoria do Clube; nem podia aceitar “a injusta e ilegal pena”. Chamou
Epitácio o velho Marechal Gabriel Botafogo, e ordenou que recolhesse
preso, por vinte e quatro horas, o seu eminente colega, no 3º de
infantaria, à Praia Vermelha. Castigado o presidente do Clube, devia
este reunir-se para deliberar. Epitácio, preventivamente, mandou que o
chefe de polícia o fechasse. Era em 4 de julho; à meia-noite, um tiro do
Forte de Copacabana avisou que estourara a revolta.

5 DE JULHO

Os políticos não iam tão longe, que preparassem na caserna o


movimento. Alguns conheciam-lhe a trama; a maioria a receava. O
mais interessado em contorná-lo era, no Sul, o governante que iniciara
a resistência. Nilo não se envolvera na conspiração: temia que afetasse
a política uminense:673 Seabra preservava a da Bahia. Rui apoiou, no
Senado, a decretação do sítio. O golpe de 5 de julho foi apenas militar.
Parecia inevitável, desde que o Clube, surdo aos desmentidos, insistira
em considerar autêntica a injuriosa carta atribuída a Bernardes;
naquela coerência ia da descon ança ao desa o. Preso o presidente e
fechada a sede, abrira-se-lhe o dilema, do silêncio disciplinado —
vitória do governo — ou da violência, que o derrubasse. As altas
patentes pediam calma; mas não podiam demover tenentes e cadetes,
diferentemente informados sobre a crise, e nela mergulhados com a
veemência amante do idealismo.

O levante teve o caráter de uma improvisação, embora o estado de


espírito da o cialidade desse a impressão de ser geral. Com o Coronel
Xavier de Brito e o Tenente-ajudante Roberto Carneiro de Mendonça
se sublevou a Escola de Guerra, e saiu a unir-se, na Vila Militar, às
unidades que a seguiriam, sob o comando supremo do marechal. Este,
porém, fora novamente detido, antes de poder alcançar a tropa; e a
dois quilômetros da Vila o 1º de engenharia, logo o 1º e o 2º de
infantaria, receberam a bala os rapazes.674 Travou-se, desesperada, uma
luta desigual: e a Escola foi vencida. Contava o Forte de Copacabana
(sob o comando do Capitão Euclides da Fonseca, lho do marechal)
com o do Leme, e, ao que constava, com os corpos da Praia Vermelha
e de Niterói. Falava-se de compromissos assumidos pelos chefes
operários,675 perseguidos, dispostos a tudo... Baldadas esperanças:
resistiu só. Debelada a sedição na Vila Militar, lançou Epitácio sobre
Copacabana vários batalhões do exército e da brigada policial (sob o
comando do Coronel Nepomuceno Costa); expediu os navios da
esquadra, ao bombardeio da praça; intimou-lhe a rendição. Chamado
a parlamentar pelo Ministro da Guerra, o Capitão Euclides não pôde
voltar. O seu companheiro, Capitão Antônio de Siqueira Campos,
comandou a fase nal do episódio. Abertas as portas aos civis que, às
dezenas, ali se tinham reunido, caram dezoito, decididos a morrer;
mas estupendamente, num duelo absurdo com as leiras que se
acercavam. Além de Siqueira Campos, o Tenente Newton Prado, o
Capitão Mário Carpenter, o Tenente-aviador Eduardo Gomes, o
paisano Otávio Correia, alguns soldados...676 Saíram, em grupo, fuzis
em punho, bolsos atufados de munição, às quatro da tarde, naquela
praia inundada de luz; entrincheiram-se na linha do calçamento; e
atiraram até o m.677 Rajadas de metralhadoras, fuzilaria, por último,
uma carga de baioneta, deram a esse sacrifício a grandeza de que
carecia, para sensibilizar a nação.

Sensibilizou-se, mas não se moveu.


Pelo seu jornal, Borges de Medeiros condenou logo a revolução. Era
“pela ordem”.678 Esta declaração formal esfriou no extremo Sul a
agitação prometida. Repercussão isolada do levante de 5 de julho foi o
da guarnição de Campo Grande, no Mato Grosso, às ordens do
General Clodoaldo da Fonseca. Esbarrou nas barrancas do Paraná
com a expedição mista, da polícia paulista e da força federal do
Coronel Tertuliano Potiguara;679 soube que havia paz no resto do país;
e capitulou.

O CENTENÁRIO

Foi um bonito dia, 7 de setembro de 1922, ao se acenderem as luzes da


exposição diante do secretário de Estado norte-americano, Charles
Hughes, de numerosas embaixadas especiais, da população que ali
esquecia as amarguras da dissensão interna para ver, admirar, aplaudir,
descrente da atualidade, mas contente do Brasil. As festas
prolongaram-se. Visitou o Brasil o presidente de Portugal, Antônio
José de Almeida. Em São Paulo, o monumento do Ipiranga devia ser
um dos maiores do mundo. Cunharam-se no Rio moedas em que
apareciam, conjugados, chefes de Estado em 1822 e de 1922, Dom
Pedro  e Epitácio; simbolizando a continuidade, o palácio novo da
câmara municipal ostentava nas torres os símbolos do império e da
república, em trajos mitológicos, conciliados; a euforia nacionalista
estampava-se no estilo arquitetônico, luso-colonial, nos congressos
comemorativos desse século vencido, nas cifras do progresso, nas suas
promessas o ciais... Em 15 de novembro transmitiu Epitácio o poder a
Bernardes num ambiente de trégua680 — breve e angustiosa.

XXXII: I  

GOVERNO INABALÁVEL
Presidente, após tão áspera luta, representou Bernardes a autoridade
resoluta, exercendo-a com o pleno poder de polícia. Não criara a
situação: herdara-a, com o problema político, da inconformidade,
agravado pela questão militar, da repressão. Poderia experimentar o
velho remédio da anistia, segredo da “paz imperial” e feliz manobra de
Prudente de Morais para a restauração da ordem civil.681 Não o achou
oportuno, quando corria, apaixonando a opinião, o processo dos
revoltosos; julgou que a suavidade lhe seria tomada como terror ou
recuo; foi inabalável. Não o ajudou, por outro lado, o ambiente, em
que à agressividade da imprensa se unia a descon ança das classes
armadas. O seu ministério tinha valores evidentes, João Luís Alves na
Justiça (jurista que declarara legítima a Constituição positivista do Rio
Grande, incapaz de atirar contra a magistratura o governo), Miguel
Calmon na Agricultura, Félix Pacheco no Exterior, Oliveira Botelho na
Fazenda, Alexandrino na Marinha, Setembrino na Guerra.

Começara-lhe, porém, o desconcerto, a propósito desta última pasta.


Setembrino, comandante da região de Juiz de Fora, condenara a
exaltação do Clube, e conservaria tranqüilo o exército; mas o General
Carneiro da Fontoura se destacara no comando da região do Rio de
Janeiro, era enérgico, prometia exterminar as conspirações, e não
podia car abaixo. Teve, em má hora, a che a de polícia. O cargo não
se lhe ajustava: desempenhado sistematicamente por bacharéis, só um
severo legista ofereceria então à efervescência popular uma expectativa
de tolerância e compreensão. Fontoura tornou-se, em vez disto, a
imagem do arbítrio policial. Outro erro consistiu em prolongar o sítio,
que se não interrompeu até o início da legislatura seguinte, quando
obteve o governo a lei coibitiva dos abusos de imprensa — motivo
acessório do recrudescimento da oposição, com os derivativos da
conjura revolucionária, intensa e subterrânea. No plano político, longe
de acomodar-se com as de nições do período anterior, prestigiou as
forças que o tinham sustentado, dando-lhes a mão no estado do Rio,
no Rio Grande, na Bahia, contra Nilo, Borges, Seabra.

DESMONTE
No estado do Rio abriu-se o con ito, entre os nilistas, que elegeram
presidente Raul Fernandes, e os bernardistas, que diziam ter elegido
Feliciano Sodré. Competindo o reconhecimento à assembléia, surgiu a
dualidade desta, com a reunião dos candidatos oposicionistas em
outro local, para decidirem que eleito fora Sodré, e não Fernandes.
Tumultuada a política uminense, socorreu-se o presidente
proclamado pela assembléia legítima do habeas‐corpus, que por seis
contra cinco votos, lhe deu o Supremo Tribunal (31 de dezembro de
22). Empossou-se perante o Tribunal do Estado, e, em palácio, recebeu
o governo das mãos do antecessor, Raul Veiga. Faltou-lhe a aprovação
do Catete. Não trataram com ele os funcionários; lavrou pelo interior a
desordem; a polícia começou a ausentar-se. Para pôr cobro à situação,
desfechou o presidente da república a intervenção, nomeando
interventor Aurelino Leal,682 que restabeleceu a normalidade
administrativa no estado.

Esses sucessos reforçaram a posição de Nilo Peçanha como chefe


ostensivo da oposição a Bernardes.

Em 1º de março de 1923 faleceu Rui Barbosa em Petrópolis; e as suas


exéquias justi caram uma demonstração grandiloqüente de luto
o cial, a que faltou o calor do sentimento popular. O patriarca do
civilismo dele se distanciara para ser coerente, em 1922, com o
repúdio à desordem — entranhada (não se iludissem!) nos libelos com
que, em 1919, fulminara o caucus, denunciando a falência do sistema e
dos seus leaders; morreu distante das massas, que lhe foram, tantas
vezes, a moldura do gesto apostólico. A sina da impopularidade tisnou
quantos colaboraram na ação corretiva do governo, reclamada
entretanto no Rio Grande e na Bahia pelos liberais, fatigados do
ostracismo interminável. O governo federal continuava o seu destino
de abater os rebeldes e socorrer os aliados, como última esperança das
oposições locais... Os ruístas estavam com Bernardes, e este os apoiou.
No Rio Grande agüentaria os federalistas, contra Borges, que depois de
5 de julho de 22 se conciliara com o Catete — tirando-lhe o pretexto
da intervenção — sem o desarmar. Cometeu o erro de propor-se à
quinta reeleição.
A REBELIÃO NO SUL

Talvez não se registrassem os fatos que, por oito meses, abalaram o Rio
Grande, se Borges de Medeiros, atento às condições do país,
aproveitasse o ensejo para sair da cena, apresentando à sucessão um
nome de concórdia. Os correligionários mais lúcidos por isto
esperavam; deixaram correr o tempo, enquanto o seu silêncio parecia
indicar que meditava sobre a renúncia. Puro engano: três meses antes
da eleição, e porque urgisse lançar o candidato governista, não houve
jeito senão proclamar o nome do velho Borges, em torno do qual se
uniu o partido — a defrontar, com a pujança que lhe dava a simpatia
federal, o de Assis Brasil, escolhido pela Aliança Libertadora. Este
título signi cava tudo: movimento, convocação, liga para o que desse e
viesse, menos para eleger do que para libertar...

Os rótulos correspondiam à evolução da crise: campanha civilista,


uma jornada; reação republicana, um revide; aliança libertadora, uma
coalizão.

A eleição visivelmente não favoreceu Borges, que, para se reeleger


precisava de três quartas partes do eleitorado; mas não seria a
assembléia, unânime, quem isto dissesse. Esboçou-se um acordo, sob a
forma de um tribunal para a apuração (como em 1922 sugerira ele a
Nilo Peçanha). Fracassou porque Assis Brasil queria que se lhe
conferissem outros poderes. E estourou a rebelião.

Narra Flores da Cunha (principal defensor, na faixa fronteiriça, da


legalidade borgista) que o governo do estado, descrendo do
movimento, não se preparara para contê-lo. Foi quase surpreendido
pelo surto revolucionário, encabeçado por Honório Lemos, Zeca Neto
e Estácio Azambuja, que irrompeu do velho roteiro das invasões, as
pontas do Quaraí, e, de 3 a 5 de abril de 1923, pôs em risco
Uruguaiana.683 Rolou a luta pela planície e pela serra, com episódios
que repetiam os de 1893 (por vezes nos mesmos sítios), fortes os
rebeldes com a expectativa do apoio federal, e os do governo, com a
delidade da polícia, a que se juntaram, numa mobilização fácil e
intensa, os batalhões provisórios. Sem o auxílio federal, não
derrubariam a situação rio-grandense! Mas o Presidente Bernardes
não se dispusera a ir tão longe. A sua intenção era, no fundo, paci car
o Rio Grande em prejuízo do borgismo. Interviria, na hora oportuna.
Porém sem recorrer ao exército. Mediante a ação política, que con ou
ao Ministro da Guerra, o General Setembrino de Carvalho. Deu-lhe a
missão dúplice, de forçar Borges de Medeiros a um acordo, e prestigiar
com isto os seus adversários.

Setembrino era, implicitamente, a intervenção! Não começou bem.

Ao chegar a Porto Alegre o emissário do presidente, travou-se, entre


populares, na Rua da Praia, sob as janelas do seu hotel, cerrado
tiroteio. Visitava-o nessa ocasião Borges de Medeiros. Como a polícia
respondesse ao fogo, o ministro fez-lhe ver que estava matando o
povo... “A polícia está cumprindo o seu dever” — respondeu Borges —
“e defenderá a ordem, seja contra quem for!”.684

Não era arrogante, mas sincero. Foi essa vigorosa resistência à


intimidação que levou os revolucionários (persuadidos por
Setembrino) a aceitar o pacto, que se chamou de Pedras Altas, porque
foi assinado na estância desse nome, de Assis Brasil. Constituiu, à
primeira vista, a vitória de Borges, que caria no governo, reeleito
(com os duvidosos dois terços da votação); mas importava, retardada,
a vitória da oposição, pois devia ele, ao mesmo tempo, empreender a
reforma constitucional, que proibiria a reeleição do presidente do
estado, e, bem assim, faria eletivos o vice-presidente e os prefeitos,
para que o Rio Grande — abandonada a Constituição castilhista —
uniformizasse pelas demais do país a sua organização política.
Terminava, com o pacto de Pedras Altas, a rebelião de serra acima;
mas igualmente a ditadura positivista, que Gaspar e Joca Tavares não
tinham conseguido abalar. Cumpria-se a previsão de Pinheiro (com
quem começara a cair o regime, a que dera a energia do seu raro
espírito de chefe). Desajudado do governo central, investido pela
oposição, que tanto sabia discutir como brigar nos “entreveros”
gauchescos, sacudido pelo infortúnio político, desde que moralmente
se comprometera em 1922 com a sublevação, contra a candidatura
o cial — não podia sobreviver às condições que até aí o tinham
justi cado. Devia desaparecer com a transformação da república. Em
verdade na de 1923 se entronca a revolução de 1930 — com a
contradição de ser ganha a primeira pelos homens que amparavam a
estrutura conservadora, e por eles desfechada a segunda, contra o
continuísmo e a rotina oligárquica — na esfera federal.

O tenente-coronel dos provisórios de São Borja seria, sete anos


depois, o candidato da aliança contra o Catete.

REVIRAVOLTA

Na Bahia, a coligação sobrepujava o situacionismo, con nado no


governo (em oposição) de J. J. Seabra. A nomeação para o ministério
de um de seus antagonistas (Miguel Calmon) indicava a intenção
presidencial de fazer com eles a política, nos termos em que a deixara a
intervenção de 1920. Manobrou o governador para neutralizá-la,
esboçando uma conciliação semelhante à de Sérgio de Loreto no
Recife: apresentou à sucessão (com surpresa de todos) o Dr. Francisco
Marques de Góis Calmon, que à circunstância de ser irmão do
ministro juntava os títulos pessoais de apolítico e respeitável advogado.
Se perseverasse com esta candidatura, poderia sossegar o estado (ou, o
que era mais provável, desunir a coligação, pois se não o apoiasse,
cairia o ministro);685 repudiando-a em seguida, quando já com ela se
tinham comprometido muitos de seus correligionários, precipitou a
própria queda. Realmente, contrariado pelo consenso formado em
torno daquele nome, ou porque visse nele a dissolução do seu partido,
recuou Seabra do primitivo propósito, e — contra Góis Calmon —
indicou Arlindo Leoni. Decidiu-se tarde.686 Perdeu a maioria da
assembléia. Foi eleito e proclamado Góis Calmon; na iminência de
graves acontecimentos, interveio o governo federal, para assegurar-lhe
a posse; tomou-a em 29 de março de 1924.

NOVAMENTE A SEDIÇÃO
A legislatura de 1923 começou conturbada pelas “depurações” que —
eliminando como de hábito os candidatos indesejáveis — ainda mais
desacreditaram a maioria no julgamento das ruas. Irineu Machado,
favorito do eleitorado carioca, não voltou ao Senado, porque este,
segundo o parecer do Senador Pereira Lobo (e cou-lhe anedótica a
“matemática”, na contagem das urnas), reconheceu Mendes Tavares.
Os sucessos do estado do Rio e do Rio Grande aprofundaram o fosso
entre o Catete e os adversários civis; o pronunciamento (26 de
dezembro de 23) dos o ciais presos687 agravou as disposições dos
militares inconformados. Em janeiro, chegou ao presidente a primeira
denúncia de uma trama extensa, que culminaria com o ataque, quando
voltasse de trem pelo Paraná, ao Ministro Setembrino.688 Fizeram-se
no Rio novas prisões. Seria em São Paulo a revolução: ao comando do
antigo federalista general reformado Isidoro Dias Lopes.689 De agrou
— surpreendendo as autoridades locais — na madrugada de 5 de
julho.

Era presidente do estado Carlos de Campos. Sucedera a Washington


Luís, provocando na política situacionista uma cisão grave. As
preferências do  iam para Álvaro de Carvalho. Mais uma vez,
prevaleceu a vontade do governo, neste caso irresistível, porque
Bernardes apoiava Washington, que o apoiara nas horas decisivas. Mas
enfraquecera o grupo dominante, cobrando energia a oposição
concentrada no jornal de Júlio Mesquita, esse persistente partido
democrático, certo de que a sua oportunidade não tardaria. A
inquietação partidária favoreceu o plano audaz dos jovens o ciais
reunidos em torno de Isidoro: julgavam ter auxílio civil, a ressonância
de elites descontentes, ansiando pela reforma... Não lhes foi difícil
espalhar a conjura pelos quartéis de infantaria e artilharia; e, graças ao
Major Miguel Costa, pela Força Pública. Era a sua intenção lançar um
ataque súbito à cidade, que não resistiria à surpresa; e, formando dois
destacamentos, atirá-los para Santos e Barra do Piraí, sobre o Rio de
Janeiro. Ao ímpeto da arrancada as populações confraternizariam; e, o
governo, perplexo e impotente, havia de capitular...690 Falhou o projeto
por uma série de pequenos incidentes que retardaram as conexões
entre os grupos, e por m, quando, naquela antemanhã, os
conspiradores se apossaram, sem um tiro, dos quartéis do bairro da
Luz, lhes desvaneceram as possibilidades de êxito. O principal desses
imprevistos foi a ação pronta do comandante da região, General Abílio
de Noronha, que se apresentou, momentos depois, aos quartéis da
polícia, onde os revolucionários tinham deixado uma guarda, e neles
restaurou a obediência ao governo.691 O Capitão Joaquim Távora com
um pelotão de cavalaria (do regimento de Miguel Costa) aprisionou o
general: porém, avisado já do que ocorria, Carlos de Campos chamou
a palácio os elementos éis da polícia e dos bombeiros e comunicou-se
telegra camente com o Catete.

SUBLEVAÇÃO EM SÃO PAULO

Entre 5 e 8 de julho travaram-se combates de rua, troou a artilharia,


rastilhou a luta pelos quarteirões centrais,692 fracassou o assalto ao
palácio, não conseguiram os rebeldes manter-se na repartição dos
correios e telégrafos, aos arredores chegaram os primeiros escalões
legalistas. E a notícia das providências esmagadoras do governo
federal! Malograram as articulações com o Sul, o Norte, o Oeste, ou as
reduziram, em Mato Grosso, em Sergipe, na Amazônia, a revoltas
locais, prontamente circunscritas.693 No Congresso Nacional as
bancadas — sob a che a ágil de Antônio Carlos, leader mineiro —
hipotecaram solidariedade a Bernardes, dando-lhe de imediato o sítio
para a capital, os estados do Rio e São Paulo. Fato expressivo: o
dividido Rio Grande uniu-se nesse apoio sem reservas ao presidente
que ajudara os libertadores sem destruir o castilhismo; e quando,
solitária, a voz de Bergamini se alçou num “viva a revolução”, a réplica
de Antônio Carlos recordou a de Ouro Preto ao Pe. João Manuel, no
último episódio parlamentar do império... Os contingentes mais
agressivos mandados à linha de fogo foram os batalhões policiais do
Rio Grande, da Bahia, de Minas, do Espírito Santo: cerraram o círculo
da aliança situacionista... Exército e Armada corresponderam às
esperanças do governo. Acorreu a Santos (sob o comando do
Almirante José Maria Penido) uma divisão naval, que incluía o Minas
Gerais. Dela destacou um contingente de fuzileiros com duas peças
(comandante, Helvécio Coelho Rodrigues) que, subindo a serra pela
estrada de ferro, intacta, varou a cidade, até o palácio presidencial; e
fez ali pé rme.694 Ficou até que os rebeldes, alvejando o edifício, com
granadas de 105, forçaram Carlos de Campos a retirar-se — no dia
8.695 A 9, assumiu a che a das forças legais o General Eduardo
Sócrates. A sua estratégia não parecia complicada: limitava-se ao
cerco. Tomadas as saídas, com superioridade numérica (15 contra 3
mil) entraria pelo sulco do canhoneio... Permaneceu na cidade o
Prefeito Firmiano Pinto, devotado, com bravura, ao socorro da
população. Ajudaram-no o presidente da Associação Comercial, José
Carlos de Macedo Soares,696 a caridade do Arcebispo Dom Duarte
Leopoldo, a Liga Nacionalista. Não fosse isto, e São Paulo sofreria
danos incalculáveis. O General Isidoro (ditador por 18 dias) teve a
habilidade de prestigiar o esforço civil, que, a nal, lhe aquietava a
retaguarda; mas se convenceu de que perdera a partida. A revolução
não passara das forças armadas ao povo, sem papel nesse duelo militar.
Pudera atrair o operariado (que para tanto recebera, no Rio, promessas
e conselhos).697 Temeu — ou temeram — o caráter subitamente social,
senão extremista, da revolução que não tinha tal programa. Evitou-o.
O próprio Bergamini, a invocar, na câmara, os abusos policiais, dizia
que era um motim... Desacreditava-se, antes da imolação, o
movimento, que, podendo abalar o país, ia acabar (ao que se cria)
numa capitulação inglória. Não acabou. Porque era mais do que uma
quartelada; era a revolução, em que alguns o ciais intransigentes
entravam de corpo e alma.

Brigariam, como os de Copacabana, até o m! Compunham-se as


forças rebeldes do 4º e 5º de caçadores, 4, 5 e 6 de infantaria, dois
batalhões da polícia, o seu regimento de cavalaria e o corpo-escola, o
2º de artilharia de montanha com uma bateria, o 4º montada, com
duas. Como todas as unidades se apresentavam desfalcadas, somava
tudo três mil homens. Os legais (desembarcados em Santos,
transportados pela Central, despachados do Sul, pela São Paulo–Rio
Grande) distribuíram-se em leque, fazendo eixo no Tietê: a brigada do
General Carlos Arlindo (com a porção legalista da polícia de São
Paulo, os navais, polícias do estado do Rio e do Espírito Santo, quatro
batalhões de caçadores, duas baterias) vinda de Santos, em São
Caetano, sobre Vila Mariana e o Ipiranga; a brigada do General
Tertuliano Potiguara, a mais agressiva, em ordem de avanço sobre o
bairro da Mooca (dois regimentos de infantaria, a polícia gaúcha, o
apoio da artilharia divisionária); a do General Florindo Ramos (10º de
caçadores, 12° regimento de infantaria, a polícia de Minas, protegida
da mesma artilharia) sobre Brás e Belenzinho; a do General Pantaleão
Teles (o 5º de infantaria, dois batalhões de caçadores e cobertura da
artilharia divisionária) sobre os trilhos da Central; a do General João
Gomes (15º de cavalaria, dois regimentos de infantaria, uma bateria do
9º) sobre Vila Maria e Santana.698 Do Sul se deslocou — sob o
comando do General Azevedo Costa — forte coluna formada de
elementos do Paraná e batalhões patrióticos organizados por Fernando
Prestes, Washington Luís, Ataliba Leonel, que, ocupando Sorocaba e
Itu, poderia, se apressasse o passo, cortar a retirada aos rebeldes, tanto
pela Sorocabana como pela Paulista.699

Não quis Miguel Costa, com a polícia, abandonar a cidade, para se


atirar à duvidosa arrancada, ao Vale do Paraíba. Sobreveio a ofensiva.
A 15 caiu mortalmente ferido, à frente dos seus homens, o Capitão
Joaquim Távora, depois de Isidoro o grande nome do movimento: a
sua perda foi para ele uma catástrofe. Esboçou-se a 17 uma tentativa
de armistício, de que seria intermediário o General Abílio: falhou
porque Isidoro exigia a renúncia de Bernardes...700 A 26, sob a ameaça
de cem canhões, estarrecida a cidade com a intimação lançada em
boletins por aviões do exército, do bombardeio sem misericórdia —
desejou Isidoro saber as intenções do General Sócrates. Peremptório,
respondeu: rendição ou arrasamento... Já aí tinha de defender-se em
duas frentes: contra o adversário — que lhe disputava as trincheiras,
entrando, com crescente resolução, os bairros da periferia, e o terror
do povo, a quem se prometia a inclemência de um canhoneio cego...
Começou sem alvo razoável, para quebrar a resistência, ignorando-se
que proporções atingiria...701 Isidoro não esperou mais. A 28, nos trens
da Paulista, com armas e bagagens, embarcou silenciosamente a tropa,
e partiu, para Bauru, a Noroeste, a etapa imprevista da revolução de
julho, os sertões brasileiros.
XXXIII: I

REVOLUÇÃO VOLANTE

Com cerca de 800 homens, a coluna que abandonou São Paulo em


direção a Botucatu, Bauru, Três Lagoas, tanto podia meter-se por Mato
Grosso, para se juntar a outros núcleos rebeldes, como, descendo o
Paraná, procurar as prometidas articulações com o Rio Grande. O
Coronel João Francisco defendia este último plano, o General Isidoro
o primeiro. Prevaleceu a necessidade da descida do rio com o desastre
de Três Lagoas — onde a expedição perdeu, atacando forças muito
superiores, metade do seu efetivo.702 Frustrada a invasão de Mato
Grosso, em dois pequenos vapores caiu sobre o porto de Guaíra — que
a guarnição (Capitão Dilermando de Assis) teve de abandonar703 — e
foi estabelecer-se em Foz do Iguaçu, a retaguarda protegida pela
fronteira internacional. Contavam os revolucionários com um
generalizado movimento no Rio Grande, que lhes abriria os rumos da
vitória. Explodiu realmente, no vasto círculo que ia de Santo Ângelo a
Alegrete, seguindo a linha do Rio Uruguai (29 de outubro de 24).704
Vencida em Alegrete a primeira investida, a força insurreta foi unir-se
em Uruguaiana ao contingente civil do General Honório de Lemos —
veterano das lutas federalistas705 — e sofreu, nas alturas de Guaçu-Boi,
tremendo revés. Comandava as forças adversárias Flores da Cunha. O
insucesso da rebelião condenou-lhe os chefes (Honório e Zeca Neto) a
uma campanha inconseqüente, entre as Serras de Caverá e Camaquã, a
saída pelo Jaguarão e, por m, a emigração salvadora, para o Uruguai,
em Iceguá.706 Parte da Coluna, cortada do grosso da tropa, asilara-se
na Argentina. Deslocou-se o eixo da luta para a zona das missões,
onde avultou, pela autoridade que soube impor, com a patente de
capitão e o renome de matemático, Luís Carlos Prestes. Revoltando o
batalhão de ferroviários de Santo Ângelo, ligara-se ao 3º de cavalaria
de São Luís e ao 2º regimento de São Borja, contava com a queda de
Itaqui (ao ímpeto do destacamento do Capitão Benévolo e do Tenente
Siqueira Campos) e esperava o auxílio das forças da fronteira.
Sucederam-se, porém, os reveses, destroçado o grupo de Benévolo e
morto o seu comandante em Itaqui, forçada a concentração defensiva
em São Luís, desbaratada a investida a Tuperecetã (Tenente João
Alberto), sem esperança de melhores resultados ao Sul, a insistir o
General Isidoro — por mensageiro que lhe enviou de Foz do Iguaçu —
para que fosse ao seu encontro, a m de reunirem as forças para
operações consideráveis.

Formou-se assim a “Coluna Prestes” — e, com mil homens do


exército e outros tantos civis, rumou para o Norte. Abriu a viva força o
seu caminho através do Ijuí, in etiu-o para as margens do Uruguai
depois do sangrento combate de Ramada, perto de Palmeira,707 perdeu
na travessia do Rio Pardo um de seus o ciais, Portela Fagundes
(substituído pelo Capitão Osvaldo Cordeiro de Farias), varou a oresta
catarinense, para Foz de Iguaçu.

Foi já na passagem do Iguaçu que teve notícia da capitulação, em


Catanduvas, depois de longo assédio (comandado pelo General
Azeredo Coutinho), das tropas retirantes de São Paulo.

Falharam os planos do seu Estado-maior (a cem quilômetros de


distância), a cuja imprevidência corria o erro de não ter preparado a
picada que levaria até lá a coluna rio-grandense. Separadas as forças,
fácil foi ao exército legalista (do General Rondon) reduzir a primeira
— com poderosa artilharia — e atirar-se à outra, seguindo-lhe o rasto.
Alcançou esta a Foz de Iguaçu quando o adversário dominava Guaíra,
fechando-lhe o Paraná. A 11 de abril conferenciaram os comandantes.
Decidiram prosseguir de qualquer modo a luta. Exilar-se-ia Isidoro,
para poder, do estrangeiro, in uenciar novos surtos revolucionários, e
assumiria Miguel Costa a che a da coluna (em que se somavam os
elementos do Rio Grande e os remanescentes de Catanduvas). À frente
do Estado-maior, Prestes — que lhe deu o nome — dirigiria as
operações. O problema, por sinal decisivo, consistia em optar entre a
subida do rio, para um choque temerário com os defensores de Guaíra
e a passagem pelo território paraguaio, a m de sair nos campos de
Amambaí, em Mato Grosso.708 Com a inesperada incursão pelo país
vizinho a Coluna Prestes iniciou a sua extraordinária aventura. Ia
lançar-se por imprevistos roteiros pelo interior do Brasil, sem rumo
certo nem objetivo determinado, como para inquietar, desa ar, fatigar,
numa viagem sem m — mais de bandeira sertanista do que de
exército de verdade, numa tenaz ação de guerra.709

COLUNA‐FANTASMA

Entranhou-se nos desertos, desaparecendo da rede de comunicação


onde a força federal pudesse alcançá-la, fosse pelas vias férreas, fosse
pelas estradas carroçáveis. Tornou-se a coluna-fantasma, que, de
tempos em tempos, dava que falar de si, repontando, fugaz, ao longo
de um itinerário formidável: Rio Claro, Zeca Lopes em Goiás (onde
após árduo combate a tropa legalista permitiu, corretamente, que os
padioleiros recolhessem os feridos), Anápolis (tomada ao arranco da
cavalaria), o desconhecido Brasil Central, pelo Vale do Urucuia as
grossas águas do São Francisco, da foz do Carinhanha para o Oeste,
Goiás adentro, até Porto Nacional, sobre o Tocantins. Em novembro de
1925 rompeu pelo sul do Maranhão, passou por Floriano, no Piauí,
tentou apoderar-se de Teresina (em cujas cercanias foi capturado, num
reconhecimento, Juarez Távora), declinou para o Ceará, varou o Rio
Grande do Norte, a Paraíba, Pernambuco (vencendo a resistência do
Pe. Aristides em Piancó), mergulhou nas “caatingas” da Bahia... Aí foi
mais áspera a luta, com a colaboração dos chefes sertanejos a serviço
do governo, Horácio de Matos, na região de Lençóis, Franklin de
Albuquerque, no alto São Francisco. O jeito foi entrar a coluna em
Minas Gerais, donde, prudentemente, retrocedeu para o Nordeste, já a
“abrir caminho para a emigração”.710 Não lhe acudiam os simpatizantes
civis.

ESTADO DE SÍTIO

A conspiração, que podia sublevar, contra o governo, os sindicatos


operários, lavrou, inquietante, desde os primeiros meses de 1923 (no
reagrupamento dos revolucionários de julho) até outubro de 24,
quando a polícia incansável prendeu — momentos antes de partir para
bordo do Minas Gerais o Almirante Protógenes Guimarães. Como se
perdeu no segredo das confabulações o o dessa extensa trama — que
envolvia elementos militares das guarnições do Sul, sobretudo do Rio
de Janeiro, e boa porção de patentes jovens da Armada — não é hoje
possível restabelecer todo o quadro das esperanças e dos planos,
destruído com a detenção ou a dispersão dos conjurados. Mas se sabe
que Uniões e Alianças Operárias de orientação anárquico-sindicalista,
a Confederação Sindicalista Cooperativista, líderes proletários,711 não
tardariam em colaborar com a insurreição, que Protógenes sucessor de
Isidoro nesse segundo capítulo da revolução antibernardista — levaria
aos navios de guerra. Os delatores andaram mais depressa do que os
fanáticos da violência. Surpreendido e encarcerado o Estado-maior da
revolta, parecia ela abafada, quando, em 4 de novembro, alguns o ciais
tomaram o comando do couraçado São Paulo,712 e esboçaram, na
Guanabara, uma aventura semelhante à de João Cândido, mas sem
mortes nem desordens de marujos, a belonave a chamar, em vão,
aliados surdos... O velho Ministro Alexandrino meteu-se
impetuosamente na sua lancha e foi normalizar, a bordo do Minas, a
disciplina da o cialidade. Toda ela se manteve rme. O São Paulo
singrou para o alto-mar; e terminou sem incidentes, no porto amigo
de Montevidéu, o episódio revolucionário que, sem perturbar o
governo, reforçava o férreo estado de sítio que o defendia. Os da
Coluna Prestes não tinham para quem apelar. Em vez de os ajudarem,
as guarnições obedeciam, sem entusiasmo, mas sem defecções, ao
Catete; e o mais que se insinuava, contra a e ciência da tropa legal, era
a morosidade. Não se dissesse que lhe faltara, nas horas decisivas, a
combatividade, embora sem arrojo nem paixão: o que não podia ter,
era o interesse de dizimar aquele punhado de homens infatigáveis,
protegido pelo segredo dos seus movimentos. Os “provisórios” foram
os seus piores inimigos. O Coronel Franklin seguiu-os de perto, com
os caboclos são-franciscanos, até a fronteira da Bolívia... Realmente,
não lhe convindo forçar a passagem em Santo Sé, a coluna se desviou
para Leste, atravessou na altura de Cabrobó, entrou o Piauí até Oeiras,
atingiu novamente o território goiano, sofreu no Rio das Garças um
ataque súbito, de Franklin,713 e, dividindo-se, na colônia salesiana de
Tachos, em três destacamentos (Djalma Dutra, em busca do Paraguai
pelo Sul, Siqueira Campos, a retardar a perseguição, Prestes, com o
grosso, na selva entre o Cuiabá e o Jauru) — abalou para o exílio.
Durara-lhe a peregrinação dois anos e meio. Palmilhara vinte e cinco
mil quilômetros.714 Encerrara o seu ciclo aparentemente sem conseguir
nada mais do que a admiração de uns, o ódio e o espanto de outros,
sem que sacudisse, na sua solidez, o regime que condenara, nem
tirasse do poder o duro homem que detestava. Na verdade, aqueles
o ciais de boa bra iam retemperar no desterro as energias esgotadas:
voltariam, para continuar. Voltaram em 1930.

REFORMA CONSTITUCIONAL

O “acordo” de Pedras Altas proclamara a inelegibilidade do presidente.


Esta, e outras a rmações de sua doutrina, Bernardes quis transplantar
para a Constituição, dando-lhes forma irrevogável: encaminhou à
câmara (3 de junho de 1925) a prometida proposta de revisão.

Consistia na discriminação dos “princípios” a que os estados deviam


obediência, sob pena de intervenção (artigo 6º); a regulamentação dos
fatos econômicos (“podendo autorizar as limitações exigidas pelo bem
público”) e a primeira referência à legislação do trabalho, a proibição
das “caudas orçamentárias”;715 o veto parcial; o reforço do poder de
polícia (permitida a expulsão de estrangeiros indesejáveis, excluídos da
apreciação judicial os atos relativos à intervenção nos estados, o estado
de sítio, os casos políticos, quais eleição, reconhecimento, posse dos
congressistas e governadores)...716 Com isto pretendia impedir que as
oligarquias se perpetuassem; armava o Executivo com atribuições
reguladoras do comércio e da produção — tendendo ao nacionalismo
na reserva aos brasileiros das explorações minerais de interesse
público —; acabava com a intromissão do Judiciário nos con itos
partidários; dilatava a ação repressiva, robustecendo o
presidencialismo.

A reforma era justa, no “controle” dos mercados, na enumeração dos


princípios, na limitação da competência judiciária, para que se não
imiscuísse nas paixões partidárias. Quebrava a rigidez da Constituição
de 1891, imprimindo-lhe um cunho moderno,717 social-democrático,
de fortalecimento do Estado, na sua articulação com os problemas
nacionais, que deixavam de ser de estrutura, para serem de ordem.

O mal era a oportunidade, naquela atmosfera de conspirações e


policialismo, inadequada às discussões largas. Fez-se a remodelação
constitucional (de que foi leader, na câmara, o professor paulista
Herculano de Freitas), em ambiente fechado, sem a animação dos
debates e das idéias com que se apresentara nos primeiros tempos do
regime.718 Entretinha-o, sem o vitalizar.

XXXIV: E  “R


V”

WASHINGTON LUÍS

Como acontecera com a de Venceslau, a sucessão de Bernardes foi


fácil. Decidira-se este por Washington Luís, que o sustentara nas
incertezas de 1922, e somente transigiu quanto ao vice-presidente, que
viria do Norte (possivelmente o Ministro da Agricultura, Miguel
Calmon),719 mas acabou vindo de Minas — Melo Viana. É que o
presidente do estado esboçara a sua oposição ao nome paulista;
chegara a crer que fosse, em segredo, o candidato de Bernardes
(bastante poderoso, em 1925, para fazer o sucessor);720 e apaziguou-se,
contentando-se com a vice-presidência. Volvia-se à fórmula de 1902,
Rodrigues Alves e Afonso Pena; de 1918, Rodrigues Alves e Del m
Moreira. Até aí, tudo corria normalmente. Apresentado candidato pelo
, num banquete em Santos, em seguida pelo situacionismo de
Minas, Washington Luís foi proclamado — sem competidor — na
habitual convenção, presidida pelo Senador Azeredo; e viajou pelos
estados, curioso de suas necessidades. Assumiu o governo em 15 de
novembro de 1926, num ambiente de expectativas benévolas,
justi cadas por seus créditos de administrador, sua rmeza de probo
estadista, sua notória lealdade servida por uma energia exemplar. Os
psicólogos reparavam que a um homem forte — in exível nas suas
diretivas — substituía outro homem forte...

ESTRADAS E MOEDA

A administração de Washington Luís teve por pontos altos o programa


rodoviário (estradas para o Brasil!) e a estabilidade nanceira.

Trouxe de São Paulo a mentalidade rodoviária como um slogan:


“administrar é construir estradas”. Correspondia à idade do automóvel
— como a ferroviária correspondera à do comboio: e materializou-a,
com as estradas Rio–São Paulo e Rio–Petrópolis. Também não era
complexo o seu plano de saneamento da moeda, pois se limitou a
reconhecer, para estabilizar, o câmbio real (quebrando o velho padrão
de 27 d., da lei de 1846), ou seja, a pouco mais de cinco;721 e a m de
mantê-lo atribuiu à Caixa de Estabilização (semelhante à de
Conversão, de 1905), ligada à carteira de câmbio do Banco do Brasil, a
troca do papel por ouro, à medida que fosse apresentado. Completou
essa política de base metálica mandando incinerar o saldo
orçamentário do exercício anterior, o que juntava à poupança a
de ação, e para que continuasse o costume do equilíbrio, vetou
parcialmente a lei de meios, cortando-lhe o dé cit.

Queria câmbio imutável e saldo de caixa: conseguiu estas maravilhas


em 1927 e em 1928.

E conspirava-se...

A VOLTA DOS PARTIDOS

Teimara o governo (solidário o sucessor com o antecessor) em nada


conceder ao espírito revolucionário.
Discordara da anistia, como desfecho clássico das revoluções
frustradas. Abroquelado na tranqüila maioria parlamentar, deixou que
a oposição, imobilizada no Rio, indomável no Rio Grande, vigorosa
em São Paulo, convertesse em partidos as forças reorganizadas — sob a
che a de dois homens do passado. Surpreende estarem, em 1926, essas
forças jovens comandadas por um conselheiro da monarquia e por um
propagandista da república, Antônio Prado e Assis Brasil. Velhos e
novos se encontraram na mesma barricada simbólica, pela “verdade
democrática”, representando a união conservadora dos inimigos do
autoritarismo presidencial. O seu aliado externo era o grupo de o ciais
exilados que, conspirando, protestando, confabulando, esperava a sua
vez. Dirigia-os o Capitão Luís Carlos Prestes. Três anos depois, deles se
desprendeu, para arregimentar a ala própria: a comunista.722

São acontecimentos transcendentes a criação do partido democrático


em São Paulo,723 com o venerando Antônio Prado, e a resistência
histórica ao , engrossada, em 1924, com os adversários da
repressão federal; e a transformação no Rio Grande724 do veterano
partido de Gaspar Martins (congresso de Bagé) e de Assis Brasil
(congresso democrático de Santa Maria, 20 de setembro de 1908)725 em
libertador, sob a presidência do antigo prócer, reverdecido no
pensamento e no entusiasmo.

Congregam os elementos civis de combate, retomam o programa das


campanhas frustradas (no Rio Grande em 1893, em São Paulo em
1901), restituem à luta pelo poder a compostura pací ca, da luta
eleitoral. Fato expressivo, aquele congresso de Bagé poderia ter
desencadeado a rebelião, como em 93, se pelos pampas não soprassem
outros ventos. Mas saíra Borges de Medeiros; e entrara Getúlio Vargas
— com hábeis propósitos de desarmamento. Vargas tinha o
magnetismo do sorriso; a tolerância envolvente, em lugar da
intransigência patriarcal; a visão de conjunto (que se alargava até a
sucessão de Washington Luís), e não a mentalidade regional refugiada
na pureza castilhista do antecessor: homem de conciliações
inesperadas; portanto do futuro... A situação paulista, ao contrário,
ocupava o Catete, com a sua ordem sólida e antiga: não, cedia, não
mudava, não negociava. A sua rmeza era inabalável. O governo...
faria o sucessor.

Voto secreto, democracia de verdade, exigiam os novos partidos: e,


pela primeira vez, cartazes de propaganda e caravanas passearam por
São Paulo um movimento, aparentemente de mera agitação intelectual,
mas que não iludia ninguém sobre as tempestades que anunciava.

Resultado disto foram os primeiros deputados de oposição, paulistas


e rio-grandenses, com quem se defrontou em 1927 aquela maioria
con ante.726

ENTRE MINAS E O SUL

Em política, prognosticava-se mau tempo.

A Melo Viana sucedera, em Minas Gerais, Antônio Carlos, para cujo


lugar de líder da maioria foi o paulista Júlio Prestes.

A substituição do velho Borges pelo Ministro da Fazenda de


Washington Luís, Getúlio Vargas, pusera ao Sul o outro homem —
capaz de subverter o presidencialismo existente.

Vinham das fontes municipais, da tradição ortodoxa desse regime,


que, como veremos, demoliram sem piedade, solidários com a sua
interpretação habitual e comprometidos com os seus episódios
recentes. Ambos tinham apoiado a legalidade contra os levantes
militares, tinham sustentado a intransigência dos três últimos
presidentes, estavam com serena coerência na história da reação.
Apenas (e foi a sua revelação no governo estadual) essa sistemática não
lhes moldara o caráter, que em Antônio Carlos propendia para uma
conciliação vistosa, com as massas (voto secreto, em Minas!) e em
Getúlio Vargas para uma útil conciliação, com os antagonistas. Quis
este dar descanso ao Rio Grande, fatigado das cavalgatas guerreiras;
aquele, sacudir o país, farto da melancolia de uma política desligada
do povo... Confraternizariam na hora em que o Catete os convidasse a
unir os gaúchos e comover as multidões... contra o Catete.

Começou Vargas a sua carreira de paci cador constituindo, sem


ouvir o velho Borges, o secretariado, cujo vulto principal, Osvaldo
Aranha, era da geração nova. Sustentara em 1923, armas na mão, o
governo. Ferido em combate, o tributo pago ao borgismo lhe dera
autoridade para pregar a concórdia, em nome de projetos amplos.
Reivindicava para o Estado o seu quinhão de in uência na direção
nacional. Aranha e Vargas, quando estudantes, não haviam escapado
ao ambiente emocional da política, que sempre os fascinara. Quando
Afonso Pena, em 1906, visitou Porto Alegre, o intérprete dos
acadêmicos de direito o saudou pro igando (para elogiar Pinheiro) a
tese condenável da imposição do sucessor pelo antecessor. Negava ao
presidente o direito de sagrar o herdeiro... Este orador incisivo foi
Getúlio Vargas. Aranha, ruísta exaltado durante o curso jurídico do
Rio de Janeiro, opusera-se com fúria a Pinheiro. Enquadrado depois
no o cialismo da terra natal por força das circunstâncias (seguindo a
sorte da família e a imposição do meio, no seu município de Itaqui),
jamais seria um devoto dos dogmas de Castilho. Junto a Vargas,
completavam-se. Só um clima de eqüidade diluiria os rancores que
duravam cem anos.727 Esse governo enveredou espertamente pela
experiência do apaziguamento; deu aos adversários a esperança de que
tomariam o poder, não a repelões de violência, mas a golpes eleitorais;
concitou-os à colaboração. Disto resultou logo que Assis Brasil se
afastasse do grupo revolucionário, dos exilados. Nos acampamentos
maragatos a antiga âmula vermelha foi substituída pela nova
bandeira, eleitoral:728 candidaturas, em vez de espadas e lanças... Se era
possível aquietar o Rio Grande, fácil seria uni cá-lo, para a conquista
federal. Pensavam com lógica: fracassara até aí uma candidatura rio-
grandense, porque a divisão interna, cortando em zonas o estado, não
a tornaria nunca expressão de todo ele — com a sua força. Só se um
fato mágico (e o nome gaúcho à presidência teria este valor)
empolgasse, convencesse, arrastasse aquela gente ressentida e brava...

CANDIDATO GAÚCHO
Aconteceu tudo segundo as previsões.

Antônio Carlos não podia ser posto de lado. Competia-lhe,


tacitamente, a sucessão.

No apogeu da carreira, esmaltada de galas de espírito e administração


ágil, sem falar do brilho heráldico do apelido, Andrada, o presidente
mineiro aspirava, com razão, ao governo. Ninguém lhe disputava,
dadas as condições tradicionais dessa política, de bastidores e
convenções, esse direito, que tivera Francisco Sales para eliminar a
candidatura de Bernardino de Campos em favor de Pena, e Bernardes,
para indicar Washington... É certo (raciocinavam os cautelosos) que
nos casos anteriores o presidente de Minas fora voto decisivo, mas
nunca em proveito próprio, senão de terceiro, pondo na balança, com
o peso da bancada mineira no Congresso, a sua situação arbitral no
dissídio constante de Sul e Norte. Agora, variavam as circunstâncias, se
o pretendente era ele, com a dupla qualidade de chefe do estado
montanhês e oráculo, já então, da resistência doutrinária ao
personalismo dominante. Leia-se a imprensa de 1927 e de 1928. Em
Belo Horizonte, por uma combinação de coincidências, em que se
percebe, coordenando-as, a sua nura engenhosa, se concentrara o
antagonismo teórico à reação, mais enérgica à medida que em São
Paulo e no Rio de Janeiro incorporavam os contingentes da oposição
democrática. Lançou Antônio Carlos, para xar-se nas preliminares do
prélio, a fórmula: “Façamos a revolução, antes que o povo a faça”.729
Parodiava o velho rei, a aconselhar o lho... Aludia às idéias, que
tinham de ser atendidas, para que não rebentassem noutras explosões,
como em 1922 e 1924. Mas a dissidência devia pulverizar-se com a
solução do problema — sobre todos crítico — da sucessão. Bastaria
que Washington Luís devolvesse a Minas o mandato, que de Minas
recebera...

Ficou com Júlio Prestes — insistindo na tentativa malograda de


Rodrigues Alves com Bernardino, de Pena com Campista: a
continuidade, no mesmo estado.
Em verdade Prestes não era o nome por quem Washington se batesse,
arriscando, na partida, o regime. Foi o candidato imprevisto, desde
que o falecimento de Carlos de Campos apresentara ao presidente o
dilema de elaborar a nova situação paulista ou a ela se submeter.
Assumindo o Vice-presidente Fernando Prestes o governo, seria certa
a candidatura de Álvaro de Carvalho,730 que Washington não desejava.
Para evitá-la, propôs o líder, lho do vice-presidente, o que importava
resolver momentaneamente a crise estadual, mas sem desmanchar a
que se lhe seguiria: a crise federal. A política de São Paulo não abriu
mão de Prestes. Empossado em 14 de julho de 1927, já era candidato
em junho de 28, quando principiou Antônio Carlos a articular-se...
“contra a imposição do Catete”. O Catete não se pronunciara. Estaria
de vez com São Paulo, contra Minas, mas quando Minas aliciasse na
federação (Pernambuco, Paraíba, Rio Grande, principalmente no
próprio São Paulo, com os democráticos) a coorte oposicionista.
Antônio Carlos tornou-se o chefe dessa resistência: mas cauteloso e
sutil.

Transferiu-lhe os encargos — convocando a terceira força — ao Rio


Grande.

Mandou que o seu secretário do Interior, Francisco Campos, lhe


oferecesse a candidatura por intermédio do líder da bancada, João
Neves.731

Foi esta conversa preliminar no Hotel Glória que fez a Aliança


Liberal.

Consultado por Vargas, autorizou-o Borges a aceitar, mediante


condições prudentes.732 Rebelava-se a política nacional! Washington
recebeu com este tom, de rebeldia ingrata, a comunicação, e deu-lhe
indireta resposta pela voz de dezessete estados, que se manifestaram
por Júlio Prestes.733 Transmitindo aos presidentes do Rio Grande e de
Minas a decisão, foi duro na linguagem: “Na sua quase totalidade, sem
desconhecer ou negar os méritos de v. ex.ª, em inteira solidariedade
com o presidente da república indicam e aceitam outro nome,
igualmente digno, igualmente colaborador do governo atual, o Dr.
Júlio Prestes”. Cabia ao estadista mineiro (treplicou Getúlio) manter ou
não o seu nome; e, de imediato, Antônio Carlos (1o de agosto), pondo
reparos à atitude intransigente do chefe da nação, declarou de nitiva a
liga de Minas, Rio Grande e a Paraíba, com Getúlio Vargas–João
Pessoa.734 Contrapunha-se a Júlio Prestes–Vital Soares.735

Quatro dias depois explodia na câmara a revolta política,


pressagiando (e prometendo) a das armas.

ALIANÇA LIBERAL

Diferente das outras dissensões, a que se apresentava, o povo


enchendo as galerias e cônscios os partidos de que jogavam a grande
cartada, tinha a qualidade de ser a síntese de um decênio de violências
verbais, com a responsabilidade, inesperada, de um estado das
tradições guerreiras do Rio Grande. A oração inaugural de João Neves
— que facilmente se assenhoreou do espírito popular com a frase
reluzente e bravia — é o documento dessa exaltação. Depois de
historiar as circunstâncias em que se formara a luta, exprobrando ao
presidente não ter consultado os dezessete estados sobre o nome
gaúcho, lançado por Minas, para deles obter autoritariamente a
concordância com o nome paulista, ousou falar na hipótese... do
“prélio terrível das armas”.736

Ameaçava com a revolução, bradaram os antagonistas; e durante


muito tempo se lhe comentou a hipérbole, de pontas de lanças e patas
de cavalos,737 atirada provocantemente à maioria...

Não era de admirar.

A oposição assumira o caráter impetuoso de uma revolta; unira acolá


federalistas e republicanos; temia as habituais represálias do poder;
convocava os inconformados; e o primeiro ponto do seu programa
devia ser a anistia, tornando-se com isto a esperança dos
revolucionários de 22 e de 24. Não podia acabar com a derrota das
urnas segundo a contagem maliciosa do Congresso; nem se dissolveria
antes, a menos que a timidez do governo procurasse depressa uma
composição.

CRISE GENERALIZADA

Mas o governo, longe de ser tímido, era vigoroso. Imbuíra-se da idéia


de que transigir seria desmoralizar-se; e, com a rmeza da sua decisão
de 1922, quando se declarara ao lado de Bernardes, a rmou
Washington o seu apoio a Júlio Prestes.

Em outubro, tendia a arrefecer a luta.

À perspectiva do insucesso se somava a da con agração: e em lúcida


carta a Epitácio Pessoa (recém-chegado da Europa), Afrânio de Melo
Franco sugeriu a mediação, que a encerrasse, com um tertius. A carta
fora-lhe pedida por Vargas;738 e Epitácio se encontrou com o
presidente, para propor-lhe (sem enunciar) o terceiro nome.
Qualquer... Que já não era possível — disse-lhe Washington; e, a este
tempo, de posse de cópia da carta, o governo a divulgou pela imprensa,
como se signi casse o aniquilamento da Aliança. Errou. O malogro da
paci cação reanimou-a — embora a cisão da política mineira (Melo
Viana contra Antônio Carlos, que em setembro de 30 seria substituído
pelo presidente eleito Olegário Maciel), pressagiasse uma perplexidade
inde nível. Nem o velho Borges parecia, ao Sul, disposto a consentir
que o Rio Grande se sublevasse! Foi, intempestivo, um fato externo de
dimensão universal que lhe alterou o rumo, agrupando os materiais
explosivos de que carecia: o colapso da Bolsa de Nova York.

Chegaram rapidamente ao Brasil as vibrações longínquas do


terremoto, abalando a estrutura econômica e nanceira do governo:
arruinaram-lhe os risonhos projetos de câmbio estável e café alto. Não
se imaginara possível semelhante calamidade, que nos Estados Unidos
liquidou a pequena economia e mergulhou a mais próspera nação da
terra numa crise sem precedentes.739 Desconjuntou-se a rede mundial
de crédito. Pior seria nos países fornecedores de matéria-prima. Como
Washington Luís apoiara a administração às duas colunas, da
conversibilidade da moeda e da defesa do café, o infortúnio não podia
ser mais cruel. Atingia em cheio São Paulo, onde o Instituto do Café,
desde 1927, trabalhava com o Banco do Estado no nanciamento da
lavoura, socorrida mediante adiantamentos garantidos pela produção,
alteando os preços — em vez de os estabilizar.740 A fonte dos recursos
para a operação era a praça de Londres, que aceitara três séries
hipotecárias, e ia tomar a quarta — quando sobreveio o desastre. O
Instituto, que xara em 200$000 o preço da saca de café, foi
surpreendido com a queda para 100$000; o Banco suspendeu o
nanciamento; cessaram as remessas, com a coincidência de se somar
ao stock existente, de quase 7 milhões de sacas, de 1928, a safra maior
dos últimos tempos, de 1929, estimada em 22 milhões;741 falhou o
otimismo dos que calculavam que a progressão da procura acalmasse
o mercado; o jeito foi pedirem os paulistas ao governo federal duas
medidas urgentes, emissão e moratória. Pediam-lhe, numa palavra,
que cancelasse o compromisso de sanear a moeda. O presidente
recusou. Não interviria com medidas dessa natureza; e porque o
Instituto era do governo estadual, que este providenciasse... Os
banqueiros ingleses podiam salvá-lo. Retraíram-se, envolvidos na
débâcle.

Faiscou uma frase irônica — ao perguntarem a João Neves quem


che aria, a nal, a revolução. O general café. Assis Chateaubriand
chegara a esta conclusão: o primeiro inimigo da ordem instituída era o
general café; ou fosse a ruína agrícola abraçada à decepção
nacional...742 Em 25 de novembro levou o líder da Aliança à câmara —
em forma de análise e denúncia — o problema: e a catilinária a
consolidou.743 Em 2 de dezembro leu Vargas na Esplanada do Castelo
— em meio de denso povo — a sua “plataforma”.744 Começava pela
anistia, pedia o voto secreto e a direção das mesas eleitorais pela justiça
togada, estendia a mão ao operariado (rompendo o limite da
campanha liberal) e concluía satisfatoriamente, apelando para o
esquecimento benigno de ódios e prevenções...

Comparada a linguagem do candidato com a veemência dos


discursos parlamentares, podemos de nir as paralelas desse momento.
Ao lado do homem tranqüilo que lhe servia de bandeira, trabalhava,
irredutível, a ala revolucionária, disposta a não ceder ao fato
consumado — de uma eleição de resultados conhecidos — nem ao
preconizado epílogo de acomodações e renúncias. Iria até o m. Os
acontecimentos de dezembro documentam essa decisão.

Assoberbada pela intervenção das galerias e pela violência dos


debates, resolveu a maioria — na semana do Natal — não dar número
à câmara. Os oposicionistas replicaram-lhe, indo para as escadarias
externas, onde, dia após dia, entretiveram o entusiasmo dos
circunstantes. Foi ao cabo de um desses comícios que uma cena
terrível enlutou o Congresso. Em breve con ito entre deputados
tombou morto o ardoroso “prestista” Sousa Filho, da bancada
pernambucana.745 Encerrou-se assim o ano político de 1929. Velado no
Rio por indizível angústia e assinalado nos estados por uma
exasperação sintomática. Alcançou o clímax em Minas (onde Melo
Viana e Carvalho Brito, chefes da dissidência em favor de Júlio Prestes,
escaparam de morrer num tiroteio em Montes Claros), no Rio Grande
do Norte, no Espírito Santo, no Recife, na Paraíba... Sobretudo na
Paraíba, onde a luta se afeiçoou às condições locais, com a insurreição
de José Pereira na cidade de Princesa.

PARAÍBA EM FOGO

Correligionário do presidente do estado até às vésperas do pleito (22


de fevereiro), com ele rompeu José Pereira declarando-se pela
candidatura Prestes, com a alegação de que não fora ouvida a comissão
do partido sobre a chapa de deputados. Desligava-se da situação
estadual para encabeçar a oposição (dirigida pelo Desembargador
Heráclito Cavalcanti) com a esperança de que o governo federal
interviesse, pondo abaixo João Pessoa.746 Sublevaria o sertão. Foi o que
fez (como Floro Bartolomeu, em Juazeiro, contra Franco Rabelo):
armou os seus cangaceiros... Hesitou — cauteloso — o governo
paraibano em atacá-lo; limitou-se a retirar de Princesa as autoridades.
Evitaria que ali houvesse eleições... Era o que menos importava.
Entrincheirou-se José Pereira na sua cidade; e a força policial
fracamente municiada — esboçou em torno dela um cerco difícil.
Tornou-se para João Pessoa desesperadora a crise, porque, enquanto o
inimigo se abastecia nos estados vizinhos, o governo central tudo lhe
negou, a começar pela aquisição de armas e balas. Apelou para os
aliados políticos, que lhe forneceram algum material, dissimulado
engenhosamente, em meio de mercadorias exportadas, fugindo à
scalização federal.747 Momentos houve em que os soldados tinham
apenas de cinco a dez cartuchos.748 Remeter pacotes de balas de ri e
para a Paraíba se tornou o modo comovente de ajudar o homem que
prometia morrer no posto, lutando; e essa nervosa coleta —
emocionando a opinião nacional — preparou-a para assistir a um
drama lancinante. Ninguém duvidou que se aproximava quando, a 28
de abril, depurou a câmara toda a bancada governista da Paraíba,
reconhecendo os “deputados de Princesa” (como eram chamados os
oposicionistas, diplomados pela junta local).749 Essa violência
(“esbulhada criminosamente sua legítima representação”, telegrafou
Epitácio Pessoa, indignado) cortou as últimas ilusões aos que ainda
con avam numa solução de compromisso.

Correra, entretanto, o pleito de 1º de março; e apareceu normalmente


eleito — com a maioria prevista — Júlio Prestes. Logo após o
reconhecimento pelo Congresso foi, a bordo de um navio do Lloyd,
visitar os Estados Unidos. Sem o caso paraibano agravado pelos
choques sangrentos entre a gente de José Pereira e a polícia de João
Pessoa — talvez se apaziguasse o país, como pensava, no seu otimismo
imperturbável, o presidente da república. Não lhe faltavam
argumentos para esta convicção: a tranqüilidade que lhe dera em
dezembro o candidato liberal, dizendo que seria respeitado o veredicto
das urnas,750 as entrevistas conciliatórias do velho Borges, que eram
ordens de desarmamento e paz,751 sobretudo a mudança que em Minas
ia operar-se, com a subida ao poder de um homem sem paixões, na
idade provecta dos conselhos mansos, Olegário Maciel... Na própria
ênfase de João Neves se lia a desistência à revolução, com o
substitutivo das idéias, para depois... “Ficamos onde estávamos, éis às
idéias consubstanciadas no programa”.752 Dois fatos desastrosos
dissiparam esse torpor: a degola dos representantes aliancistas de
Minas (eram 14) e da Paraíba (toda a bancada); e a atitude bravia de
João Pessoa. Para atear o incêndio, servia essa fagulha...

PARA O PRÉLIO DAS ARMAS

Recrudesceu a conspiração. Foi buscar ao exílio os o ciais


revolucionários, de quem acabava de separar-se Luís Carlos Prestes,
trabalhado, desde novembro, por outra crença, contrário aos golpes
políticos, disposto doutrinariamente a fazer a revolução própria, a
comunista.753 Outra perda grave que sofreram foi de Siqueira Campos,
vítima de um desastre de aviação nas águas do Prata.754 Salvou-se nessa
ocasião seu companheiro de viagem João Alberto, coordenador do
movimento armado, cuja direção em Porto Alegre passou às mãos
enérgicas de Osvaldo Aranha. Em 1º de março evadiu-se Juarez Távora
da Fortaleza de Santa Cruz e foi instalar na Paraíba — sede natural do
movimento ao norte — o seu quartel-general.755 Fatores inestimáveis
foram para ele o rádio, o telégrafo (para os cifrados), o avião. Nunca os
antagonistas do governo viajaram tanto, entre Porto Alegre, Belo
Horizonte, o Recife, em confabulações sigilosas, cujo sentido era
transparente. Mas Washington Luís não participava das apreensões
gerais. Bastou-lhe, como índice do desânimo que lavrara naquelas
hostes, Antônio Carlos: governo não perde; o golpe inseguro o
revigoraria...756 Furioso com o recuo mineiro, vendo tudo por terra,
num repelão, Aranha abandonara a secretaria do Interior. O
situacionismo gaúcho — orientado pela prudência borgista —
inclinava-se para a composição, a paz... É digno de nota o paradoxo, de
se pronunciarem pelo desfecho das armas os expoentes da ordem —
contra quem as tinham brandido cadetes e tenentes de 1922 e de 1924
— Epitácio e Bernardes. Este (não faltou quem lembrasse Feijó,
legalista de 37, revoltoso de 42) não via “saída digna” “senão pela porta
da revolução”.757 Aquele, com azedume e destemor, atirava à face do
governo o protesto paraibano: e como presente de aniversário,
mandava ao presidente do estado, seu sobrinho, um embrulho de
balas...758 Ninguém imaginara que fosse tão longe a contradição do
destino, e os homens, cujo poderio quebrara em 22 e em 24 as
acometidas dos quartéis, se transformassem, por força das
circunstâncias, em seus conselheiros — ombro a ombro com os
veteranos de Copacabana, com os comandados de Isidoro e Prestes.
Ressalvava Bernardes a unidade de Minas; Epitácio, a da Paraíba. Os
outros, estavam na coerência da vida. A revolução, entretanto, como
que se pulverizava em esperanças frustras, quando um imprevisto a
desencadeou: o assassinato de João Pessoa, no Recife, em 26 de
julho.759

O TERRÍVEL IMPREVISTO

O crime originou-se na campanha da imprensa ligada ao presidente


paraibano contra João Dantas, aliado de José Pereira. Exacerbou-se-lhe
o ódio com a publicação de papéis particulares, arrecadados durante
uma diligência policial, para descobrir armas e munições que
porventura escondesse; e jurando eliminar João Pessoa — que aliás
nunca o vira — surpreendeu-o numa confeitaria do Recife, entre
amigos. Não lhe deu tempo para um gesto de defesa; bradando “sou
João Dantas”, descarregou-lhe no peito o revólver. Por mais que se
quisesse atribuir o atentado ao caráter mesquinho de uma vingança
primária, ninguém, nessa altura dos acontecimentos, poderia tirar-lhe
a natureza política, de martírio do homem valente, sacri cado à
brutalidade dos algozes. Caíra com ele o seu povo; ou antes, com ele se
alçava o seu povo... E tanto foi assim, que não houve mais detê-lo na
expansão clamorosa da sua dor, no ímpeto feroz das suas represálias:
na mesma noite encheu as ruas da capital do estado gritando vivas à
revolução, queimou as casas dos correligionários de Dantas e Pereira,
pôs-se em pé de guerra. A trasladação do corpo para o Rio de Janeiro,
num vapor costeiro, converteu-se numa cerimônia de expiação
nacional. Por pouco não se ensangüentou a avenida central, quando,
em delírio, a multidão exigia que por ela passasse o féretro, e a
autoridade, desajeitadamente, tentava mudar-lhe o itinerário...760 No
Rio Grande, foi o sinal do levante.

Promoviam para a noite de 26 de julho os amigos de Osvaldo Aranha


um banquete: festejavam-lhe a conduta resistente. Em meio ao jantar
— sublinhado de melancólicos desenganos — rastilhou, como o de
pólvora, a notícia. Mataram João Pessoa! A homenagem partidária
transformou-se num comício incandescente, às janelas do Clube do
Comércio, o povo na rua, colérico, a pedir a revolução... Na câmara,
Lindolfo Collor (substituto, na liderança, de Neves) clamou, patético:
“Presidente da república, que zeste do presidente da Paraíba?”.761

Em agosto a revolução era inevitável como uma precipitação


meteorológica. Despenhava-se. No dia 7, os acadêmicos de São Paulo
rechaçaram, a pau e tiro, a polícia,762 esboçando, no Largo de São
Francisco (seu “território livre”!), a primeira barricada. Era
sintomático. Borges consentia, demovendo, com a aprovação reticente,
a brigada policial do Rio Grande; concordava Getúlio; em Minas
estavam de acordo o presidente que saía e o que entrava, este, o velho
Olegário, persuadido por auxiliares animosos, como Cristiano
Machado; e da Paraíba Juarez recebia e emitia instruções. Sob a che a
do Tenente-coronel Pedro Aurélio de Góis Monteiro763 — organizou-se
em Porto Alegre um Estado-maior, com João Alberto, Miguel Costa,
Aranha, Estillac. Por Minas, falava Virgílio de Melo Franco.
Colaboravam legalistas de ontem e revolucionários impenitentes. Do
outro lado o presidente demonstrava con ança e euma. O telegrama
que no dia de sua posse (7 de setembro) lhe enviou Olegário Maciel,
tinha uma frase promissora: aludia à confraternização brasileira. Nesse
dia passou ele em revista a tropa no Rio, percorrendo, de carro aberto,
as avenidas em festa. Triunfava. O presidente interino da Paraíba,
Álvaro de Carvalho, restabelecera a ordem e correspondia-se com o
governo federal, que resolveu extinguir o foco revolucionário de
Princesa, e, sem intervir na administração civil, fez convergir para a
cidade cercada vários batalhões, sob o comando do General Lavenère
Wanderley. Intimado para entregar o armamento, dispersando a sua
gente, José Pereira cedeu. Fora balde de água no braseiro. Acabou-se,
sem mais nada, a sublevação — o que teria sido providencial dois
meses antes, e agora pouco valia. O erro patenteava-se, pelas
conseqüências. Com a rendição ou a reincidência do cangaço, sem
medidas apaziguadoras ou com elas, fossem quais fossem as idéias
conciliatórias que brotassem, a revolução estava combinada, tecida e
pronta: a questão era de dia e hora. Adiada duas vezes, foi xada para
as cinco e meia da tarde de 3 de outubro, aviso que entretanto Juarez
entendeu mal, motivo por que, na Paraíba, a retardou para a
madrugada de 4.764

Apesar do sigilo, transpirou,765 sem que o governo se apercebesse do


que ocorria.

Foi tomado de surpresa, do Sul ao Norte do país.

XXXV: A R  

DE SUL A NORTE

Começou a revolução na hora marcada — cinco e meia de 3 de


outubro de 1930 — com o assalto ao quartel-general de Porto Alegre,
dirigido por Osvaldo Aranha e Flores da Cunha — com cinqüenta
homens. Após cerrado tiroteio, os atacantes dominaram a resistência e
prenderam o General Gil de Almeida. Fato singular: con ando na
coesão das suas forças e desatento aos boatos, não adotara o general
medidas especiais de prevenção. Todos cochichavam o segredo...
público, do levante que não tardaria, e, para cúmulo das apreensões,
fechara o comércio uma hora antes; entretanto no quartel-general
havia perfeita calma quando lhe entrou as portas, com a violência de
um tufão, o magote revolucionário. Igual estupor se apossou das outras
unidades federais, investidas simultaneamente. Assim, no Morro do
Menino Deus, onde aquartelava o núcleo principal, cercado e rendido
pela tropa de João Alberto; o arsenal de guerra, o esquadrão da região
(com a morte do comandante, Capitão Jaime Argolo Ferrão)... Menos
o 7º de caçadores, cujo comandante, Benedito Acauã, impávido diante
da artilharia, só cedeu na madrugada de 4, mas com o argumento de
que cessara a luta. Desistiu, assinando solene convenção. A facilidade
da vitória em Porto Alegre espelhou a situação do estado.766 Ante o
fato consumado, as guarnições confraternizaram com a rebelião. A 5,
havia unanimidade no Rio Grande.767 Mas não se detivera na fronteira.
Miguel Costa invadira Santa Catarina pelo eixo ferroviário, rumo de
União da Vitória, Filipe Portinho a ele se incorporou transpondo a
Serra da Estrela e Tri no Correia entrou pelo litoral. Sob o comando
do Tenente Alcides Etchegoyen se organizou com 2.800 homens o
primeiro destacamento pesado que saiu do Rio Grande.768 Este ímpeto
da revolução — lançando-se para fora do estado — foi a condição
inicial do triunfo. Punha as guarnições vizinhas no dilema de
combater ou aderir. Aderiram, predispostas pelos entendimentos
prévios, na camaradagem dos quartéis. Na antemanhã de 5 explodiu
em Curitiba, com o sacrifício de um único o cial, o Coronel Correia
Lima, do 15º. Evadiu-se o Presidente Afonso Camargo no último trem
de Paranaguá. Getúlio Vargas foi ali recebido com estrondo. Rolando
dos pampas, esbateu-se a onda revolucionária nos barrancos do
Paranapanema.769 Mediria forças com a legalidade em dissolução — no
passo de Itararé, o encontro mais sério de quantos se tinham travado
no país...

Mas não se deu...

EM MINAS GERAIS

Na Paraíba tudo sucedeu conforme o previsto. Em Minas Gerais foi


diferente.

À hora marcada reinava em Belo Horizonte a doce paz das tardes


sertanejas. O 12º de infantaria, cujo quartel, em posição dominante,
parecia invulnerável como um castelo-forte, respirava a mesma suave
quietação: tanto que o comandante, Coronel José Joaquim de Andrade
(interinamente na che a da região) se recolhia àquela hora à casa.
Com igual despreocupação os o ciais, encerrados os trabalhos do dia,
andavam, dispersos, pela cidade. O plano primitivo (Odilon Braga)
consistia em aproveitar a calma vespertina para de súbito, em
caminhões, que se precipitariam pelos portões abertos, arrojar na
praça a polícia mineira: tomaria de assalto, sem dar tempo à reação, o
único núcleo federal de Belo Horizonte. Como em Porto Alegre...
Cristiano Machado receou o insucesso, morticínio, o preço da
temeridade: e preferiu atrair o comandante, convencê-lo, deter os
o ciais, e, por seu intermédio, conquistar sem sangue o objetivo. Não
foi assim que o Coronel Andrade repeliu a proposta, e porque o
quisessem prender à entrada da residência, mandou que o soldado que
lhe dirigia o automóvel desse o alarma. Espocaram tiros. Chegou o
aviso ao 12º; a sua primeira viatura, com o ciais e praças, que
voltavam atropeladamente ao quartel, foi interceptada pelo fogo da
polícia; e o Major Pedro Leonardo de Campos assumiu ali o comando
geral, o Capitão Josué Freire o do regimento. Tinham 385 homens (seu
reduzido efetivo) para sustentar o cerco, durante cinco dias de fuzilaria
impiedosa.770 Só se rendeu o regimento — admirável na resistência rija
— por falta de água e víveres, isolado na colina, varejado de metralha,
sem saber o que lá fora ocorria (pois cara privado da radiotelegra a,
com o corte dos os elétricos), ilhado na cidade em pé de guerra...

Caído o baluarte de Belo Horizonte, vencia no estado a revolução. O


centro de operações tinha de ser Juiz de Fora. Sendo a sede da 4ª
região, podendo o combate no centro urbano causar danos
abomináveis, decidiu o governo mineiro retirar para Ubá a força
policial, concentrar em Barbacena os elementos de ataque, e desfechá-
lo — visando uma das alas à estrada de Ubá a Entre Rios, sobre
Petrópolis. No Sul, o regimento de cavalaria de Três Corações
enfrentou como pôde o assédio: acabou capitulando. As forças
paulistas entraram perigosamente por Ouro Fino, Guaxupé, Passa
Quatro; outra coluna saiu de Ribeirão Preto para Uberaba... Poderiam
esses destacamentos (de algumas centenas de praças cada um)
alcançar os caminhos da capital,771 e ameaçá-la, antes das batalhas que
se anunciavam na Mantiqueira — e, sobretudo, do choque de armas de
Itararé? Ou se destinavam a aliviar a “frente” de Leste, a cargo da
guarnição do Rio de Janeiro? Os fatos, sobrepondo-se aos cálculos,
não deixaram dúvidas. A legalidade demorava-se; a revolução
expandia-se.

NO NORDESTE
Ao Norte as coisas se passaram rapidamente. Juarez Távora iniciou o
levante no Recife, enquanto na Paraíba o dirigiam, no próprio quartel
do 22º (que, como o 12º de Belo Horizonte, era o núcleo solitário da
legalidade no meio de uma população revoltada), os Tenentes Agildo
Barata e Juraci Magalhães. Foi-lhes fácil (comandava este a companhia
de guarda e se dispusera aquele à ação fulminante) ocupar o quartel,
inutilizando, com o inopinado do golpe, a resistência do General
Lavenère Wanderley e de alguns auxiliares. Não puderam defender-se.
O general ainda quis persuadir, impondo a Agildo a sua autoridade:
tombou ferido mortalmente, com uma bala no ventre. O Tenente
Paulo Lobo foi morto no leito, ao levantar-se. Os Tenentes Sílvio
Silveira e Raul Reis tiveram o mesmo m.772 Estes, e em Sousa o
Coronel Pedro Ângelo e o Major César Castro — que caíram
combatendo — foram as vítimas da revolução na Paraíba — que
crepitou como fogo em palheiro, naquela terra mais do que todas
preparada para esses excessos. Estavam todos com ela. No Recife, onde
coordenava a conspiração Carlos de Lima Cavalcanti, o clima era
distinto. A ordem agüentava-se pela inércia — frouxamente. De
começo, o movimento — encabeçado pelo tiro de guerra 333 —
redundou em malogro, que a inatividade da polícia e a cumplicidade
de outros corpos não quiseram explorar. Usar-se-ia a artilharia, contra
os amotinados. E o Governador Estácio Coimbra foi avisado de que
devia deixar o palácio. Ficava na área de fogo. Após resistência tenaz,
decidiu-se o governador a embarcar, com os secretários, num
rebocador; e foi para Barreiros.773 Partiu Juarez — ao veri carem-se os
primeiros embates — para a Paraíba, a reunir a tropa disponível.
Mandou-a para o Recife, sob o comando do Tenente Juraci Magalhães.
Entrou paci camente. Pulverizara-se o poder legal. O povo estava nas
ruas, ovacionando. Com a mesma brevidade — que foi apresentar-se e
ocupar — outra coluna paraibana tomou Natal; e assim aderiram o
Ceará (à notícia de que a invasão se dera, irresistível, pelos sertões), o
Piauí, o Maranhão... Somente em Belém o Governador Eurico Vale,
com a polícia, energicamente, lograra dominar o 26 de caçadores.
Abriram-se os caminhos do Sul ao “exército revolucionário” que, sob o
comando de Juarez, general agora, desceu para Alagoas, Sergipe,
Bahia. Aí estabelecera o General Antenor Santa Cruz a che a das
operações (instalando-a num vapor do Lloyd atracado ao cais),
apoiando ao governo estadual, e com a esperança de deter nas
ribanceiras do São Francisco os rebeldes — graças aos sertanejos de
Franklin de Albuquerque e Horácio de Matos. O 19 de caçadores os
esperaria na linha do Itapicuru... Batalhões da polícia cobririam
Alagoinhas...

PROPORÇÕES DA LUTA

A revolução empolgara o estado do Espírito Santo; e apoderara-se de


Vitória, secionando as comunicações, pela costa, de Norte a Sul. É
verdade que não afetava a solidez das posições do General Santa Cruz,
abastecidas por mar; e o couraçado São Paulo já se preparava para
intimar o Recife... A despeito de tudo, não era estrategicamente má a
situação da legalidade nas linhas vitais do Paranapanema, da
Mantiqueira, do Nordeste. Ameaçava ruir por outro motivo: a
convicção do exército, de que luta em tão vastas dimensões não devia
decidir-se sangrentamente, em campo aberto, mas por um meio
conciliatório qualquer... O que ocorria no setor paranaense era
tremendamente signi cativo. Os revolucionários rio-grandenses com
os camaradas do Paraná se tinham distendido numa longa “frente” de
Cambará a Jaguariaíva (Alcides Etchegoyen), a Itararé (Miguel Costa e
Flores da Cunha), à Capela da Ribeira (João Alberto), tendo diante de
si forças federais e paulistas sob o comando dos Coronéis Pais de
Andrade e Palimércio.774 Das guarnições do Sul, apenas a cavalaria, de
Castro, se passara a São Paulo. Ligeiros encontros (o maior, o combate
de Catiguá)775 tinham revelado o ímpeto de uns, a obstinação de
outros. Pais de Andrade queria contra-atacar, entrando pelo Paraná.776
Preparavam-se os revolucionários para envolvê-lo, isolando as
posições de Ribeira e Itararé... Suspendeu-se a luta em 25 de outubro,
sem que se soubesse qual dos exércitos venceria no projetado choque.
Positivamente, seria formidável. O Presidente Washington acreditava-
o decisivo.

A QUEDA DA LEGALIDADE
Em redor dele, depois de 8 de outubro, quando caíra o 12º de Belo
Horizonte, era geral o desânimo, a contrastar com a sua tranqüilidade
fatalista. Nem um instante mostrou receio, desalentou-se em atitudes
dúbias ou concordou com o derrotismo que o cercava: a sua
autoridade parecia crescer com os imaginários batalhões, a deserção
dos governadores, os progressos visíveis da revolução. Dispunha dos
efetivos militares seguro de que era realmente, como se lê na
Constituição, o chefe das forças armadas. Ao deputado (Cordeiro de
Miranda) que lhe objetou que um batalhão saía para aderir,
respondeu: “Cumpro o meu dever, o batalhão cumpra o seu”. Con ava
na 2ª e na 4ª região; fazia ouvidos moucos às vacilações da 1ª, no Rio
de Janeiro, onde lavrava, evidente, a conspiração. Era compreensível
que alguns generais, desgostosos com a política o cial, e pessimistas
em face do seu insucesso, desejassem evitar que o país se dividisse em
dois exércitos que se destroem, como os Estados Unidos ao tempo de
Lincoln. Um deles, porventura o de maior renome, Tasso Fragoso,
acreditava na derrota do governo.777 Consultado antes por Lindolfo
Collor, dissera repugnar-lhe tomar armas contra a legalidade; mas lhe
faltava entusiasmo para ajudá-la. Destacaram-se, à frente do
movimento na capital, os Generais João de Deus Mena Barreto e Leite
de Castro, comandante da artilharia de costa. Juntou-se-lhes o Coronel
Bertoldo Klinger. Nada parecia mais fácil do que, em dado instante, se
recusarem os quartéis a obedecer ao governo, e, por intermédio de
uma junta, destituí-lo, para as confabulações da paz. Base popular para
tanto não faltava, com o espírito das ruas empolgado pela causa
revolucionária, as famílias alarmadas com a convocação dos
reservistas, dominada a cidade pelos boatos mais desfavoráveis ao
presidente — inabalável, na rmeza da sua autoridade. O Ministro da
Guerra descon ou do General Leite de Castro e mandou-o, à inspeção
de tropas, para o interior uminense. Mena Barreto, a 23, deu o sinal
do levante, combinado, já então, entre as unidades próximas. Nesse dia
o Cardeal Dom Sebastião Leme falou ao presidente. Chegara o tempo
de conciliar... Polida, mas severamente, contestou que o governo tinha
su cientes elementos para debelar a revolução.

Na mesma noite se recolhia Mena Barreto ao Forte de Copacabana


(onde pouco depois chegava Tasso Fragoso) e Leite de Castro —
voltando de Campos — à Fortaleza de Santa Cruz. Subscrita pelos dois
primeiros, e pelo Coronel Klinger, a ordem de operações,778 e
transmitida aos demais corpos da região militar, só então o Ministro
da Guerra conheceu a realidade das coisas. Era tarde para a reação.
Achava-se praticamente destituído o governo quando — a horas
mortas de 23 para 24 de outubro, reuniu Washington Luís, no
Guanabara, o ministério.

O seu pensamento era invariável: resistir. Ao amanhecer veri cou-se


que não seria mais possível. Revoltara-se todo o exército. Às oito e
meia apresentou-se ao Forte de Copacabana o General Malan
d’Angrogne: foi encarregado de assumir o comando do 3º de infantaria
(à Praia Vermelha) e da Fortaleza de São João. No quartel do 3º,
entregou Malan ao Coronel José Pessoa o comando do regimento, em
marcha sobre o palácio presidencial. Às nove horas troou a artilharia
dos fortes: era o sinal da revolução. Em vôo baixo, um avião do Campo
dos Afonsos deixou cair sobre o de Copacabana a mensagem de
adesão da Vila Militar. Aderiu a polícia... Tomada a praia de Botafogo
pelo 3º, engrossado com numerosos civis munidos de armas de guerra,
avançou a coluna até a esquina da Rua Farani. Conduz esta ao
Guanabara. Tasso Fragoso e Mena Barreto puseram-se à dianteira, e,
de cambulhada, soldadesca e povo rumaram para os portões do
palácio — a intimar o presidente. A guarda, fuzis ensarilhados,
repousava nos pátios. Parecia adormecida a grande casa, fechados os
batentes, as janelas cerradas... Ficaram de fora, ao longo dos gradis, os
populares brandindo as suas armas e o 3º de infantaria, enquanto os
generais — forçando a entrada — iam entender-se com o General
Teixeira de Freitas, chefe da casa militar do presidente. Pediam para
falar-lhe. Esperaram algum tempo, impacientes: e porque o presidente
não os chamasse, atravessaram várias salas, até o encontrarem, com os
ministros, no seu gabinete de trabalho.779 A cena foi aí ríspida e breve.
Ao dizer Tasso Fragoso que o que mais o preocupava era a sua vida,
respondeu: “Pois é a única coisa que não me preocupa”. “Se V. Ex.ª não
quer submeter-se”, insistiu, “ cará responsável pelo que lhe suceder”. E
os generais se retiraram. “Podem bombardear à vontade!”, exclamara
Washington, momentos antes, quando constou que esta era a
ameaça.780 Não sairia... Ocorreu aos generais chamar o cardeal. O seu
palácio prestava-se para asilo. Chegou solicitamente Dom Sebastião,
com Monsenhor Costa Rêgo. Mudaram de idéia. O Coronel José
Pessoa opinava por uma fortaleza. Dispunha-se a levá-lo preso...781 Da
rua subiam os gritos da multidão: qualquer imprudência poderia
desvairá-la. Persuadido — às cinco da tarde desceu Washington Luís,
ao lado do cardeal, dignamente, sem ter jamais desmanchado a calma
imponência dos seus gestos austeros, a escadaria do palácio. Num
automóvel, com o prelado, Tasso Fragoso, e alguns militares à volta,
como para o protegerem, foi transportado para o Forte de
Copacabana.

Na cidade, grupos exaltados depredavam e incendiavam jornais;


enchiam-se as avenidas de automóveis cheios de soldados e civis,
alguns com bandeiras encarnadas, num regozijo ruidoso; e, já sem
medo, saía o povo às ruas, a ver a festa. Além de tiroteios esparsos, do
fogo ateado àquelas redações, de alguns episódios pitorescos incluídos
no espetáculo imprevisto — nada mais houve que o impressionasse.
Voltou a paz sob a direção vacilante da junta de governo composta dos
paci cadores, Tasso Fragoso, Mena Barreto, Almirante Isaías de
Noronha, que a custo consentiu em participar, em nome da Marinha.

Dirigiria o país até a reorganização? Por que não “com elementos que
inspirem con ança ao Presidente Getúlio?”.782

O chefe do Estado-maior da revolução fulminou a hipótese: o


governo cabia a Vargas, na qualidade de... “presidente dos Estados
Unidos do Brasil, não reconhecido e esbulhado por ato de
prepotência”.783 Ou retomariam a marcha! A esta altura, ninguém mais
lhe resistiria. Acedeu a junta, com desprendimento.

“Até que chegasse o presidente”..., manteve a ordem. Ou esta se


manteve, automática.784 Chegou o presidente, na tarde de 3 de
novembro — para começar o extenso governo que abre na história da
república o seu capítulo contemporâneo.
XXXVI: A N R

DITADURA... E PROGRAMA

A 3 de novembro de 1930 investiu-se Getúlio Vargas na presidência da


república.

“Assumo provisoriamente o governo da república” — declarou —


“como delegado da revolução, em nome do exército, da Marinha e do
povo”.

Subentendia-se que a função — no seu direito, de candidato


esbulhado, segundo a réplica de Góis Monteiro — tinha por m
organizar... a revolução. E pelo prazo que aquelas forças lhe dessem.

Mas à organização devera preceder o programa.

Carecia a revolução (na mistura de oposições políticas e


revolucionários “históricos”) de um denominador comum de
princípios ou de objetivos. Mais sensível era, no momento, e no caso, a
ausência de plano,785 que imprimisse ao governo (como em 1889),
direção e justi cativa.

Ao fazer-se a república, havia, preparada para servi-la, uma elite de


bacharéis e militares positivistas. Abrira-se, entre estes e aqueles, o leal
con ito de idéias, em cujo calor se distorceu a estrutura do regime,
com o presidencialismo autoritário e a federação indecisa. Mas o
inesperado sucesso da inconformidade encontrou, em 1930, dividido o
pensamento brasileiro em tendências divergentes, sem que as
coordenasse, disciplinando-as, a teoria da crise. Foi o que reconheceu
três anos depois, na sua mensagem à Constituinte, o chefe do Estado:
“Movimento geral de opinião, não possuía, para guiar-lhe a ação
reconstrutora, princípios orientadores, nem postulados ideológicos
de nidos e propagados”.
Realizada a tarefa preparatória — que consistiria em estabelecer as
condições da nova “legalidade [...] hão de convocar a Constituinte” —
exortou, em São Paulo, um mestre do direito — “como nos acaba de
ser solenemente prometido. Não é razoável prolongar-se, além do
estritamente indispensável, o regime tremendo dos poderes
discricionários”.786

Dela cogitou o governo provisório, porém em 1932...

Quando (na frase de um testemunho) se “principiou a engraxar um


bacamarte desprezado desde a última entrada sertanista: o
regionalismo”.787

PLENOS PODERES

Teve caráter desconexo (de acomodação instável) o primeiro


ministério da revolução, em que caram três titulares nomeados pela
Junta (Afrânio de Melo Franco, na pasta do Exterior, e nas militares,
General Leite de Castro e Almirante Isaías de Noronha) e surgiram, ao
lado do “homem do novo governo”, Osvaldo Aranha, Ministro da
Justiça, o banqueiro José Maria Whitaker (um dos dirigentes de São
Paulo no secretariado de 24 de outubro), Assis Brasil e Juarez Távora.
Este responsabilizava-se pelo Norte.

O presidente do Partido Democrático (na pasta da Agricultura) tinha


a sua ideologia, de reeducador da nação pelo sufrágio. Whitaker,
Ministro da Fazenda, encarregou-se de enfrentar a crise do café —
com os meios que Washington Luís lhe recusara: a compra dos stocks,
mediante a taxa especial de dez shillings, elevada depois a quinze, e —
como alhures se praticava — a incineração, que mantivesse o
equilíbrio estatístico. Parte dessas sobras foi trocada por trigo norte-
americano.788

Nenhum outro presidente enfeixara ainda, nas mãos civis, maior


soma de poderes do que Getúlio Vargas.
A Lei de Organização de 11 de novembro (redigida, a pedido de
Aranha, pelo jurisconsulto Levi Carneiro) assegurou a estabilidade
judiciária, ressalvando o funcionamento dos órgãos indispensáveis à
ordem administrativa.

Não lhe cerceou o arbítrio legislativo.

Duas sugestões de Levi Carneiro foram recusadas pelo presidente: o


recurso dos atos dos interventores dos estados789 para um conselho de
antigos presidentes (Venceslau, Epitácio, Bernardes) e a competência,
que teriam os ministros, de lavrar nomeações interinas.790 Suprimiu
Vargas estas restrições: os recursos, subiriam a ele. “Pairava acima dos
partidos políticos até então circunscritos aos âmbitos estaduais [...]. A
visão estreita dos regionalismos estéreis, que tanto sacri cou estados e
regiões do Brasil em benefício de outros, havia de estar fora dos
anseios”.791

Afastada por enquanto a fórmula dileta da propaganda, que era


justiça e representação, tinha de reformar o país.

Mas em que termos, e com que gente?

GRUPOS E CORRENTES

Inclinou-se o ditador para a questão social, que invocara (com rara


presciência) em Porto Alegre, a 4 de outubro.792 Criou em 26 de
novembro (entregando-o a um de seus mais ilustres colaboradores,
Lindolfo Collor) o Ministério do Trabalho. O da Educação (com
Francisco Campos) daria impulso à cultura, entorpecida e desalentada.
A revolução respondia, com isto, e desde logo, à República Velha, que
uma feita rotulara de questão de polícia a inquietação operária.
Sobrepondo-se entretanto aos partidos dispersados e às correntes
novas, que se preparavam para substituí-los, surgira um grupo jovem
de triunfadores que limitava o seu poderio — e a sua prudência: o
outubrista. Passou à história com o apelido impróprio de
tenentismo:793 porque nele se amalgamavam os intransigentes do
movimento, tanto a o cialidade moça, que o preconizara em 1922 e o
desfechara em 1930, como os correligionários civis, credores da
delidade que lhes devia o governo.

Menos Minas Gerais, os estados tinham perdido os seus


governadores.

Como Floriano Peixoto — nos dias tormentosos da “derrubada”


despachara os seus agentes, nomeou o ditador os seus interventores. Se
os tirasse das leiras, preferindo para a missão ambígua, de polícia e
administração, os militares outubristas, repetiria a experiência do
marechal. Mas não usou processos lógicos; nem executou, a respeito
dessa apressada divisão de postos, um maduro plano de governo.
Atendeu sumariamente às exigências do momento (e do lugar),
aceitando, para o Norte, os nomes recomendados por Juarez Távora,
xando no Rio Grande o General Flores da Cunha, e (erro
considerável) entregando São Paulo ao tenentismo.

Para esse estado enviou o Capitão João Alberto Lins de Barros.

O CASO PAULISTA

Merece maior análise o caso paulista, exatamente porque aí se


chocaram as forças civis, arregimentadas pelo Partido Democrático, e
a política de 1930. Com sagacidade poupara Vargas a autonomia de
Minas Gerais, respeitando o seu velho presidente, Olegário Maciel.
Representava, aos olhos da revolução, seu quociente decisivo. Se do
mesmo modo fosse tratado São Paulo, isto é, se o con asse Vargas à
gente que lá se apossou do poder a 24 de outubro, formando o
secretariado logo reconhecido pelo comandante da região, General
Hastín lo de Moura — disporia de forte núcleo liberal a que se
apoiasse, para a recomposição da ordem. Cedeu, porém, à
reivindicação das jovens patentes, unidas aos ortodoxos da revolução
de base, que pretendiam reformar o país arredando os homens do
passado e as suas idéias. Para eles, democráticos e republicanos se
confundiam... Estrondosamente acolhido em São Paulo a 29 de
outubro, estabeleceu Vargas uma fórmula de transição: João Alberto
seria o seu delegado, mas em harmonia com o secretariado
democrático. Acabou nomeando-o interventor. Para a secretaria de
Segurança, então criada, foi o Coronel Miguel Costa. Saíram, em
conseqüência, os democráticos. Romperam a 24 de março de 1931.794
A 28 de abril, impediu o Coronel Costa que uma revolta armada
depusesse o interventor. E o General Isidoro Dias Lopes, que
comandava a Região Militar, deixou o cargo, para que nele se investisse
o General Góis Monteiro. Dissentiram por m João Alberto e Miguel
Costa. Resignatário, indicou o primeiro (com os outubristas do Rio de
Janeiro) o jurista Plínio Barreto. Opôs-se o outro. Recaiu a nomeação
no presidente do Tribunal de Justiça, o íntegro magistrado Laudo de
Camargo. Teve de largar a interventoria por intimativa da Legião
Revolucionária, reagrupada, em setembro, e foi nomeado o Coronel
Manuel Rabelo. A volta do “tenentismo” sacudiu o governo provisório,
do qual se retirou Whitaker (substituído por Osvaldo Aranha),
entrando Maurício Cardoso — do Rio Grande — para a pasta da
Justiça. O assalto sofrido pelo Diário Carioca, no Rio de Janeiro, pôs
por terra o equilíbrio tentado: demitiram-se os ministros gaúchos da
Justiça e do Trabalho, o chefe de polícia (Luzardo), João Neves,
advogado do Banco do Brasil. A 2 de março — para limitar a área do
con ito irreparável, que aliava São Paulo e o Rio Grande — designou o
ditador para governar São Paulo um velho diplomata, o embaixador
Pedro de Toledo.

O POVO NAS RUAS

Realmente o retorno do que aos paulistas se a gurava a “ocupação”,


produziu, espontânea, a fusão dos partidos, que pareciam destinados a
se hostilizarem interminavelmente, o republicano e o democrático (16
de fevereiro de 1932). Ressurgiram na Praça da Sé, para o imenso
comício de 25 de janeiro. A data dessa manifestação popular — o dia
da Cidade — coloriu, com o velho regionalismo, a agitação das ruas.
Hastearam-se as bandeiras de listas brancas e negras, do estado; os
oradores invocaram os brios tradicionais, São Paulo resistente,
inconformado, autônomo, autêntico; de “quatrocentos anos”.795 A
consciência histórica colou as suas imagens (tão divulgadas na
propaganda da “guerra constitucionalista”) à irritação generalizada.
Pareceu desarmar-se, com a investidura festiva daquele venerando
paulista, a quem só se desejava que governasse livre de imposições,
desembaraçadamente. A 22 e 23 de maio — imaginando que a
ditadura queria obrigá-lo a tomar secretários impopulares sublevou-se
a multidão; aclamou — espraiando-se pela cidade — o secretariado
que lhe exprimia a revolta;796 e consumou a vitória queimando a
redação das gazetas ditatoriais e investindo a sede da Legião
Revolucionária. No tiroteio ali travado morreram os jovens Miragaia,
Martins, Dráusio e Camargo, cujas letras iniciais () passaram a
dar o nome à conspiração constitucionalista.797

SEPARAÇÃO DE FORÇAS

O interventor rio-grandense, Flores da Cunha, interpretou, a 27 de


maio, o pensamento, praticamente unânime, da política de sua terra,
comunicando a Vargas que devia ser “mantida a todo transe” a solução
dada pelo povo à crise paulista. Com esta ressalva, “os partidos
políticos do Estado, representados pelos seus chefes, Borges de
Medeiros e Raul Pilla”, lhe hipotecavam “inteiro apoio”. Respondeu
com altivez o presidente, “não sofrer”
nenhuma pressão capaz de tolher a sua liberdade de agir no caso referido. A modi cação do
secretariado da interventoria de São Paulo era coisa assentada [...]. Houve apenas surpresa na
forma tumultuária do ambiente subversivo em que tal modi cação se deu. Nestas condições
a manutenção do secretariado depende menos de outras circunstâncias que da própria
atitude posterior aos acontecimentos, pela prática de atos reveladores de rme propósito de
colaboração com o governo provisório, dentro do pensamento e normas da revolução.798

As frases cintilavam, numa e noutra mensagem, como espadas...

Nada mais simples, argüia a “frente única” (como em São Paulo, os


partidos conciliados): testemunhasse o chefe do governo a sua
intenção apaziguadora, principalmente a sinceridade, de restaurar no
país a Lei, organizando um ministério que a a ançasse!
Ó
CÓDIGO ELEITORAL

O governo provisório não cedeu à pressão, que se desenvolvera em


torno de sua autoridade, mas quis aquietá-la com a legislação prévia,
que assegurasse a nal eleições sadias.

Neste ponto satisfez os compromissos de 1929.

Decretado a 23 de fevereiro de 1932, o Código Eleitoral devia rmar


pelo voto secreto, pela justiça, pela proporcionalidade — base da
organização partidária — sem esquecer o sufrágio feminino, a verdade
da representação... quando a houvesse.

Nesse sistema, pregado (e agora realizado) por Assis Brasil,


presidente da comissão elaboradora, o teórico da Democracia
Representativa alcançou a meta que há quarenta anos perseguia —
contra a intransigência do velho regime. Reconheceu, ao traçar-lhe as
linhas mestras, que só o voto secreto evitaria “a arregimentação de
rebanhos eleitorais, des lando publicamente diante do chefe, ou dos
seus caixeiros de eleições, de quem recebem a ração de opinião que
têm de deitar na urna”.799 Na vigência daquela honrada lei teriam os
pleitos a cota de veracidade que sempre lhes faltara. Pela
obrigatoriedade, pelo sigilo, pela apuração, sobretudo pela tutela
judicial desse processo, a m de que não continuasse a proclamação
dos eleitos a depender de maiorias facciosas, pesaria a vontade do
povo; encarregar-se-ia de dar sentido e forma à revolução... frustrada.
Os sucessos de São Paulo forçaram o governo a criar, em 14 de maio, a
comissão incumbida de redigir a Constituição. E anunciou as eleições
para 3 de maio de 1933.

XXXVII: O 

9 DE JULHO

As negociações para a recomposição de um ministério paci cador


estenderam-se, sem êxito, até ns de junho de 1932.

Ao começar o mês de julho, acentuara-se a expectativa do


movimento armado, que surpreendeu a 9 de julho — mas
su cientemente preparado para dominá-lo o poder central.

A “nevrose constitucional” (como se dizia) empolgou a nação.


Irradiou, como outrora as bandeiras, de São Paulo. Adquiriu a palavra
o valor místico dos dias iniciais do império. Constituição... ou morte!
Estourou, intempestiva, essa contra-revolução, a 9 de julho de 1932.
Antecipou-se porque no dia 1º o comandante da Região Militar de
Mato Grosso, General Bertoldo Klinger, desde 22 de maio solidário
(em resposta ao apelo do General Isidoro) com os sentimentos
antiditatoriais de São Paulo800 — enviou ao novo ministro, General
Espírito Santo Cardoso, um ofício de censura à sua nomeação.
Respondeu-lhe o governo com a reforma administrativa (8 de julho).
Entendia-se — e o próprio Klinger xara este acerto — que o
movimento só se faria com o apoio mineiro e rio-grandense, dando-
lhe o Mato Grosso um contingente, que nunca poderia ser numeroso.
Mas naquele dia — tomada a demissão do general como a
oportunidade para a revolta, de que seria o comandante — se decidiu
no Rio de Janeiro que o Coronel Euclides de Figueiredo iria sem mais
delongas sublevar São Paulo. Na noite de 9 assumiu o coronel o
comando e incruentamente conquistou a adesão de todas as unidades
de combate. Pedro de Toledo telegrafou então a Vargas: “Esgotados
todos os meios que ao meu alcance estiveram para evitar o movimento
que acaba de se veri car na guarnição desta região ao qual aderiu o
povo paulista, não me foi possível caminhar ao revés dos sentimentos
do meu estado”. Renunciava, para que os chefes militares mantivessem
a ordem... No dia seguinte o povo (com o secretário da Justiça,
Valdemar Ferreira, à frente) o aclamou governador de São Paulo.

Explodira a revolução sem condições de vitória: prematura e


descoordenadamente. Faltaram-lhe os sustentáculos com que contara
o seu Estado-maior. Chefe de polícia do Rio de Janeiro, João Alberto
teve mão nos entusiasmos constitucionalistas da capital. Flores da
Cunha (que aliás não disporia da colaboração do exército, obediente,
no Rio Grande, ao comando do General Andrade Neves) — declarou-
se ao lado de Vargas. Em Minas, o ex-presidente Bernardes não logrou
interessar na revolução a milícia estadual. Ao contrário, dos quartéis
de Minas partiram para a investida da Mantiqueira os escalões que
mais e cazmente acossaram os paulistas. Só poderiam estes ganhar a
guerra atirando-se, de surpresa, para o Rio, pelos trilhos da Central
(como em 1924 se projetara). Não lhes foi possível a proeza. A
despeito de tudo, na sua primeira semana o movimento se condenou à
defensiva, que conduzia às ações inconclusas, ao desgaste, à desilusão e
à derrocada.801

HISTÓRIA REPETIDA

O governo prontamente deslocou para o Vale do Paraíba (valendo-se


de todos os veículos coletivos disponíveis) as forças que sob o
comando do General Góis ali barraram o avanço constitucionalista. A
situação estratégica tornou-se logo irretorquível — e singela.
Di cilmente ganharia um dos lados vantagens decisivas naquela
frente, disputada palmo a palmo. Resolver-se-ia a sorte da campanha
na fronteira de Minas (alturas da Mantiqueira) e na do Paraná (Itararé
e Ribeira). Ao Sul, comandados pelo General Valdomiro Castilho de
Lima, os batalhões do Rio Grande, de Santa Catarina, do Paraná,
transpuseram a zona limítrofe (o velho caminho tropeiro de Sorocaba)
e progrediram sobre Buri, Capão Bonito, Itapetininga. Retardou-se a
força de Minas (com a perplexidade causada pela atitude do
comandante da região, General Borba, simpático à revolução) em
apresentar-se no Túnel, ocupado vigorosamente pelos paulistas.
Estabilizou-se acolá, como no Vale do Paraíba, a linha de combate,
mas a coluna do Coronel Eurico Gaspar Dutra (comandante do
regimento de Três Corações) manobrou em direção ao Rio Eleutério,
Itapira e Campinas, enquanto a do Coronel Cristóvão Barcelos entrava
pelo Mojimirim. A esquadra bloqueou os portos do litoral e outra
coluna legalista tentou atingir o planalto pela Serra do Cunha. A esse
amplo movimento de assédio e invasão antepôs o comando rebelde a
resistência tenaz, alimentada moralmente pelas promessas de apoio
dos estados, onde se julgava iminente a revolta, e pelo admirável
entusiasmo paulista. “Para dar tempo a esse acontecimento externo” —
são palavras do General Klinger — “para não dar por perdida a partida
antes do tempo, a senha do alto comando foi ‘durar’!”.802
Evidentemente terminaria um dia a “duração” estóica e brava: ao se
desvanecerem as esperanças.

Dissiparam-se, com a prisão de Artur Bernardes e Borges de


Medeiros, que debalde quiseram sublevar as brigadas mineira e
gaúcha. Quem se pusesse a losofar sobre as repetições da história,
comparar-lhes-ia o gesto valente ao desespero de Feijó, nos amargos
tempos de Sorocaba. Na Bahia, insurgiram-se os estudantes (22 de
agosto). Vozes esparsas e desencontradas ressoaram, como um
protesto eloqüente. Não dava para aliviar a pressão que sofria São
Paulo, a Leste, ao Norte, ao Sul, e acabou, a 1º de outubro.

A DURA RESISTÊNCIA

Para suportar três meses de campanha, trabalharam intensamente as


fábricas paulistas; houve prodígios de técnica e e ciência, reinou no
estado uma extraordinária animação.
Dentre outras realizações citam-se: a produção de munição de infantaria, pouco a pouco,
atingiu ao nível necessário; foram fabricados morteiros leves e pesados e suas bombas;
granadas de mão e de fuzil e de avião; lança-chamas; máscaras antigases; foram
encouraçados trens ferroviários e automóveis; foram montados canhões pesados sobre via
férrea, substituídos no Forte de Itaipu por simulacros; foram restaurados tubos de canhões
de campanha; procedeu-se à defesa minada do porto de Santos.803

Mobilizaram-se as classes, a começar pela industrial (presidida pela


Federação das Indústrias): engenheiros, químicos, médicos,
estudantes, operários, empresas, associações, escolas, sem faltar a
tamanha concentração de esforços a solidariedade pública do clero.
Acorreram em massa os voluntários... Aos dias tristes, como o da
morte do comandante da Força Pública, Coronel Júlio Marcondes
Salgado (ao rebentar um novo morteiro que se experimentava), e do
suicídio de Santos Dumont804 — sucederam momentos ruidosos de
júbilo, como ao chegar João Neves — para resgatar com a sua presença
as decepções da revolução — e ao se anunciarem os êxitos de armas
nas “frentes” de Cunha e do Túnel. Na verdade, era esmagador o cerco
posto ao estado. Debalde rolaram propostas con denciais de
armistício e acomodação. Falou-se em vão de governo coletivo, com
Constituição provisória, de rota feita para a normalização do país... A
esquadra bloqueou os portos paulistas. Nada puderam contra ela os
“gaviões-de-penacho”, quatro aviões Waco, do comando do Coronel
Lísias Rodrigues. A aviação governamental operou sem obstáculos. O
exército do Sul (do General Valdomiro) levara de roldão a defesa,
sobre a estrada real de Sorocaba. Já agora o avanço ao Norte (Coronel
Dutra) ameaçava Campinas... Resolveu então a Força Pública,
orientada por seu comandante, Coronel Herculano e Silva, tratar a paz
em separado (29 de setembro). Sentiu Klinger que chegara a hora da
deposição das armas. Consumou-se a capitulação em 1º de outubro,
com a surpresa e a desaprovação da “frente” de Leste. Como em 1842...

CONSEQÜÊNCIAS

Dominada a insurreição, as suas conseqüências foram reparadoras — e


imediatas. Reconstitucionalizou-se o Brasil, apesar do insucesso das
armas alçadas com este lema; ou por isto mesmo. Nem seria possível
repetir o que passara: bastava a lição... Convieram alguns autores do
movimento: foi melhor assim. Ainda em relação à mais renhida das
lutas regionais no país, pode dizer-se o que anda nas histórias a
propósito das da regência, do império, da república. O malogro da
rebelião ajudara o país a prosseguir... Contra-revolução, suscitaria a
resposta, a volta, a continuação das dissensões entrosadas nos
problemas sociais, apenas enunciados. Outras se emendariam àquela,
até (como há cem anos, na fase efervescente das quarteladas) que
ressurgissem os Evaristos, os Feijós, os Caxias de pulso e visão larga.
Em suma: até que a autoridade restaurasse a paz nacional. Vencedor,
cauto e realista, Vargas se desincumbiu a seu modo dessa evolução.
Perguntaram-lhe um dia, como acabara com os “tenentes”. Explicou,
bem humorado: promovendo-os a capitães. Deixou-os (e ao clube 3 de
outubro) urdir à margem do governo um programa de esquerda, que
transitou do “partido socialista” (1933) para a “Aliança Nacional
Libertadora” (1935). Cuidou de conciliar o desarmamento com o seu
predomínio irremovível, retomando o poder em São Paulo e
serenando o resto do país com as eleições corretas e a convocatória, no
prazo marcado, da Assembléia Nacional Constituinte. Substituiu no
governo em São Paulo o Coronel Herculano (que precipitara a
capitulação) pelo General Valdomiro Lima, a 6 de outubro. Foram
detidas as principais guras constitucionalistas, e, a bordo de um navio
mercante, remetidas para o exílio, na Europa. Não se lhes deu o direito
de concorrer às eleições de 1933. Restituída porém ao ritmo
democrático, a política continuou mecanicamente a sua marcha. Os
candidatos paulistas saíram da “frente única”, que representou
sentimentalmente as razões do grande estado. Não as interpretaria
evidentemente o delegado militar da ditadura. O preço da evolução
ordeira era então — como em 1931 — a nomeação de um “paulista
civil”... O comandante da região, General Daltro Filho, sucedeu na
interventoria ao General Valdomiro: foi quem deu posse ao
engenheiro Armando de Sales Oliveira, recomendável, por suas nobres
qualidades pessoais, e até pelo alheamento partidário, para a função —
e a conjuntura. Exerceu-a com circunspecção e dinamismo, sem
impedir que dele se desligasse o Partido Republicano (o que o integrou
no grupo democrático, com quem tinha vivas a nidades) — mas
disposto a reerguer São Paulo ao nível das altas soluções da república.

Tornou-se natural pretendente à che a da nação — em 1936.

Assim, pela porta legítima da terceira Constituinte, voltou o Brasil à


moderação e à lógica do seu desenvolvimento pací co.

A VOLTA À LEI

A normalização da vida nacional com essa garantia de ordem


(simbolizada na devolução de São Paulo, vencido na refrega, à própria
direção, como se a tivesse ganho) foi um convite oportuno à política,
para que enrolasse os estandartes de combate, desmilitarizasse as
prevenções agressivas e proclamasse as idéias reformistas.

Pela mão de Vargas, estendida aos constitucionais, os conservadores


repeliam os legionários, os intransigentes da República Nova, os
extremados (como lhes chamou o presidente na mensagem inaugural
à Constituinte). Estava-se em 1933 mais perto de 1891 (o pensamento
voltado para a “segurança jurídica”), do que de 1930. Retornava-se à
legalidade organizada. Alguns tinham pressa de apagar os vestígios da
era ditatorial, como um “equívoco”, de que restava o homem que podia
conciliá-lo com as novas forças: Getúlio Vargas. Outros —
inconformados com o “desvio” — nele depositavam a sua con ança
com o objetivo oposto: de destroçar a acometida anti-revolucionária,
já com o pé no governo... Paciente e discreto, serviu Vargas a ambas as
tendências: ou antes, delas habilmente se serviu.

A CONSTITUINTE DE 1933

Presidida pelo Ministro do Exterior, Melo Franco, a comissão especial


elaborara em tempo o anteprojeto da Constituição.

Não seria por falta desse trabalho prévio que se extraviasse (como em
1823) o Parlamento em debates estéreis. Começou a funcionar a 15 de
novembro de 1933. Lembra o de 1891 no afã (poderíamos dizer, na
ansiedade) de reestruturar o regime; mas assustado, como a primeira
Constituinte — pela ameaça enervante do desbarate. O papel que em
1891 exercera Prudente — com a austeridade lacônica —
desempenhou em 1933 o seu presidente Antônio Carlos — com a
plasticidade e a prudência do temperamento frio. Prudente tinha a
severidade majestosa, entretanto melancólica, dos apóstolos civilistas.
Encarnara as virtudes republicanas, ao serviço de uma legislação
dogmática. Irônico, cético, amável, o Andrada (com equivalente
sucesso) era a sua antítese. Não oferecia ao adversário a rigidez
daquela ortodoxia; dominava-o pela malícia, pela serenidade, pela
tolerância. O primeiro foi o presidente ideal da câmara disciplinada. O
outro, o presidente providencial da câmara insegura e dividida que, a
qualquer instante, podia ser dissolvida pelas forças que desa ava e
ofendia...

Fora os deputados políticos, havia os classistas, numa experiência de


acordo da representação liberal com o sindicalismo trabalhista, que
dava ao governo a sua maioria maciça.

A Constituinte não se opôs à administração; nem perturbou o


governo de Vargas. A condição de tudo terminar bem era, no nal, a
sua recondução: ou reproduzir-se-ia (agravado pelas dissensões
ideológicas) o ambiente explosivo que cercou, em novembro de 1891, a
con rmação do Marechal Deodoro na presidência da república que
fundara.

XXXVIII: A  C

O NOVO DIPLOMA

Apoiou-se o governo à sólida maioria de que dispunha na


Constituinte. Mas não se pode dizer que fosse dele a Constituição —
promulgada em 16 de julho de 1934. Traduz a mentalidade
conservadora que, rotulando-se de progressista, de fato agarrada aos
princípios liberais da república, se opôs às linhas revolucionárias do
anteprojeto. Recomendara este o unicameralismo (em vez de Senado e
câmara, a Assembléia Nacional ); a eleição, por ela, do presidente; a
instituição de um conselho de 35 membros; a unidade do processo
judiciário e, em parte, da magistratura; amplas garantias sociais.
Enumerara os casos de “socialização” de empresas, a adjudicação aos
posseiros da terra produtiva (em cinco anos de ocupação
incontestada), a ressalva da propriedade domiciliar impenhorável, a
restrição da herança à “linha direta ou entre cônjuges”, liberdade
sindical, expropriação do latifúndio, assistência aos pobres, salário
mínimo...805 Novidade que prevaleceu: a par do habeas‐corpus, para
proteger direito líquido e certo, o mandado de segurança (no México,
juicio de amparo)...

Explicou Levi Carneiro:


Por outro lado, não é menos certo que a nossa Assembléia Constituinte de 1934 enfrentou
correntes políticas extremamente exageradas. Todos nos recordamos de que, ao publicar-se o
projeto elaborado pela Comissão dos 26, composta de representantes de todos os estados, o
clamor levantado, notadamente no manifesto de um clube político desta capital, fez temer
pelos destinos da própria Assembléia. O projeto, organizado pela Comissão de nomeação do
governo, que fora sujeito ao exame da Assembléia, caracterizava-se por um unitarismo
exagerado, pelo desconhecimento da garantia do direito adquirido, pela subversão da
propriedade privada, pela eleição direta do presidente da república, pela regulamentação
rígida do trabalho e por um Conselho Superior, de que, infelizmente, na Constituição
restaram, a meu ver, demasiados vestígios na organização do Senado Federal, e que seria a
peça dominante de todo o sistema político, ameaçadora, cheia de conseqüências
imprevisíveis, levando-nos talvez ao governo colegiado. A Assembléia realizou, contra tudo
isso, uma reação bem caracterizada, ainda que moderada. A Assembléia, vibrátil, talvez algo
desorientada, revelou sempre, até na profusão das emendas que as críticas fáceis
comentavam com malícia, até pelo número e abundância de seus oradores, um empenho e
um esforço altamente meritórios. Talvez por isso, tudo está na Constituição, quase todas as
nossas questões, quase todos os nossos anseios.806

Ressaltam do novo diploma o capítulo da Ordem Econômica e a


descon ança do Executivo.

Ao silêncio das leis antigas — no campo das relações do trabalho —


corresponde o intervencionismo de 1934, com um recuo e uma
superfetação.

A superfetação é a representação classista, metida na moldura da


democracia eleitoral;807 o recuo, a pluralidade sindical, contra a tese
unitarista dos técnicos o ciais.808

De início (relembre-se) chamara Collor, primeiro-ministro do


Trabalho, para assessorá-lo na elaboração dos princípios do novo
direito, novum jus, os veteranos da questão social, Evaristo de Morais e
Joaquim Pimenta. Pioneiro da conversão do capital à política de
equilíbrio humano, Jorge Street ajudou-o a de ni-la. É através destes
nomes que o laborismo tímido de 1931 (recebido com alarmada
descon ança pela imprensa conservadora) se prende ao socialismo
possibilista do começo do século e ao esboço de programa de Rui
Barbosa, na oração “dissidente” (dissidente do seu clássico liberalismo)
de 1919. Estruturara-se em 4 de fevereiro de 1931 o Departamento
Nacional do Trabalho, que datava de 1918. Foi de 19 de março a
primeira lei social do período. Encetou a sindicalização obreira e
patronal. Esbarrou no pluralismo da Constituição germanizada.809

SOCIAL‐DEMOCRACIA

Estranharia Eduardo Prado, o dialeta da Ilusão Americana, as tintas


alemãs (da Constituição de Weimar) que recebera, na sua armação
eclética, o nosso presidencialismo. Quisera-se, antes de tudo, eliminar
o Senado (quebrando-lhe, como na tentativa de 1832, o poder de
travar a legislação da Câmara Baixa). Isto de Senado estrati cado e
reacionário, contravinha o recorte socialista das assembléias, em que
“a diminuição do papel e da competência da Câmara Alta” — para
repetir um autor corrente — “se acha estreitamente ligada ao processo
da racionalização do poder”.810 Mas parecia antifederal, lesando o
dogma da representação paritária dos estados; logrou-se restabelecê-
lo, mutilado: para “promover a coordenação dos poderes” (artigo 88).
Com isto fez a Constituinte “obra nova. Nem determinou a
bicameralidade do tipo norte-americano, nem separou tão
completamente do poder legislativo o Senado Federal, a ponto de o
reputarmos como peça isolada na realização da sua tarefa, nitidamente
pertinente, não à forma de governo, mas à de Estado”.811

Torcera-se outrossim — e foi mais grave — a força repressiva do


Executivo (artigo 175), dando ao Legislativo (como na Constituição de
1891) o poder intransferível de decretar o estado de sítio “na
emergência de insurreição armada”, a menos que ocorresse em período
de recesso parlamentar. Dependeria, nesta hipótese, de “aquiescência
prévia da Seção Permanente do Estado” (artigo 175, §7). Noutras
palavras: mal consolidada a legalidade, atava o governo com o o
problemático de um constitucionalismo descon ado, rígido e
complexo. Imobilizava-o, com uma disposição inoperante, ao mesmo
tempo em que a Assembléia — satisfeita com a vitória acadêmica —
con rmava no posto o homem forte que tanto receio lhe causara.

Realmente o artigo º das Disposições transitórias previra:


“Promulgada esta Constituição a Assembléia Nacional Constituinte
elegerá, no dia imediato, o presidente da república para o primeiro
quatriênio constitucional”.

Havia o exemplo de 1891...

PRESIDENTE CONSTITUCIONAL

A oposição (Maurício Cardoso à frente) levantou a candidatura de


Borges de Medeiros. Como em 1891 o de Prudente de Morais, esse
nome respeitável, se triunfasse, daria com o regime no chão. Vargas
tinha o apoio desenganado das Forças Armadas; além disto, e
sobretudo, a disposição de não sair. Elegeu-o a maioria, como em 1891
a maioria elegera Deodoro — para preservar a ordem nacional. E
convencida de que os liames constitucionais eram su cientes para ligar
o chefe do governo ao sistema que (um tanto à sua revelia, nalguns
pontos contra ele) acabava de inaugurar-se — proclamou sem reservas
a sua adesão ao primeiro presidente da Segunda República. Foi uma
transição sem sobressaltos; mais macia nos estados, ao serem
legitimados de modo semelhante, os interventores. Com outra
vestimenta, as mesmas guras; e o que havia de substancial nessa
cautelosa arrumação, o apoio à legalidade personi cada no presidente
constitucionalmente proclamado.

Arrimou-se ele aos democráticos. Ministro do Exterior, José Carlos


de Macedo Soares disse em Campinas (referindo-se ao governo de
Armando Sales):
Conquistamos dia a dia os ideais de São Paulo. Em primeiro lugar, o governo paulista da
nossa casa. Depois impusemos con ança na nossa lealdade, no nosso patriotismo brasileiro e
resolvemos o problema militar. Enquanto isto restabelecia-se com o concurso poderoso,
ativo, calculado, e e ciente da bancada paulista na Assembléia Nacional Constituinte a
ordem jurídica e legal da pátria, as reivindicações católicas, as conquistas femininas e as
proletárias. Quisemos o voto livre. Quisemos o aperfeiçoamento das instituições, o progresso
social, o equilíbrio dos poderes do Estado, a segurança da liberdade e das franquias dos
cidadãos. Temos hoje tudo alcançado.812

Mas por breve tempo. Menos pelo esforço demolidor das minorias do
que pela impaciência e pelo ressentimento dos fatores ideológicos
postos à margem, nesse triunfo plácido da juridicidade conservadora.

O primeiro obstáculo em que tropeçou o regime reconstituído foi o


levante de novembro de 1935.

ENTRE AS EXTREMAS

Até aí jogara o governo com os elementos partidários. Mas havia,


subjacente, o dissídio dos princípios. Não esqueçamos que em 1939 se
aliaram, recentes ou sistemáticos, os inimigos do situacionismo,
abrangendo a Aliança todos os descontentes. Apartara-se a ala
extremada de Luís Carlos Prestes, para formar, no exílio, contra eles, e
ela, o Partido Comunista. Com os políticos, compelido ao retrocesso
(queixavam-se os socialistas) pela reação liberal, organizara Vargas um
regime incolor, que deixava de fora as soluções proletaristas esboçadas
em 1931. A Constituição democrática era um viático de união;
empedernia-se na sua legalidade rígida, concebida segundo a
prudência clássica de uma sociedade cansada de aventuras ditatoriais,
temerosa de abalos econômicos. Enfeixara a harmonia... monótona, da
ordem inatual — gritavam os da esquerda ou da direita, invocando as
competentes loso as, os respectivos símbolos, a linguagem especí ca.

Às esquerdas combatiam agora os integralistas813 — sob a che a do


escritor Plínio Salgado — com o seu nacionalismo corporativista e
militarizado, a que não faltava a sugestão fascista e nazista das
insígnias, dos des les, do ritual, da mística. Seguindo-se à liquidação,
em outubro de 1932, do movimento paulista, e um pouco a sua
síntese,814 representou, em abril de 1933, o segundo desa o ao retorno
liberal democrático.815
O governo, acrescente-se, assistiu sem aparente interesse ao con ito
intelectual, das forças que se congregavam para demoli-lo; e a seu
tempo, ou dando tempo ao tempo, foi ele que as aniquilou.

Abateu em 1935 (inclinando-se para a direita) a extrema-esquerda;


aliado aos integralistas, vibrou o golpe de Estado de 1937; em 1938
reduziu-os ao silêncio.

Podia escusar-se, alegando que tanto em 1935 como em 1938 foram


eles que se aventuraram; sublevando-se, lavraram a sua sentença...

1935

Conta um autor que, ao ndar 1934, se decidiu “nas conferências


secretas da Grande Ásia e da América Latina”, desferir a revolução, em
vez de protelá-la com a tática das “frentes populares” — no Nordeste
brasileiro.816 Propugnaram a solução imediatista Manuilisky e os
delegados brasileiros: golpe, em lugar de in ltração... Informa o
mesmo autor que “a preparação do movimento” cou a cargo do
alemão Artur Ewert, aliás Berger.817 Fundara-se entretanto (estranha
àquele programa) a Aliança Nacional Libertadora, com guras ligadas
ao governo — como o prefeito do Distrito Federal, Pedro Ernesto — e
jovens socialistas.818 Outro movimento, sob o rótulo de Aliança
Popular por Pão, Terra e Liberdade, surgiu, ou esboçou-se, a 22 de
agosto. Mas a revolta de novembro não foi feita pelos civis, arrolados
posteriormente como co-responsáveis, nem tiveram eles qualquer
papel no seu brutal desenvolvimento. Limitou-se, em Natal, no Recife,
no Rio de Janeiro, aos quartéis. Marcada para 27, um erro de
comunicação a antecipou para 23, no Rio Grande do Norte. “Às sete e
meia da noite de 23 de novembro de 1935 soldados do 21º Batalhão de
Caçadores, membros da Guarda-Civil demitidos, populares liados
secretamente ao Partido Comunista, de agraram um movimento
insurrecional”.819
O Corpo Policial Militar resistiu dezenove horas. Sem direção sistemática, ocultas as
autoridades, espavorido o povo, Natal foi presa fácil. O tiroteio durou toda a noite de 23 para
24. A 25 instalou-se o “Comitê Popular Revolucionário”, que — à notícia da aproximação de
tropas da Paraíba e de Pernambuco, desapareceu na manhã de 27.820

Fracassou o levante no mesmo dia, no Recife (graças ao 20 de


Caçadores). Explodiu na noite de 26 para 27 na capital da república.
Começou no 3º Regimento de Infantaria à Praia Vermelha, onde os
Capitães Agildo Barata e Álvaro Francisco de Sousa conseguiram, de
surpresa, dominar a o cialidade e assumir o comando da unidade. O
tiroteio porém deu às autoridades militares — no Quartel-General — a
medida do perigo, que o comandante da região, General Eurico Dutra,
enfrentou sem perda de tempo. Um acontecimento fortuito, qual a
prisão, no próprio Quartel-General, do 1º tenente do 2º Regimento de
Infantaria (da Vila Militar), Álvaro Pais Barreto, quando procurava
aliciar o Batalhão de Guardas, o advertiu que a conspiração era
extensa. Já, por ordem do comandante da região, o Coronel José
Joaquim de Andrade se deslocava com a sua brigada da Vila Militar
para Campinho, a m de combater os insurretos da Praia Vermelha,
quando soube o General Dutra que rebentara a sedição na Escola da
Aviação Militar, e determinou que para lá se dirigisse a força.
Realmente se tinham rebelado elementos da Aeronáutica, mas não
lograram apoderar-se das instalações, dada a reação imediata do
Coronel Eduardo Gomes — que foi ferido — e em seguida o ataque
dos contingentes da Vila, cujo fogo de barragem os impediu de retirar
dos hangares os aviões. Abafado o motim no Campo dos Afonsos
(com 294 prisioneiros), convergiram as tropas para o 3º de Infantaria.
A redução deste último foco da sublevação dilatou-se das três e meia
da manhã — quando se apresentou a defrontá-lo o Batalhão de
Guardas — até uma e meia da tarde. Os dois comandantes rebeldes
escreveram um apelo enfático, invocando o nome de Prestes.821
Repetiram-no, em mensagem enviada ao General Dutra, que dirigiu as
operações na Praia Vermelha. “Regimento sob nosso comando não se
renderá antes vermos governo esfomeador Getúlio derrubado”.
“Movimento não é comunista! Mas nacional, popular, revolucionário
com o mais digno dos nossos companheiros à frente, Luís Carlos
Prestes”.822 O grupo de obuses (do Coronel Newton Estillac Leal) teve
ordem de bombardear o portão e o pavilhão central do quartel. Ia a
infantaria, pelo anco esquerdo, tomá-lo de assalto, quando se
renderam os rebeldes. Foram removidos para a Casa de Correção.823

MAIS FORTE O GOVERNO

Viu-se que não seria possível resistir à desordem (e às agressões


previstas), na vigência da Lei que enfraquecia deliberadamente o
poder. Estado de sítio, só se o aprovasse o Legislativo... Pois que viesse
(pediu o exército) o seu sucedâneo, o estado de... guerra.

Concedeu-o o Congresso: foi a emenda número um à Constituição.


Equiparou ao estado de guerra, para o efeito da repressão manu
militari, a “comoção grave perturbadora da ordem social e política”. É
que no texto constitucional (con gurado no capítulo da Segurança
Nacional e não, como o estado de sítio, nas Disposições Gerais),
implicava a... “suspensão das garantias constitucionais que possam
prejudicar direta ou indiretamente a segurança nacional”. Autorizada a
equiparação (18 de dezembro), caria com isto, e na verdade cou
suspensa a Constituição, no seu capítulo fundamental, o das públicas
liberdades. Estabelecer-se-ia (estabeleceu-se) — à mercê do órgão
executor — a ditadura condicional. Lutou em vão a minoria contra a
emenda, exigida à consciência política como uma fórmula de salvação.
Quis debalde mitigá-la.824 A nal o levante de novembro não fora
endereçado ao poder civil, mas à integridade das classes armadas; e
eram elas que requeriam mão de ferro! Atrás dos acontecimentos,
servido por eles, mudou de sionomia o governo. Retomou
desimpedidamente a marcha para a segunda ditadura.

A ATMOSFERA INTERNACIONAL

O golpe de 1937 estava implícito no eclipse da Lei, que a sua defesa


justi cara.

Dissolvida a Aliança Libertadora, dispersados ou detidos os líderes


do movimento malogrado, perseguido o comunismo,825 entorpecida,
no Congresso, a oposição, pelo clima policial que envolvia a apuração
de responsabilidades (autênticas, ctícias, presumidas) — só se
contrapôs à rotina democrática a Ação Integralista. No estrangeiro
triunfava, com o seu poderio bélico, o totalitarismo. Firmara-se no
Mediterrâneo, com o fascismo; com o nazismo alastrara pelo centro da
Europa. Na Espanha, destroçava-se a república liberal. Delineara-se,
nessa tremenda guerra civil, o con ito das frentes populares e dos
ditadores; estava no ar a con agração mundial. Mussolini e Hitler
atiravam-se às suas etapas de prestígio, conquista, predomínio, sem
que os intimidassem as frouxas resistências (oscilantes entre a
acomodação e o medo do pior). Não eram para os países americanos
uma ameaça; eram uma sugestão; ou um projeto de nova ordem.
Como outrora, e sempre, as elites, distantes da cena européia, se
entretinham a losofar sobre os seus rumos; divisavam no choque de
culturas o dilema do século. Era uma irritante passividade; mas
inevitável, agora como antes. Destacava (como no bonapartismo) o
chefe,826 o condutor, Duce ou Führer, “intermediário entre a nação e a
história concebida como uma espécie de hipóstase do destino”... O
tempo era do homem, no sentido carismático da ação esperada, na
angústia profética da “salvação” pela espada... Ou simplesmente pelo
verbo! A liberdade e a autoridade têm as suas estações próprias. Em
1919 orira, restaurado, o liberalismo.

Em 1937... eram os ditadores que davam a lei.

XXXIX: O E N

TRANSIÇÃO PARA O GOLPE...

Revelou Flores da Cunha que em setembro de 1935 (festejava-se no


Rio Grande o centenário farroupilha) o sondou Vargas sobre a
continuação na presidência.827 Opôs-se, incisivo, à idéia... De fato
afastaram-se, o chefe da nação e o governador de seu estado natal. Em
dezembro de 1936, inadiável o problema sucessório, tornou-se ele uma
das colunas da política... anticontinuísta. A outra (refazendo-se o
esquema de maio de 1932) foi São Paulo.

Tinha o caráter espontâneo de reivindicação atenuada pelos


acontecimentos, além disto recomendada pelas virtudes individuais, a
candidatura do Governador Armando Sales. Em 1930 perdera Minas a
sua vez, em benefício do Rio Grande. Voltava a oportunidade de São
Paulo. Com Armando Sales estava a maioria dos estados; estaria
naturalmente a coligação oposicionista. A sua eleição elevaria ao poder
a geração política de 1932... Tratou Vargas de combatê-lo, ora com
outro nome paulista (José Carlos de Macedo Soares), ora com a
articulação — por intermédio do governador mineiro, Benedito
Valadares — de um revolucionário autêntico (José Américo de
Almeida). Fixou-se neste. Contra a reação, o espírito outubrista...
Chamou-se união democrática brasileira, a aliança em torno de
Armando Sales. Polarizou o seu ilustre antagonista as forças éis à
revolução de 1930. Pareceu ao povo natural — e bené ca — essa
campanha de comícios calmos, honesto programa, candidatos
impolutos... Dependia do presidente! Só ele poderia sustá-la; a menos
que o coagisse o binômio de forças, São Paulo–Rio Grande, a que não
resistiria.

Mas começou Armando Sales a perder a direção da política paulista


com a escolha do seu substituto no governo (quando, para concorrer
ao pleito, teve de desincompatibilizar-se em dezembro de 1936). Eleito
foi Cardoso de Melo Neto.

Outras circunstâncias inutilizaram, em outubro de 1937, o seu grande


aliado, Flores da Cunha.

1937

Já aí decidira Vargas — apoiado ao Ministro da Guerra, General


Eurico Dutra — cortar de vez, e em conjunto, a luta eleitoral, com as
perspectivas de revolução que dela se desentranhavam.
Con ara a Francisco Campos a missão con dencial de escrever nova
Constituição, de acordo com as suas teorias de Estado Novo.

Ideologicamente, era a tomada de posição intermédia, em que


sucederia ao dissídio comuno-fascista (arredado o sistema
democrático propriamente dito) um misto de presidencialismo
onipotente (à polonesa) e trabalhismo italiano.

Na verdade, fora e aquém da problemática, equacionara-se com


singeleza o caso brasileiro. O exército preocupara-se com as dimensões
da campanha eleitoral, entrelaçada às forças armadas (de que os
provisórios do Rio Grande constituíam o potencial visível) e com
projeção incalculável nos acontecimentos esperados. Para o Ministro
da Guerra, a questão principal era a extinção, em face da tropa de
linha, daqueles batalhões irregulares. Podemos ligar o seu pensamento,
em 1937, ao de Prudente de Morais quarenta anos antes. Os
provisórios, limitando a jurisdição militar, representavam a
sobrevivência da autonomia intocável, com Castilhos, Pinheiro,
Borges, o próprio Vargas na sua fase provinciana... O cerco ao Rio
Grande, isto é, a solução drástica da questão dos provisórios, foi
demorado e técnico. Dele dá o General Góis (inspetor de regiões e
depois chefe do Estado-maior) circunstanciada notícia.828 Julgava-se
que o bravo governador de um momento para outro montasse a
cavalo, e à frente da Brigada Militar sublevasse o país. Comandante da
região, o General Daltro Filho executou com hábeis minúcias o plano
traçado para o imobilizar. Tem-se a impressão de que jogaram por
algumas semanas o seu xadrez silencioso, movendo com arte as pedras
mestras. Quem juntasse mais força à volta do palácio ganharia a
partida. Sob o pretexto da parada de Sete de Setembro, chamou Daltro
a Porto Alegre novos batalhões. A 2 de outubro, o xeque‐mate foi o
decreto que estendeu ao Rio Grande o estado de guerra, o que o
autorizou a requisitar... a milícia estadual. No dilema tardio de
desarmar ou atacar, mas previamente vencido, optou Flores pela
retirada. Secretamente, em avião, partiu para o Uruguai.

Empossou-se o general na interventoria. Desapareceu assim o Rio


Grande da liça política; e, com ele, a eleição presidencial! Para a
decretação do estado de guerra (em plena paz...) contribuíra um
curioso e lastimável episódio, que passou à história com o título de
“plano Cohen”. Refere-se-lhe, como a uma falsi cação irrisória, o
General Góis. Nem há dúvida que foi uma burla novelesca, em que,
num enredo complicado de equívocos, o papel hipotético, concebido
como um possível plano de agressão comunista assinado por... Bela
Kuhn,829 transitou sigilosamente nos gabinetes civis e militares, até ser
dado à imprensa e considerado, com seriedade, uma prova da ameaça
grave que pesava sobre o regime. Para atender ao plano... só o
preventivo policial do estado de guerra, este, bem entendido, a aplicar-
se apenas contra aquele oculto inimigo... O estado de guerra
docilmente votado pelo Congresso permitiu que a 10 de novembro,
sem bulha, de repente, instituísse Vargas o Estado Novo.

Episódio importante no desenvolvimento dessa política foi a


mudança da presidência da câmara, em que o Deputado Pedro Aleixo
sucedeu a Antônio Carlos. Na realidade a dissolução do Congresso
parecia um requinte revolucionário do governo, uma vez que dele
tinha (como tivera até aí) as resoluções que lhe pedisse. Seria
admirável, voltar-se o Executivo contra o Legislativo que fazia questão
de apoiá-lo, e — receando o pior — lhe dera cordatamente o imenso
poder da lei marcial! Mas estava no programa; e aconteceu com cinco
dias de antecedência, pois o golpe devia coincidir com a data
aniversária da república.

Emissário de Vargas, o Deputado Francisco Negrão de Lima


percorrera as capitais dos estados, a obter dos governadores (menos os
de Pernambuco e da Bahia, Lima Cavalcanti e Juraci Magalhães) a
aquiescência à transformação do sistema político, posta em termos de
salvação nacional. A 9 de novembro encartou-se no Ministério da
Justiça, em substituição de José Carlos de Macedo Soares, Francisco
Campos, autor da Constituição escrita em segredo e que merecera a
aprovação sumária de Vargas. Este não lhe tirara ou pusera uma
vírgula. Naquele dia, porém, o porta-voz da oposição leu na câmara o
manifesto de Armando Sales às Forças Armadas, que constituía um
apelo patético para que garantissem as instituições e o respectivo
processo democrático; e à noite o Ministro da Guerra foi avisado de
que tal documento seria fartamente distribuído nos quartéis. Sem
perda de um minuto se entendeu com o presidente; e tomadas as
medidas militares que consistiam em fechar as casas do Parlamento e
obstar a que a elas fossem os que podiam abri-las — amanheceu o dia
10 com a revolução branca triunfante e incontestada. Às dez da manhã
reuniu Vargas o ministério, e submeteu-lhe os atos que — extinguindo
a Constituição de 1934, o Legislativo e a atividade política, fundavam a
ordem nova: a Constituição autoritária, do novo titular da Justiça, e a
competente proclamação ao país. Dos ministros, só o da Agricultura,
Odilon Braga, se recusou a subscrevê-la. Em telegrama-circular
informou o General Dutra às circunscrições militares que a
transformação do regime se operara sem alteração da tranqüilidade
geral. A cidade aliás podia testemunhar: nem o comércio cerrou as
portas... Resultado inevitável de dois anos de governo pessoal, de
submissão do Parlamento, de descrédito e confusão partidária, de
avanços e recuos da ditadura em potencial, o desfecho não
surpreendeu: era esperado e chegou discretamente... O General Góis
depõe que nunca viu o presidente tão eufórico; nem deixou de
comparecer na noite de 10 — como se nada de extraordinário tivesse
havido — ao banquete do embaixador argentino, Ramón Cárcano,
prazenteiramente... Protestos, prisões, demissões, reações sumiram-se
na penumbra do quadro, como fatos dispersos. Distante, como alheio
ao que se passava, o povo não participou das ocorrências. Leu-as nos
jornais.

Enregelava-o a descrença. A história (menos a nossa do que a


estrangeira) guardou a data. Estava-se em 1937.

ESTADO NOVO

Mas, que era Estado Novo?

Quem acompanhar desde os primeiros dias a ação de Vargas,


veri cará que desprezara o concurso dos partidos (como os ..
tradicionais) para equilibrar — manipulando-os — estados e grupos,
sem perder de vista, fora destes, a massa operária.
O surto industrial, as concentrações urbanas, a politização (diferença
fundamental das situações de 1930 e de 1937) justi cavam-lhe o
populismo circunstancial, a que a propaganda (a cargo do respectivo
Departamento, o ) deu vibração e constância. Nunca a mística do
chefe foi tão arduamente cultivada. Enganaram-se os que a julgavam
como super uidade publicitária: era outra revolução que sobrenadava;
ou melhor, a sua reti cação engenhosa. 1937 une-se a 1930. “Em 1930”
— diria Campos, a doutrinar sobre o “10 de novembro” —
toda a nação tinha consciência de que estava sendo conduzida num caminho errado. Toda a
nação se incorporou ao movimento revolucionário, porque era um novo caminho que se
abria. Mas o movimento foi detido pela reconstitucionalização que se operou segundo os
velhos moldes. Voltaram os erros, os vícios e os males do falido regime liberal que a política,
restaurada da sua breve derrota e para satisfação dos seus obscuros propósitos insistia em
restabelecer, valendo-se de fórmulas para encobrir a realidade. Assim novembro de 37 efetiva
outubro de 30, aplicando na ordem as forças de agradas na subversão.830

Aos “ideais da arrancada de 30” como “diretrizes” do programa


trabalhista, aludiu Vargas (fazendo-lhe, em 1950, o retrospecto).831
Originário do cisma político (1930), hostilizado pelos liberais (1932),
sem esquerda (1935) e sem direita (1938), desamparado da política,
quase por ela derrubado em 1937, a sua inclinação só poderia ser para
aquele nascente proletarismo — na forma fascinante de... realidade
social.

E a Constituição outorgada?

A CARTA OUTORGADA

Perderam tempo, os que analisaram a Carta de 10 de novembro como


corpo de doutrina, anteposto às ideologias de 1934 e de 1891. Adolfo
Bergamini denunciou-lhe a fonte... polaca; maldisseram-na, os que
não perdoavam a heresia de presidente... “autoridade suprema do
Estado”,832 dirigindo a “política interna e externa” (artigo 73). O seu
caráter não é — em estilo corporativista — o fascismo, nem o
presidencialismo, concebido conforme a de nição do seu intérprete
mais habilitado, como democracia autoritária.833 Reduz-se à
experiência ditatorial em que o chefe da nação distribui por todas as
funções — enchendo-as com a sua faina legislativa — o paternalismo
centralizador e forte.

O que há de signi cativo no período é, exatamente, o movimento


trabalhista.

LINHAS DOUTRINÁRIAS

No realismo de 1937 “a doutrina não tinha para o chefe do movimento


e os seus íntimos colaboradores a menor importância”,834 isto é, a dos
livros, exposta na Carta de 10 de novembro. Serviu ela (corrigindo o
erro de 1930, da supressão, pura e simples, da legalidade constituída)
de suporte à ditadura, informada por um complexo de pensamentos
históricos e exóticos, que, estes sim, con guram o estado‐novismo.

Da parte do autor da Constituição, não é difícil descobrir-lhe as


inspirações, hauridas daquela fase “de transição”,835 a um tempo,
angústia e desa o das inteligências moças. “A legião revolucionária”, as
opiniões que defendera em 1935, os seus critérios lá estavam, dele, não
propriamente de Vargas ou das forças sob o seu comando. Para estas,
para Vargas, nunca se tratou de instalar um sistema de sociólogos,
vazado em termos de escola, cujas sentenças podiam ser lidas nos
recentes livros de Mihaíl Manoílesco836 — que está para as idéias de
1937 como Kelsen para as de 1934.

Não faziam questão do corporativismo italiano, estampado, ipsis


litteris, no artigo 138 da Carta de 10 de novembro (tradução da
Declaração 3ª da Carta del Lavoro).837 Nem da solução dada por
Pilsudski à crise polonesa. Queriam o poder enérgico, com a faculdade
de refundir a estrutura administrativa, temivelmente armado de
decretos‐leis. Sem Congresso, e com o Judiciário submisso. Explicou
um exegeta (Azevedo Amaral): escapava-se em todo caso à... “ação
arbitrária do poder”.838 Não seria arbitrário, senão supervisor. Também
o dissera Manoílesco: no seu equilíbrio, “organização contra
liberdade”.839 Os adeptos só viram a primeira parte da fórmula; os
demais, a segunda. Organização; contra a liberdade. Os eruditos
aplicar-lhe-iam o conceito fascista, “Estado ético”; para Vargas (acima
desse desencontro acadêmico) era o “Estado de fato”, que continuava
— unindo a revolução de 1930 (com a frustração de 1932) ao clima de
1937. Parecia um caso de antecipação. O Brasil tivera muito cedo o
“homem providencial”. O seu tempo não fora a quadra conturbada de
1932; mas a de 1937. Dependeria dessa atmosfera internacional;
duraria enquanto ela durasse.

CONTRA OS EXTREMOS

Mas Vargas não mudara. Ou antes, xando-se na “terceira posição”,


que escolhera em 1930 (com Lindolfo Collor), o seu trabalhismo era
ainda conservador. Se o fascismo o tivesse seduzido, cumpriria as
disposições da Carta subscrita sem prévio debate a 10 de novembro, e
entraria, de olhos fechados, pelo corporativismo do tipo italiano. Mas
não gostava da imitação estrangeira. A sua forma era pessoal,
intrínseca, nacionalista. Quem se desse à arte de interpretar-lhe, à luz
da biogra a, a conduta reservada e hábil, acharia o seu segredo no
castilhismo rio-grandense, sem a sistemática positivista. O seu senso
do governo consistia, saltando sobre os embaraços categóricos, em
rmar a autoridade, como um poder criador e orgânico, na sua função
de disciplinar a sociedade... O Estado Novo acrescentou-lhe a força
publicitária (em vez da abstração democrática, o culto do chefe) e a
tônica, do “espírito do tempo”, invocado naquele trecho da
proclamação de 10 de novembro: “A Constituição estava
evidentemente antedatada em relação ao espírito do tempo”. Era contra
os “moldes clássicos do liberalismo e do sistema representativo”, contra
o Congresso como “aparelho inadequado e dispendioso” (“conservá-lo
seria evidentemente obra do espírito acomodatício e displicente”),
contra “os velhos partidos, como os novos em que os velhos se
transformaram sob novos rótulos”. Aí ainda não entrava o
integralismo... Dir-se-ia sobrevivente; e salvo. Pura ilusão! O decreto-
lei de 2 de dezembro dissolveu “todos os partidos”, e diretamente o
abrangeu no parágrafo 2º: “As milícias cívicas e organizações
auxiliares”. Nada “de uniformes, estandartes, distintivos e outros
símbolos”. Até a promulgação da lei eleitoral, não se reorganizariam os
partidos; ou antes, abolia-se a política.

Fracassou sangrentamente a 11 de maio de 1938 o assalto ao palácio


presidencial de um grupo afoito de “integralistas”. Eclipsou-se então,
duramente perseguida, a organização que estivera a ponto de
participar do governo. Bastava o pormenor (a extinção do partido que
a 10 de novembro parecia triunfante) para que de níssemos o estado-
novismo como solução brasileira de uma crise interna, em que
somente as exterioridades e as coincidências lembram (e
comprometem) a sugestão internacional.

Fascismo no papel, sem bandeiras nem tropa; pseudototalitarismo


sem estrondos festivos, reduzido à propaganda uníssona do chefe do
Estado... novo, que, do regime anterior, trazia costumes, pessoal e
instituições, é claro que não devia classi car-se entre as formas
nacionalistas da época. Estas fundavam-se numa loso a de reversão,
como o germanismo e o romanismo, ou subversão, como o socialismo
revolucionário. Utilizável para o tempo, passaria com o tempo,
afogueado de dogmáticas beligerantes. Caso curioso, tendendo para a
solução ditatorial de ressaibo fascista, na verdade se entrincheirava o
“homem forte” na solução intermédia e empírica. Ficava de mãos
livres para tomar o rumo que conviesse.840 Como que ressoava acima
deles o brado do demagogo da Comuna, ébrio da euforia, da vitória:
“L’Humanité est en état de guerre: Vive la Force!”.841

Quando se retraísse a força, desapareceria tudo isto. Oito anos


depois...

LEGISLAÇÃO SOCIAL

A Carta del Lavoro (de 21 de abril de 1927) projeta-se na Constituição


outorgada. Começava pelo artigo referente à “associação pro ssional
ou sindical”, livre, mas... “solo il sindicato legalmente riconosciuto e
attoposto al controllo dello Stato, ha il diritto di rappresentare
legalmente tutta la categoria di datori di lavoro o di lavoratori”. Na
Constituição: “Porém o sindicato regularmente reconhecido pelo
Estado tem o direito de representação legal dos que participarem da
categoria de produção para que foi constituído”. A sindicalização
prendia-se ao Ministério do Trabalho, e a uía (sob pena de
ilegalidade) ao governo, árbitro do “reconhecimento”, para que o
grupo, operário ou empregador, pudesse “estipular contratos coletivos
de trabalho obrigatórios para todos os seus associados” (“stipulare
contratti collettivi di lavori obbligattori per tutti gli appartenenti alia
categoria”).842

Estava longe daquele parágrafo, de 1934: “A lei assegurará a


pluralidade sindical e a completa autonomia dos sindicatos”. E
próximo da “estatização”. O artigo 137 da Carta de Novembro é, sem
tirar nem pôr, a Declaração 28 da del Lavoro. “A índole
intervencionista, xada no artigo 135, se completa com o princípio
xado no artigo 140 da mesma Constituição, quando prescreve a
organização da economia da produção”, de “base corporativista”.843 A
sua raiz é igualmente italiana.844 “Os sindicatos” — ensinava um autor
de lá — “não tinham verdadeiro e próprio direito ao
reconhecimento”.845 Dependiam da integração no Estado, do seu
patronato, do seu ajustamento aos ns públicos, marcados por essa
dependência. E na mesma linguagem.

É preciso dizer (pois não havia pressa nas prometidas


transformações) que só foi regulada a sindicalização em 5 de julho de
1939. “In gran parte le linee della nostra organizzazione” (diz outro
autor), no seu corporativismo avançado... “Italia primero, Alemania y
Portugal marcharon hacia el fortalecimiento del poder ejecutivo y del
Estado; y el mismo fenómeno se presentó en el Brasil”.846 “Y se coloca
en los sistemas autocráticos”.847

XL: N S G G


POSIÇÃO INTERNACIONAL

No interior manteve-se o Estado Novo, com a disciplinada garantia do


exército. Bene ciou-se externamente da conjuntura mundial.

Como não é possível dissociá-lo dos fatos internacionais, devemos


dizer — de nindo aquela “atmosfera”: re etiu a moda das ditaduras
ideológicas; mas sem se desprender (com a defensiva prudência do seu
instinto de duração) da solidariedade americana.

Na verdade a política histórica do Brasil seguiu (indecisa cá fora,


tradicional e tranqüila no Itamaraty) o seu roteiro retilíneo. Enquanto
os itinerários da guerra não cruzaram o litoral do continente puderam
germinar, aqui e alhures, as opiniões mais desencontradas.
Emudeceriam, quando estremecesse a estrutura desigual do
hemisfério... Nem tínhamos razões profundas para colaborar nos
problemas do outro lado do Atlântico.

Por que, em 1926 — data que serve de ponto de partida à história


desse retraimento descon ado e otimista — se retirara o Brasil da
Sociedade das Nações? O motivo conhecido, digamos, acidental, foi o
desejo que levavam os “grandes” governos de reinstalar a Alemanha
(em conseqüência dos acordos de Locarno) na organização universal
de paz, retirando do seu lugar não-permanente o país latino-
americano, que passaria a segundo plano. Não se tratava (é certo) de
uma forma especí ca de desatenção à América, cuja ausência (dos
Estados Unidos) era em Genebra mais sensível do que a presença (dos
Estados de sua múltipla latinidade). Cogitava-se, isto sim, de
estabelecer com urgência o sistema de cooperação européia, de que era
peça obrigatória a Alemanha social-democrática... O Presidente
Bernardes, num assomo de sua autoridade in exível, concordou com o
Embaixador Afrânio de Melo Franco: não cederia aos apelos ingleses e
franceses; recusaria o sacrifício; vetava a candidatura alemã! É
imaginar a importância que teve esse arrojo, o veto... à política
equilibrista das nações que ditavam a ordem no mundo! Contente com
o apoio nacional à retumbante recusa ao desprestígio e à diminuição, o
presidente se valeu da oportunidade, e, já então contrariando o
embaixador, mandou que declarasse desligado o Brasil da assembléia
que, em 1919, ajudara a fundar.848 Pareceu exagerado; mas foi lógico
esse gesto do governo forte, endereçado à crise internacional. A Liga
tinha os dias contados. Ludibriara “a nobre causa da paz”, disse em
1933 F. D. Roosevelt.849 Não logrou resolver nenhum dos decisivos
problemas antes da convulsão do Extremo Oriente, das ditaduras
agressivas e dos passos iniciais da segunda con agração: “forum” de
admiráveis esperanças, não resistiu às imposições brutais da guerra,
que a dissolveu.

A de 1939 derivou dos antecedentes que, de novo, dividiram em dois


campos a Europa. Esperava-se... desde que terminara a outra. À
medida que libertaram as mãos poderosas, os ditadores
arregimentaram ruidosamente as suas coortes, para a marcha que
ninguém sabia onde acabava. Desavindos, podia acreditar-se num
apaziguamento receoso. Juntos, os seus estandartes passeariam pela
Europa... Depois de muito ceder, resolveram a Inglaterra e a França
impedir (consumada a aliança teuto-soviética) a eliminação do
“corredor polonês” pelas tropas hitleristas.850 A 1º de setembro de 1939
os exércitos alemães transpuseram a fronteira da Polônia. A 3,
obedientes ao compromisso de lhe defenderem a integridade, a França
e a Grã-Bretanha se alistaram ao lado da nação invadida; declararam
guerra ao Reich. Os soviéticos entraram na Polônia — com o
consentimento de Hitler — a 17... Era a segunda grande guerra, mais
ampla, demorada e devastadora do que a primeira.

NEUTRALIDADE E ESCUSA

Firmou Vargas a neutralidade brasileira em ato de 20 de outubro. Nem


se limitou a recolher-se à paz invulnerável dos países distantes, que
têm entre o seu sossegado modo de viver e o incêndio estrangeiro o
espaço providencial... do oceano. Entrou na razão transcendente da
calamidade. “Eqüidistantes de ambos os grupos pelo pensamento
político, não temos para intervir na luta sequer a justi cativa dos
interesses econômicos”.851 Ressalvava (dir-se-ia) o precedente moral da
guerra passada. Então — nos áureos dias de Bilac e Rui — prevaleciam
as a nidades, os sustos do liberalismo agredido, a reação intelectual...
Em seguida, ao esboçar-se (com o colapso da França) o triunfo nazista:
“Sentimos que os velhos sistemas e fórmulas antiquadas entram em
declínio”. “Uma era nova”852 induzia a “remover o entulho das idéias
mortas e dos ideais estéreis”.

Essa simplicidade traiu o realismo cauteloso de 1937.

Subjacente e positivo em tal problemática havia a impossibilidade


(agora como antes) de intervir o Brasil no con ito externo.

Nele porém se meteria — sem embargo das idéias — se fosse atacada


a América.

COMPROMISSOS CONTINENTAIS

Desde 1933 se orientara a diplomacia norte-americana para a


substituição da antiga doutrina de Monroe pela cooperação, nos
mesmos propósitos de defesa e auxílio recíproco das Repúblicas do
continente. Neste sentido redigira Sumner Welles, um dos assessores
do Presidente Franklin Delano Roosevelt, lúcido memorandum,853 em
cujas linhas previdentes há um resumo perfeito do que devia ser o
interamericanismo. Podemos dividi-lo em três pontos: coletivização da
segurança (“the continental responsibility for the maintenance of
peace in this Hemisphere”); abstenção do emprego da força nesse
esquema de ordem; preservação da aliança pelos laços econômicos
(“We cannot expect to preserve the sincere friendship of our neighbors
on this Continent if we close our markets to them”). Em 1936, em
Buenos Aires, sob a presidência de Roosevelt, solidi cara-se o
compromisso. Sintetizou-o Cordell Hull: a ameaça feita a uma
república americana o seria a todas juntas.854 Eis por que, ainda em
1941, uma comissão mista brasileiro-americana estudou no Rio de
Janeiro os problemas militares, detendo-se com especial atenção na
vulnerabilidade do saliente nordestino.855 A este tempo, promoviam os
Estados Unidos (outono de 1940) a mobilização industrial,
preparatória do Lend‐Lease Act (11 de março de 1941). Não deixariam
que por falta de material de combate perecesse — na sua formidável
resistência — a Grã-Bretanha, cruelmente alvejada pela aviação alemã.
De fato, estavam indireta e progressivamente na luta...

Como em 1917!

CONDIÇÕES MILITARES

O Exército do Brasil não estava aparelhado para a emergência; nem a


esquadra, para proteger as vastas águas territoriais da pátria. Em 1938,
encomendara o governo às usinas Krupp oito milhões esterlinos de
boa artilharia. O bloqueio aliado impediu a viagem (embora em
barcos brasileiros) dessa maquinaria, de que chegou ao Brasil uma
parcela mínima.856 Para rearmar-se, devia o exército apelar (como os
demais do continente!) para os Estados Unidos. Giraram os
entendimentos em torno do que reputavam eles essencial à polícia
aéreo-marítima do Atlântico: as bases nordestinas. O governo de
Vargas foi simultaneamente solícito e prudente. Não teve dúvida em
permitir o uso e a construção dos campos de pouso; mas sem que a
concessão se assemelhasse a uma retirada de soberania.857 Em março
de 1941 (bem antes portanto da Declaração do Atlântico, de Roosevelt
e Churchill, que é de 14 de agosto),858 podiam os Estados Unidos
cuidar da instalação das bases de Natal, Belém e Recife.859

EM FAVOR DA AMÉRICA

Em 7 de setembro, em 10 de dezembro, solenizou Vargas o seu


americanismo... Artí ce ostensivo desta política, passara Osvaldo
Aranha da embaixada em Washington para o Ministério do Exterior.
Desencorajou, na sua visita ao Chile, em novembro de 1941, as últimas
esperanças germanó las (espalhadas um pouco por toda parte),860 com
o elogio das tendências democráticas que impeliam o continente à
união e à interajuda... Repetiu-se (com o seu cunho oposicionista) o
ambiente sentimental, em que as elites pensantes identi cavam com os
direitos liberais a sorte dos aliados. Acolhera o Brasil levas sucessivas
de refugiados europeus, entre estes, guras ilustres, Bernanos, Zweig
(que nos agradeceu com a apologia, “o país do futuro”), Jouvet... A
imprensa era maciçamente partidária das democracias, em luta com o
nazi-fascismo... A 7 de dezembro — desapareceram as hesitações —
com o golpe de Pearl Harbor. A arma aérea e pequenos submersíveis
japoneses destruíram subitamente a força de que dispunham, em
operações, no Pací co, os Estados Unidos! Revidaram estes com a
guerra.

Para a emergência, algumas medidas haviam sido tomadas no


Atlântico Sul. Encarregado do patrulhamento naval, o Almirante
James H. Ingram (que saíra de Newport a 24 de abril de 1941) achara o
Recife... “well located for operation off Cape San Roque, which is the
most strategic point in the South American area”.861 Ensaiaram as
marinhas americana e brasileira — em outubro — os primeiros
serviços combinados de comboio. Quatro dias depois do ataque a
Pearl Harbor chegou ao aeroporto comercial do Rio Grande do Norte
o primeiro esquadrão de seis Catalinas. Data daí a utilização de Natal
— destinada a ser uma das bases aeronavais de maior valia nos três
anos cruciais da guerra — como escala para a travessia oceânica e a
invasão da África.

DEPOIS DE PEARL HARBOR

Telegrafou Vargas a F. D. Roosevelt — apenas soube da acometida


nipônica a Pearl Harbor, “solidário com os Estados Unidos coerente
com as suas tradições e compromissos na política continental”. A
agressão (clamou Roosevelt) atingira em cheio o hemisfério; em nome
dos mesmos sentimentos concitava-o a juntar-se em tão grave transe à
América em armas.862 Juntou-se, diplomaticamente, na Conferência do
Rio de Janeiro (15 a 28 de dezembro de 1941), de consulta aos
chanceleres dos países do continente, a que assistiu o secretário de
Estado Sumner Welles. O Brasil foi adiante do Chile (que tomara a
iniciativa da convocatória) e da Argentina: rompeu relações com a
Alemanha, a Itália e o Japão. Em conselho ministerial, a 27, o titular da
pasta da Guerra, General Eurico Dutra, leu extenso voto contrário ao
que considerava uma precipitação, por não disporem as Forças
Armadas de recursos necessários para responder aos prováveis efeitos
daquele gesto. Temia sobretudo, e com razão, pela navegação
mercante, à mercê dos corsários alemães. Predominou, porém, a
opinião triunfante na Conferência — e favorecida pela emoção
popular: arredando os subterfúgios da neutralidade passiva,863 aceitou
o Brasil como imperativo de honra os perigos da solidariedade — que
se materializara sutilmente em colaboração marítima e aeronáutica no
Nordeste. Era como em 1917. Com a agravante de outras, e piores
circunstâncias. Os submarinos germânicos ousavam torpedear, à
entrada do porto de Nova York, os comboios aliados!...

A GUERRA INCLEMENTE

O rompimento foi — nem podia deixar de ser — a segunda etapa, na


marcha para a guerra. A primeira, consubstanciara-se no acordo sobre
as bases... Improvável seria um ataque frontal. Pretendendo intimidar
ou punir o Brasil, teriam os nazistas de lançar mão do seu cardume de
submersíveis, que tanto dano causavam às frotas inglesas. Foi o que se
deu. De 15 a 17 de agosto de 1942 cinco barcos brasileiros foram
postos no fundo perto da costa de Sergipe (Baependi, Itagiba,
Araraquara, Aníbal Benévolo, Arará). Desapareceu com um deles o 8º
Grupo de Artilharia, destinado a Natal... Elevou-se a 607 o número das
vítimas. Sem aviso prévio, desferido traiçoeiramente, não contra
navios do tráfego transoceânico, mas da linha de cabotagem que fraca
ou nenhuma in uência poderia ter nos sucessos militares e
econômicos da Europa — o golpe sacudiu, nas suas bras mais
sonoras, a sensibilidade do povo. Ofendeu-o, como uma provocação
humilhante. Atirou-o, automaticamente, à guerra que lhe era imposta.

O ATAQUE INOPINADO
Sobre as razões da agressão há o relato do historiador da Armada
americana que consultou os papéis da Chancelaria do  Reich:
“Decidiu Hitler”, conta Morison,
em conferência com o Almirante Raeder, em 15 de junho de 1942, lançar verdadeira blitz de
U‐boats contra o Brasil. Um grupo de oito submarinos de 500 e dois de 700 toneladas foi em
princípios de julho despachado dos portos franceses. Num ponto pré-determinado, ao largo
da costa nordeste do Brasil, encontraram eles a vaca leiteira,  -460, e se reabasteceram;
tomaram então posições perto da costa brasileira.864 A primeira semana de agosto era um
momento favorável para operarem no Atlântico Sul, porque o Comboio As-4, escoltado por
navios da Task Force 3 e carregando tanques General Sherman, que mais tarde guraram na
vitória de El Alamein, estava então passando ao longo daquela costa. O comboio fez escala
de 40 horas no Recife. Sabiam os alemães desses movimentos; uma de suas irradiações para o
Brasil o con rmou e ameaçou destruí-lo. Mas aparentemente nenhum submarino procurou
tomar posição de ataque. Os dez U‐boats executaram então a sua missão contra a navegação
brasileira, e zeram outro poderoso inimigo para o seu país. Entre 14 e 17 de agosto cinco
navios da Marinha mercante brasileira, com uma tonelagem total, bruta, de 14.822, foram
torpedeados e afundados não longe do litoral. Um deles transportava cerca de 300 homens
do exército brasileiro, muitos dos quais se afogaram. Um avião do Esquadrão  -83
localizou e atacou um dos U‐boats, que escapou.865

É a primeira revelação que temos das ordens a que obedeceu o


estúpido assalto. A indignação das multidões não permitiu que o
governo protelasse ou atenuasse a réplica. Às rumorosas
manifestações, encabeçadas pelos estudantes, de 18 de agosto,866 se
seguiu, em 22 de agosto, o reconhecimento do estado de guerra que a
Alemanha e a Itália impuseram ao Brasil.

A destruição dos barcos, quase à vista de terra, equivalia a um desa o


atirado à capacidade de sobrevivência do país surpreendido,
embravecido, disposto a revidar, por todos os meios, à violência sem
precedentes.867 O povo exigiu a guerra, na realidade quando a guerra já
fustigava, nas águas territoriais, a frota nacional. Pediu-a em
caudalosas manifestações; obteve-a, sem mais di culdades. Não era,
como em 1914, uma luta européia com o seu capítulo oceânico.
Ganhara com o desbordamento africano (na ofensiva ítalo-germânica
sobre o Egito) e a campanha do Pací co o caráter universal, de um
choque de forças que não respeitava zonas imunes ou regiões
indevassáveis. A queda da França, a princípio, depois o con ito teuto-
russo deram na primeira fase ao triunfo hitlerista o domínio da
Europa, com exclusão das Ilhas Britânicas e (na sua neutralidade
benevolente), a Península Ibérica. Reproduzia-se a situação que vivera
a Europa sob o “bloqueio continental”, de Bonaparte: faltava-lhe o mar,
para a conquista do mundo. Restava saber por onde os anglo-
americanos lhe brechariam a “muralha atlântica”, desembarcando
nalguma parte da Europa o exército que a “libertaria”. Se as futuras
batalhas se circunscrevessem ao Mar do Norte, e dali as linhas de aço
apontassem, diretas, ao coração do Reich, seria dispensável, ou tênue,
o auxílio solicitado à América Latina. Desta feita, a guerra descera aos
trópicos. A América não tinha somente de ajudar, na defensiva, os
aliados: devia retomar com eles os portos de invasão. Para isto
precisava das bases, que facilitassem a comunicação intercontinental: o
trampolim do Nordeste! Teve um preço: o sacrifício da frota
mercante... Em 1942 e 1943 foram afundados 37 navios brasileiros,
num total — perdido — de 126.535 toneladas.

O TRAMPOLIM DE NATAL

Cessaram as atividades as empresas aeronáuticas que se serviam das


instalações de Natal: a Air France, a Lati, a Condor. Apresentou-se,
substituindo-as, a Pan American Airways, com o seu Airport
Development Project: contratou com o governo brasileiro a
construção de campos de pouso (supervisionados pelo United States
Army Engineer Corps)868 — que, nda a con agração, passariam à
propriedade do Brasil. Por esse tempo o Almirante Ari Parreiras
construía para a Marinha a Base Naval, em Refoles. Em agosto de 1942
estava em condições de receber os dois primeiros caça-submarinos.869
Fizeram os norte-americanos os vastos aeroportos de Belém,
Fortaleza, Recife, Bahia e Natal. Lembra Morison:
A 1o de abril de 1942 o Tenente Comandante Sperry Clark chegou a Natal com os Catalinas
de base terrestre ( -5 As) para substituir o Esquadrão  -52. Depois da chegada da
segunda secção desse Esquadrão,  -83, a 13 de junho, podia patrulhar toda a costa do
Brasil simultaneamente; mas muitos dos 475 o ciais e soldados do esquadrão se empregaram
na construção da base durante o verão e o m de 1942.870
Surgiu assim o campo de Parnamirim (ao lado do aeroporto militar
brasileiro), com
casas, estaleiros, cais de atracação e subida para os aviões anfíbios, armazéns, hospitais,
cassinos, com higiene, claridade, fartura de alegria e de entusiasmo. Era a Rampa da Limpa
onde cavam as patrulhas dos hidroaviões da Marinha, os Catalinas tão populares como os
imensos  -29, bombardeadores de Tóquio, guardados nos ninhos altos de Parnamirim Field.
Da Rampa, além dos 24  de patrulha, corriam erguendo vôo para o salto atlântico os
clippers de 75 passageiros.

“Mistério” — continua Câmara Cascudo, na sua História da cidade de


Natal871 — “quanto ao número das armas sacudidas para todos os
quadrantes. Quando Von Paulus cercava Stalingrado, trezentos aviões
desciam, vindos do Norte, e subiam cada noite, durante a treva,
voando alto, rumando África, em rotas desconhecidas, levando
auxílios que valiam vitórias”. Diria o General Dwight Eisenhower (em
1946): “Natal teve, como todos sabem, grande in uência na guerra,
possibilitando às Nações Unidas as maiores facilidades”. Chamaram-
lhe o “trampolim”.

SILENCIOU A POLÍTICA

A política silenciou.

Calado doze anos, um homem do passado, Júlio Prestes, escreveu (a


Altino Arantes) estas lúcidas frases:
Louvei a atitude do governo que sinceramente esteve à altura do momento, e pus à
disposição da nossa pátria tudo o que represento. E o que eu represento (o que nós
representamos) é não só o velho , mas o Brasil, todo o Brasil, liberal e democrático, desde
a Independência, da Abolição e da República, com toda obra construtiva da nacionalidade,
com o seu progresso, grandeza e felicidade por mais de um século, com mais de 40 anos de
vida republicana.

Fortaleci com o meu gesto o chefe do governo, bem o sei, e nem foi outro o m que tive em
vista. Fortaleci-o para fortalecer o Brasil; seja o Brasil o que for, mas seja brasileiro. Para
defendê-lo não cogitaremos de quem seja o seu governo e nem da sua forma de governo.
Não seria digno de nós explorar o estado de guerra de nossa pátria em proveito da política
partidária. Depois da luta e da vitória cada um (se porventura houver algum ainda com as
idéias de hoje) que tome o caminho que quiser.872
MOBILIZAÇÃO E COMPROMISSOS

A mobilização gradual das Forças Armadas foi pelo presidente da


república autorizada em 29 de agosto, na véspera da o cial declaração
de guerra (30 de agosto de 1942). Tropeçava num obstáculo material: o
armamento. Cessadas as entregas das fábricas Krupp, dependia agora
dos americanos o equipamento pesado. O mais que obteve o exército
foi o necessário à instrução de meia divisão mista. A própria força
expedicionária recebeu na Itália as modernas armas de que carecia.
Deriva desse problema (e da convicção de que a integridade do país
não estava em risco) o moroso processo do aumento dos efetivos —
que chegaram a 180 mil homens. A colaboração com os aliados nos
campos de batalha foi idéia que correu paralela a esse esforço
preventivo: na realidade não a tinham solicitado — pois o que menos
lhes faltava era gente, nos fronts do Ocidente ou do Oriente — nem
dela zeram depender os acordos de defesa mútua. Anunciou-a Vargas
no almoço que as Forças Armadas lhe ofereceram em 24 de dezembro
de 1942. Havia necessidade de preparar os quadros para o seu e ciente
desempenho na luta, onde e como as condições o indicassem. Mas na
sua entrevista com o Presidente Franklin Roosevelt em Natal (28 de
janeiro de 1943) — tal como a narrou Vargas em reunião de ministros
— o que se decidiu foi que não convinha, no momento, o embarque do
corpo expedicionário, justi cável apenas se o exigissem circunstâncias
supervenientes. Em agosto o Ministro General Dutra visitou os
Estados Unidos. Dos entendimentos aí estabelecidos resultou a
organização — com as cautelas pedidas pelo caráter secreto dos
preparativos militares — da Divisão que em junho do ano seguinte
levou à Europa a bandeira do Brasil.

BRASILEIROS NA EUROPA

A Força Expedicionária Brasileira (. . .), totalizou cinco escalões,


com 25.334 homens, sob o comando-em-chefe do General João Batista
Mascarenhas de Morais.
Desembarcou o primeiro (do comando do General Zenóbio da
Costa) em Nápoles, a 16 de julho de 1944. Incorporada no 5º Exército
Americano, do General Mark Clark, a . . . teve por função, como
um dos aríetes da ofensiva entre os vales do Arno e do Pó, transpor as
fortes posições alemãs a que se pusera o nome provocante de linha
gótica.

Aí desempenhou um papel considerável, na fase mais dramática e


rude da escalada, misturando-se aos contingentes de várias nações que
por históricos e escabrosos itinerários “libertaram” a Itália. Pela
primeira vez homens da América Latina — esses brasileiros integrados
no grande exército aliado — trilhavam os caminhos remotos das
legiões, nas paisagens de uma civilização venerável e brilhante; pela
primeira vez brigavam sob os céus europeus!

O CONTINGENTE EXPEDICIONÁRIO

Veri cou-se, em 1944, que não eram su cientes os efetivos aliados em


luta na Itália. Parte destes, em operações nos Apeninos, tivera de ser
distraída para o Sul da França; e apesar da queda, em Roma, do regime
fascista, o recrudescimento da resistência na zona industrial, entre o
Tirreno e o Adriático, exigiu uma adequada concentração de forças.
Receava-se até a contra-ofensiva, a descer o inimigo das montanhas
em que se acastelara, mal afrouxasse a pressão que o continha. O
problema consistia em cortar obliquamente o maciço central,
transpondo-o de cota em cota, donde a artilharia fechava as vias de
acesso, para atingir os férteis campos e as cidades do Norte. Por esse
relevo labiríntico o 5º exército devia lançar-se em progressão vagarosa,
escoando-se pelas rampas graníticas sob o fogo em lançante do
adversário tremendamente armado, que se dissimulava nas alturas.873
Percebe-se disto o que representou para a Força Expedicionária
Brasileira a marcha de Camaiore (18 de novembro) e Monte Prano (26
de novembro de 1944) às cercanias — na estrada de Bolonha, a velha
— do triângulo de Monte Castelo, Castelnuovo e Montese — etapa do
avanço de primavera.
Na luta, que durou sete meses, tiveram os brasileiros duas mil
baixas.874 Para os seus 451 mortos, cou em Pistoia o cemitério, com as
insígnias que comemoram a passagem de suas armas pelas cristas dos
Apeninos: o campo santo. E nada mais.875

A MARCHA DA F. E. B.

Divide-se a marcha da . . . sobre a “linha gótica” em dois períodos


separados pela pausa do inverno. No primeiro, castigada pelos frios de
novembro, movimentou-se o Destacamento do General Zenóbio para
Fornaci, Galicano-Barga (18 de outubro), Porretta Terme (2 de
novembro), vizinhanças de Monte Castelo, a que quis atirar-se em
dezembro.876 Solicitara porém o General Clark ao Marechal Alexander
(25 de outubro) a ordem de suspender a ofensiva, dada a
impossibilidade de continuá-la, sobretudo no setor de Bolonha,
guardado pelas três melhores divisões da Wehrmacht.877 Devia esperar
nos acampamentos de inverno pelo adequado apoio aéreo e pela 10ª
Divisão de Montanha, arduamente treinada para essa espécie de
combate. Foi nessa oportunidade que Churchill passou em revista os
batalhões brasileiros, a cujo des le se refere como a “imponente
espetáculo”.878

Marcou o segundo tempo a acometida de fevereiro, que culminou a


21 (articulada com a ofensiva americana da 10ª de Montanha e a
cobertura aérea, de que participou o grupo brasileiro de caça) — com
a conquista de Monte Castelo. Integrava-se a primeira divisão
brasileira (com aquela unidade de Montanha) no anco esquerdo do
4º Corpo, dos Estados Unidos, que teve a tarefa principal do ataque de
18 de fevereiro a 3 de março, qual o “de desalojar as 232  e 114
Jägüer-Div.” dos maciços em que essas unidades inimigas se tinham
escondido (zona S. O. de Vergato, Monte Belvedere, Monte Castelo,
etc.). Atingida aquela meta, coube à . . . ganhar Castelnuovo (3 de
março) e Montese (14 de abril). Desmantelada ali a defesa, ao tempo
em que nas várias frentes cedia — por toda parte — a resistência do
Reich, precipitou-se o desfecho da campanha com as belas operações
entre Collechio e Fornovo, em que o esquadrão brasileiro de
reconhecimento obstou à retirada alemã para o Norte. Detida e
envolvida nessa última cidade, a 29 de abril depôs as armas a 148ª
Divisão — com 20 mil homens.879 Com admirável decisão (diz o livro
do 4º Corpo Americano sobre a “Final Campaign across Northwest
Italy”)880 os brasileiros, sob o comando do Marechal Mascarenhas,
enfrentaram e zeram calar a “recalcitrante” Divisão germânica... “is
once formidable German Division had rst the Brazilians in the
Serchio valley and had, in the end, been compelled to lay down its
arms to them in one of the most bitter battles waged in the nal phases
of the campaign in Italy”.881

Foi um dos pormenores simbólicos do m da guerra, essa rendição


em massa, regida com austeridade pelas corretas normas da cortesia
militar.

A . . . honrara as tradições militares do Brasil.

De regresso à pátria, recebeu, nas avenidas cariocas, a consagração do


povo. Não custou pouco ao Brasil a sua decidida cooperação com as
armas aliadas.

Cálculos gerais estimam os gastos de guerra em doze bilhões de


cruzeiros, dois milhões esterlinos e dois milhões de marcos alemães,
das encomendas não entregues. Fora as perdas humanas, lamentava-se
o desaparecimento de 37 barcos, indispensáveis ao trá co de longo
curso.882 Mas, como na guerra passada, não houve indenizações ou
compensações que cobrissem esses sacrifícios. A nação entrara por
lealdade no con ito, de que saiu com desinteresse. Evidentemente não
é esta a linguagem atual da política externa: mas, em verdade, uma
constante da diplomacia brasileira. Consolava-a o prestígio irrecusável
que lhe coube nas conferências de paz. E a sua in uência, para que
cedo voltassem os antigos beligerantes a um clima discreto de
compreensão e paz, sem quinhão de partilha, sem lucros materiais,
sem ganância particular, sem tesouros alheios.
XLI: R

OUTRA ERA

O presidente foi muito ovacionado, ao atravessar as ruas em festa, para


receber os expedicionários da Itália. Mas não teve dúvidas de que, com
a guerra, acabava a ditadura. O ambiente era outro. Se em 1937
destilara autoritarismo, alagava-se em 1945 de democracia. Voltara o
clima de idéias, partidos, comícios eleitorais, debate e política — tanto
tempo licenciada, em nome do problema externo...

Começou a cair o Estado Novo (é o que se sabe) ao regressar o


General Góis Monteiro — em outubro de 1944 — de uma missão ao
Uruguai. Dissera ambiguamente que viera acabar com ele...883 O
Ministro da Guerra, voltando a 23 do mesmo mês da sua viagem ao
teatro de operações, usara uma linguagem franca: estava-se no tempo
(con denciou ao presidente) de reconstitucionalizar o país.884 Não
tardaria a vitória dos aliados; e o exército achava que, entre os
imperativos da paz, guravam os da Lei.

Não se agüentaria o regime ditatorial quando os soldados que lá fora


o combatiam (segundo a propaganda corrente) se recolhessem à
pátria. A dependência do interno ao universal, que Vargas assinalara
nas contradições de 1939 (democracias em dissolução) e 1940 (união
continental) estampava-se, em 1945, na consciência de todos. É
expressivo o confronto de datas. Enquanto nos colóquios do governo
se processava a reviravolta (encarregado o Ministro Marcondes Filho
de acertar com os generais o ato adicional à Constituição...), fervia nos
arraiais oposicionistas a rebelião incontável. Estourou no dia seguinte
à tomada de Monte Castelo pela . . . (22 de fevereiro) — como um
eco desse famoso feito de armas. Em impetuosa entrevista ao Correio
da Manhã (cuja publicação, por sinal, derrubou a censura à imprensa)
proclamou José Américo a incompatibilidade do ditador com a
política. Avisava: só não podiam concorrer às exigidas eleições três
pessoas, ele, o seu contendor de 1937 Armando Sales e... Vargas. Faltou
a este o apoio do Ministro da Guerra, para deter — ou desviar — o
movimento de opinião que arrastou e destroçou o Estado Novo. O
próprio Francisco Campos alistara-se entre os demolidores. Falavam,
destratando o pensamento, num coro enorme de protestos —
instituições, grupos, individualidades... Paciente e conformado, Vargas
teve uma frase para o General Dutra: os homens sacudiam os
fracks...885 Mas dessa pressa também ele participou, chamando para o
Ministério da Justiça (em que interinamente se achava Marcondes
Filho) Agamenon Magalhães — para isto dispensado da interventoria
em Pernambuco. O plano fora traçado: pela emenda constitucional nº
9 (de 29 de fevereiro) se fariam eleições para a presidência e a
Constituinte, que somente esta, eliminando a Carta de 1937, aquietaria
a nação. Soara a hora dos partidos, dos comícios, do regresso dos
últimos exilados. O Supremo Tribunal concedeu-lhes o habeas‐corpus,
requerido por centenas de advogados, na euforia das liberdades
reconquistadas... Arregimentaram-se os adversários do governo; e os
seus adeptos.

OS PARTIDOS

Formaram-se, em março e abril, os partidos que solicitariam o favor


popular: o Trabalhista Brasileiro, a União Democrática Nacional, com
o seu candidato, o Brigadeiro Eduardo Gomes, o Social Democrático,
constituído pelas “situações” estaduais...

Vieram em seguida o Partido Social Progressista (2 de junho), o


Republicano (com a sua tradição, a 2 de agosto), o Libertador (no
congresso de Bagé, de 10 do mesmo mês), a Esquerda Democrática (25
de agosto). Circunstância notável, nenhum deles reagia no seu
programa às modernas idéias. A navam, por uma previdente
concessão às reivindicações sociais, prometendo esposá-las no poder
— que era o objetivo comum. Em relação ao trabalho, a União
Democrática se batia pela autonomia sindical e pelo direito de greve;
mas restringia a intervenção do Estado às de ciências da economia.886
Já o Partido Social Democrático prometia consolidar a legislação
laborista e esboçava o nacionalismo cauteloso, enquanto o Partido
Trabalhista887 se preocupava principalmente com os problemas
proletários.

Mas a fertilidade de doutrinas não escondia as personalidades


repostas no cenário político. Representava Eduardo Gomes os ideais
de 1922, repassados da eletricidade revolucionária de tantos anos de
desengano e silêncio. Para combatê-lo (aconselhou Agamenon
Magalhães), só outro candidato militar. Por exemplo: o Ministro da
Guerra... Arredava o presidente da competição das urnas, para que
dele se desviasse a ameaça do pronunciamento armado: e chamando
em seu socorro o General Dutra, impunha à crise uma fórmula
pací ca. Vargas aprovou; e incumbiu o governador de Minas de
apresentá-lo, juntamente com o interventor paulista, Fernando Costa.
O Partido Social Democrático cerrou leiras em torno do candidato...
situacionista. Mas, como em 1937, Vargas se encolheu, daí por diante,
recaindo na apatia em que muitos vislumbraram descrença e
hostilidade.

OUTUBRO DE 1945

Abandonado à própria sorte o candidato “o cial”, correu o slogan... de


Constituinte com Getúlio. Aderiu a extrema-esquerda à agitação, que
podia ser uma sondagem, mas encorpou, com o Partido Trabalhista,
enfaticamente o de Vargas; tornou-se em pouco tempo uma
probabilidade; e uma solução.

Visse-se o que ocorria na Argentina!888

Há uma coincidência iterativa entre as revoluções de lá e de cá. Desta


feita, a queda e o retorno de Perón (9 a 17 de outubro de 1945) tiveram
a nitidez de um exemplo. Não é gratuita a alusão ao golpe que o
abatera e às manifestações de rua que o repuseram. Entre a sua
experiência obreira e as leis trabalhistas de Vargas se estabelecera um
nexo de a nidade. O Ministério do Trabalho do Brasil dera-lhe (em
1943) informação de tudo o que aqui se zera, nesse domínio da
mobilização sindical. Além disto o homem poderoso do Prata se
rodeara de formidável apoio popular. Com espanto inteirou-se o
mundo dos acontecimentos que o reconduziram ao governo. Poderia
delinear-se no Rio de Janeiro o fenômeno das multidões a quererem o
homem insubstituível? E por que não, a Constituinte, com ele? O fato é
que, dias antes de 29 de outubro, admitiu Vargas a hipótese de um
tertius — que contornasse a competição do brigadeiro e do general.889
Parecia resolvido a ir mais longe: poderia renunciar, para que
assumisse a presidência o Ministro da Guerra (General Góis
Monteiro) ou... uma junta de altas patentes. Criaria isto tal confusão
na cena política, que a idéia não passou do estreito círculo das
con dências. Formou-se (era o principal) a convicção de que Vargas se
oporia às eleições marcadas. Inesperadamente, a 29 de outubro —
tirou João Alberto da che a de polícia, dando-lhe a prefeitura do
Distrito Federal; e para o lugar nomeou o irmão, Coronel Benjamim
Vargas.

Surpreendido por essa mudança nas primeiras horas daquele dia, o


Ministro da Guerra quis demitir-se. Os generais porém (e entre eles,
Dutra) o convenceram de que, em vez de deixar sumariamente a pasta,
devia resistir, pois ao seu aceno o exército se levantaria. Telegrafou
então aos comandos: “Em vista nomeação novo chefe de polícia
demito-me e vou tomar atitude”.890 Concordaram, por seus chefes, a
Marinha e a Aeronáutica. Às 16 horas (informada a cidade pelos
vespertinos da nomeação do novo chefe de polícia) partiu o General
Álcio Souto para o quartel do Derby, a fazer sair os carros de combate,
e os Generais Dutra e Canrobert Pereira da Costa foram advertir as
unidades de São Cristóvão. Ao cair da tarde des laram lentamente, em
direção ao palácio presidencial, as colunas blindadas. Às 19 horas
Dutra e Vargas tiveram ainda um breve encontro. Explica-se. Da
véspera marcara-lhe o presidente uma audiência para aquela hora;
outra, uma hora mais tarde, para o General Góis. Compareceu o
primeiro a palácio, já o governo materialmente extinto; e Vargas, como
se ignorasse a descida dos tanques do General Álcio, ponderou que
não era caso para tanto; daria a che a de polícia a quem ele indicasse;
também o Ministério da Guerra. Era tarde. Do Quartel-General
considerou-se consumada a deposição. Foram incumbidos de noti cá-
la o Ministro Agamenon e o General Cordeiro de Farias. Ato contínuo,
presentes os dois candidatos, se conveio em entregar a che a da nação
ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministro José Linhares.

Tudo se passou emotivamente, sem tempo para distorções perigosas


do movimento implantado no escrúpulo da legalidade. Terminou
discretamente, com a partida de Vargas para a sua estância de São
Borja. Ressalvava-se-lhe o direito de voltar à política nas eleições
imediatas — graças ao seu prestígio pessoal, o mais caudaloso do país.
Empossou-se o Ministro Linhares. A  pedira toda a força para o
Judiciário. Ali estava, em pessoa, na toga veneranda do seu chefe.
Embainharam-se as espadas, para que casse o exemplo, de um golpe
improvisado que se transformara num compromisso de ordem,
sobretudo de imparcialidade — na delicada conjuntura, em que dois
militares disputavam as preferências do eleitorado.

Obteve João Neves que os líderes rio-grandenses reanimassem a


campanha do General Dutra; e (já em novembro) a declaração de
Vargas, aconselhando os trabalhistas a nele votarem.891 Em 2 de
dezembro foi eleito (juntamente com a Constituinte); com a diferença
de um milhão e duzentos mil votos.

GOVERNO DUTRA

O qüinqüênio do Governo Dutra foi calmo e fecundo.

Voltara a ordem, com o funcionamento da política, à república


recomposta nas suas linhas mestras. A Constituinte (com forte
contingente de oposição) limitou-se a reajustar ao novo clima a
frustrada Constituição de 34. Atualizou-a, sem a des gurar. Nela
manteve a legislação do trabalho, as garantias do Judiciário, a
independência do Legislativo, o presidencialismo en m, de atribuições
limitadas, liberalmente, isto é, restringindo quanto possível o
Executivo. As realidades desa avam, porém, o idealismo. Sem maioria
esmagadora nas câmaras, com vários estados governados por
adversários da véspera, e entretanto inabalável, segundo a rigidez do
sistema, que não permite a destituição do governo pelo voto
parlamentar, achou-se este no dilema de apaziguar ou reprimir os
ressentimentos herdados. Preferiu (a propósito invocou o exemplo de
1853...) conciliar, coligando: entrou na experiência discreta do
ministério de coalizão, como fórmula fácil de moderação de debate.
Superou-a pela conversa dos líderes, na preliminar do desarmamento;
o governo interpartidário foi a sua segunda fase. Vimos que Deodoro,
em 1891, recusara (intransigência de Lucena) este modo simplista de
acomodação, que con na com o “colegiado”. Dutra, sem
compromissos, imposto pelos acontecimentos, que não puderam
apagar no seu temperamento de soldado a intuição da ordem, adotou
vantajosamente a tese nova. São palavras suas na Mensagem ânua de
1948: “Logrando obtê-la (“colaboração dos partidos democráticos”),
graças à compreensão e ao espírito patriótico dos líderes dos maiores
partidos, desejo exprimir a convicção de que ao povo brasileiro caberá
a colheita dos seus frutos”.892 Doutrinou: “fato político novo”, tinha “de
ser conquistado com in nita prudência”; assegurava a “coexistência”,
na “democracia federal”.893 Falando no Paraná (25 de fevereiro de
1945): “O governo de conciliação foi, na realidade, o clima de
realização do progresso do país. Temos de repetir esse passo fecundo
da nossa história”.894 Era o que Hamilton chamara “política de colméia”,
contra a de grupos...

1950

A pluralidade partidária e a campanha da sucessão, em 1950, nos


municípios, nos estados, no país, puseram termo à bonança. Cessou ao
renovar-se a competição dos grandes partidos, convidados inutilmente
pelo governador do Rio Grande do Sul para se harmonizarem em
torno de um nome. Foi o inevitável do prélio — xada a União
Democrática Nacional no seu candidato, Brigadeiro Eduardo Gomes,
o Partido Social Democrático unido ao mineiro Cristiano Machado
(outro vulto de 1930, eqüidistante da Nova e da Velha República) —
que induziu o populismo — representado pelo diretório do Partido
Trabalhista e pelo Social Progressista, de Ademar de Barros — a
oferecer a Getúlio Vargas o desempate. E... a vitória. Transformara-se a
sua estância às margens do Uruguai na Meca dos trabalhistas.
Procurado nos seus pagos pelos éis antigos e recentes, tido como
árbitro, ou, pelo menos, fator decisivo da peleja, a que dera, em 1945, a
palavra decisiva, não se mostrou ele afoito ou imprudente. Insistiu pela
escolha do nome conciliatório (sugeriu três, João Neves, Nereu Ramos,
Ernesto Dornelles) — e somente em 16 de junho aceitou a
candidatura, aclamada pela convenção do  no Rio de Janeiro.

Boatejava-se a hipótese do veto militar — vibrado pelos generais de


1945 — à sua volta. O presidente do Partido Social Progressista — cuja
iniciativa está na raiz desses acontecimentos — foi buscá-lo a São
Borja, para a campanha que desimpedidamente circulou pelos estados,
sem sombra de coação. Ao contrário, os três candidatos zeram
livremente a sua propaganda, complicada (e aliada) nos estados com a
sucessão local. Companheiro de chapa de Vargas, surgiu — homem do
Norte — João Café Filho. Seu adversário de 1935, ainda mal conciliado
com ele,895 veterano dos movimentos populares dos últimos vinte anos,
era agora gura de proa do partido de Ademar de Barros. A honesta
imparcialidade do governo garantiu, em todas as fases, a jornada
eleitoral. As forças oposicionistas estavam certas de que ganharia o
brigadeiro. As do governo não tinham dúvida de que venceria
Cristiano Machado. Vargas foi nessa consulta ao povo o elemento
fascinante e adventício, que invocava as reivindicações sociais.
Subverteu as previsões o fato perturbador das alianças regionais, em
que o populismo se inclinou para os candidatos que, em troca, podiam
favorecê-lo nos votos para a presidência e a vice-presidência. Juntou a
sua sorte à dos partidos litigantes, mais interessados no dissídio
estreito da província do que nos negócios altos da federação. “Se for
eleito a 3 de outubro, no ato da posse, o povo subirá comigo as escadas
do Catete. E comigo cará no governo”.896

1954

Desvaneceu-se a hipótese de um movimento armado que obstasse à


posse de Vargas e Café Filho, eleitos a 3 de outubro de 1950. O
pensamento nas esferas políticas e militares (responsáveis pelo “29 de
outubro”) foi cauteloso e lógico. Tolhido pelo regime constitucional,
isto é, sem possibilidade de reimplantar o poder arbitrário, estava
previamente traçado o comportamento de Vargas, em face das forças
hostis. Devia atraí-las, pela conciliação, ou entorpecê-las, pela
legalidade. Seriam scais dessa tranqüila execução dos deveres do
governo os generais que, cinco anos antes, o tinham destituído. Assim
fez aquele homem hábil. As festivas cerimônias da investidura — a 31
de janeiro — cálidas de regozijo popular — emendaram-se à quietação
de um período experimental (“de experiência”, chamou com sutileza o
seu primeiro ministério), cheio de promessas reparadoras. Para durar,
apaziguaria: o problema era revitalizar o trabalhismo sem perder o
apoio das correntes que, fora dele, pudessem ajudá-lo. A saída do
Ministério do Trabalho do jovem líder João Goulart (depois do
presidente, e indigitado seu herdeiro político, a mais forte gura do
partido) foi o sacrifício que lhe impôs a coexistência. Temia-se que
voltasse o clima sindicalista de 1945. Voltaram, isto sim, os sinais de
uma ampla agitação, com o recrudescimento, em 1954, da campanha
de imprensa contra o governo. Observava-se outrossim que Vargas
mudara de hábitos, retraindo-se, como indiferente àquela
efervescência crescente e desassustada. Não se pode separar dos
sucessos de agosto a sua misantropia sem con dentes, no palácio
fechado ao torvelinho urbano, onde, dia e noite, o presidente
silencioso despachava o interminável expediente burocrático. Dir-se-ia
ausente da ebulição, gerada numa crise que os jornais e o rádio
vozearam com estridência, e sem interesse em atalhá-la.

Um incidente, e despenharia a tempestade. Aconteceu, na calada da


noite (de 4 de agosto de 1954) o crime da Rua de Toneleros. Um
facínora atacou a tiros o jornalista Carlos Lacerda — o mais ativo dos
jornalistas da oposição — e o major da Aeronáutica, Rubens Vaz, que
o acompanhava. Feriu o primeiro, matou o segundo. “O pior que podia
suceder”, disse Vargas. E com razão, pois a responsabilidade pesou
sobre a sua “guarda pessoal”. Reunidos, no quartel do Galeão, os
companheiros de armas do Major Vaz tomaram a si investigar, sem
limites de jurisdição e hierarquia, fossem quais fossem as
conseqüências, o crime abominável... Começou a desmoronar o
governo ao saírem eles à caça do malfeitor. Localizado, preso, provadas
as suas ligações com a “guarda” palaciana, procedeu Vargas com
sobranceria, dissolvendo-a; e mandou abrir o Catete às buscas que se
zessem mister. Nada ocultava; nem protegia a ninguém. Agravou o
mal-estar reinante a divulgação dos papéis lá encontrados.
Decepcionado, surpreendido, repudiando os que lhe traíram a
con ança, poderia o presidente apelar para a serenidade do juízo
público, se a esse tempo a subversão do ambiente político não se
tivesse convertido na liquidação material da autoridade. A atitude dos
aviadores re etiu-se na Marinha, impressionou as altas patentes do
exército, ecoou nas classes conservadoras; generalizou-se a opinião de
que a crise terminaria com a deposição ou a renúncia de Vargas. Em
21 de agosto, o vice-presidente levou-lhe a proposta, que se lhe
a gurou adequada ao momento, de renunciarem ambos, para que o
Congresso elegesse, em, trinta dias, quem o substituísse para o resto do
período. Na tarde de 23 (ciente de que o presidente recusara esta
solução), proferiu Café Filho impressionante oração no Senado.
Contou o teor da conversa com o chefe do Estado, para acrescentar:
Transmiti-lhe o que tinha ouvido de chefes militares, especialmente dos Ministros da Guerra
e da Marinha. De nenhum desses líderes, tanto das forças políticas como das forças armadas
recolhi qualquer palavra de garantia ou segurança, já não digo sobre a possibilidade de
manter a atual situação, mas sobre a viabilidade de uma fórmula capaz de abrir caminho a
uma recuperação da autoridade do governo tão duramente comprometida. A verdade é que
de nenhum setor pode vir tal garantia ou segurança. Todos se mantêm dominados pela
incerteza e conscientes dos perigos que rondam a nação. Daí a decisão que assumi na tarde
de sábado, dia 21, indo à presença do Excelentíssimo Senhor Doutor Getúlio Vargas, para
oferecer a contribuição única que de mim dependia, com base na minha própria renúncia.
Assim agi na convicção de estar cumprindo o meu dever para com a nação. Sua Excelência
depois de ouvir-me disse que precisava pensar e prometeu-me uma decisão, que ontem me
foi transmitida de modo negativo.

O exército (dizia-se) manteria a ordem. À sua frente estava o


Ministro, General Zenóbio da Costa. Pronunciaram-se, porém, os
brigadeiros da Aeronáutica; e anunciou-se que muitos generais tinham
subscrito um manifesto que varria a idéia de sua solidariedade com o
governo. Deliberou o ministério noite adentro, de 23 para 24 de
agosto. O afastamento voluntário (e transitório) do presidente teria a
vantagem de tranqüilizar o país, sem os extremos do choque previsto.
Salvaria Vargas, resolvido a não sair dali vivo, em meio de familiares e
amigos que prometiam acompanhá-lo nesse lance de desespero... Os
preparativos de defesa do palácio — com trincheiras pelo parque —
indicavam que seria assim. Resignou-se, por m, o presidente, à
ponderada opinião dos ministros. Eram quatro e meia da manhã. Pelo
rádio, conheceram as populações (enervadas por toda uma noite de
noticiário falado) a sua calma anuência à necessidade de licenciar-se.
Às oito e meia — ouviram emocionadamente que, revogando com um
gesto sem testemunhas a renúncia forçada, se suicidara com uma bala
no coração.

O GOVERNO DE CAFÉ FILHO

Transformou-se, como num passe de mágica, o quadro político.


Nenhuma comoção desta natureza tivera no Brasil tal desfecho. Longe
de ser, como há nove anos, o epílogo de um processo de deterioração
de instituições frágeis, era o sintoma de grave convulsão social, em que
o homem abatido — alvo, na véspera, do mais vivo combate — se
nimbou da auréola do martírio. Projetou-se dolorosamente na
sensibilidade popular, através da carta testamentária que deixara.
Saíram do Catete, aberto dramaticamente à visita pública, os seus
funerais, com a retumbância e a espontaneidade das grandes
manifestações coletivas. Eletrizou o povo, o supremo protesto da
morte de Vargas! Como força política, à sua presença, de 1937 e de
1950, sucedeu a sua ausência... Os que em agosto, contra ele, moviam
vitoriosamente a opinião, sentiram nas eleições de outubro (realizadas
nesse clima triste) o efeito daquele luto. Arvorou-se nos estandartes da
propaganda, correu os comícios das capitais e do interior, tarjou
fartamente o populismo.

Assumira Café Filho a presidência na manhã de 24 de agosto. Não


esperou que o chamassem. Cessou, de imediato, a agitação dos
quartéis; e reorganizou-se o governo, nas pastas militares o Brigadeiro
Eduardo Gomes (que paci cava a Aeronáutica), o General Henrique
Du es Teixeira Lott (nome apolítico do exército) e o Almirante
Amorim do Vale (com a con ança da Armada). Para mais se
desprender do fermento partidário, o novo presidente não quis ter
líder no Congresso. Proclamou a sua neutralidade em face das
próximas eleições (Ministro da Justiça, o jurista Seabra Fagundes), o
empenho em continuar a política exterior (Chanceler Raul
Fernandes), a prudência nas nanças (Ministro da Fazenda Eugênio
Gudin), a vontade de rmar na ordem a autoridade modesta. Mas essa
quietação não podia ser inde nida; nem era razoável. À ação dos
homens de agosto contrapunha-se, reagrupado, o populismo: o
eleitorado favorecia-o. O exato momento para a comparação de forças
seria (como das outras vezes) ao apresentar-se a questão presidencial.
Só um nome que acomodasse os partidos, ou uma aliança entre eles,
evitaria a luta, de incalculáveis conseqüências... A idéia da solução de
compromisso, combinada pelos ministros militares, não achou eco nos
meios políticos. Não porque fosse utópica a fórmula, mas porque
carecia do complemento, o nome. Podia ser o do governador de Minas
Gerais, Juscelino Kubitschek de Oliveira. Se funcionasse a rotina
anterior a 1930, a oportunidade seria de Minas, justi cada, menos pela
alternativa, do que pela divisão dos paulistas. Contava também com o
trabalhismo. Kubitschek não esperou que se pronunciassem as
direções partidárias. Lançou-se à conquista da população eleitoral,
visitando-a, em todos os rincões da república. Consolidou-se na
posição de candidato graças ao apoio do Partido Republicano (Artur
Bernardes), pois o vice-governador, que lhe sucederia ao deixar o
governo do Estado, seis meses antes do pleito, o Professor Clóvis
Salgado, pertencia a esse partido. Selou a aliança dos trabalhistas a
inclusão do nome de João Goulart (elevado, com o desaparecimento
de Vargas, à che a do seu partido) como candidato à vice-presidência.
O Partido Social Democrático homologou-lhe a candidatura. Três
outras se apresentaram. Polarizando o movimento de agosto, com base
na União Democrática e no situacionismo paulista (Governador Jânio
Quadros) — o General Juarez Távora. Continuava a tradição política
do Brigadeiro Eduardo Gomes — enraizada na ortodoxia
revolucionária de 1930. Em seguida, com o populismo próprio (e
probabilidade de vitória nas grandes cidades), o chefe do Partido
Social Progressista, Ademar de Barros. Entrava como quarto
pretendente Plínio Salgado, com os seus antigos contingentes
integralistas. Pela primeira vez concorreram quatro candidatos, em
livre colóquio com as massas, numa campanha desimpedida e
veemente. Ganharia (com reduzida margem) quem lhes satis zesse as
exigências nacionalistas, de reforma e assistência social. Não seriam
elas que se modi cassem, ao sabor dos políticos, mas estes que as
entendessem, descendo pressurosamente ao seu encontro...
Prevaleceu, como era de prever, a liga do , do , do .
Elegeram-se, a 3 de outubro de 1955, Kubitschek e Goulart. Como
cinco anos antes Vargas e Café, sem maioria absoluta; mas com a base
parlamentar indispensável à administração.

TRANSIÇÃO

Foi o sustentáculo parlamentar que transformou, em 11 de novembro,


a crise armada em solução política: deu-lhe a vestimenta
constitucional.

Os sucessos de novembro giraram à volta de hipóteses. A imprensa


cansou-se de formulá-las. De um lado, havia quem se batesse pela
“maioria absoluta”: sem ela, careceriam os eleitos de legitimidade... Do
outro, legalistas, apoiando-se ao Ministério da Guerra, se
arregimentaram os que temiam que a contestação, baseada naquele
argumento tardio, redundasse no sacrifício puro e simples dos
candidatos vitoriosos. Generalizou-se em conseqüência a convicção de
que a permanência do General Teixeira Lott na pasta da Guerra lhes
garantiria a posse. Foi quando adoeceu o presidente (cujos males
cardíacos se tinham agravado) e assumiu o governo o presidente da
câmara, Deputado Carlos Luz. Pendia de despacho (concentrando o
problema do momento, ou seja, a sorte do ministério) o caso da
punição a ser imposta ao Coronel Jurandir Mamede, em virtude de
discurso que proferira nos funerais do General Canrobert Pereira da
Costa. Subira o recurso ao chefe do Estado, que o decidiu contra o
ministro. Foi ao entardecer de 10 de novembro. Anunciou o rádio a
demora da audiência, em que o Ministro da Guerra se entenderia pela
última vez com o presidente em exercício; e, por m, o seu pedido de
exoneração. Não sucedeu assim, porque altas patentes, naquela mesma
noite, instaram para que continuasse ele no cargo, e voltando ao
ministério, assumisse o comando e a responsabilidade da ocupação da
capital. Isto feito, ao raiar o dia 11 de novembro, o exército dominou-a
sem luta. O Presidente Luz, ministros e colaboradores deixaram o
Catete momentos antes da chegada das companhias motorizadas, e
embarcaram no cruzador Tamandaré, que rumou para Santos. Acudiu
a câmara (convocada pelos líderes, à uma hora da manhã) com a sua
intervenção urgente. Tomou a mensagem que lhe enviara o presidente
em exercício (“me mantenho em exercício daquele cargo, a bordo de
uma unidade da nossa Marinha de Guerra em águas territoriais”)
como o seu “impedimento” — artigo 79, §1º da Constituição — e, 257
votos a 72, chamou à sucessão o presidente do Senado, Nereu Ramos.
Empossado este, ordenou Carlos Luz que voltasse o Tamandaré.
Dissipou-se, com isto, perspectiva da guerra civil. Decretado o estado
de sítio (a 22, pedido que fora a 14 pelos ministros militares),
possibilitou, a 23, o “impedimento” do Presidente Café Filho, que,
restabelecido, pretendia retornar às funções. Foi-lhe vedado o acesso
do Catete. Finalmente, a 31 de janeiro de 1956, com as festas habituais,
se investiu na che a da nação o Presidente Kubitschek.

Viajara pelos Estados Unidos e pela Europa. Quinto presidente


mineiro (depois de Pena, Venceslau, Del m e Bernardes), entrou a
dirigir a república com propósitos conciliatórios (o primeiro, a
dispensa do estado de sítio) e um largo programa de desenvolvimento
— que pressupunha a normalidade funcional do regime numa de suas
conjunturas mais tormentosas.

O DESENVOLVIMENTO

O governo que começou em 1956 tinha externamente em seu


benefício o sólido legado americanista (com a contrapartida dos
compromissos de defesa)897 que o protegia das inquietações
extracontinentais. Serenados os ânimos restava-lhe — inadiável
encargo — atender às nanças subvertidas pelo desequilíbrio
orçamentário, estampado no dé cit da ordem de 50 bilhões de
cruzeiros, e, mais além, na esfera da produção e do consumo, às
queixas do povo, atormentado pela carestia da vida, resultante normal
da in ação. Contê-la — com a dureza dos últimos ministros da
Fazenda — segundo o pensamento clássico, de que o emissionismo,
submergindo o crédito, deteriora as instituições — foi a sua
preocupação inicial. Ao cabo do primeiro exercício reduziu-se o
dé cit. Mas uma nação com o ímpeto vital do Brasil não limita as
aspirações (voltando à severa quadra de Murtinho) à balança de
contas. Tem de responder ao tempo, na corrida às fontes de riqueza; a
sua força orgânica desprende-se do domínio do espaço; o seu roteiro é
o das áreas novas. Nunca foi tão gritante o contraste entre os
embaraços do Tesouro (agravados imoderadamente pelo custo
crescente do funcionalismo) e as perspectivas econômicas. À medida
que no estrangeiro se avolumam as descon anças do futuro, aumenta a
atração brasileira dos capitais migratórios. Nação essencialmente
agrícola do m do século passado, passou à categoria das que podem,
querem armar com o próprio ferro, com o próprio combustível — a
máquina da independência. O mercado interior absorve-lhe a
produção industrial. Ganha o sentido do Oeste, a movimentação do
progresso. As regiões vazias (reparara o General Gamelin) são, na
América, outras tantas colônias, à mão do mais racional dos...
imperialismos, que é a ocupação pela pátria. O deslocamento
desordenado das bandeiras dera-lhe os limites. Urgia alcançá-los pelo
povoamento, impelido pelas circunstâncias cumulativas do
pioneirismo, do lucro, do desenvolvimento escalonado em etapas
administrativas. A luta do homem com a imensidade (signo da
formação brasileira) subordina-se a projetos técnicos: toma a
consciência dos itinerários. As “oposições de velocidade e lentidão” (de
que fala Roger Bastide)898 convertem-se em marcha. Como há cem
anos — a estrada arrasta o colono: mas não é o pesado comboio; é a
rodovia, com o caminhão. Onde não chega a estrada, vai o aeroplano.

Elaboradas como de improviso — à beira da oresta virgem, as


cidades se tornam os monumentos enormes do rush do café, da
criação do gado, da invasão maciça das terras férteis. Simboliza o
período a idéia mudancista — de que Goiânia é o índice e Brasília a
surpresa.

MUDANÇA
O caso de Goiânia lembra o de Belo Horizonte, mais recuadamente,
Teresina e Aracaju.

Já o presidente da província, Couto de Magalhães, preconizara, em


1863, a mudança da capital — encravada, como a velha Ouro Preto,
nos seus sítios auríferos — para o descampado, que lhe favorecesse o
desenvolvimento. O Interventor Pedro Ludovico anunciou, em 1932,
aquela resolução. Escolhido o lugar, o arquiteto Attilio Corrêa Lima
urbanizou-o, construindo os primeiros edifícios públicos. Em 1942,
inaugurou-se a nova capital de Goiás: quinze anos depois, tinha mais
de 100 mil habitantes...899

Quanto à transferência da capital da república, a idéia (coincidente


com as primeiras inquietações da independência, pois a esposaram
Hipólito da Costa e José Bonifácio em 1821, Varnhagen, em 1839,900 e
já de Brasília se tratava, em 1822...) — se ajusta a considerações
complexas.

Começara pelo sentimento nacional, de remover para uma posição


eqüidistante e propícia o coração do império, mal situado no porto
populoso, onde os problemas locais esfumaçam a visão de conjunto
dos poderes federais... Mas cou letra morta o mandamento de 1891,
que determinara a mudança para o planalto central, pro cientemente
estudado, por Luís Cruls.901 Repetiram-se as Constituições deste ano e
de 1946. O Presidente Dutra dispôs-se a cumpri-lo. Daí a nomeação da
comissão de estudos (19 de novembro de 1946), primeiro passo para
os trabalhos preliminares, quais a localização da nova capital (1953),
xada em 1955 (5.850 km2 entre os Rios Preto e Descoberto), a
construção do aeroporto, nalmente a mensagem do Presidente
Kubitschek (18 de abril de 1956) criando a Companhia Urbanizadora.
Deu origem à lei de 19 de setembro (Novacap). Em 3 de maio de 1957
o Cardeal-Arcebispo de São Paulo Dom Carlos Carmelo Mota rezou
em Brasília a primeira missa. Coube ao arquiteto Lúcio Costa
(vencedor no concurso) elaborar o plano urbanístico. É de Oscar
Niemeyer a concepção arquitetônica da futura metrópole.902 Para ela
con uem as rodovias que a ligarão a São Paulo e Belo Horizonte.
Através da hiléia amazônica começa a rasgar-se a comunicação do
Pará com esse ponto de junção dos transportes nacionais (consoante o
plano complementar de Brasília). E com tais promessas de
desbravamento entusiástico se atualiza a questão da transferência da
sede do governo — o que importa dizer, uma fase nova e singular da
evolução brasileira. A da descentralização industriosa e atrevida. A
fase da interiorização do progresso, com a seqüência da integração
material das zonas vazias no vasto sistema do crescimento brasileiro.

XLII: A  

CORRENTES HUMANAS

O surto econômico (tomado o ano de 1888 por divisória, entre rotina e


desenvolvimento), não segue um plano suscetível de reduzir-se a
fórmulas simples. Tem, como tivera antes, o caráter explosivo dos
ciclos, em que espontam as novas riquezas; acompanha o sinuoso
rumo das lavouras itinerantes — em busca de novos solos.

São ciclos — responsáveis pela exploração de territórios promissores


— o do café, na ponta dos trilhos paulistas, do cacau, pelo Vale do Rio
Pardo, da borracha (“ouro negro”, na sua analogia com a corrida
setecentista, do ouro de Minas)... O mais extenso, de 1890 em diante,
esse, da borracha, rendeu o Acre. Estabelece-se o equilíbrio na
prosperidade do Sul — que se enche de colonos e do Norte — para
onde se deslocam os retirantes cearenses. Em dez anos aumentou São
Paulo de um milhão de habitantes:903 e este crescimento, que lhe
assegurou, a partir de 1893, o primeiro lugar nas exportações
brasileiras,904 se tornou pasmoso no seu ritmo acelerado. Há o
“fenômeno” de São Paulo — na civilização do Novo Mundo — como
houve o da Califórnia, de Nova York, o de Buenos Aires. A severa
cidade acadêmica, embuçada no casulo romântico de 1870, graças ao
café e ao imigrante, ao transporte ferroviário, à energia elétrica, ao
porto de Santos, em pouco tempo se transmudou na capital moderna
— destinada a ser o mais poderoso parque de indústrias da América
Latina.

É considerável a contribuição alienígena para os índices do


desenvolvimento, mas sem relegar a plano secundário o fator nacional.

As correntes imigratórias só encorparam depois de 1870; e


concentraram-se em zonas favoráveis, onde o trabalho do colono
produziu modelos invejáveis de xação e convivência (em climas
semelhantes aos dos países de origem, mais frios e salubres) —
isolados dos núcleos agrestes ou caboclos, que continuaram a vegetar
pela vastidão do país. Respondem pelo orescimento dessas regiões;
mas nelas se con naram, como arquipélagos de costumes exóticos na
barbárie tropical. Esta, fez o resto.

Com 14.332.915 habitantes em 1890, tinha a república 30.635.605 em


1920.

São hoje 62 milhões.

Absorvera, em cem anos, 3.500.000 estrangeiros.905 A sua


percentagem é mínima nas terras quentes. O caboclo corta as canas e
movimenta os engenhos, alastra os cacauais do litoral baiano, expande
os algodoais do Nordeste; domina a Amazônia.

Na verdade a “civilização de fachada”, que lastimaram Sílvio Romero e


Alberto Torres, abria-se em janelas amplas para a largueza do país: por
ela se desdobram, conjugadas, as forças da policultura e da
intercomunicação. A primeira desmembra o latifúndio, pulverizando-
o nas áreas em que preponderam as lavouras de subsistência, a
pequena empresa, o seu individualismo tradicional. O transporte
difunde maquinismos, idéias, estilos, moderniza os processos
econômicos, distribui, ou dirige o nomadismo das populações que se
desprendem do habitat ingrato, atrás de fartura e saúde.906 Há nesses
deslocamentos certa inconformidade utópica (contrária ao
conformismo rural, de que falou Oliveira Viana), que
sociologicamente se explica pela herança cruzada do português
perseverante, do índio andejo, do preto rebelde. Mas a razão visível é a
seca, em forma de agelo periódico dos sertões, no polígono traçado
desde o litoral cearense até Minas, e a cujas agruras devíamos o rush
dos seringais (seca de 77), a expansão de Ilhéus, o café do Oeste
paulista.

Com o aumento anual de um milhão e quinhentos mil indivíduos,


em 1958, tem o país cerca de 62 milhões de almas.

TRANSPORTES

Planos gerais de viação não faltaram, desde o de 1874, do engenheiro


João Ramos de Queirós, até os recentes (de 1932 e 34), tentando cobrir
o país com uma rede nacional de caminhos de ferro. Cederia o
lineamento teórico à conjuntura, desarticulando-se em soluções
parciais, que obedecem à tríplice consideração das ligações dos
troncos, da produtividade das zonas novas, do desenvolvimento.
Grande época desse desenvolvimento foi a de 1906 a 10, quando se
zeram a Madeira–Mamoré e a São Luís a Caxias; alcançou a Noroeste
o Mato Grosso; concluiu-se a São Paulo–Rio Grande (unindo o Rio de
Janeiro aos pampas), iniciada em 1895, vendida em 1907 à Brasil
Railway; os trens da Leopoldina foram de Niterói a Vitória.
Construíram-se naquele período 2.225 quilômetros; no quatriênio
seguinte, 5.180.

Os governos posteriores, lutando com as di culdades da guerra


mundial, não lograram retomar o ritmo desses trabalhos. Em
compensação, deram-se (a partir de 1928) à política rodoviária, de que
foi precursor o Presidente Washington Luís. Realizou-se inicialmente a
Comissão de Estradas de Rodagem Federais, transformada, em 1937,
em Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, com o Plano
Rodoviário Nacional (aprovado o cialmente em 1944) e a previsão de
35.374 km, sobretudo o Fundo Rodoviário, de 1945 (lei Maurício
Joppert).
A Rio–Petrópolis (1928) marca o início do programa de auto-
estradas, de que foram pioneiras a Via Presidente Dutra (501
quilômetros, Rio–São Paulo) em São Paulo, as vias Anchieta (58
quilômetros, a mais freqüentada do país) e Anhangüera (145, de São
Paulo a Campinas). Articula-se a primeira com o tronco meridional
(São Paulo–Rio Grande) e o novo traçado de Caxias–Rio Negro.
Completou-se em 1949 a junção rodoviária e ferroviária Rio–Bahia...
Coincide com essa obra vital (o circuito transnordestino) o surto do
“movimento migratório para o estado de São Paulo”,907 outra face
(agudamente social) do problema das comunicações internas.908

A aviação tem um papel à parte na metamorfose do país.

AVIAÇÃO

Como que um desígnio oculto fadara o Brasil a ser um país de


aeronautas. Bartolomeu de Gusmão inventou o aeróstato, Santos
Dumont o aeroplano... Evidenciou-se, na década seguinte à Primeira
Guerra Mundial, a necessidade de empregá-lo na intercomunicação
brasileira. Apareceram as empresas: no Rio Grande, a Varig, em
seguida a Condor, nacionalizada em Cruzeiro do Sul, em 1930 a Nirba,
a Vasp em 1934, a Panair, a Aerovias... E o heróico Correio Aéreo
Militar (maio de 1931). Sem a rapidez desse transporte, que, em 1928,
pôs a fronteira a poucas horas do centro, não teriam ocorrido os fatos
de 1930 — tecidos no colóquio itinerante dos líderes — com a precisão
e a pontualidade previstas. Pela primeira vez um movimento político
utilizou a facilidade, quase a ubiqüidade, de conversas em que se
encontraram os responsáveis por três estados distantes. O avião —
para destacar o seu aspecto nacional, ou seja, a interiorização dos
processos culturais pela multiplicação de aeródromos e a chegada aos
mais remotos rincões do passageiro, da máquina, do costume, da
moda, do livro, da notícia, portanto da civilização, com o bem e o mal
que a civilização carrega — acelerou, pitoresca e inesperadamente, a
vida nacional. Começou a suprimir-lhe a noção do espaço, presente
em todos os momentos da nossa evolução; valorizou-lhe o tempo.
Habituamo-nos a considerar o povoamento a conquista do espaço,
num tempo que corre preguiçoso, aliando duas idéias básicas da
formação americana, a grandeza (que pressupõe impaciência) e a
juventude (que pode esperar). A velocidade criou outra consciência: a
antecipação, que devora as metas, como o avião as distâncias. Sem ele,
não se escreveria o capítulo mais recente da história do país: o
desenvolvimento, com a criação surpreendente de núcleos sociais
longe das vias terrestres de acesso, como pontos de convergência a elas
propostos. É o caso — entre muitos — do Brasil Central.

Nada menos de 2.611.000 pessoas viajaram de avião em 1953. Em


1957, foram 3.874.100.

Estes números bastam — como prova de que é um sistema instalado


em cheio nos hábitos brasileiros.

PRODUÇÃO

Pela tabela das exportações podemos seguir a evolução dos produtos


com a sua diversi cada in uência no desenvolvimento do país.

Tome-se por ponto de partida a república, de 1890 (trabalho livre e


imigração).909 O café, que representava, ao desabar o império, 61,5 do
seu comércio exterior, passou na década seguinte a 64,5; atingiu, na de
1921–30, o mais alto nível, 69,6, ao contrário do açúcar, rebaixado de
6,0 a 0,5. Bene ciaram-se o algodão e o cacau de um progresso rme
(de 1,5 e 2,7, para 4,2 e 14,2), enquanto sofreram o fumo e a borracha
as condições depressivas da bolsa internacional. Subiu a exportação da
borracha, de 8,0 em 1891–1900 a 28,2, no decênio de 1901–10, mas
para cair, sacri cada pela concorrência asiática, em quotas
decrescentes de 12,1 (década seguinte), 1,1 (1931–10)... (Nessa
percentagem lê-se a utuação de fatores sociais, povoação e conquista
da terra; o deslocamento dos núcleos econômicos, com a
preponderância — na eclosão industrial — das províncias meridionais;
as constantes daquela riqueza instável. Em todo caso, até a Primeira
Guerra Mundial continuava o Brasil “essencialmente agrícola”, com
presunções de árbitro de preços (café, borracha, cacau) ou por estes
bafejado (algodão, cacau, tabaco) nas incertezas da lavoura colonial.

O CAFÉ

O convênio de Taubaté (1906) valorizou sem limitar. Este, o erro da


política de retenção dos stocks e preço alto, boa para o país produtor,
enquanto “controlasse” o mercado, absurda quando (estimulada pelas
cotações crescentes) se apresentasse a concorrência, derrubando no
excesso da oferta todos os cálculos. Assim aconteceu em 1929.
Guardar para as safras magras, segundo o critério bíblico, era simples.
Outros fatores,910 porém, incidem nas lavouras tropicais; o mais grave,
a inconstância meteorológica. Julgava-se que a um ano farto se
seguiria um de escassez. Se invariável o ritmo, o sistema de Taubaté
não sofreria objeções. Na hipótese da superprodução, com o “enjôo”
das praças compradoras, cairia por terra, com os seus complementos
de nanciamento e crédito. No princípio, tudo correu às maravilhas.
1890 foi o boom paulista. A saca de café valia 100 mil-réis!911 Seguira-
se a depressão... Exportávamos dez milhões de sacas em 1899 (quase o
dobro de 89), onze em 1905,912 em 1920 quatorze, em 1928 um pouco
menos,913 o que vale dizer que as remessas mantiveram uniformidade,
sem embargo do aumento do consumo. Em quatro anos foi resgatado
o empréstimo de quinze milhões esterlinos garantido pela União (base
do convênio) e podia São Paulo levantar mais sete e meio milhões
(liquidáveis até 1923) para continuar a manobra. Em 1917 o governo
federal entrou, com lucro, no mercado, para armazenar três milhões de
sacas; e em 1920 (tomando 25 mil contos no país e quatro milhões de
libras em Londres) repetia a intervenção defensiva, con ada, em 1922,
a um instituto permanente. Reverteu dois anos depois à administração
paulista.914 Proteger o café era socorrer a nação, a quem dava dois
terços do ouro de sua balança comercial. Estremeceram, a nação e o
seu principal negócio, com o crack da bolsa de Nova York.
Acumularam-se duas grandes colheitas. Isto (23.324.000 sacas!)
quando havia stocks sem colocação915 e se propunha, para remediar a
pletora, a eliminação dos saldos... Desandou o preço; e o governo...916
Triunfante a revolução em que a crise tivera a sua parte (o “general
café”...), o Ministro José Maria Whitaker, representando o pensamento
conservador de São Paulo, empreendeu a defesa pelo equilíbrio
estatístico.917 Adquiriu a União 17.500.000 sacas. A taxa de dez, depois
de quinze shillings, nanciou a redução e — em monstruosas fogueiras
— a queima do excedente. Só não era selvagem, essa operação
simplista, porque era universal,918 num estranho tempo em que se
destruíam, com o mesmo propósito de equilíbrio, videiras na França,
rebanhos na Austrália, máquinas na Inglaterra... Proibiu-se o plantio.
O que tinha de arti cial a política limitativa estourou, em forma de
corrida às terras roxas, mal o restabelecimento econômico dos Estados
Unidos — a que se seguiu a alta, peculiar à expectativa de guerra —
repercutiu no mercado brasileiro.919 Seria utópico impedir a
multiplicação das fazendas ao espraiar a “onda verde” pelos solos
propícios, como, em 1870, à roda de Ribeirão Preto.920 Nem se
restringiu ao norte do Paraná. Atirou-se a Goiás e Mato Grosso.921
Com o séquito de civilização itinerante, o fenômeno de cidades
improvisadas, em que correm as avenidas pelos roçados da véspera,
numa rápida montagem de instalações precárias, a lembrar a
Califórnia dos “pioneers” — com o trabalho barato dos trabalhadores
deslocados das zonas pobres do Nordeste pelas modernas rodovias...
Pelo roteiro do café — como no século passado — continuaram a
brotar núcleos prósperos, que amiúdam as malhas da rede de
circulação, para lá dos caminhos tradicionais do Sul e do Oeste: numa
conquista metódica de vales e planaltos, em direção à despovoada e
imensa fronteira. Permanecia com a qualidade original, de
bandeirante. Nova crise feriu o café em 1957 e comprometeu-lhe a
posição mundial em 1958. Até então, tivera o Brasil a liderança da
exportação (em 1957, 42% da importação norte-americana e 32% da
européia).922 Dela tirou (naquele ano) 61% do volume global de divisas
provenientes das vendas externas. É como se disséssemos
(con rmando) que sobre essa coluna repousa o suprimento nacional
de moeda estrangeira, ou seja, o câmbio. Enquanto os máximos
produtores fossem os países latino-americanos (a Colômbia, já com
20% da importação norte-americana), não se modi cariam os dados
do problema. A partir porém de 1950, os territórios africanos
começaram a produzir café em ampla escala. Em 1946 os Estados
Unidos lá adquiriam 420 mil sacas; em 1957, 3.200.000, ou seja, de 2%
a 15% do seu consumo. Por sua vez o Mercado Comum Europeu
comprou na África 34% da sua importação (em 1957). Esses nove
milhões e 100 mil sacas derramadas nas linhas de distribuição
contribuíram — como um fator explosivo — para o caráter depressivo
da economia cafeeira na América Latina. Não constituem, porém, a
razão fundamental da angústia que a assoberbou. Origina-se da
complexidade das relações internacionais nesta época de choque das
mentalidades agrária e industrial, do nacionalismo econômico,
baseado na auto-su ciência, da interrupção dos processos clássicos de
intercâmbio no dirigismo, na valorização, na plani cação daquela
economia perturbada.

AÇÚCAR E FUMO

Subvertem-se os antigos valores em face das novas condições do


mundo. O capital internacional dá às colônias tropicais uma expansão
admirável — que abarrota os mercados; e a maquinaria, cada vez mais
cara, contribui para que essa concorrência nos seja desfavorável. O
caso do açúcar é típico. Da primazia passamos à posição inferior, de só
abastecer o mercado interno, em virtude do desenvolvimento da
indústria — com os engenhos centrais — que eliminou as pequenas
fábricas, reuniu à volta das usinas, seus dependentes, os lavradores,
encerrou o ciclo aristocrático dos engenhos, substituiu o senhor pela
companhia (algumas organizadas na Inglaterra, com nomes ingleses) e
instalou o monopólio de zona, em lugar da iniciativa resistente dos
velhos proprietários.923 Golpe de nitivo no comércio exterior do
açúcar foi a tarifa preferencial, com que os Estados Unidos protegeram
o de Cuba — relegando o brasileiro à exportação, também em declínio,
para a Grã-Bretanha.924 O fato é que, de terça parte da exportação
nacional na década da Independência, na de 1931–40 foi de... 0,5. A
produção, que em 1932 alcançou 1.027 toneladas, desceu em 1936 a
900, equilibrou-se em 1938 na ordem de mil toneladas,
correspondendo a 4% da produção universal — de que já fora a maior
porção. Subiu a exportação de 255.571 em 1935 para 423.904 em 1957.

Limitação análoga sofreu o fumo, cabedal tão estimável outrora, e


que ultimamente conserva nas estatísticas uma constância
melancólica. Em 1821, 2,5, continua a manter esta percentagem sobre
a exportação do Brasil cem anos depois.925

ALGODÃO

É o algodão sobretudo sensível às variações do consumo. Depende da


“conjuntura” norte-americana. Tendo metade da produção mundial, os
Estados Unidos dão o preço. Quando se retraem (e a guerra de
secessão serve de exemplo), a valorização instantânea incita o plantio,
onde praticamente desaparecera: e, por força desta compensação, o
mercado, que cedo se satura, volta aos níveis razoáveis. Ao fracassar a
política do café, em 1930, atravessava a cultura algodoeira crise
correlata. Valia, em 1932, em nossa exportação (de que fora boa
parcela) 0,1%.926 Contribuiu para a conquista do mercado mundial a
tabela dos padrões o ciais, estabelecida em 1933 pela Bolsa de
Mercadorias. Produzindo 99 mil toneladas em 1932, passávamos a 399
mil em 1936, estávamos em 373 mil em 1938 (noutra fase depressiva).
Já em 1940, o valor da exportação do algodão era superior ao do café
(1.475 milhões para 1.378...).927 De 139.800.000 toneladas em 1950,
oscilou em 66.200.000 em 1957 (seja, de 10 a 3,2% da exportação total
do Brasil).

BORRACHA

A borracha amazônica foi fulminada, em 1911, por uma catástrofe,


prevista com o desdobramento das plantações asiáticas: a
depreciação.928 O produto nativo seria esmagado pelo cultivado,
proveniente das primeiras mudas levadas do Amazonas em 1876. Dia
viria em que, saturado o mercado, se contentasse com a goma da
Í
Malaia e das Índias Holandesas; mas por preços que não pagavam o
custo da borracha paraense. Aquilo foi inopinado; e terrível.929 Caindo
verticalmente a procura, logo se imobilizou a rede econômica que
envolvia, desde o seringueiro, no seu barranco, até o exportador de
Manaus e do Pará, abrangendo o “aviador”, o comércio volante, o
latifundiário, os pioneiros que voltavam do seu trabalho com
verdadeiras fortunas, dissipadas com estrondo nos desperdícios da
capital. A lendária opulência de Manaus de dez anos antes, com o
teatro semelhante aos melhores do continente, o luxo e os hábitos de
cidade rica, como por milagre se dissolveu numa tristeza de terra
devastada: acabou, no país, o delírio da borracha. Deixara um vestígio
memorável no mapa do grande vale, com as povoações semeadas até
às divisas da Bolívia e do Peru, a ocupação dos remotos a uentes, o
devassamento do Acre. Criara civilização; integrara no conjunto
nacional o extremo Norte; dera algum tempo o contrapeso à
desmarcada evolução econômica do Sul, quando (como em 1910) o
café e a borracha se equivaliam na balança comercial.

Julgou Henry Ford que podia, plantando seringais às margens do


Tapajós, abastecer a indústria norte-americana com um produto
barato, e superior ao dos ingleses da Ásia. Fracassou-lhe o
empreendimento (e deu de graça culturas e benfeitorias ao governo
brasileiro) pela impropriedade do solo, manifesta na baixa
produção...930 Dir-se-ia que só a oresta remuneraria o rude trabalho
dos caucheros. Com a Segunda Guerra Mundial (fechados os
mercados orientais) a valorização entusiasmou de novo os caçadores
da goma: mas, cessada a febre da procura, ainda uma vez a queda das
cotações os desanimou e dispersou.

CACAU

Passou o Brasil a grande exportador de cacau graças à expansão desta


cultura no sul da Bahia, tendo por centro Ilhéus, velha capitania que
em alguns anos (1893 a 1900) se transformou numa das zonas
orentes do país. Em 1891, da Bahia saíam 3.028 toneladas.931 Seis
anos depois, 7.632; em 1906, 23.537; ao começar a primeira grande
guerra, 41.545; em 1923, 62.492.932 Atingindo o dobro dez anos mais
tarde, em 1939 a exportação alcançou 141.838 toneladas, em 1957,
109.700.

CRIAÇÃO DA INDÚSTRIA

Até 1914 não se pode falar, no Brasil, de mentalidade industrial.

O que até aí se debatera (a partir de 1843) foi a proteção tarifária, que


deixasse viver a manufatura sem desa ar a represália do competidor
estrangeiro, que, em troca do artefato, nos comprava a matéria-prima.
Livre-cambista era o império. A república principiou industrial na
febre do “encilhamento”, e segundo o claro pensamento de Rui
Barbosa: que, pelo menos, se impedisse a importação dos “similares”...
Prosperaram as tecelagens; e as usinas de açúcar. Mas seria temerário
insistir no isolamento industrial do país (sem capital para mecanizar-
se, nem mercado interno para o produto, que lhe caria muito caro)
no “clima” liberal de 1900. Bastava o tratado norte-americano de 1890,
com a cláusula benévola da livre entrada do café (desprezado o açúcar,
que, sem o favor da “exclusividade”, não concorreria com o de Cuba)933
— para que não ousassem desfechar o sonhado protecionismo os
cautos políticos, hesitantes entre a lavoura, dona do poder, e as belas
teorias de reabilitação econômica. Joaquim Murtinho não tergiversou:
pôs-se decididamente contra a indústria; para salvar o câmbio. Mataria
a iniciativa, contanto que resgatasse as dívidas. A república não
precisava desenvolver-se; precisava pagar. O problema não era
biológico, de crescimento, mas contábil, de caixa. Satisfazendo aos
compromissos na City consolidaria o crédito, embora travasse o
progresso (palavra equívoca) e continuasse o Brasil a receber, pelo
vapor da carreira, o seu equipamento de subsistência. Dos sapatos
ingleses à manteiga dinamarquesa, dos fósforos suecos às telhas
francesas, do pinho-de-riga às ferragens alemãs, do linho de
Manchester aos queijos amengos, dos livros portugueses aos móveis
de Paris. Reluziam, como reações esporádicas, as campanhas de
associações instrutivas, como outrora a Auxiliadora da Indústria
Nacional (1825),934 com o seu periódico (1833–60), e, no começo do
século, o Centro Industrial do Brasil, capaz de resumir, em 1907, num
livro oportuno, a economia do país.935

Careciam de decisão política.

Irrompeu esta de Minas (dissidência tácita do liberalismo econômico


armado em torno do café e do tratado americano) — contra o sistema
de Murtinho.936 Começou pelo Congresso Agrícola e Industrial de
Belo Horizonte, de 1903. A Francisco Sales sucedeu João Pinheiro; a
Rodrigues Alves (com o programa das grandes obras), Afonso Pena,
com outras maiores (imigração, portos, ferrovias).

Na câmara vozes atrevidas, como a de João Luís Alves, em 1905,


propuseram a proteção industrial.

Esbarrou nos receios do mercado cafeeiro; na prudência política; no


tratado...

Também na ordem natural das coisas.

Saía mais barato no Brasil o tabuado da Finlândia do que o do


Paraná; nem era admissível que se espezinhasse a pobreza do
consumidor, com o preço protegido do fabricante, porque nacional...
Sobreveio a guerra.937 Na mensagem de 1915, o Presidente Venceslau
Brás adotou, como plano de governo, o reajustamento a este
imperativo: industrializar é sobreviver.

Lição de audácia, foi a fábrica que Delmiro Gouveia suspendeu aos


rochedos de Paulo Afonso — a de Pedras — para captar-lhe a energia
hidrelétrica. O pioneiro nordestino impunha o exemplo simples, de
sua previsão, ao pé das forças inexploradas da natureza. Indicou a
corrida às fontes vitais do futuro — nos mais inóspitos recantos do
país. Simultaneamente se aparelham as indústrias de base ou de
transformação nas cidades mais populosas; delineia-se em São Paulo,
centro da grande metamorfose, o parque industrial denso e vigoroso.
Em 1910 não passava de 3.400 o número de estabelecimentos fabris
de pequeno porte; dez anos depois, somavam 13.636. Em 1910
produziam 769 mil contos; em 1920, três milhões. Entretinham, em
1910, 150 mil operários; em 1920, 275 mil. Cerca de seis mil modestas
empresas surgiram de 1914 a 1918. Havia em 1905 a ninharia de
dezessete usinas elétricas. Em 1919 já eram cento e dez.938 Em 1956...
2.308. A produção de energia, de 8.021 milhões de kWh em 1949, é
(em 1957) de 15.046 milhões. O seu consumo industrial dobrou (de
2.897 milhões para 4.294) nos dez últimos anos.939

As cifras exprimem sem nitidez o surto, melhor xado no cotejo dos


valores entre a indústria e a lavoura. Em 1926 (transposto o período
internacional crítico) cava a agricultura com 8.500 mil contos, e a
indústria dava dezessete milhões, saídos de 49.418 estabelecimentos,
com 781 mil operários. Vencido o decênio, o recenseamento de 1950 a
apresenta com 92.350 estabelecimentos, 1.279.184 trabalhadores,
produção de 118.605 milhões. A produção industrial subiu de 76% no
setênio (1949–50 a 1957).

Nesta linha de prosperidade — em que a indústria, tomando a


primazia à ordem econômica, modi ca as condições gerais da nação
— há a con uência dos elementos que modernamente estruturam o
mundo.

Com os seus distúrbios, a questão social, a irrupção pela terra vazia,


os deslocamentos de população, más nanças, em contraste com o
desenvolvimento, a curva evolutiva do capitalismo.

São índices deste capitalismo aguado na in ação, os números


relativos à renda nacional (soma de rendas individuais) que de 34, em
1939, subiu a 225, em 1951,940 enquanto a população, de 27.404.000 no
censo de 1920, ia além de 52 milhões no de 1950.941 Crescera de 25% a
produção agrícola. Duplicou a industrial. A distribuição geográ ca
mostra o desequilíbrio acentuado, desde que, na balança comercial, o
café suplantou o açúcar, e a imigração intensiva ocupou, ao Sul, as
zonas temperadas. Quanto à renda, para 125, do Sul (incluindo São
Paulo e Rio de Janeiro), o resto do país apresenta somente 45.942 Ali,
pois, a produção per capita é doze vezes maior...

SIDERURGIA

A segunda guerra foi para a economia latino-americana mais bené ca


do que a primeira. Já agora podia o Brasil pedir aos Estados Unidos
que o ajudassem a montar a siderurgia (em vez de vender-lhes apenas
o minério).943 Não se tratava de encorajar a manufatura, porém de
distribuir a força hidroelétrica, necessária ao mecanismo industrial (de
1,2 milhões de cavalos-vapor em 1939 a 2,7 em 1949). No caso da
metalurgia o bene ciamento não interfere na exportação (Companhia
do Vale do Rio Doce) do ferro de Minas Gerais. O melhor que se fez
— na conduta nacionalista preconizada pelo Presidente Bernardes
(oposto ao privilégio da Itabira Iron) — foi transferir para a autarquia
federal o transporte e a exportação pelo porto de Vitória. A
Companhia Mista Siderúrgica Nacional foi instituída em 9 de abril de
1941 (o Import and Export Bank emprestou, para tanto, 45 milhões de
dólares em maquinismos). A sua grande usina de Volta Redonda
começou a funcionar cinco anos depois.944 Outras usinas gigantescas
— com a ajuda do capital estrangeiro — se instalaram na região
ferrífera. Em 1956, a produção total de gusa foi de 861 mil toneladas,
em 1957, de 958 mil, a de aço, de 1.253 mil em 1957, a de laminados,
de 977 mil.

É também expressiva a correlata ampliação da indústria nacional do


cimento, que aparece em 1937 produzindo 571 mil toneladas, em 1947
dava ao consumo 914 mil, e dez anos mais tarde o supria com
3.357.000 toneladas. O Brasil já quase não importa cimento (depois de
ter essa importação subido a 982 mil toneladas em 1953).

Com a Fábrica Nacional de Motores se iniciou (1949) a construção de


pesadas viaturas, mas a indústria automobilística — como uma das
metas governamentais — é de 1956. Inexistente então, já em 1957 as
várias fábricas estabelecidas em São Paulo (com 40 e 60% de peças
nacionais) lançavam ao tráfego 21.600 unidades. Foram 61 mil em
1958. Em breve deixará o Brasil de importar automóveis.

Petróleo, aí está!

ENERGIA E COMBUSTÍVEL

É preciso situar no quadro econômico a rme política do governo em


relação ao combustível líquido. Foram fases complementares, Volta
Redonda, com o seu milhão de toneladas de ferro industrial, a
hidroelétrica de Paulo Afonso, o centro petrolífero de Mataripe no
histórico Recôncavo.

O nacionalismo suspicaz (“o petróleo é nosso”) dele se apoderou, com


uma justi cativa ressentida: a insistente indiferença dos trusts pelas
possibilidades do subsolo brasileiro. Entra pelos olhos que se não
descontinua, na Amazônia, o aspecto geofísico que uniformiza as
Guianas (e a Venezuela). Nem era crível que surgindo acolá, e no Peru,
na Bolívia, no Chaco paraguaio, respeitasse a fronteira, espécie de
fosso mágico entre a abundância e a esterilidade. Gracejou-se: como se
o petróleo só falasse espanhol... Monteiro Lobato (desde 1931 metido a
incorporador de empreendimentos petrolíferos) protestou contra o
ceticismo passivo e os relatórios negativos. Vociferou, anatematizou,
bateu-se.945 Na Bahia, Oscar Cordeiro foi mais feliz: molhou as mãos
na lagoa do Lobato, que cheira a naa, e desa ou a incredulidade do
poder público.946 Lá estava, em veios super ciais, manchando a água,
como naqueles sítios da Ásia Menor, onde os peregrinos da Idade
Média o colhiam, passando, para a luz das candeias... “Umas certas
minas que há, naquelas partes, em que nasce um óleo, que se chama
narafe, de que se lá aproveitam para muitas mezinhas”.947

Não sacudiu a opinião de naturalistas, fortes nas suas razões


mineralógicas. Deixando de lado as descobertas carboníferas feitas no
Recôncavo em 1815,948 não admitiam a hipótese de fraturar-se junto
do mar a camada arqueana, para dar espaço ao lençol de petróleo...
Acertara o autor de Urupês: o problema consistia em experimentar;
furando, achar-se-ia.

Sob o signo nacionalista de 1937, mudou a posição do governo.

Primeiro, modi cando a lei de minas, apropriou-se, por antecipação,


das jazidas (decretos de 11 e 29 de abril de 1938); criou o Conselho
Federal de Petróleo, determinou a pesquisa, averiguou a verdade,
anunciou-a (janeiro de 1939): jorrava petróleo nas velhas terras de
cana de Mataripe!949 Nacionalizou, em conseqüência, a área estudada
(60 quilômetros à roda do Lobato). O resto veio com o tempo: a
re naria (que de 7 mil barris diários passou a 60 mil...);950 a fundação
(maio de 1954) da Petrobrás, empresa de Estado, encarregada de
descobrir, re nar e vender esse produto nacional; a ampliação dos
serviços de sondagem pelo Nordeste e bacia amazônica. Não se discute
a existência de incalculáveis reservas de óleo, mas a urgência de
baldeá-las. Clientes das companhias internacionais, estamos em
condições de as abastecer (como a Venezuela e o México). De 915.717
barris em 1953, a produção brasileira no ano seguinte foi de 992.409,
em 1955 de 2.021.900, o dobro em 1956, dez milhões em 1957.

A administração e a engenharia brasileira aceitaram a


responsabilidade (e cumprem o programa) de dar petróleo à nação.

XLIII: P  




O PROBLEMA INTELECTUAL

Ao fazer, em 1904, o retrospecto das letras, observou Sílvio Romero


que as gerações precedentes não tinham sido ultrapassadas: só o
número de poetas crescera...951
Seria absurdo pretender que a confusão que se generalizara, com a
crise das instituições, no seu tríplice aspecto, político, econômico,
social, poupasse o terreno pací co dos estilos: e os artistas
continuassem a fantasiar a vida como os antecessores, do romantismo.
Tinham de ser polêmicos, naturalistas, céticos: exatamente nessa
dispersão de tendências está a fecundidade do período. Não há forças
concêntricas, senão linhas divergentes; uma luta simbólica de utopias,
cujo denominador comum é, nalmente, a adivinhação dialética de
um Brasil primordial, digno de ser interpretado pelos egressos do
Parnaso, parisienses de convicção, que faziam da Livraria Garnier
(escreveu Ferrero) o estuário da cultura universal.952

Disse Olavo Bilac, em 1907, que a sua geração acabou com o


isolamento desdenhoso dos homens de letras, para que sentissem o
“problema social”, ou simplesmente a vida.953

Referia-se à boêmia, que jovialmente os unira em patrulha, contra


tudo, o Estado, a sociedade, a tradição; aos seus dias de mocidade,
quando os poetas formavam república à parte, na república policial da
ditadura; e à perdição de tantos deles, crestados no seu incêndio
interior, inúteis e luminosos...

POESIA

Rompendo com a misantropia e a decadência, os lósofos pediam-lhe


que se aliasse à ciência, e pusesse em poema a evolução, o monismo
materialista, o palavreado em que era isso decomposto. Saíra Tobias
Barreto, primeiro responsável por essa moda, da poesia para o ensaio
losó co. Queria-se o contrário: que este se sublimasse, em estrofes.
Daí, Sílvio Romero, Cantos do m do século; Martins Júnior, Teixeira
de Sousa, Augusto de Lima...954 Nos Cantos modernos (1889) um
estreante duvidava: a poesia ainda tem razão de ser? Mas era uma
crise. Os poetas-cientí cos desenganaram-se. Voltaram aos trenos da
lira os que sabiam tangê-la; os outros, à rudeza combativa da prosa.
Alguns se acastelaram na crítica, julgando na obra alheia o que lhes
travava a própria. Com eles, ou sem eles, a inspiração lírica não
deixaria de soprar, como as auras das tardes sertanejas sobre o leque
musical dos buritizeiros: estalava no ar, cantava na folhagem, pulsava à
luz destes trópicos. Passam do romantismo ao parnasianismo, Luís
Guimarães, Machado, Murat, Luís Del no, José Albano... Observa-se,
gradual, o domínio estético da sonoridade, com a perfeição do verso.
Parnasianos são os que pesquisam a rima, medem a estrofe límpida,
esculpem o alabastro dos sonetos como se os lavrassem a cinzel.
Sobretudo “forma”. E aí está o apogeu da poesia brasileira.

É claro que brigavam no helenismo o pudor literário (cioso de lustre


verbal) e a desordem romântica. O êxito não podia ser duradouro.
Lembra, na velha arquitetura, o do neoclássico, sobre as distorções
tardias do barroco. Esgotada a reação acadêmica, voltaria, tumultuoso,
o natural, nacional... Todos admiraram Teó lo Dias, as paisagens de
Raimundo Correia, a emoção grave de Alberto de Oliveira, Vicente de
Carvalho, o esplendor, na força criadora de Bilac. A sua arte é diáfana;
ajusta-se a uma atitude de su ciência, fora do delírio romântico (que o
simbolismo reivindicou) e do caráter pan etário de que se revestiu no
declínio: “modelar” e universal. Aqueles poetas maiores — apostados
em ligranar o verso com um senso dúbio de som e relevo —
suspendiam a harpa às ameias da torre, acima dos rasos campos:
incorporavam-se num ambiente hipotético longe do seu meio e do seu
tempo. Longe deles mesmos. “Inda ao cair, vibrando a lança — Em
prol do Estilo!”.955

Os simbolistas detestaram os deuses pagãos, acamaradados na “tarde”


de Bilac, e o soneto ebúrneo: proclamaram a soberania sensual das
impressões — no absurdo dos sentidos. “Pelo subjetivismo (resumiu
um deles), a intimidade, a expressão indireta, simbólica, sugestiva da
idéia e do sonho”.956

Che a a escola Cruz e Sousa, nessa fascinante “experiência mística”


que lhe serve de roteiro,957 a paisagem interna clareada de sonho,
escurecida de terror, abismada na alma... Os grandes nomes são
Bernardino Lopes (Brasões, 1895), o surpreendente Alphonsus de
Guimaraens,958 semi-oculto na sombra eclesiástica de Mariana
(Setenário das Dores de Nossa Senhora, Dona Mística, 1899; Kiriale,
1902), Francisco Mangabeira (Hostiário, 1898), em êxtase heróico
(Tragédia épica, 1900), perto de Castro Alves;959 Egas Moniz, que
misturou cores e música em primores poéticos;960 Mário Pederneiras
(Agonia, 1900; Rondas noturnas, 1901), Félix Pacheco (Via crucis,
1900), Silveira Neto (Luar de inverno, 1895), Emílio de Meneses
(Poemas da morte, 1901), Nestor Vítor, Emiliano Perneta, Zeferino
Freire, ainda Augusto de Lima, Pereira da Silva, Artur de Sales,
Olegário Mariano, o poeta das Cigarras... Fora das escolas, Augusto
dos Anjos.961 A rajada do modernismo encontrou de pé as suas
rendilhadas construções.

ESCRITORES

Há nessa inquietação, fértil de versos, uma tendência à sinceridade, ao


sereno desânimo. Reage a prosa desgarrando-se do preceito para
reproduzir, “naturalista”, as coisas da vida, especializando-se nas suas
decepções. Aluísio Azevedo, que começou com O mulato o
naturalismo, Inglês de Sousa, Júlio Ribeiro, Pompéia, molharam a pena
em lágrimas e sangue, da sociedade que se não apercebera das suas
misérias, ou, com surpresas hipócritas, as descobria. Acaba O ateneu,
de Pompéia, com uma frase lúgubre...962 Outra ordem de realidades
seduzia os estilistas: com a vantagem de alargar o horizonte até os
limites da redenção social e da beleza. Os sertões!

Sílvio Dinarte (Visconde de Taunay), Bernardo Guimarães, Alencar,


com as suas paisagens pictóricas,963 Franklin Távora antecediam a
Afonso Arinos, que exige “a verdade violenta da natureza”, com a
racionalização da arte...964 Citava (abril de 94) Sílvio, Pompéia,
Capistrano de Abreu, poucos mais. Era de Minas; trazia na retina o
relevo dos seus panoramas, a rmeza de sua “crença”.965

A revolução de 93, com as perseguições no Rio, abrira-a à


curiosidade enternecida de Laet (impregnado do ar religioso de São
João del-Rei),966 Bilac (criador, ali, de O caçador de esmeraldas, en m
o poema!), Valentim Magalhães, Emílio Rouède, Magalhães de
Azeredo, Coelho Neto.967

Este, nos grandes livros urbanos, A capital federal, 1895; A conquista,


1897; Fogo‐fátuo, 1929, biografou a geração disputando o lugar ao sol
— na cidade que mudava —; também lhe ensina a elegância vibrátil da
ironia. Depois abusaria do exótico, caiando com alvuras de Partenon a
prosa ática. Pagou o tributo ao ressaibo parnasiano do helenismo,
utuante na retórica de Bilac (que, em Santos, comparava ao Pireu968 o
porto atulhado de café), de Gilberto Amado, que, na Chave de
Salomão, comparou à Acrópole os morros do Rio,969 até de Monteiro
Lobato...970 “Quando Demódoco, sentado de encontro a uma das
colunas do Palácio de Alcino”.971 A respeito do nosso agreste Sílvio
Romero: “Autóctone, como os que, na Grécia, eram chamados
eupátridas”.972 Isto, de Neto, retinia; e cantava. Aliás, se o amor do
vocábulo era insígnia parnasiana, Euclides da Cunha, que o exagerou,
e por sinal no mais brasileiro dos livros, estava dentro da escola...

SERTÕES

Com Arinos, o sertão começa a reabilitar-se.973 Canudos popularizou-


o... Publicando Graça Aranha, em 1902, Canaã, deu-lhe versão
ideológica; Euclides, com a obra que marca início de jornada, Os
sertões, o interpretou em tons de epopéia. No romance de Graça (o
diplomata a ver o choque de raças, no problema da adaptação do
imigrante) se discute, com artifício de tese, o futuro. Lentz e Mikau
defendem doutrinas livrescas naquele vale agrícola, ressumante de
seiva e trabalho;974 as suas digressões deslizam para o teatro, em
diálogos acadêmicos. Termina em pessimismo teórico, forte na tinta,
compensado pelo lirismo dos quadros cintilantes, como o da
queimada...975

Euclides não foi de todo original, dir-se-á, recordando Sarmiento, até


Teodoro Sampaio, que descrevera o Vale do São Francisco com luxo de
termos cientí cos. Mas é insuperável no tríptico de Canudos: a
geogra a humana, a imagem social do jagunço, e a apologia da sua
imolação. Pela primeira vez o “espírito cientí co” metia-se num
monumento literário.976 Com a vivacidade do libelo, falou a sua queixa
da desorganização republicana, do exército de que egressara... Não se
exija a serena justiça histórica, ao escritor empenhado em
aproximações formidáveis (ou temáticas): a “Ilíada sertaneja”, espécie
de Vendéia com os pobres heróis desconcertantes... O livro tem
rutilante propósito de acusação (cívica) e protesto (humano), cuja
pompa verbal, com as sugestivas pinceladas de ciência, na sua prosa de
engenheiro, sensibilizou as elites espantadas. “O sucesso só foi
comparável ao de O cortiço, de Aluísio Azevedo, e ao de Canaã de
Graça Aranha”.977 Emendamos, em face das edições (a 12ª com errata
do autor): foi superior. Objete-se a extravagância do vocabulário, com
o preciosismo (crítica de Veríssimo),978 agreste como se escrito a cipó
(reparou Nabuco). Tratava-se do retrato rústico do Brasil, conclui
Afrânio Peixoto. Daí os discípulos: e a nova dimensão que deu ao país:
os sertões. Inferno verde, de Alberto Rangel (1906), Terra do Sol, de
Gustavo Barroso, Rondônia, de Roquette-Pinto, Maria Bonita e Fruta
do mato, de Afrânio, a humilde verdade do Norte (Luzia‐

‐Homem, de Domingos Olímpio, 1903), das coxilhas (Ruínas vivas,


de Alcides Maya, 1910, Contos gauchescos, de Simões Lopes Neto), a
candura praieira ( Jana e Joel, de Xavier Marques), impõem o
caboclismo. A insistência, ainda era romântica.

Reagiu, negando-o, Monteiro Lobato.979

Oriundo do Vale do Paraíba, emergindo das depauperadas glebas do


café, onde “cidades mortas” testemunhavam a volubilidade do
progresso, o intérprete revolucionário da realidade rural antepôs ao
gigante, de Gonçalves Dias, ao herói caboclo de Alencar, ao jagunço de
Euclides, o... Jeca. “Nada o desperta”. Era o caturra opilado e sorna,
dobrado sobre si mesmo, na desesperança irremediável do seu cansaço
e da sua paciência, esquecido dos governos, isolado na melancolia do
panorama, marginal calado da civilização que silvava, com o trem de
ferro, no seu horizonte interior... Rui Barbosa (em hora de
redescoberta da “questão operária”) emprestou à imagem uma
importância nacional.980 Lobato tornou-se um renovador, a vésperas
da eclosão modernista de 1922..., que não o conquistou.

A ACADEMIA

“O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade


literária”, de niu Machado de Assis, no discurso inaugural da
Academia Brasileira, em 20 de julho de 1897. Saiu da iniciativa de
Lúcio de Mendonça na redação da Revista Brasileira...981 A
circunstância de se juntarem novos e antigos para a fundação de uma
sociedade com o número e o estilo da Academia Francesa,
testemunhava a evolução rápida de que o espírito se bene ciara, entre
o desalinho de 1891, a dispersão de 93, a “anistia” de 97. O governo
perdoara a rebelião; no seu clima indulgente também se apagavam as
incompatibilidades intelectuais, três anos antes extremadas e
rancorosas. O secretário-geral era Nabuco, pretendendo criar um
salão, de expoentes; pioneiros da idéia Medeiros e Albuquerque, Lúcio
de Mendonça; uniam-se, sob a presidência neutra de Machado, os
irreverentes Artur Azevedo, Guimarães Passos, os jovens Rodrigo
Otávio, Graça Aranha (ainda sem livro), Magalhães de Azeredo;
monarquistas como Taunay, Afonso Celso, Laet, Eduardo Prado,
Loreto; a crítica de Sílvio Romero, Veríssimo, Araripe Júnior; a
imprensa com Patrocínio, Alcindo Guanabara; a diplomacia de
Oliveira Lima, Salvador de Mendonça, Domício da Gama; a poesia
com Bilac, Raimundo Correia, Alberto de Oliveira, Luís Guimarães,
Murat; a prosa de Aluísio Azevedo, Garcia Redondo, Valentim
Magalhães; acima das espécies literárias, encarnando o verbo
tribunício, Nabuco, Rui...982 O velho Pereira da Silva era ali um nome
desbotado, da história imperial. Confraternizavam as escolas, na
defesa da língua, dos direitos da inteligência... Coincidiam-lhes as
aspirações com o programa de todas as academias: escolha dos
“melhores” (replicou Nabuco: “grands seigneurs de todos os
partidos”),983 expurgo do idioma em dicionário e gramática, nessa luta
solene dos doutos contra a fala corrupta e a ruína da tradição... Não o
cumpriria de repente. Precisava de tempo. Persistiu; e continuou.

Pela pureza vernácula, bastava então a polêmica em torno do Código


Civil (a golpes de réplica e tréplica). Em 1904, tinham a palavra os
lólogos.

MACHADO E SEU TEMPO

Machado de Assis é caso único. Temperamento doentio, e losó co,


esquivo às efusões e indiferente às vaidades do meio literário, a nam
os críticos numa sentença: não parecia brasileiro...984 Aquela
sobriedade trajada de puro vernáculo, a ironia discreta, a frase cheia de
intenção, equilibrado e aristocrático na crônica, translúcido no conto,
psicólogo sutil da comédia burguesa, no romance sem paisagem, nesse
mestre de medida e pensamento se mesclam as in uências de Flaubert
e Eça, Swi e Sterne,985 Pascal986 e Renan: com a sua carga de
pessimismo, a doce indulgência do novelista de costumes. Os seus
livros vertidos a francês (como Dom Casmurro) agradam aos devotos
de Stendhal e France, Tínhamos en m um escritor castiço, de janelas
fechadas sobre a exuberância tropical e comunicação aberta com as
angústias do espírito, a versatilidade social, o século.

“Somente poderia surgir no meio de uma elite mental e política. Essa


elite existia”.987

No folhetim, França Júnior, Constâncio Alves, Eduardo Ramos, Laet,


Bilac, Nuno de Andrade, Medeiros e Albuquerque, Afonso Celso; na
crítica, Veríssimo,988 Araripe, João Ribeiro, Osório Duque-Estrada,
Gonzaga Duque (mestre de estética), Ronald de Carvalho, cuja
História da literatura, em 1917, inicia outro período... Romanceiam a
vida carioca Adolfo Caminha,989 Afrânio Peixoto,990 João do Rio (que
divide com Melo Morais Filho a interpretação dos seus “mistérios”),
Lima Barreto, subversivo — com revérberos anárquicos no desgosto
irônico...991 A propósito de Eduardo Prado, de niu Eça o pan eto —
de que foi “um incomparável mestre”.992 Brilham na imprensa —
depois de Quintino, Ferreira de Araújo, Rodolfo Dantas, Manuel
Vitorino — Leão Veloso, Patrocínio (que morreu a escrever o seu
artigo de fundo), Alcindo Guanabara, João do Rio, Alves de Sousa,
Castro Meneses, Gilberto Amado, Humberto de Campos, Costa Rego,
Assis Chateaubriand, J. E. de Macedo Soares... Com o sistema
presidencial perdera a tribuna política o velho prestígio, de palco das
grandes cenas da vida pública, quando a dominavam os expoentes dos
partidos, com a autoridade, a destreza, a paixão, até o virtuosismo da
eloqüência intimativa ou sentimental. Alguns foram oradores
medíocres. Mas a e cácia da palavra — que não o seu fulgor — os
sagrou, na primeira linha do debate parlamentar. Sem esta vantagem
(que tiveram Zacarias, Cotegipe, Gaspar Martins, Ferreira Viana, na
sucessão de Vasconcelos, Antônio Carlos, Nunes Machado, Honório)
— conquistaram no Congresso republicano copiosos aplausos homens
do porte de Manuel Vitorino e Lopes Trovão, David Campista e
Junqueira Aires, Pedro Moacir e Germano Hasslocher, Barbosa Lima e
Irineu Machado, Gastão da Cunha e Francisco Sá, Epitácio Pessoa,
Otávio e João Mangabeira, para citar apenas alguns. Rui Barbosa
ocupa na política, no Senado, nas letras e na atenção dos
contemporâneos e dos pósteros um lugar indisputável. Modelo de
frase grandiosa, em cujas orações ui na sua pureza clássica a língua
vernácula, estilizada com a elegância e a dignidade que lhe dera Vieira,
são antológicos todos os discursos em que o mais combativo dos
liberais do seu tempo atacou as deformações e pregou as esperanças do
regime de opinião, justiça e verdade. Vesse imenso espólio verbal os
estudiosos da língua portuguesa (como os latinos nas obras de Cícero)
vão garimpar as riquezas do vocabulário numeroso e da boa
gramática. São, aliás, os documentos que cam: como aquelas estátuas
lavradas na eterna pedra, em contraste com o barro dos esboços que
saem provisórios e quebradiços das mãos apressadas do artista...

A GRANDE INSATISFAÇÃO

Não escaparam as letras à insatisfação geral.


Preconizado pela resistência ao estrangeiro e ao postiço, o
modernismo foi uma forma de associação do cívico ao estético,993
contra o convencional. As decepções da paz (de 1919) angustiaram
menos os vencedores e os vencidos do que a mocidade desse
conturbado tempo,994 a sonhar com o “mundo melhor”. “Projetar e
construir, em vez de comemorar”.995 Vocábulo carismático, explodiu a
revolta dos ensaístas na semana de arte moderna de São Paulo (1922).
Tinha algo da rebelião coimbrã de Antero de Quental, agravada pelo
contraste dos conceitos existenciais, vaiando a inércia burguesa (o
inimigo, o burguês capitalista e indiferente). Atualizou o que já não era
novo lá fora, no convulsivo pós-guerra — futurismo, super-realismo,
de Apollinaire, André Breton, Aragon, Éluard, Supervielle, Marinetti...
Mário de Andrade (“o papa do novo Credo”, chama-lhe em outubro de
1921 Menotti del Picchia) — Oswald de Andrade, Menotti del Picchia,
Guilherme de Almeida, Plínio Salgado, Cassiano Ricardo, Ribeiro
Couto, Cândido Mota Filho, e mais além Manuel Bandeira, Jorge de
Lima, Carlos Drummond de Andrade, insurgem-se, irritam ou
apaixonam, inovam, mas fazem escola, a que em 1924, com o Espírito
Moderno (l’esprit nouveau, chamara Guillaume Apollinaire, em 1918)
trouxe Graça Aranha — condottiere do movimento — para o Rio de
Janeiro. Ligou-a (adversário do governo Bernardes) à inquietação
política. Aos moços de 1922 faltara um lastro de idéias, para
reconstituir, em bases sólidas, a deteriorada república, cujos erros
todos conheciam. O estilista de Canaã deu-lhes pelo menos o
programa estético, que, no fundo, remexia toda a ordem estabelecida.
Bode expiatório, a Academia Brasileira (não são as academias o
espelho da civilização amável e sólida?) sofreu o primeiro choque:
gritou-lhe Graça Aranha, que mudasse ou desaparecesse...996 Na
intimação ia a ambigüidade da subversão — modernista — e do
reajustamento social: com ela irrompiam no tranqüilo mundo de
Machado de Assis as negações e as exasperações do século! Era
patético; e óbvio.

As Academias não desaparecem nem mudam.


Renovam-se com os acadêmicos, a sucessão, a gente nova, ou antes,
os rebeldes de ontem, que cristalizam na na arte a inconformidade
brilhante: e deixam de demolir (que há tempo para cada coisa) e
passam a edi car. Ao protesto de Graça replicou, magistral na sua
opulência vocabular, um “conservador” de 1924, que fora por sua vez
um revolucionário de 1890: Coelho Neto; e o erudito criticismo de
João Ribeiro. Correram os anos, e vários daqueles prosélitos da revolta
coruscante substituíram nas poltronas azuis da serena casa de
Machado e Nabuco os velhos escritores.

GERAÇÃO DE 1922

A irreverente geração da semana, de São Paulo, admitiu tudo o que


assustava a pacatez nacional: Paulicéia desvairada, 1922; A escrava que
não é Isaura, 1925; Losango cáqui, 1926; Macunaíma, 1928, de Mário
de Andrade; o Manifesto do Pau‐Brasil, de Oswald de Andrade; o
Verde‐amarelo, de Menotti del Picchia; Movimento antropofágico
(1928); Martim Cererê, Borrões de verde e amarelo, Vamos caçar
papagaios, de Cassiano Ricardo; a música de Villa-Lobos, a pintura de
Di Cavalcanti, a poesia de Manuel Bandeira (Libertinagem, 1930), de
Drummond de Andrade; contos de Alcântara Machado (Pathé Baby,
1926), romances de Plínio Salgado (1926 e 1931)... Pertencem a esse
período fértil — em que eclodiu a revolução de 1930 — o Canto do
brasileiro, de Augusto Frederico Schmidt, 1928,997 os paisagistas do
Brasil de verdade, dramaticamente desenhado na sua humildade
longínqua, esquecido nas terras do açúcar (José Américo de Almeida,
com o “primeiro grande romance do Nordeste”,998 A bagaceira, 1928),
terras secas (Rachel de Queirós, O Quinze), ásperas e ricas de
tormento humano (Graciliano Ramos, Caetés; 1933, São Bernardo,
1934), vistas de dentro (Amando Fontes, Os corumbas, 1933), entre o
rio e a mata (Jorge Amado, Cacau, 1983) ou espraiadas na Amazônia
(Peregrino Júnior, Pussanga, 1929; os volumes de Raimundo de
Morais, Gastão Cruls...), terras de heroísmo e canavial, do ciclo do
bangüê, criado por José Lins do Rego (de Menino de engenho, 1932, a
Cangaceiros, 1953), folclore (Gustavo Barroso, mestre do gênero, Ao
som da viola, 1921; Luís da Câmara Cascudo, que o opulentou com a
sua série de livros informativos, Renato Almeida), desatados
horizontes, desde o Rio Grande (Apolinário Porto Alegre, Roque
Callage, Darci Azambuja, Viana Moog, Érico Veríssimo, a par de José
Lins, o mais popular dos novelistas contemporâneos)...

Mão entra no âmbito desta história o panorama atual da literatura,


com a variedade da produção artística, o fermento de idéias e, à
margem da cção, as memórias, em cuja melancolia evocativa os
homens de letras involuntariamente se encontram com os
historiadores. Alguma coisa, porém, deve dizer-se do desânimo da
velha poética,999 da reanimação do romance realista e social, da
contribuição da indústria do livro para essa bibliogra a crescente e...
nacional.

FILÓLOGOS

Falamos do vernáculo. Transposta a época dos gramáticos, chegou a


dos lólogos. À fase polêmica da redação do Código Civil, em que o
purismo arcaizante e copioso se apegou aos clássicos (tantas vezes
confundindo-os com os “antigos”), devia seguir-se a da gramática
histórica, de Manuel Said Ali, dos Dicionários (Laudelino Freire),
entre estes, primeiro da espécie, o Etimológico (Rio, 1933) de Antenor
Nascentes, das edições críticas, em que o expurgo e a análise textual
valorizam (como no caso da edição das poesias de Casimiro de Abreu,
por Sousa da Silveira) os primores literários do passado. Estes últimos
estudos, que careciam da sistemática dos cursos próprios (essenciais às
Faculdades de Filoso a), com eles progrediram, e têm hoje cultores
abalizados, cujos livros sobre a história da língua, as suas galas e
diferenciações na área do império, os brasileirismos, os problemas
dialetais, a expressão regional, a complexidade e o esplendor do
português velho e novo, passam as fronteiras do Brasil.

TEATRO
Perdeu o teatro a ênfase romântica (Magalhães, Macedo, Alencar) e
adaptou-se às realidades triviais (Machado de Assis, Joaquim Serra, o
copioso França Júnior), com a comédia, a revista, o cotidiano, os fatos
jocosos da política e da sociedade. O grande nome do começo da
república é Artur Azevedo, que importou o estilo parisiense da revista
alegre, satírica, caricatural, boa para o riso franco e não para a velha
hipocondria do drama brasileiro, isto é, talhada para uma época
tumultuosa (1884–1892). De parceria com Moreira Sampaio lançou
Artur Azevedo O mandarim (em que havia a gura simbólica do
Barão de Caiapó), criou O bilontra, O carioca, tipos do dia; e com seu
irmão Aluísio Azevedo, A República (com alguns versos
humorísticos). Pertencem ao período conturbado do “encilhamento” e
da animação noturna do Rio de Janeiro, ao tempo de Deodoro e
Floriano, antes que a queda daquela prosperidade ctícia, precedendo
à revolta de 1893, convidasse a cidade à discrição e ao silêncio — O
tribofe e Capital Federal, esta a mais duradoura de suas peças.
Ninguém superou o escritor e poeta maranhense na rima fácil, no
conto gracioso, nessa comédia jovial, que era a or exótica de uma
época, e com ela passou. A espécie não seria nunca freqüente e
próspera na literatura nacional. E a prova é a sua longa hibernação, até
o advento de Cláudio de Sousa, com a nura psicológica da sua
comédia Flores de sombra, de Viriato Correia (Sertaneja, Juriti...), de
Gastão Tojeiro (O simpático Jeremias), Abadie Faria Rosa, Armando
Gonzaga, e os mais novos, Joraci Camargo, Guilherme de Figueiredo,
Magalhães Júnior, Henrique Pongetti, Pedro Bloch, Antônio Calado,
Silveira Sampaio...1000

HISTÓRIA

A cultura alemã transformou os estudos jurídicos, com Tobias, os


estudos médicos, com Francisco de Castro, os históricos, com
Capistrano de Abreu e João Ribeiro... Trocando o positivismo pelo
realismo histórico, primeiro a traduzir Ratzel, seguindo as diretivas de
Ranke, abandonou Capistrano o gosto literário da narração, para
mergulhar beneditinamente nas fontes, joeirar a documentação,
reeditar os textos, sem cuja crítica já se não escreveria a formação
brasileira. Com o seu companheiro na biblioteca, Vale Cabral (a quem
se deve a exposição de documentos de 1882),1001 contentou-se com a
revelação dos grandes testemunhos, cartas jesuíticas, Antonil, Cardim,
Frei Vicente, os códices da Inquisição; e achou melhor rever do que
substituir a História de Varnhagen.1002 Rodolfo Garcia, à altura do
mestre, continuou-lhe esta última tarefa.1003 Imbuído da pedagogia
germânica, repudiou João Ribeiro o processo arcaico1004 e saiu, em
1900, com o primeiro manual em que a sistematizarão supera a
cronologia, a nominata, a ênfase... Em 1907 alinhou Capistrano —
navegando essas águas Capítulos da história colonial, em que
acentuava, com o traço satírico, a sábia originalidade.1005 Despreza o
consagrado, desenha sumariamente a geogra a, de ne as linhas do
fenômeno brasileiro desdenhando símbolos, reivindicando valores
esquecidos, sem medo às conclusões céticas, aos preconceitos irônicos
(contra Tiradentes, o bandeirante...). As questões de limites deram
pressa à indagação dessas origens no inventário de manuscritos e
mapas em que se afanou — e afamou — a equipe de Rio Branco.
Mobilizou o centenário de Anchieta, em São Paulo, por inspiração de
Eduardo Prado (patriota inabalável, travestido de sibarita nas suas
aparentes contradições),1006 talvez, diz José Veríssimo, na nossa
literatura o único escritor reacionário1007 — o grupo acadêmico de
advogados do Brasil velho, com o missionário e o bandeirante; a
patrulha dos “400 anos”...1008 E em 1898 o livro lial de Joaquim
Nabuco — em honra do “estadista do império” — reaproximou as
gerações separadas pela ebulição republicana. Punha-se perspectiva na
crítica; retornavam os calmos julgamentos. E os conselheiros e barões
(Rodrigues Alves, Pena, Rio Branco; Rui, aliás, nunca deixou de ser
conselheiro...). Nesta atmosfera de recomposição (e historicismo)
foram inaugurados os monumentos de Osório, Caxias, Maná, Dom
Pedro , em Petrópolis... Desagravou Oliveira Lima (1908) a espessa
gura de Dom João , reviveu Alberto Rangel a de Dom Pedro 
(1914), celebrou o Instituto Histórico o seu primeiro congresso (1914).
Fez época, em 1900, o otimismo de Afonso Celso, Por que me ufano
do meu país. Contribuição às festas do 4º centenário, era, na sua capa
de apologia, reti cação; e protesto. A estrangeirice da moda, que
lavrara parasitariamente na inteligência das elites, não tinha por que se
envergonhar do passado. Ao contrário, sobravam-lhe razões para dele
se desvanecer, no passado, nas realidades, no porvir (e a visão poética
do escritor se espalha pelos potenciais econômicos). Essa consolada
satisfação vinha a tempo, que, do outro lado, os desenganos (e pode
estabelecer-se o paralelo, das decepções públicas e da reação
intelectual, nos vários climas contemporâneos, a começar pela
Espanha de 1898) — inspiraram a literatura amarga, que vai do
pessimismo de Manuel Bon m ao antiufanismo1009 de V. Licínio
Cardoso, ao “retrato”, de Paulo Prado,1010 atravessando o cientí co
realismo de Afrânio Peixoto (Minha terra e minha gente, 1916). Que o
brasileiro é um subnutrido... De um a outro extremo (exaltação e
depressão) não faltou espaço à síntese político-social, ao revisionismo,
à atividade torrencial de Calógeras (formação, minas, diplomacia), de
Basílio de Magalhães (expansão geográ ca, 1915), sobretudo de
Afonso d’Escragnolle Taunay, que Capistrano saudava, em 1931, como
batonier dos historiadores. Deve-se-lhe a minuciosa restauração dos
movimentos sertanistas (11 volumes da História das bandeiras
paulistas), mal conhecidos, ou nublados na indecisão das tradições
recolhidas por Pedro Taques e Frei Gaspar, a maciça História do café
(15 tomos), a da Cidade de São Paulo, a reivindicação da prioridade
aerostática de Bartolomeu Lourenço, a geogra a das bandeiras.
Coligiu Rocha Pombo, em dez volumes, a História do Brasil, tarefa que
o situa entre os admiráveis trabalhadores do seu tempo. A nova
História (haurida dos arquivos) abebera-se nas monogra as de
Studart, Alfredo de Carvalho, Aurélio Porto, Alberto Lamego. Tobias
Monteiro (que em Pesquisas e depoimentos estreara a reportagem
histórica), começou a História do império, rica de inéditos, que parou
na Confederação do Equador; Alberto de Faria renovou, com a de
Mauá, o método das biogra as reparadoras (1926); Alcântara
Machado exaltou “vida e glória do bandeirante”;1011 com as Figuras do
império preparou Batista Pereira o terreno à história sem preconceitos
(panegírico ou ressentimento) do passado regime. Vieram os livros em
que ressaltam qualidades e defeitos de ambos os imperadores,1012 a
resposta da biogra a à indiferença,1013 memórias em que se dilui,1014
miniaturada, a crônica da política e do espírito...
Distinguem-se, historiadores militares, Fernando Osório, Jaceguai,
Tasso Fragoso (com a monogra a sobre a Batalha do Passo do Rosário,
os cinco tomos da História da Guerra do Paraguai), Lucas Boiteux,
Sousa Doca, Gustavo Barroso, Dídio Costa; no Ministério do Exterior
refaz-se a história diplomática, com Hélio Lobo, Araújo Jorge, Lira,
Accioli; especializa-se a econômica, com Simonsen; a administrativa,
com Max Fleiuss, Tavares de Lira, Rodolfo Garcia; a da cultura —
ultrapassada a fase polêmica de Sílvio — com a crítica de Ronald de
Carvalho (1917), o panorama de Afrânio Peixoto, o balanço de
Fernando de Azevedo (gigantesco esforço de síntese), as construções
monográ cas.

Povo despreocupado da tradição, mas inclinado às explosões, dos


cultos temporários, costumamos exagerar, comemorando; em regra
comemoramos por motivo urgente, nos jubileus e nos centenários. O
que se publica tem o patético dos desagraves, na forma insistente das
reparações. Assim em 1900, quarto centenário do Descobrimento, em
que ganhou o Rio a estátua de Cabral (protesto implícito contra o
antilusismo); em 1903 com o do Ceará, em 1908 com o da abertura
dos portos (que aí, não no Ipiranga, começara a independência), em
1922, em 1931; até os centenários da fundação da Bahia, da autonomia
do Paraná, da criação de São Paulo, da restauração de Pernambuco
(1949 a 1954)...1015 Lâmpadas votivas, lá estão, acesas ao longo do país,
as instituições interessadas no honesto retrospecto. Hem só as
academias com a tribuna, a revista, a festa; também museus,
bibliotecas, arquivos,1016 cuja reorganização os integra no vasto
movimento educativo.1017

Deu-lhe ajuda o Estado, que se não desinteressou dos monumentos


históricos, aliás preservados por disposição constitucional.1018

Nenhum dos núcleos da civilização brasileira deixou de ter, com o


cronista, a auréola, poética do livro.1019 Com o material dispersivo
desse amor à terra pequena, base da delidade à terra, maior,
poderíamos compor outra história, que escapa à resumida e geral,
entretanto por ela assimilada, nas interferências cíclicas da vida
municipal nos acontecimentos do país.

No Recife esse movimento regionalista tomou, de 1923 a 30, um


“sentido brasileiro”1020 paralelo, mas independente da luta modernista
do Sul, trabalhando com os novos métodos as camadas aluvionais de
in uências, abusões, costumes e crenças do povo litorâneo.
Encabeçou-o Gilberto Freyre: e basta a sua obra para o incluirmos
como período autônomo, na classi cação das épocas intelectuais do
Brasil. Desdobrou-se literariamente no romance, na poesia, no ensaio,
na sociologia, na investigação, forma transcendente de
descentralização cultural em resposta às anteriores tendências de
desprezo dos valores marginais, condenados ao silêncio e ao
desaparecimento... É o que consideramos a segunda fase do
modernismo.

DIREITO

Floresce o direito com as codi cações (civil, criminal, comercial,


processual), uma azáfama exemplar de método, de disciplina forense,
de atualidade. Não há tradição nesse campo que sobreviva —
praxistas, ordenações, jurisprudência — ao arremesso do progresso.
Não se reeditam os antigos, Teixeira de Freitas, Pimenta Bueno ou
Cândido de Almeida; e porque à cultura escolar falta uma cadeira de
História do direito, em que se revisse o que escreveram Cairu,
Uruguai, Zacarias, desaparecem os clássicos na poeira das estantes.
Vêm os comentadores, alguns tratadistas, raros lósofos, ligados à
ebulição das teorias nas faculdades, duas, até 1891, São Paulo,1021 e o
Recife.1022 Com a reforma de Benjamin Constant, de 8 de janeiro de 91,
o Rio de Janeiro e as capitais dos estados puderam ter as suas
academias: e, no desdobramento da instrução pro ssional se lhes
multiplicaram os quadros.1023 Cada uma (duas na capital federal, e na
Bahia, em Belo Horizonte, depois em Porto Alegre, em Belém, no
Ceará) concentra um movimento local de estudos sistemáticos; impõe
as suas guras representativas.
Autores, os civilistas Lafaiete Rodrigues Pereira (mestre do Direito
das Cousas, do Direito de Família, a sabedoria vazada em língua
primorosa), Clóvis, que doutrinou como ninguém sobre o Código que
lhe saíra das mãos,1024 Carlos de Carvalho, João Luís Alves, Dionísio
Gama, Eduardo Espínola, o douto Lacerda de Almeida...1025 Com onze
tomos do seu Tratado, J. X. Carvalho de Mendonça é comercialista
ímpar.1026 Divulga Moniz Sodré as “três escolas penais”. Lastimou João
Monteiro a “anarquia jurídica”, da descentralização do processo.1027
Pedia-se a volta à unidade, conquista constitucional de 1934.

O direito romano tem os seus didatas, Filinto Bastos, Abelardo Lobo,


Bulhões Carvalho. Analisam a Constituição João Barbalho, Aristides
Milton, Amaro Cavalcanti, Alfredo Varela, Felisbelo Freire, Aurelino
Leal, Pedro Lessa, Carlos Maximiliano; tão freqüentemente lhe
esmiuçou Rui Barbosa letra e espírito, que a coletânea destes
comentários rendeu cinco volumes.1028 O direito público, ensinado por
Viveiros de Castro, a economia por Almeida Nogueira, a teoria do
Estado por Queirós Lima,1029 o direito internacional privado por
Rodrigo Otávio,1030 o das gentes por Sá Viana, Clóvis, Hildebrando
Accioli,1031 o comparado por Cândido de Oliveira,1032 o penal militar
por Esmeraldino Bandeira, a loso a, no positivismo sociológico de
Pedro Lessa,1033 solidi cam a base das recentes construções. A partir de
1930, fertiliza em outras espécies, com o direito do trabalho (Oliveira
Viana, Evaristo de Morais, Cesarino Júnior), o novo estatismo
(Francisco Campos), formas e reformas constitucionais (Levi
Carneiro, João Mangabeira, Araújo Castro, Pontes de Miranda), a
oração contemporânea de textos e manuais.

MEDICINA

Divide-se a história da medicina em duas fases, antes e depois de


Oswaldo Cruz. É como se disséssemos, antes e depois do ensino
prático, em substituição do retórico, de que se queixavam —
criticando-lhe a facúndia — as gerações anteriores à revolução
cientí ca.

Mas páginas irônicas sobre a antiga faculdade (em que Pací co


Pereira, idealizador das policlínicas,1034 Silva Lima, Manuel Vitorino,
Alfredo Brito, foram guras excepcionais) descreve Afrânio Peixoto os
desvios daquela cultura, teórica e francesa.1035 Francisco de Castro
trouxe-lhe os alemães. Está para a medicina como Tobias para o
direito. Discípulo de Torres Homem, e mestre de Nina Rodrigues,
Miguel Couto, Austregésilo, Miguel Pereira, Aloísio de Castro, o seu
Tratado de clínica propedêutica (1896) é também um padrão de
linguagem.1036 Nessas lições ciência e eloqüência se associam
amavelmente. Tem-se a impressão de que Rui (cliente e amigo de
Castro) se versasse os mesmos temas o faria naquele estilo clássico.
Morreu prematuramente (em 1901), este a quem a admiração dos
estudantes — aludindo também à “barba à Cristo” — sagrara como
“divino mestre”. Nove anos depois, o ideal da reforma empolgava a
Academia.1037 O Instituto de Manguinhos — impondo-a — lá estava,
na sua estrutura fabulosa de mesquita marroquina. Deu-se prédio à
velha Faculdade, na Praia Vermelha, em 1917 (diretor, Aloísio de
Castro). A mudança das precárias dependências da Santa Casa para o
bonito edifício equivalia a um arejamento redentor. Formara-se em
torno de Oswaldo Cruz a mentalidade da pesquisa, a serviço das
necessidades públicas. Carlos Chagas (sucessor de Cruz em
Manguinhos, glori cado em 1909 com a descoberta do que
modestamente chamou Tripanosoma Cruzi) comandou depois dele o
movimento. Merece o nome. Reuniu Alcides de Godói, o tisiólogo
Cardoso Fontes, Henrique Aragão, Artur Neiva, Ezequiel Dias, Rocha
Lima, Adolfo Lutz. Inaugurou este, no Instituto Bacteriológico, a
Zoologia Médica,1038 Gaspar Viana cuidou da Patologia Tropical, Pirajá
da Silva (1908) do “schistosomum Mansoni”. Do seu instituto saiu
Vital Brasil (1899) para fundar o de Butantã. O Biológico, de São
Paulo, criado por Henrique da Rocha Lima,1039 o Agronômico, de
Campinas, coroam a série das iniciativas responsáveis pela proteção
sanitária, o cial e e caz. Distanciavam-se do tempo em que Rodolfo
Teó lo (no Ceará) se batia sozinho contra a varíola; em que a pesquisa
siológica se fazia, no Rio, em casa dos irmãos Osório de Almeida
(1915); em que Miguel Couto, príncipe da clínica, começava a associá-
la ao laboratório1040 e Álvaro Alvim era pregoeiro e vítima dos raios x.
Então Juliano Moreira reformava com as teorias de Kraepelin a
Psiquiatria, e, com Henrique Roxo, Afrânio Peixoto rejuvenescia o
velho Hospício;1041 Austregésilo (seguido de Deolindo Couto)
sistematizava a Neurologia; Roquette-Pinto (desde a tese de formatura
em 1906) especializava a Antropologia;1042 atualizava-se a medicina
Legal com Nina Rodrigues e seus discípulos, Oscar Freire, Diógenes
Sampaio, Afrânio Peixoto, em São Paulo Alcântara Machado, Flamínio
Favero; a moderna cirurgia, com Eduardo Chapot-Prévost, Augusto
Brandão Filho, em São Paulo Vieira de Carvalho... Nas campanhas de
saúde pública adquiriu a ciência brasileira fama internacional.
Caracteriza-a — diria Mignel Couto — a amplitude do combate aos
agelos, neste país em que se desmoralizaram as epidemias.1043 Assim a
febre amarela, jugulada por Oswaldo Cruz, cujo último arranco, em
1928, foi dominado por Clementino Fraga, a bubônica, a tuberculose
(com a abreugra a, de Manuel de Abreu, e a difusão do preventivo,
por Arlindo de Assis), a malária, graças aos processos americanos,
extirpável nas zonas rurais (campanha dirigida por Mário Pinotti), o
gambia (ameaça africana trazida pela aviação, que entraria a
Amazônia, não fora o trabalho valoroso de Manuel Ferreira), a doença
de Chagas, a leishmaniose...

Lançavam-se os médicos à ação social.

Gritara em 1891 Moncorvo Filho, que a raça se aniquilava, no


Subsídio ao estudo da mortalidade das crianças. Bendito exagero,
popularizou o socorro à infância, de que seriam apóstolos Fernandes
Figueira, criador da puericultura cientí ca, Olinto de Oliveira,
Martagão Gesteira.

Recebendo, em 1916, Aloísio de Castro, na homenagem que lhe fez a


Faculdade, bradou Miguel Pereira, o Brasil era um vasto hospital.1044
Careciam o impaludado sertanejo, o trabalhador subnutrido das
cidades pobres, de medicina, higiene, educação.1045 Era isto entre a
pregação eufórica de Bilac (às armas!) e o retrato de Jeca (o caipira)
cruamente debuxado por Lobato. Entretanto esse brasileiro existia,
como um complicado caso de raças entrecruzadas refutando os
preconceitos da antropologia clássica: plasmado pelo meio físico na
sua esconsa rijeza, resistente, apesar de tudo (sentenciara Euclides) um
forte... Preocupara-se o século  com o selvagem, de Gonçalves Dias,
Magalhães, Alencar, as suas línguas, o seu fabulário. Presidira o
imperador a esses estudos: pois o caboclo da poesia continuava a ser a
imagem lírica da nação, a despeito da distância, ou por isto mesmo.
Nina Rodrigues “descobrira” o negro.1046 Coligam-,se, para examiná-lo,
a Etnogra a e a Criminologia. Estabelece-se a tese da solidez do tipo,
moldado na mistura das etnias conciliadas. Explica-se o homem na
sua moldura, pelas contingências ambientes, pela herança, pelas
deformações revistas em fácil diagnose. Percebe-se por que, em 1897,
concluiu Afrânio Peixoto a tese de formatura com uma página
vingativa, sobre Canudos.1047 Da compreensão otimista do “melting
pot”1048 ressalta, enérgica, a idéia brasileira, de que, ao contrário das
cediças teorias, não era a qualidade humana o dé cit da civilização:
mas o atraso do Estado em assisti-la. O povo serve. Fizera até demais,
nas condições pretéritas da sua formação, da formação heróica do país.
Pedia que o ajudassem, que o esclarecessem, que o orientassem!

CIÊNCIAS NATURAIS

Não descontinuou — à sombra de instituições providenciais — o


progresso das ciências da natureza cuja especi cação brasileira o
império legou à república: com a zoologia de Goeldi (fundador do
museu paraense), Adolfo Lutz, Hermann von Ihering (no Museu
Paulista), Antônio Correia de Lacerda, Alípio de Miranda Ribeiro,
Roquette-Pinto (na reorganização do velho Museu Nacional), Rodolfo
von Ihering (autor do primeiro Dicionário da Fauna), Vital Brasil e
Afrânio do Amaral no Butantã, Cândido de Melo Leitão, Olivério
Pinto, para não citar senão alguns; a botânica de Barbosa Rodrigues,
Saldanha da Gama, Álvaro da Silveira, Loefgren, Höhne (fundador do
Instituto de Botânica de São Paulo), Pacheco Leão, Alberto José de
Sampaio; a geologia, em que a Hartt sucederam Derby e Branner,
enquanto a Escola de Minas (1876) dava à especialidade Gonzaga de
Campos, Eusébio Paulo de Oliveira, Pandiá Calógeras, Pires do Rio...

MARCHA DAS IDÉIAS

A “Escola do Recife” informara o pensamento político com o


naturalismo cientí co (Clóvis Beviláqua,1049 Artur Orlando,1050 Sílvio
Romero, Martins Júnior, Aníbal Falcão, Laurindo Leão, Fausto
Cardoso, Leovigildo Filgueiras, Estelita Tapajós, Almáquio Dinis,1051
Virgílio de Lemos)1052 em divergência com o idealismo tachado de
bacharelesco e trivial. Encorpado com o Boletim (1896) a religião e a
pureza republicana,1053 continuava o positivismo a preconizar a
organização inteiriça — de que deu o Rio Grande o modelo
incompleto.

“A Constituição do Brasil deve ser, antes de tudo, brasileira, que não


há tipo algum concretizado ou ideal, para as instituições que nos
convêm”, objetou Assis Brasil, de nindo o “Governo Presidencial”
(1896). Na “Democracia Representativa” (1893) apostolizara a
regeneração pelo voto.1054 Da mesma província, onde a defesa do
parlamentarismo armara os seus paladinos (Silveira Martins), saíra a
palavra ortodoxa, sobre a verdade presidencialista. Justi cou Euclides
da Cunha com o clima e o solo (ecologicamente) os sertões em revolta;
e a essa visão de miséria, engastada em barbárie, acudiu — noutra
esfera de análise — Alberto Torres,1055 que “os vícios da nossa retórica
não nos deixaram ver as realidades”.1056

Eduardo Prado (com a primazia da crítica aos bacharéis) comparou o


povo com o grupo sertanejo alheio à cena, que, sem malícia, Pedro
Américo pôs na sua tela do Ipiranga, à margem do... grito.1057 Volveu
Sílvio Romero a atacar “politicões e literatos”,1058 o biombo de
estrangeirice que escondia das capitais frívolas a verdade nacional...
Teuto‐sergipana, essa loso a, ironizou Laet; contra a
galo‐ uminense, replicou Sílvio... Tudo exótico! Entre uns e outros, o
desacordo consistiria em planos de análise: partindo das ciências
biossociais queria Sílvio provar, na incultura, a coexistência de estados
inferiores; Alberto Torres de niu: “O grande problema nosso era
unicamente a organização”. O Príncipe Dom Luís de Orléans e
Bragança — que deve ser citado entre os pensadores do período —
notou argutamente: “O principal erro da monarquia foi preferir, para
rmar nisto a autoridade, as idéias abstratas aos fundamentos naturais
que os ensinamentos do passado lhe pudessem indicar”.1059 O realismo
(contra o idealismo e a problemática) fez escola com Oliveira Viana,1060
cujo ensaio de 1920 — Introdução ao Livro do Recenseamento —
reinaugura os estudos sociológicos. Esboçando a evolução do povo,
exagerou por certo, dissentindo do mestre, a in uência racial;1061
investiu (1924) contra o idealismo, estribilho reformista, de base, não
de forma;1062 equacionou os problemas da política objetiva.1063 Rompeu
caminho a dialética proletarista com “a solução, mais em voga naquele
tempo, do, então chamado socialismo possibilista, gênero Benoit
Malon”,1064 diz Evaristo de Morais. Podia juntar aos nomes conhecidos
o de Euclides da Cunha, no seu período de São José do Rio Pardo, a
saudar o século com graves meditações socialistas. À margem, embora
no rumo da “questão social”, Graça Aranha, Ronald de Carvalho,
Gilberto Amado, Jackson de Figueiredo, Azevedo Amaral, Licínio
Cardoso, Batista Pereira, Monteiro Lobato, abalaram o velho muro da
república positivista e americana, “muro de lamentações” da loso a
inconciliável com a rotina e a conformidade. Aí coragem de pensar é
projeto de ação; ou — literariamente — movimento.

No da semana de arte moderna entronca — como na sua origem


estética — o que derrocou a “República Velha”.

A arregimentação das oposições arrebatou em 1921, em 1926, em


1928, a bandeira aos intelectuais.

Partidos de idéias, em vez de partidos de situação ou do


personalismo oligárquico, clamaram, reclamaram os políticos
predispostos à revolução “esperada”.
Implantou-se no país o revolucionismo (cuja fase frenética fora a
transição da autoridade rme, de Epitácio, para a dura repressão, de
Bernardes) como um ideal de ordem, aberto às propostas de
reabilitação política, no frondoso desencontro das opiniões
descontentes, a agressão liberal ao Estado de fato.

Há nisso o fundo messiânico de todos os períodos em que, no Brasil,


ressurgiu o revolucionismo imanente: no Primeiro Reinado, a
república losó ca; na Regência, a federação democrática; no Segundo
Reinado, a liberdade, em con ito com a tradição; na república dos
marechais, esse liberalismo agravado, contra a centralização, as armas
e a ira jacobina; por m, na república dos conselheiros, a ortodoxia do
regime contra a sua corrupção burocrática, e isto no ardor dos
comícios, pela Rua do Ouvidor, ou naquele estuário fremente da
retórica republicana, que era o Largo de São Francisco, ao pé da
estátua romântica de José Bonifácio...

Sistema de doutrinas, arrumação de idéias, princípios comumente


aceitos, eram soluções estranhas à versatilidade desse debate.
Requeriam ambiente e época. Viriam depois; se viessem...

FARIAS BRITO

A reação espiritual veio do Ceará — terra de misticismo e austeridade


— com Farias Brito. Cansava-se a inteligência moça da insipidez do
monismo, do evolucionismo, do haeckelismo sociológico, caros a
Tobias, e dos autores correntes, Buchner, Nordau, Spencer,1065 Le
Dantec... Que acontecia alhures? Unamuno descobrira Kierkegaard;
nacionalistas e socialistas batiam-se em Paris; “la faillite de la science”,
dissera Brunetière (1896), quase em resposta a Renan; aparecem
Barrès, Daudet... O pensador cearense teve a originalidade de losofar
entre polemistas. Destacou-se pelo imprevisto da linguagem.
Interrogava “segredos da consciência”;1066 opunha a ordem moral à
“incerteza e fragilidade” da vida; trabalhava numa loso a da
esperança...1067 A nalidade do mundo (1894) era manifesto, virtuoso e
erudito, reacionário; na Base física do espírito (1912), com o Mundo
interior (1914), se rebelava, mais perto de Bergson e William James,
contra a “anarquia a que se acha reduzido o mundo moderno”.

Essa transcendência andava na cruzada do Pe. Júlio Maria, a


missionar pelas províncias e pelas academias (1902); prendia-se à
reivindicação paulista da origem apostólica1068 (1896); regozijava-se da
oração católica de Rui Barbosa no Colégio Anchieta (1903); ia armar o
ativismo de Jackson de Figueiredo (já na época de Bloy e Péguy,
Psichari e Maurras). “Catolicizar o Brasil”.1069 Jackson voltava a Pascal;
e retirando Farias Brito (com Rocha Pombo e Nestor Vítor) da
misantropia ressentida, jogou-o na arena.1070 Chamou-lhe (1918), à
doutrina modesta, “pro ssão de fé espiritualista”.1071 Prevenira Pedro
Lessa, contra o “regresso a uma vã supremacia do espiritualismo”.1072
Para o Pe. Leonel Franca (cuja História da loso a é também de 1918)
era “ideal de restauração católica”;1073 e na Crise do mundo moderno a
expôs panoramicamente.

Seria inútil “diante do estado social do Brasil”,1074 meditava em 1916


Gilberto Amado, que, em 1922, falou da transição da fase caótica à
organizada,1075 do empirismo ao sistema. Estava-se na época ruísta do
liberalismo jurídico, em que reluzia a promessa de representação e
justiça de Assis Brasil,1076 programa estereotipado e sumário, das
revoltas cívico-militares (essencialmente políticas) de 1922–24.1077

O PROBLEMA SOCIAL

O historicismo de Euclides da Cunha, de Calógeras,1078 A política geral


do Brasil, de José Maria dos Santos,1079 tiveram o propósito de ilustrar
a realidade com o passado, distorcendo-a numa lição em quadros
periódicos, às vezes pungente... Tropeçara Rui em 1919 (marco miliar
nessa progressão de inconformidades) com a questão social, que, sem
demagogia, incluiu na sua pregação revisionista.1080 Incluiu-se ele
próprio na corrente do socialismo cristão do Cardeal Mercier. Contou-
nos Evaristo de Morais que lhe forneceu os autores recentes, para
versar com atualidade a mudança de rumo, e não o desenvolvimento
de seus estudos liberais. A questão (a orada na eloqüência de outrora
por Tavares Bastos, Nabuco) fora com diferentes argumentos refutada
e posta de lado neste país mal povoado e imenso. “Não há no Brasil
questão social, no sentido que a esta expressão se dá na Europa”,
escreveu Assis Brasil.1081 Atribuiu-se mais tarde (a vésperas da
revolução de 1930) uma frase temerária ao governo que a não
considerava... “Era uma questão de polícia”.1082 Mas o após‐guerra, de
1919, a apresentou a todos os povos, como o problema do dia. Os
sociais-democratas substituíram-se aos liberais;1083 alastrou
(conseqüente à vitoriosa revolução russa, de 1917), a euforia marxista;
a reação tomou formas conciliatórias, para não cair no extremo
contrário, ao elaborar-se a solução fascista (1920)... Sobrevieram,
explosivos, os ismos desse atribulado tempo: comunismo, fascismo,
liberalismo; voltaram os mitos, entre estes, o das ditaduras salvadoras,
do revolucionismo técnico e necessário; surgiram os novos. Por aqui,
neopositivistas,1084 neotomistas,1085 neodemocratas, neo-republicanos,
como Nilo Peçanha (republicanizar a república, seu lema de 1921),
cuja rebelião, enraizada nos sucessos de julho de 1922, produziu, oito
anos depois, a República Nova.

PESQUISA

Antes das Faculdades de Filoso a (1935) e do Conselho Nacional de


Pesquisas (1952) não se pode falar no país de um movimento
coordenado e universitário de investigação cientí ca. Temos de anotar
as conquistas nesse terreno obtidas por sábios e instituições isoladas (é
o caso de Manguinhos para as ciências biológicas, da Escola
Politécnica para as ciências físicas,1086 do Museu Nacional para as
naturais, do Departamento da Produção Mineral, do Ministério da
Agricultura), sem que tivesse o descoordenado progresso da pesquisa
um centro de propulsão. A disciplina nesta matéria devia ser
sobretudo a dos programas desenvolvidos — graças à sistemática dos
cursos de formação e alta especialidade — naquelas faculdades
recentes, abertas ao ensino com a oportuna ajuda de professores de
renome internacional, assim em São Paulo como no Rio de Janeiro. O
Conselho Nacional de Pesquisas revitalizou, com a sua orientação, os
planos de trabalho que reclamam o amparo do poder público (sobre
todos, os referentes à física nuclear); e graças a tal impulso os institutos
tecnológicos e as universidades cuidam de acompanhar o surto
mundial das ciências aplicadas à transformação industrial e às novas
necessidades da vida. Este é o capítulo mais novo da cultura brasileira:
responde, corresponde ao desa o do tempo.

ENGENHEIROS

A engenharia brasileira formou-se na Escola Politécnica (1874) com


Frontin, o homem da “água em seis dias” (1888), Vieira Souto.
Francisco e Honório Bicalho (que indicara a solução para o problema
da Barra do Rio Grande), Sampaio Correia, José Luís Batista...
Emancipando-se dos mestres estrangeiros com os irmãos Rebouças, o
insigne ferroviário Teixeira Soares, Passos, pai e lho, custou
entretanto a orientar-se — no enciclopedismo peculiar a um país de
poucos pro ssionais — para as especialidades árduas. “Ao tempo em
que Francisco Bicalho se formou, não era possível, por assim dizer, aos
engenheiros brasileiros a escolha de uma especialidade: tinham de
aceitar o emprego que se lhes apresentasse”.1087 Foi o tempo de Teodoro
Sampaio, que, com Alfredo Lisboa, se iniciou na comissão do São
Francisco, de Roberts, o tempo de Aarão Reis (consagrado pelo
planejamento de Belo Horizonte), de Sabóia e Silva, Sousa Bandeira,
Ernesto Otero, de Euclides da Cunha, protótipo de funcionário
incontentável... Destaca-se o pioneirismo de Alfredo Lisboa na
construção de portos (Recife), de Saturnino de Brito no saneamento
das cidades (Santos, a primeira do mundo a conhecer a elevação
elétrica automática),1088 Gonzaga de Campos na sistematização
geológica, Arrojado Lisboa (auxiliado pelos americanos Gradall,
Waring, Ryves) nas obras contra as secas, Emílio Baumgart nas
audácias do cimento armado — que só mais tarde chegaram aos
Estados Unidos,1089 Ari Torres e Fonseca Costa nas pesquisas
tecnológicas, Monlevade nas ferrovias eletri cadas...

Depressivo para a engenharia o período de drástica redução de


despesas que se seguiu à consolidação da república, atravessou ela uma
fase desencorajadora, cujo término foi anunciado por Lauro Müller —
em 1904. À era dos bacharéis devia seguir-se a dos politécnicos. E dos
construtores da civilização atual.

ARQUITETOS

De clássica (missão francesa) à romântica (Segundo Reinado) a


arquitetura se desprendeu da tradição, tornou-se eclética, frondosa,
artística, sem a antiga delidade ao caráter patriarcal e à fria solidez da
casa portuguesa de outrora. A indiferença pelo estilo (na cópia
arbitrária do velho e do novo) produz as “fantasias” grandíloquas de
1880, de 1900, de 1909, desde o gótico inglês da Ilha Fiscal (Adolfo del
Vecchio) ao alegórico do Palácio Monroe (General Sousa Aguiar), ao
muçulmano do Instituto de Manguinhos, ao Teatro Municipal
(redução da Ópera de Paris, de Garnier), à Escola de Belas-Artes
(Adolfo Morales de los Rios), com a sua colunata do Louvre... As
fachadas da Avenida (1904) e a Exposição de 1908 praticamente
esgotaram a capacidade de imitação, desse período de imponência e
ornato, em que se distinguiram Morales de los Rios (Supremo Tribunal
palácio cardinalício), os irmãos Rebecchi, Januzzi, Pereira Passos
Júnior (Exposição e Teatro) em São Paulo, Ramos de Azevedo (Teatro
Municipal, Tribunal de Justiça, Secretarias do Estado). De 1910 a 1920
prevalece o erudito bom gosto de Heitor de Melo, mestre do ofício,
com o Jockey e o Derby, o Conselho Municipal, o Clube de Engenharia
e de Gire (Copacabana Palace, modelo do gênero), Viret e Marmorat
(primeiro prédio de apartamentos do Rio de Janeiro, o edifício Lafont),
paralelo à reação colonialista, isto é, ao protesto luso-brasileiro de
Ricardo Severo e de José Mariano. Por que não o avarandado e
tranqüilo solar setecentista, de azulejos à mostra, largos beirais,
pórtico barroco, igualmente hospitaleiro e nobre? Como a Exposição
de 1908 atraiu as formas parisienses do “pavilhão” e do palácio de
festas, de ferro e estuque, a de 1922 xou o “colonial” enriquecido o
estético, que tinha a vantagem de ser comemorativo. O seu
monumento no Rio é a Escola Normal (dirigia a instrução Fernando
de Azevedo). Arquimedes Memória interpretou-o com dignidade e
amplitude nos vastos prédios da Exposição do Centenário, quando a
moda do “velho português” passou a alternar-se, nos bairros novos,
com os convizinhos estilos mexicano e californiano, em oposição ao
normando, que invadira as ruas recentes de Copacabana (1915), ao
gracioso Luís  (Câmara dos Deputados, arquitetos Memória e
Cuchet), à renascença italiana... O espírito revolucionário de 1930 não
tardou em subverter esses critérios de beleza externa.1090 De 1920 é a
Révue de l’esprit nouveau, de 1922 Vers une architecture, de Le
Corbusier. Entra no Brasil pela mão de Lúcio Costa.1091 Desmoronada
a ordem pacata, com ela soçobrou o estilo em voga.1092 Na direção da
Escola de Belas-Artes, contratou Lúcio Costa professores atuais,
preconizou o contemporâneo, aconselhou o convite a Le Corbusier,
para vir projetar o edifício do Ministério da Educação (pilotis,
terraços-jardins, estrutura independente, fachada livre...). É a época de
Attilio Corrêa Lima (projeto de Goiânia, aeroporto do Rio), de
Antônio Severo, de Nestor Figueiredo, de Oscar Niemeyer,
surpreendente de arrojo no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte, o
arquiteto de Brasília... Evidentemente (como no princípio das eras) o
material sugere a forma. Plasma-se com as possibilidades do
arcabouço metálico e, a partir de 1928 (edifício de A noite, Gusmão &
Dourado) do cimento armado, uma arquitetura de gigantescas
proporções e adaptação dócil aos temas urbanísticos e sociais, de que o
Brasil é hoje um dos núcleos vanguardeiros. Forte impulso no sentido
dessa autonomia de concepção constituiu, em 1945, a fundação
(separando-se da Escola de Belas-Artes) da Faculdade Nacional de
Arquitetura, ajudada, no seu desenvolvimento técnico, pelo surto
estonteante de edi cações do último decênio. Opera-se, por toda
parte, a metamorfose das cidades, ou surgem novas, planejadas
segundo os padrões revolucionários (e funcionais) da atualidade.
Importador de engenheiros e artistas, está o Brasil em condições de
exportá-los (e alguns têm levantado os prêmios em concursos
internacionais da especialidade). No que concerne ao pós-
impressionismo, ao futurismo — tomado vagamente como uma
tendência ao belo absurdo — à ruptura com as convenções
“acadêmicas”, subsistentes no próprio modernismo, aplica-se à
arquitetura a psicologia da arte contemporânea, que a desvincula das
reminiscências limitativas para acomodá-la — dir-se-á — à adivinhada
sociedade do século ...1093

ARTES: PINTORES

Depois dos grandes nomes da Imperial Academia a geração que lhes


sucedeu (impregnada, em Paris, dos estilos coetâneos) oscilou entre a
exatidão clássica e a crua luz tropical, desenho e cor, o artifício da
composição e a verdade da paisagem. Continuam Pedro Américo e
Vítor Meireles (e através deles os mestres românticos) na pintura
histórica de Firmino Monteiro1094 — o mais primoroso —, Aurélio de
Figueiredo (irmão do primeiro), Benedito Calisto, documental e culto,
como Oscar Pereira da Silva. Os retratos de Décio Vilares e Petit, os
murais de Zeferino da Costa (tetos da Candelária), Pedro Peres,
Parreiras, Visconti — que na decoração do Teatro Municipal lembra
Puvis de Chavannes,1095 a nura acadêmica de Henrique Bernardelli,
medalha de bronze da Exposição Universal de 1889, Belmiro de
Almeida, discípulo de Lefebvre, Manuel Madruga e Lucílio de
Albuquerque, marcam o período em que a arte se liberta do
exotismo,1096 banha-se no sol dos pátrios panoramas com João Batista
da Costa e Antônio Parreiras, emancipa-se, à procura da terra
(Almeida Júnior) e dos seus modestos aspectos. É magistral essa
pintura no academismo de Rodolfo Amoedo (outro talento polido nos
ateliers franceses) que assinala a maturidade de expressão em
harmonia com os cânones escolares. Devemos citar ainda José Maria
de Medeiros, Rafael Frederico, Pedro Alexandrino (mestre de
“natureza morta”), Antônio Vale, Luís Christophe, Pinto Bandeira,
Rodolfo Chambelland, impressionista, Malagutti, simbolista, no limiar
da “arte moderna”, Carlos Osvald... Ilustrador, desenhista de história,
paciente intérprete da tradição revivida nas casas, nos móveis, nos
trajos, Wasth Rodrigues.1097
Podemos falar de regiões artísticas (voltando à idéia do “arquipélago
cultural”) menos como escolas (baiana, mineira, pernambucana,
paulista, rio-grandense, paranaense) do que, mais precisamente —
centros autônomos, em que motivos locais e vocações circunscritas
personalizam a pintura descritiva. É o caso da escola baiana (vinda em
1877 com a de belas-artes, fundada por Canizares, o velho Lopes
Rodrigues), com Lopes Rodrigues Júnior, Presciliano Silva, mestre das
sacristias penumbrosas na grande paz dos claustros, Alberto Valença...
Os mineiros (depois de Belmiro, Alberto Delpino, Honório Esteves,
Sousa Viana) têm o gosto da simplicidade rústica, da “roça”; Alfredo
Andersen cria no Paraná (De Bona, Lange de Morretes, Falce) o
paisagismo dos pinhais típicos; anima Weingartner os panoramas
gaúchos; palpita o velho Recife nos desenhos de M. Bandeira, de Luís
Jardim... Multiplicam-se, com os cursos regulares, aquelas colméias de
arte. Fora delas viceja a “arte nova”.

Ligam-se as formas independentes num movimento comum, a que


preside o “espírito moderno” (Graça Aranha). Ao clássico em prosa
corresponde o da tela e o do mármore: contra a frieza acadêmica
investem os abstratos, já na Semana de São Paulo, de 1922, Tarsila do
Amaral, o admirável Di Cavalcanti e, com o seu poder inovador,
Cândido Portinari. A sua fama internacionaliza-se, com os painéis
gurativos e simbólicos, desde os da Pampulha aos do Ministério da
Educação e do Palácio das Nações Unidas, de Nova York (Guerra e
paz). Rompe-se o con ito dos estilos e bifurcam-se as exposições e os
museus, em que a iniciativa particular supre com vantagem o
mecenato o cial. Estão neste caso o de Arte (fundado em 1947 em São
Paulo por Assis Chateaubriand e, em 1953, acolhido no Louvre), a
Bienal de São Paulo (a primeira, de 1943, a segunda, de 1952), o
Museu de Arte Moderna criado no Rio de Janeiro por Niomar Moniz
Sodré, com edifício próprio (1958), topogra camente próximo,
ideologicamente distante das preciosas galerias do Nacional de Belas-
Artes, abertas aos antigos, aos consagrados, aos triunfantes e aos que
vão surgindo, ano após ano, nos “salões” controvertidos e
indispensáveis.
ESCULTORES

A Chaves Pinheiro — aluno de Ferrez — sucederam Rodolfo


Bernardelli e Almeida Reis, autores de alguns dos melhores
monumentos da capital federal. Estudou aquele na Imperial Academia
e, nove anos, em Roma, donde voltou estatuário inexcedível no meio
brasileiro (monumentos de Cabral, Osório, Caxias, Mauá, Ottoni,
Alencar, Teixeira de Freitas...). A obra de Almeida Reis é excelente
(bustos de Camões, Gonçalves Dias, Danton, o Progresso, que
encimava a frontaria da Central do Brasil, o grupo A inveja e o gênio),
tempestuosa e jovem. Reproduz-se a correção de Bernardelli na
escultura severa do seu discípulo dileto Correia Lima (monumento do
Almirante Barroso, de Teixeira Soares, no Rio, Coronel Fernando
Machado, em Florianópolis, o grupo “mater dolorosa”). Autodidata,
fez Eduardo de Sá o do Marechal Floriano. Seguiram-se Modestino
Kanto, mais feliz no de Deodoro (a que não falta ímpeto romântico),
Benevenuto Cozzo, Pinto de Matos, Antônio de Matos (Heróis da
laguna), Moreira Júnior, Leão Veloso (Tamandaré, Pinheiro Machado,
altos-relevos do Ministério da Guerra), João Turim (Semeador, em
Curitiba), Zaco Paraná, Brecheret, com o seu formidável monumento
das bandeiras, em São Paulo...

Torêuticos e imaginários, numerosos na era barroca, são ultimamente


representantes tardios de uma escola extinta. Encerrou-se-lhes o
período com o da talha dourada, das mobílias de orido jacarandá,
dos altares miudamente esculpidos; e se houve mestres dessa lavra no
século  (no Rio, Pádua e Castro, em Campinas, o baiano Vitoriano
dos Anjos, na Bahia, no Recife, em Minas) foi porque as igrejas de
antigo traço ainda requeriam a decoração obsoleta (São Francisco de
Paula, Sacramento, São José, na corte).1098 Concluíram-nas; e
desapareceram.

EDUCAÇÃO

Só há um problema, educar, sustentava em 1927 Miguel Couto. A


Associação Brasileira de Educação é de 1912; de 1929 o inquérito
sobre o “problema universitário”. Con uiu na reforma de 19 de abril de
1931 (do Ministro Francisco Campos, que a antecedeu de
impressionante arrazoado), responsável pela criação do moderno
sentimento escolar no país. Universidade seria (na doutrina dos que a
pediam, em 1929) ensino e pesquisa, força motriz e democracia
orgânica, dinamização otimista da cultura hesitante e estrangeirada...
Disto se falara, sem conseqüências práticas, desde a... Incon dência.1099
Fora um dos pensamentos iterativos do regime imperial. E quando, na
república, se fundou a de Curitiba, por um grupo de professores, em
1912 — teve de fechar, por não haver (esdrúxula razão!) padrão o cial
a que se equiparasse... Previu-o a lei de 1915 (Carlos Maximiliano).
Epitácio Pessoa celebrou o 7 de setembro de 1920 com a criação da
Universidade do Rio de Janeiro, mediante a fusão das três escolas
superiores, medicina, politécnica, direito, na verdade sem vigor
autônomo nem coesão até 1937. Lei desta data (Ministro Gustavo
Capanema) denominou-a “do Brasil”, continuando estaduais as de
Minas (fundada, em 1927, pelo Presidente Antônio Carlos) e de São
Paulo (em 1934, por Armando de Sales Oliveira).1100 Curta, mas
fecunda vida teve a do Distrito Federal (secretário da Educação, Anísio
Teixeira), com as novas disciplinas, impostas pela complexidade
moderna dos estudos. Refratária ao clima, durante o largo tempo em
que debalde as elites a solicitaram, a planta medieval da solene
universidade, com os seus múltiplos institutos e a união de suas
academias, passou a orescer em 1945 (lei de 17 de dezembro) — com
a autonomia que lhe concedeu, na presidência de José Linhares, o
Ministro Leitão da Cunha. Outro idealista da solução universitária,
Ernesto de Sousa Campos, Ministro da Educação do Governo Dutra,
ampliou aquela área, propondo no seu discurso inaugural a fundação
das Universidades da Bahia e do Recife. Lançou em seguida as bases
da Universidade do Paraná... Não terminou o qüinqüênio sem a
federalização das universidades o ciais existentes (exceção da de São
Paulo). Surgiram as do Rio Grande do Sul, do Distrito Federal, do
Ceará, do Pará. O Pe. Leonel Franca (1941) deu corpo à Pontifícia
Universidade Católica, do Rio de Janeiro. Aí temos a exemplo desta as
de São Paulo, de Porto Alegre, da Bahia, de Campinas.
A novidade da instituição — quanto à cultura desinteressada e
concêntrica — estava principalmente no alento dado aos estudos
losó cos com as respectivas faculdades (a primeira, de São Bento, em
São Paulo, de 1908) e à alta indagação, para além dos programas
letivos, nela compreendidos a conjuntura, com a sua problemática, a
antropologia social, a lologia, a biologia, a moderna física, a química,
a história, as questões econômicas e políticas, o recente equipamento
do espírito investigador e atuante. Não é exagerado datar dessa linha
limítrofe, em que para trás cava o douto estudo da língua pelos
egressos do ensino de grau médio, e nada havia entre a fase ginasial e a
pro ssional da formação acadêmica,1101 o encontro da cultura
brasileira com a inquietação universal, nos campos tanto das ciências
da natureza como das do espírito.

CORRENTES MODERNAS

Não é fácil sistematizar (e história é sistematização) o movimento


moderno que, lançado em São Paulo, ao tempo da mais grave agitação
que sacudira o regime, correspondia, instável e intelectual, às angústias
de uma juventude sem paciência nem moderação. É, por sinal, o
conteúdo político do modernismo que lhe dá o caráter agressivamente
nacionalista, liricamente demolidor, simbolicamente indígena, como
fórmulas transitórias (e verbais) de combate às convenções literárias,
cujas subcamadas eram os costumes cívicos, ou anticívicos, do país em
crise de mudança. Com tal força convulsiva se estende de 1922 a 1928,
que é o curto período em que a revolta dos poetas se transforma em
desa o dos prosadores. Abre-se-lhe segunda fase em 1930, na
transição da velha para a nova república, em que passou de moda o
ataque ao tradicional, ultrapassado pela responsabilidade da
substituição (agora que a revolução conquistara o poder) e pelo
regionalismo forte, ressentido, gárrulo ou clamoroso. Renovaram-se os
estudos brasileiros com a necessidade de reconstitucionalizar a nação
(a Escola Livre de Sociologia e Política de São Paulo é de 27 de maio de
1933); embebem-se na universal controvérsia de esquerda e direita
(explosiva em 1935), entroncam-se na Antropologia Social (“Escola do
Recife”, de Gilberto Freyre), projetam-se no ensino e na pesquisa
(Artur Ramos), distorcem-se em crítica sábia.1102 A evolução teria de
dar-se do restrito para o geral, com a universalidade (e a universidade)
em que preponderam as reivindicações do espírito, com os seus
valores insubmissos e permanentes. À fase de reversão ao clássico
podemos chamar, tendo em vista a sua natureza erudita, de
revisionista. Revisão histórica (com o social), geográ ca (com o
ecológico), sociológica (com o antropológico); revisão lingüística
( lológica), cientí ca (experimental), crítica (nacionalista); revisão
en m, na forma de recuperação do tempo malbaratado em análises
desordenadas, à busca do escolar, do disciplinado, do concreto, do
interpretativo e universal. Não deixa de ser curiosa a gradação dos
modos oratórios de propaganda intelectual nos três períodos, do
modernismo (até 1928), do regionalismo e deste que, por falta de
melhor nome, se denomina de neomodernismo. Ho primeiro fazem-se
conferências; no segundo, congressos; no último, cursos e
seminários.1103 Peculiar ao desenvolvimento das instituições de ensino
ou, em especial, da difusão da cultura, o didatismo (viva expressão de
democracia ativa na politização pelo jornal, pela escola, pelo livro, pelo
rádio, pela televisão, pelo cinema, pelo colégio, pelo clube, pela
academia, pelos poderes públicos, por quantos processos educativos
campeiam nesse uido domínio da persuasão e da ilustração das
massas) — vinca com o seu traço utilitário a atualidade.

Nunca se estudou o passado com tão lúcida curiosidade. Caracteriza-


a o sentido da síntese em que o “new criticism”, o método, o
“levantamento” cultural, como propósito temático e programático,
exercem a função instrutiva comprometida com a estruturação moral
da coletividade. Unem-se as heranças do naturalismo, do simbolismo,
do modernismo nas revisões (história e crítica literária) de Sílvio
Romero, Araripe Júnior, José Veríssimo, João Ribeiro, Medeiros e
Albuquerque, Afrânio Peixoto, Ronald de Carvalho, a que se segue a
nova e numerosa geração dos críticos e historiadores da literatura
preocupados com o social e o autêntico, o representativo, o
pedagógico, o brasileiro... Contribuíram para a xação de tipos e
padrões (ou das preferências correntes) em que se re ete a insopitável
inquietação da época. O querelante nacionalismo do período verde-
amarelo emenda-se em bandeirologia, economismo, sociologia da
região e do país. Com o restabelecimento dos padrões institucionais a
teoria política se despojou dos dilemas sectários para balancear as
idéias (esquemas ultrapassados). Emudeceu o debate religioso; e numa
acalmia oportuna perderam a vivacidade polêmica as doutrinas
especulativas e estéticas; ou tendem fatigadamente à convivência e ao
ecletismo da tolerância democrática.

Aí estão, para atestar a conciliação insensível do delirante e do


conservador, as audácias da arquitetura e o abstracionismo da pintura
suavemente acomodados e aceitos na sociedade segura à tradição, e no
Estado que a mantém.

Pelo caminho da liberdade espiritual (dogmática nessa ordem


constituída) apressa-se o tempo novo. Enganar-se-á quem pretender
— num fecho enfático de história — confundir com as linhas rmes
do retrato as utuantes e incertas do mapa cultural. Caíram no
equívoco nalista quantos imaginaram que o seu tempo era
hipoteticamente o da chegada e do julgamento, o esperado tempo que
tinha, como o bacharel de Heidelberg, da sátira de Goethe, a sua alegre
“luz interior”... Referimo-nos a Vico, Hegel, Comte (três idades). O
momento percebido nesse relancear de olhos que é o resumo histórico,
lembra as paisagens que incertamente divisamos das altitudes, com a
falsa imobilidade de tudo o que no mundo é tumulto, força, correnteza
e luta. É uma ilusão de ótica essa xidez de cores, essa quietação
cenográ ca, essa arrumação sólida e lógica da vida uente: mas não
deixa de ser o momento, compreensível e fecundo, do qual já se
deduzem, e escoam, as horas que continuam a bater, os dias e as noites
da nacionalidade. É uma marcha que parece de ontem, e dura quatro
séculos e meio; e acelera-se, e prossegue, e sobe, como a jornada
obscura e consciente de um povo que, por isto mesmo, gosta de evocá-
la — nas páginas verídicas da história.

A recordação une, reforça e ensina.

Este é o caminho longo e áspero percorrido até aqui pela Pátria


Brasileira.
NOTA
Ao nal de sua obra, Pedro Calmon propunha em apêndice a
Constituição dos Estados Unidos do Brasil (a Constituição de 1946).
Nesta edição, seria oportuno acrescentar também a Constituição da
República Federativa do Brasil, de 1988. Entretanto, pareceu-nos
desnecessário deixar esta versão impressa mais volumosa e mais
custosa com dois textos a que o leitor pode hoje ter acesso facilmente,
no site do Planalto, pelos seguintes links:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
BIBLIOGRAFIA
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Casa Pia e Colégio dos órfãos do Irmão Joaquim, ms.

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“Papéis Avulsos”, mss. inéditos.

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1 É a forma como Afrânio Peixoto chamava os lhos da Bahia que cedo se transferiram para
o Rio de Janeiro.

2 A história foi a sua vocação, e o direito, sua realização pro ssional. Se a maioria dos seus
livros é constituída de obras de história, ou de literatura histórica, também, entre a extensa
bibliogra a, encontram-se numerosos e alentados trabalhos sobre Direito, tais como Direito de
propriedade, Reforma Constitucional da Bahia, A Federação e o Brasil, Intervenção Federal, O
desquite, Estado e o direito n’Os Lusíadas, Curso de Direito Constitucional Brasileiro, Curso de
Direito Público, Curso de Teoria Geral do Estado, História das idéias políticas.

3 Fez sua formação escolar no Colégio Antônio Vieira e depois no Ginásio Baiano, ambos
em Salvador-ba.

4 No Conselho Federal de Cultura, quando Gilberto Freyre a rmava não ser católico, cortou
Calmon: “Mas tem todas as virtudes para sê-lo”.

5 Descendente de Francisco Calmon du Pin e Almeida, seu tetravô, ascendente de Miguel


Calmon du Pin e Almeida, Marquês de Abrantes, as raízes paternas de Pedro Calmon Moniz de
Bittencourt remontam à província de Cahors, na França, donde partiu para Portugal Bertrand
Calmon, o primeiro deste sobrenome, cujo lho, já lusitano, João Calmon, chegou à Bahia em
1655. O seu ramo materno, pelo casamento de seu pai, Pedro Calmon Freire de Bittencourt
com Maria Romana Moniz de Aragão Calmon de Bittencourt, sua prima, se prende a Egas
Moniz.

6 Considero importante dar o destaque ao fato de que seus dois outros livros de cção, O
ezouro de Belchior e Malês: a insurreição das senzalas também se enraízam em sua terra
natal. Em sua predominante produção de historiador, do primeiro livro até a publicação
póstuma Introdução e notas ao catálogo genealógico das principais famílias, de Frei Antônio de
Santa Maria Jaboatão, vários de seus outros livros também estão ligados à história de sua
província: A conquista: História das bandeiras baianas, O crime de Antônio Vieira, O Marquês
de Abrantes, História da Casa da Torre, A bala de ouro, História da Literatura Baiana, Castro
Alves: O homem e a obra.

7 Sobrinho homônimo do Marquês de Abrantes, foi engenheiro e político brasileiro,


correligionário de Rui Barbosa, Ministro da Viação e Obras Públicas (1906–1909) e,
posteriormente, Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio (1922–1926).

8 Ao mesmo tempo, para completar seu salário e colaborar com a família em Salvador,
trabalhava à noite, na redação da Gazeta de Notícias.

9 Essa Bahia onde, no espaço de 35 anos, fundaram-se duas academias, a dos Esquecidos
(1725) e a dos Renascidos (1759), nas quais guram, na primeira, poetas menores e maiores,
como Gonçalo Soares da França, satírico e repentista, na linha de Gregório de Matos, João de
Brito e Lima, sisudo e seco, com seus Poema Festivo e Poema Panegírico, memorialistas como
Inácio Barbosa Machado, autor dos Fatos Políticos e Militares, e historiadores como Sebastião
da Rocha Pita, autor da História da América Portuguesa; na segunda, guram o poeta Ferrão
Castello Branco, Pedro Facques, com sua Nobiliarquia Paulistana, Frei Antônio de Santa Maria
Jaboatão, com o Novo Orbe Será co, D. José de Milares, com a História Militar do Brasil, José
Antônio Caldas, com a Notícia Geral da Capitania da Bahia.

10 Estão entre eles: A bala de ouro, Brasil e América, Brasília, Catedral do Brasil, Castro
Alves: O homem e a obra, Compêndio de História da Literatura Brasileira, A conquista, O
crime de Antônio Vieira, Espírito da Sociedade Colonial, O Estado e o Direito n’Os Lusíadas,
Estados Unidos de Leste a Oeste, Figuras de Azulejo, Franklin Dória, Barão de Loreto, Gomes
Carneiro, o General da República, História da Bahia, História da Casa da Torre, História da
Civilização, História da Civilização Brasileira, História da Faculdade Nacional de Direito,
História da Fundação da Bahia, História da Independência do Brasil, História da Literatura
Baiana, História das idéias políticas, História de Pedro ii (5 volumes), História Diplomática do
Brasil, História do Brasil (7 volumes), História do Brasil na Poesia do Povo, História do
Ministério da Justiça, História Social do Brasil (3 volumes), José de Anchieta, o santo do Brasil,
Malês, a insurreição das senzalas, Espírito da Sociedade Imperial.

11 De acordo com Pedro Calmon Filho, também professor da Faculdade de Direito da ufrj,
seu pai sempre quis ser enterrado como professor, que foi o título que ele mais prezou em vida.

12 Segundo consta no livro Pedro Calmon: Vida e glória, organizado por Edivaldo
Boaventura, não há conta do número de estudantes baianos que Pedro Calmon acolheu no Rio
de Janeiro e aos quais forneceu fosse uma palavra de orientação, fosse uma providência junto a
órgãos públicos, fosse, ainda, apoio material.

13 Entre dezenas de condecorações, tinha a Grã-Cruz das Ordens da Santa Sé, de Santiago,
de Cristo, Educação Pública e Infante D. Henrique, de Portugal; de San Martin, da Argentina;
de Boyacá da Colômbia; de Rubén Dario, da Nicarágua; da Espanha, da China Nacionalista, do
México e do Paraguai; Grande O cial do Chile, do Peru, da Alemanha, da Suécia, da Grécia, da
Itália e do Irã; Ordem do Mérito e ordens do Exército, Marinha e Aeronáutica do Brasil; e
comendador da Legião de Honra, da França.

14 Pedro Calmon dizia que era monarquista por teimosia.

15 O sepultamento ocorreu no Cemitério de São João Batista.

16 omas Giulliano é pós-graduado em Literatura Brasileira pela pucrs, pós-graduado em


História e Cultura Afro-brasileira e Indígena pela uninter, graduado em História (licenciatura)
pela pucrs, coordenador do livro Desconstruindo Paulo Freire, autor dos livros Desconstruindo
(ainda mais) Paulo Freire, O so sma do Império e Machado de Assis: escravidão e política,
editor e consultor historiográ co do Clube Rebouças. Historiador agraciado com a Medalha da
Ordem do Mérito do Livro, fornecida pela Biblioteca Nacional — ne.

17 Sílvio Romero e Artur Guimarães, Estudos sociais: O Brasil na primeira década do século
xx. Lisboa: 1911, p. 16.
18 Eduardo Prado, com o pseudônimo de Frederico de S., Fastos da Ditadura Militar no
Brasil, começou a criticar essa concentração. Lisboa: 1890, p. 12.

19 M. A. Azevedo Machado, Histórico da proclamação dos Estados Unidos do Brasil:


Apontamentos e notícias. Rio: 1889, p. 40, 2ª ed.

20 Oliveira Lima, Memórias. Rio: 1937, p. 81.

21 V. Gonzaga Duque, Revoluções brasileiras. Rio: 1905, p. 268.

22 Evaristo de Morais, Da monarquia para a república. Rio: 1936, p. 166. Documento em


Arquivo do Distrito Federal. Rio: 1954, v, p. 349. Completo noticiário em M. E. de Campos
Porto, Apontamentos para a história da república dos Estados Unidos do Brasil. Rio: 1890, pp.
39 e ss.

23 Rocha Pombo, História do Brasil, ed. B. de Águila. Rio, x, p. 264.

24 Lauro Sodré, A proclamação da república. Rio: 1939, p. 72. Disse Rui que, chamado por
Benjamin Constant, no dia 15, para ver Deodoro, já encontrou adotada a forma republicana; e o
ministério foi no dia seguinte apresentado por Quintino, discurso no Clube Militar, 1921,
Discursos e conferências. Rio: 1933, p. 454. Francisco Glicério (dizia em 1944 Altino Arantes,
no discurso que lhe consagrou) fora dos primeiros a convencer o marechal da necessidade de
declarar logo a república. Quintino o precedera: aliás não tinha outra expressão a sua presença,
a cavalo, ao lado dele, no des le das forças que acabavam de derrubar o governo. O Diário de
Notícias (de Rui) esclareceu: “A fria ditadura da espada, após a vitória, transformava-se em
modéstia, sumia-se, nada queria fazer, nada proclamar de de nitivo, nada reservar para si [...].
Foi então preciso que os civis, os jornalistas e os pensadores apontassem às espadas os pontos
que era forçoso continuar a defender; que pegassem nos braços dos generais para obrigá-los a
ter fora da bainha o aço vitorioso”, in M. E. de Campos Porto, Apontamentos para a história da
república, p. 127.

25 Diário de Rebouças: “15 de novembro, 12h. Com Taunay no Senado tentando organizar a
contra-revolução. 2,5. Com Taunay, Dr. Araújo Góis e Rodolfo Dantas, em tentativas de
organizar a contra-revolução”, André Rebouças, Diário e notas autobiográ cas, texto anotado
por Ana Flora e Inácio José Veríssimo. Rio: 1938, pp. 349–350.

26 Rui Barbosa reivindicou a autoria do nome, evocando a fórmula que lançara em discurso
na Bahia, em 1888, Visita à Terra Natal, 1893, Obras, xx, t. i. Rio: 1948, p. 12. De sua lavra, o
decreto nº 1, de 15 de novembro. Repetiu, em 1897: “Fui eu quem primeiro pronunciou o
dilema: República ou anarquia”, Obras. Rio: 1952, xxiv, t. i, p. 61.

27 Carta de Gabriel Piza a Rio Branco, 1911, em Cruz Costa, O positivismo na república,
São Paulo: 1956, p. 174.

28 Amador Florence, in Revista do Instituto Histórico e Geográ co de São Paulo, xxxiii, p.


61; Miranda de Azevedo, Revista do Instituto Histórico e Geográ co de São Paulo, vi, p. 672.

29 Publicado no Correio paulistano, 18 de novembro de 1889, em 1º Centenário do


Conselheiro Antônio Prado, Coletânea. São Paulo: 1946, pp. 17–19. No mesmo sentido
aconselharam Sousa Dantas, Paulino de Sousa, Meira de Vasconcelos, Saraiva... Sobre os demais
acontecimentos do período, Felisbelo Freire, História constitucional da república. Rio: 1894, i,
pp. 362 e ss.

30 Acontecimentos de 17 de novembro, relatados por Antônio Olinto, em Revista do


Arquivo Público Mineiro. Belo Horizonte, 1927, ano xxi, fasc. i, p. 161.

31 Brás do Amaral, História da Bahia do império à república. Bahia: 1923, pp. 331–2. Na
Folhinha do Arcebispado da Bahia para o ano de 1890, Bahia: 1889 (Tip. de J. G. Tourinho), se
tem curiosa reportagem dos acontecimentos (resumiu-os Antônio Osmar Gomes, O
mensageiro da fé, Bahia: dezembro de 1949), em que se diz que Almeida Couto recebeu
telegrama de Deodoro pedindo que continuasse na presidência; que ao meio-dia de 16 houve a
reunião em palácio que terminou com o repúdio da revolução; que se mandou a Deodoro
telegrama rea rmando aguardar o povo baiano “com rmeza e tranqüilidade as deliberações
dos poderes legalmente constituídos”; que se telegrafou para o Jornal do Comércio do Rio
“contra a ditadura militar”, e neste sentido ainda a 16, se pronunciou unanimemente a câmara
municipal... À uma da tarde de 17 o Coronel Buys e Virgílio Damásio proclamaram a adesão à
república em frente ao 16º de infantaria (Forte de São Pedro). Leia-se Antônio Moniz, A Bahia
e os seus governadores na república. Bahia: 1923, pp. 8 e ss.

32 Brás do Amaral, op. cit., p. 334. “O povo assistiu a tudo isto mudo e indiferente...”. “A
república não tinha popularidade”. Do mesmo autor, “Memória histórica da proclamação da
república na Bahia”, in Revista do Instituto Geográ co e Histórico da Bahia. Bahia: 1905, nº 30,
pp. 36–60; Otaviano Muniz Barreto, Conferência. Bahia: 1940, p. 17; Afonso Rui, História
política e administrativa da Cidade do Salvador. Bahia: 1949, p. 614. Manuel Vitorino, em carta
a Rui Barbosa, 28 de novembro de 89, conta que o Coronel Buys “ rmou a república na Bahia e
[...] de acordo comigo, foi ele quem salvou a ordem pública ameaçada pelas declarações do
Comando das Armas”, transcrita por Odival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino Pereira, o
cirurgião e o médico. Rio: 1953, p. 12. Foi este indicado por Quintino e Aristides Lobo, v.
Manifesto político: O Dr. Manuel Vitorino, vice‐presidente da república, à nação. São Paulo:
1898.

33 Sebastião de Vasconcelos Galvão, Dicionário corográ co, histórico e estatístico de


Pernambuco. Rio: 1922, ii, p. 68; Sousa Bandeira, Evocações e outros escritos. Rio: 1920, p. 170.
Quanto ao Maranhão, Jerônimo de Viveiros, Benedito Leite. 1957, p. 20. O 1º governador
nomeado, Dr. Tavares Júnior, foi recebido ao som da Marselhesa, em 17 de dezembro.

34 Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 492.

35 V. Enéas Marques, Generoso Marques. Curitiba: 1941, p. 21.

36 Osvaldo R. Cabral, Santa Catarina. São Paulo: 1937, p. 295.

37 Generoso Ponce Filho, Generoso Ponce, um chefe. Rio: 1952, pp. 61–82.

38 V. manifesto de Castilhos, de 12 de fevereiro de 1890, in Otelo Rosa, Júlio de Castilhos.


Porto Alegre: 1928, p. 285.

39 Em Niterói o conselheiro Carlos Afonso, baldados os esforços para mandar à luta o corpo
policial, entregou o governo ao o cial que em nome de Deodoro se apresentou para comandar
a força, Tenente-coronel Fonseca e Silva. Antônio Figueira de Almeida, História uminense.
Rio: 1930, p. 209. Quintino substituiu-o pelo Dr. Francisco Portela. No Paraná o comandante
das armas Coronel Cardoso Júnior foi substituir o Contra-almirante José Marques Guimarães.
Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 493. O comandante das armas assumiu
o governo das Alagoas para o transferir ao comendador Tibúrcio Valeriano de Araújo. Sendo
porém a província do generalíssimo, a um irmão deste, Pedro Paulino da Fonseca, coube o alto
posto. Craveiro Costa, História das Alagoas. São Paulo: p. 161.

40 Diário o cial, 24 de novembro de 89. V. resposta de Teixeira Mendes a Eduardo Prado, in


Ivan Lins, Benjamin Constant. Rio: 1936, p. 140. Prado, A bandeira nacional, Paris: 1903,
impugnara as asserções do chefe positivista, para estranhar o mau gosto, o lema sectário e os
erros astronômicos. Teixeira Mendes defendeu sisudamente o seu desenho. Mas de fato era
poética a idéia de representar os estados segundo o aspecto do céu na manhã histórica, sem ter
em consideração, como na bandeira norte-americana, a igualdade deles; e o dístico a liava
indiscretamente a determinada corrente militante. Pierre Laffitte, tomara-o como epígrafe para
o Cours Philosophique. Paris: 1859. Em setembro de 92 cogitou o Congresso de suprimi-lo,
porém a reação levantada o desencorajou, Custódio de Melo, O governo provisório, etc. i, pp.
12–4. Permaneceu. Conta M. Paulo Filho, Correio da manhã, Rio, 8 de março de 1953: foi
Manuel Miranda que em 1908 criou a “festa da bandeira”. Em 18 de novembro desse ano grande
comissão, em que guravam Lauro Sodré, Alípio Bandeira, Bilac, apelou para que se
comemorasse condignamente o pavilhão pátrio. Assim se fez, e se faz.

41 O positivismo pôs-se fora da realidade (e do momento) combatendo o ensino militar


regulamentado na respectiva escola (12 de abril de 1890), a própria existência do exército...
Sobre a continuidade dessa atitude (mas de 1897 por diante), leia-se Cruz Costa, O positivismo
na república. São Paulo: 1956. O primeiro período republicano marca, com expressiva rapidez,
o predomínio teórico, a desilusão e a oposição da seita, em face do regime que tanto lhe devia.

42 V. Rocha Pombo, História do Brasil, vol. x, p. 328.

43 Salvador de Mendonça, Situação internacional do Brasil. Rio: 1913, p. 119.

44 Rui Barbosa, relatório do Ministro da Fazenda, 1890: “Mas em um grupo de homens de


educação política e tendências diferentes, sem plano de administração preestabelecido [...]
nenhum laço de solidariedade real podia existir”. Obras completas. Rio: 1949, vol. xviii, t. ii, p.
31.

45 Refere-se Rui ao apelo, que Deodoro atendeu, para não ser enviada ordem telegrá ca de
fuzilamento, a propósito de praças amotinados no Desterro, Finanças e política da república.
Rio: 1892, pp. 376–7. Medeiros e Albuquerque, Minha vida, Rio: 1933, p. 152, alude porém ao
boato de que seriam fuzilados alguns soldados do 2º de artilharia; gostaria de assistir; e
Aristides Lobo, de quem era secretário, lhe recriminou a curiosidade... São fatos conexos. Sobre
a quartelada monarquista do Desterro — pois os soldados des laram com a “bandeira antiga”,
Gustavo Barroso, citando carta do Major Santos Dias, O Cruzeiro. Rio: 19 de janeiro de 1957.

46 O episódio vem explicado nas memórias de Medeiros e Albuquerque, ibid., p. 175. Rui
refutou energicamente em 1919 a balela de que pedira o fuzilamento de Gaspar Martins,
Campanha presidencial. Rio: 1919, p. 20.
47 Rocha Pombo, História do Brasil. Rio–Porto, x, p. 272 (documentos para a história do
primeiro período da república). Publicou as Atas do governo provisório, Dunshee de
Abranches, Rio: 1907.

48 Adquirido por 630 contos em 23 de dezembro de 89, o Itamaraty foi sede do governo até
1897, v. Gustavo Barroso, História do Palácio Itamaraty. Rio: 1956, p. 28.

49 Generalíssimo foi o título que Carlos iv de Espanha deu a seu ministro Godoy (valido e
todo-poderoso) na guerra a Portugal de 1801.

50 V. Max Leclerc, Cartas do Brasil, trad. Sérgio Milliet. São Paulo: 1942, pp. 98–9; Francisco
de S., ou Eduardo Prado, Fastos da ditadura militar no Brasil, pp. 68 e 356.

51 Carta de Capistrano de Abreu a Rio Branco, Correspondência, ed. do Instituto Nacional


do Livro. Rio: 1954, i, p. 127.

52 O conselheiro Manuel Francisco Correia, escrevendo para o Correio paulistano, a 21 de


novembro de 89, pedia a Constituinte que desse ordem ao país. Revista do Instituto Histórico,
1911, vol. lxxiii, ii, p. 27.

53 Esta verdade, vide João Camilo de Oliveira Torres, O positivismo no Brasil, Rio: 1943, pp.
210–2 (mostrando que o positivismo não in uenciou a Constituinte), proclamou-a Rui Barbosa
na conferência de 1893, feita na Bahia em benefício do Asilo de Nossa Senhora de Lourdes de
Feira de Santana, Obras, Rio: 1948, xx, t. i, p. 63: “O decreto de 7 de janeiro, a Constituição de
24 de fevereiro não são conquistas do positivismo. Não!”. Certo é que, a 15 de novembro, como
recorda Medeiros e Albuquerque, Minha vida, p. 147, Teixeira Mendes pedia aos vencedores da
jornada: “Proclamem a ditadura! Proclamem a ditadura!”. Seria a “ditadura positivista, como
fórmula permanente de governo”; e não vingou. Sobre o antipositivismo de Rui, v. Miguel
Reale, in Anais do 1º Congresso Brasileiro de Filoso a. São Paulo: 1950, i, pp. 68–9; e a
in uência positivista, na síntese de Ivan Lins, nos mesmos Anais, i, pp. 197–8. Elucida o
pensamento de Demétrio a réplica de Aníbal Falcão a Alberto Torres, agosto de 89, in Fórmula
da civilização brasileira. Rio: 1934, p. 188.

54 Conferência em benefício das órfãs de Nossa Senhora de Lourdes, Obras, 1893, xx, t. i, p.
65.

55 V. O ideal republicano de Benjamin Constant, publicação comemorativa do 1º centenário


do nascimento do fundador da república. Rio: 1936.

56 Miguel Lemos, prefaciando a tradução de A ditadura republicana, de Jorge Lagarrigue,


1897: “Seja-nos lícito apontar-lhes, como um antecedente profícuo e animador, a Constituição
política que vigora no Rio Grande do Sul”, O ideal republicano de Benjamin Constant, citado, p.
11. No Manifesto à nação de 1923, entretanto, o situacionismo gaúcho replicou: “A sociologia
não é propriedade de seita, e dizer sectária a Constituição de 14 de julho equivale a negar a
universalidade de leis sociais por todo o mundo aceitas”. Rui estigmatizou (1919): “Nesse parto
radical do comtismo [...] esta Constituição está de todo em todo fora da Constituição Federal”,
Campanha residencial, Rio: 1919, p. 156. A Comissão de Justiça da Câmara, pelo voto de João
Luís Alves, em 1907, reconhecera que não a ofendia... Veja-se nota TAL, à p. TAL.
57 R. Magalhães Júnior, Deodoro. São Paulo: 1957, ii, p. 195.

58 Dunshee de Abranches, Atas e atos do governo provisório. Rio: 1907, p. 15. Seriam três os
bancos emissores, um na Bahia atendendo ao Norte, um no Rio para a zona central e o terceiro
no Rio Grande do Sul, com o capital total de 450 mil contos realizado em prestações não
inferiores a 10% convertidas em apólices do Estado inalienáveis. Os juros delas (devidos pela
União) seriam de menos 2,5 a m de serem pagos apenas durante sete anos... Emprestariam os
bancos à lavoura a juros não superiores a 6% e comissão de 0,5%, concorrendo o governo com
as importâncias deles recebidas a título da redução dos juros das apólices (2,5%).

59 Relatório do Ministro da Fazenda, in Rui Barbosa, Obras completas, xviii, t. ii, p. 132. O
primo de Rui, Ferreira Jacobina, em carta íntima, de 29 de janeiro de 1890, mostrava a
temeridade “do seu passo sobre os bancos”, que ia produzir crise grave no governo, Rui Barbosa,
mocidade e exílio, cartas (coligidas por Américo Lacombe), São Paulo, p. 156. Seria... “uma
transformação do Brasil em sociedade anônima”, criticou Max Leclerc, Cartas do Brasil, trad. S.
Milliet, p. 111. Foi atacando o decreto de 17 de janeiro que a imprensa, a Gazeta de Notícias à
frente, iniciou o combate político, abafado nos primeiros dias da ditadura. Deodoro teria dito:
“Não entendo nada dessas questões de política e nanças e preciso instruir-me com a leitura
dos jornais. Deixai-os que falem”, Max Leclerc, ibid., p. 127. Leia-se em justi cativa de Rui a
síntese de Humberto Bastos, A economia brasileira e o mundo moderno. São Paulo: 1948, p.
168.

60 V. Atas e atos do governo provisório, pp. 93 e 94, em que Rui defendeu o decreto de 17 de
janeiro. Deodoro havia de aplaudir trechos como este: “Pois quê?! Ele, orador, Ministro da
República, poderia ver coroar a obra do Visconde de Ouro Preto, concedendo o curso forçado
que sempre combateu?”.

61 Rui incompatibilizou-se de vez com o Ministro da Agricultura, Demétrio, na reunião de


30 de janeiro, cf. Atas e atos, p. 99.

62 Moreno Brandão, Aristides Lobo. Rio: 1938, p. 88.

63 Os antecedentes da Questão de missões estão esclarecidos pelas Memórias, de Vicente G.


Quesada, que, em 1884, fez as aberturas com o governo imperial de que resultou o plano de
divisão por mútuo acordo do território em litígio e arbitramento posterior quanto às
indenizações subseqüentes à partilha, Mis memorias diplomáticas, Buenos Aires: 1907, p. 312.
Não se tratava de dividir ao meio, porém segundo “una línea divisoria conveniente sometida a
la aprobación de ambos gobiernos”. A diplomacia imperial negociou em Buenos Aires o tratado
de 7 de setembro de 1889, ali assinado (a idéia do governo argentino era a divisão sem
arbitragem, como o General Roca recomendara ao plenipotenciário Quesada, op. cit., p. 307) e
con rmado no Rio de Janeiro por ato de 4 de novembro, ou seja, onze dias antes da queda da
monarquia. O gabinete de Ouro Preto se ufanou deste desfecho, Afonso Celso, O Visconde de
Ouro Preto, Porto Alegre, p. 56. O con ito transformava-se num processo arbitral a ser
dirimido pelo presidente dos Estados Unidos. O imperador, revela Quesada, mostrou-se
contente com isto. A solução entrava na ordem americanista da diplomacia brasileira
(simbolizada pela adesão do império à Primeira Conferência Pan-Americana, em Washington,
para a qual foram credenciados o Conselheiro Lafayette e Salvador de Mendonça). É imaginar a
surpresa que representou a nova orientação do governo da república desfazendo o pactuado,
para propor que se convertesse no corte amigável da região contestada em partes iguais... Ao
erro político (que era rever o acordo consumado) se somava o jurídico (de antepor ao
arbitramento de nitivo o entendimento direto já superado, de fato problemático). O que em
1884 fora possível, em 1890 era inaceitável. Eduardo Prado (Frederico de S.), Fastos da ditadura
militar no Brasil, pp. 124–5, citou trechos da imprensa argentina, ressaltando o extraordinário,
o inesperado daquilo... Rio Branco acentua que a instâncias do ministro argentino no Rio
acedeu o governo provisório, donde o tratado de Montevidéu, que causou no Brasil “o mais
profundo sentimento de dor...”, Exposição de Motivos submetida ao Presidente Cleveland, 1894,
Obras do Barão do Rio Branco. Rio: ed. do Ministério das Relações Exteriores, 1945, i, p. 237. O
tratado cou secreto até a devida apreciação pelo Parlamento, Quintino Bocaiúva, Relatório
apresentado ao Generalíssimo. Rio: 1891, p. 35.

64 “Nem mesmo contra o clero me animavam prevenções inimigas”, Rui Barbosa, discurso
de 1895, “Visita à Terra Natal”, Obras. Rio: 1944, xx, t. i, pp. 49 e ss.

65 Carta manuscrita de Dom Antônio, arq. da Casa de Rui Barbosa. Separação sem
hostilidade. Indignar-se-ia porém o episcopado contra a “laicidade” da Constituição Federal,
motivo de queixa permanente, como em 1900 a rmou em pastoral comemorativa do
Centenário do Descobrimento.

66 Discurso de Rui, Senado Federal, 20 de novembro de 1912, comentado por Teixeira


Mendes, Ainda a verdade histórica acerca da instituição da liberdade espiritual no Brasil. V.
também Cruz Costa, O positivismo na república. São Paulo: 1956, p. 130. Rui, na oração que fez
no Senado a 6 de novembro de 97 — necrológio do Marechal Bittencourt —, invocou este
sentimento: “Outro não foi o daqueles que, como eu, zeram essa reforma...”. O bispo do Pará
pedira-lhe: “Não seja a França de Gambetta o modelo do Brasil, mas a União Americana”, Luís
Viana Filho, A vida de Rui Barbosa. Rio: 1949, p. 212.

67 Decretos de 19 de novembro de 89 (sufrágio universal), 14 de dezembro (naturalização


dos estrangeiros), 24 de janeiro de 90 (casamento civil), 26 de junho (proibindo a anterioridade
do casamento religioso), 7 de janeiro (impedindo a intervenção da autoridade em matéria
religiosa). Caiu na Constituinte a disposição que dava precedência ao casamento civil, e ainda
em 97 um radical, Álvaro Reis, apelava neste sentido para o Congresso, O casamento religioso.
Rio: 1897, p. 10.

68 Decretos de 21 de dezembro de 89, convocatório da Constituinte republicana, de 8 de


fevereiro de 90 (regulamento eleitoral), de 20 de novembro de 89 ( xando as atribuições dos
governadores dos estados, aliás de livre nomeação do governo provisório), v. Constituição da
república dos ee.uu. do Brasil, acompanhada das leis orgânicas. Rio: Imprensa Nacional, 1891.
Quanto às leis civis, deviam ser dos estados, decidira Campos Sales, dissolvendo a comissão
elaboradora do Código Civil, M. E. de Campos Porto, op. cit., p. 156.

69 Dec. 996-a, de 7 de novembro de 1890, referendado por Rui Barbosa. Retomava o o a


várias iniciativas neste sentido, como a de Manuel Alves Branco, 1845, Ruben Rosa, As contas
do Brasil. Rio: 1943, p. 33. Mas o Tribunal de Contas não gurou no projeto de Constituição do
governo provisório. Surgiu na Constituição de 1891 como “emenda aditiva” da comissão dos 21.
Foi instalado em 16 de janeiro de 93, sob a presidência do antigo Senador Manuel Francisco
Correia, sendo Ministro da Fazenda Inocêncio Serzedelo Correia, R. Rosa, ibid., pp. 105 e ss.
70 Visconde de Taunay, O encilhamento. Rio: 1893, 1ª ed.; São Paulo: 1923, 2ª ed. O
vocábulo deriva das apostas de hipódromo, que se faziam no lugar do... encilhamento dos
cavalos. Era o jogo elegante e febril da moda.

71 Almirante Custódio José de Melo, O governo provisório e a Revolução de 1893. São


Paulo: 1938, i, p. 31. “A importância das primeiras entradas que faziam os possuidores de ações
dessas fantásticas empresas era imediatamente distribuída entre os incorporadores, a título de
direito de incorporação, aos advogados administrativos e aos concessionários”.

72 V. Visconde de Taunay, Império e república. São Paulo: 1933, p. 106.

73 V. Visconde de Ouro Preto, O advento da ditadura militar no Brasil. Paris: 1891, pp. 4–5.

74 Visconde de Taunay, Dom Pedro ii. São Paulo: 1933, pp. 103–4, publicação na Gazeta de
Notícias, 8 de agosto de 1890. Que os republicanos faziam bem em repelir “qualquer conchavo”
com “os políticos do passado regime”.

75 Parlamentarismo e presidencialismo no Brasil. Rio: 1913.

76 Carlos de Laet, O frade estrangeiro e outros escritos. Rio: 1954, p. 158 (artigo de 9 de
julho de 1926).

77 V. João Dornas Filho, Silva Jardim. São Paulo: 1936, p. 163.

78 A comissão dos 5 compôs-se de Saldanha Marinho, Américo Brasiliense, Santos


Werneck, Rangel Pestana e Magalhães Castro. Os três projetos que produziu foram uni cados
no texto que Rui Barbosa, relator do governo, em reuniões diárias na sua casa (entrevista ao
Comércio de São Paulo, 1903, também in Revista do Instituto Histórico e Geográ co Brasileiro,
lxxiii, p. 11) refundiu, em harmonia com os colegas, lendo depois para Deodoro o trabalho
refeito. Felisbelo Freire, História constitucional da república dos Estados Unidos do Brasil, Rio:
1904, divulga em colunas paralelas esses projetos (negando a Rui a “autoria”). Tavares de Lira,
Organização política e administrativa do Brasil, São Paulo: 1941, pp. 140–240, estabelece o
cotejo dos três documentos (comissão dos cinco, governo e Constituição de 1891). Melhor
impressão da parte que cabe a Rui nessa ilustre tarefa nos dá o volume xvii de suas Obras
completas (edição da Casa de Rui Barbosa, Rio: 1946, com prefácio em que lhe analisamos a
contribuição indiscutível).

79 Palavras de Rui Barbosa: “Autor da Constituição republicana”, O habeas‐corpus. Bahia:


1892, p. 25. “Pro ssional que o concebeu”, O artigo 6º da Constituição e a intervenção de 1920
na Bahia. Rio: 1920, p. 15. “Quando em 1890 [...] organizava a Constituição atual”, Discurso do
Jubileu, 1918.

80 Visconde de Taunay, artigo de 6 de outubro de 1893, O grande imperador. São Paulo:


1932, p. 80.

81 João Barbalho, Constituição Federal Brasileira: Comentários. Rio: 1924, p. 6, 2ª ed.

82 Artigo 17 do Regimento da Constituinte. Consagrava o artigo do projeto do governo


provisório cristalizado no 90, §4º da Const. de 91.
83 V. Aurelino Leal, História constitucional do Brasil. Rio: 1915, p. 223.

84 Machado de Assis, A Semana (crônica de 27 de janeiro de 1894). São Paulo: Ed. Jackson,
1938, ii, p. 301.

85 Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1929, p. 90, 3ª ed.,


cataloga as modi cações introduzidas no projeto. Sobre a ação castilhista, Vítor Russomano,
História constitucional do Rio Grande do Sul. Pelotas: 1932, p. 215.

86 V. Verdades históricas. Niterói: 1902, p. 22 (o episcopado ao clero e aos éis, de janeiro de


1900).

87 A. Koulicher, in Archives de Philosophie du Droit. Paris: 1932, pp. 480–529, nº 3–4.

88 Rui Barbosa, Oswaldo Cruz. Rio: 1917, p. 5.

89 Amaro Cavalcanti, cf. Anais da Constituinte, i, p. 160: era o “texto da Constituição norte-
americana completado com algumas disposições das Constituições suíça e argentina”.

90 Rui Barbosa pediu nove vezes exoneração..., Fernando Néri, Rui Barbosa. Rio: 1932, pp.
62–3. Vice-chefe do Estado, chegou a sua oportunidade de pedir a Deodoro que não se
demitisse, em 6 de maio de 1890, Rui, Finanças e política, p. 388.

91 Altino Arantes, Francisco Glicério (discurso, 1942, p. 10), cita um trecho de carta íntima
que proclama a grande probidade de Glicério, ferido então pelas calúnias da imprensa
antagonista... Narrou-lhe um amigo de Rui que ao falecer Glicério, em 1917, foi ele ao Senado
disposto a fazer-lhe o elogio, dizendo: “Mostrarei à nação quem foi Glicério”; e aludia à sua
resistência a tudo o que parecesse menos honrado. Rui não falou, por ter Azeredo designado
previamente outro orador.

92 Neto Campelo, Barão de Lucena — Escorço biográ co. Recife: 1914, p. 105.

93 Visconde de Taunay, Império e república. São Paulo: 1933, p. 20. Um dos leaders
antideodoristas era Aníbal Falcão que (escreveu a Patrocínio), estava certo de vencer... V. Luís
Aníbal Falcão, pref. à Fórmula de civilização brasileira, de Aníbal Falcão. Rio: 1934, p. 58.

94 Campos Sales, Da propaganda à presidência. São Paulo: 1908, p. 74.

95 V. a queixa do Barão de Lucena a Cesário Alvim, Tobias Monteiro, Pesquisas e


depoimentos. Rio: 1913, p. 334. Disse Lucena que enquanto a mesa da Assembléia ia em
comissão receber o vice-presidente, cara Deodoro sozinho... É curioso que, consultado este
pelo irmão Pedro Paulino sobre o nome do candidato à vice-presidência (em 6 de fevereiro),
respondeu signi cativamente: “Não tenho nem devo ter candidato a coisa alguma no
Congresso: eleja ele à sua livre vontade, o presidente e o vice-presidente da república” (fac-
símile publicado por Leôncio Correia, A verdade histórica sobre o 15 de novembro. Rio: 1939).

96 Machado de Assis, A Semana, iii, pp. 42–3, crônica de 17 de novembro de 95.

97 Carta de Petrópolis, 23 de abril de 1891, Martim Francisco, “Revivendo”, in Revista do


Instituto Histórico de São Paulo. São Paulo: 1936, xxxi, pp. 409–410.
98 João Sampaio, in Prudente de Morais: O primeiro centenário. São Paulo: 1942, p. 204.

99 Anais da Assembléia Constituinte do Estado Federado da Bahia, 27 de junho de 1891.


Bahia: 1895, iii, p. 107.

100 Gastão Pereira da Silva, Xavier da Silveira e a república de 89. Rio: 1941, p. 169.

101 Pontos originais da Constituição rio-grandense de 1891: artigo 9, permitia a eleição


inde nida do presidente do Estado (por três quartas partes do eleitorado); artigo 10, escolhia
ele livremente o vice-presidente, seu substituto no caso de impedimento, renúncia ou morte;
cava habilitado a recrutar para a força pública, mediante sorteio ou engajamento (nº 10 do
artigo 20); os projetos legislativos seriam submetidos ao parecer das municipalidades (artigo
32) dependendo do presidente a sua modi cação de acordo com essas emendas e observações;
escapavam à atribuição da Assembléia as medidas de natureza administrativa, que seriam de
competência do Executivo; o mandato Legislativo poderia ser cassado por maioria de
eleitores..., v. Vítor Russomano, História constitucional do Rio Grande do Sul, pp. 262 e ss.; Fay
de Azevedo, Democracia e Parlamentarismo. Porto Alegre: 1934, p. 162. Em 1906, o Deputado
Antenor Maciel propôs à câmara uma indicação, que declarasse inexistente a Constituição
castilhista. A comissão respectiva, pelo parecer de João Luís Alves, achou-a concordante com a
forma republicana; e arquivou a Indicação, João Luís Alves, Trabalhos parlamentares. Rio: 1923,
pp. 7–12.

102 Capistrano de Abreu, Ensaios e estudos. Rio: 1938, 3ª série, pp. 143–4, (artigo in A
Notícia, de 1o de janeiro de 1900).

103 Campos Sales, op. cit., p. 85. A informação é de Quintino Bocaiúva em entrevista de
1906, colhida pelo jornalista Raul Fernandes, cujo nome Campos Sales não cita, cf. Antônio
Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, um servidor do Brasil. Rio: 1956, p. 62. Leia-se também
Antônio Joaquim Ribas, Per l biográ co do Dr. Manuel Ferraz de Campos Sales. Rio: 1896.

104 Que a intenção do Congresso era afastar Deodoro mediante o impeachment, diz Lucena
em carta a Cesário Alvim (“com o m de denunciar o presidente”) e indicam Soriano de Sousa,
Princípios gerais de direito político e constitucional, p. 330, e Moreira da Silva, discurso de 1898
citado por João Barbalho, op. cit., p. 291.

105 Tobias Monteiro, ibid., p. 340. Para a compreensão do episódio esta missiva tem especial
valor, pois em face dela é imensa a responsabilidade de Floriano nos antecedentes do golpe de
Estado. Contra a vontade de Deodoro, que descon ava do colega, sabendo-o do outro lado,
Lucena o procurou, para pedir fosse no dia seguinte presidir o Senado (a m de obstar à
insistência de Prudente em pôr na ordem do dia o veto ao projeto sobre crimes de
responsabilidade do presidente) e sondá-lo acerca da crise. Floriano tranqüilizou-o com a
apatia (em vez de dissuadi-lo com a autoridade) e lhe deixou a impressão de que veria de braços
cruzados o desfecho da contenda, quando, em verdade, nele se apoiava a maioria para resistir a
Deodoro, e estavam nas suas mãos os os do movimento que o derrubaria, vinte e três dias
depois. O vice-presidente não mexeu uma palha para impedir que o presidente arrebentasse
com o governo, no desatino da ilegalidade que, para ambos, tinha caráter “salvacionista”.
Deodoro... salvava a autoridade, Floriano... a república.
106 V. telegramas in Custódio José de Melo, O governo provisório e a revolução, i, pp. 131–
142. Lauro Sodré foi o único a protestar, e ia ser deposto por um destacamento enviado do Rio.
O contragolpe de 23 de novembro manteve-o (entrevista do General Lauro Sodré a A noite,
Rio, 1o de novembro de 1939). Ao manifesto paulista se referiu Floriano, na sua mensagem de
18 de dezembro de 91.

107 A conspiração iniciou-se em casa do senador general José Simeão de Oliveira, por
deliberação inicial de Amaro Cavalcanti (cf. relato deste, José Augusto, Seridó, 1954, i, p. 229).

108 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos. Porto: 1923, p. 17, 6ª ed. — Sobre os
sucessos entre o golpe de Estado e a revolta naval, v. o diário de José Carlos de Carvalho, O livro
de minha vida. Rio: 1912, pp. 100–138.

109 No manifesto que publicou no dia seguinte à deposição, explicou Castilhos que se
limitara a responder a Deodoro (que lhe comunicara o golpe de Estado de 3 de novembro) “que
proveria por todos os modos à conservação da ordem pública”. O seu telegrama foi lacônico:
“Porto Alegre, 4. Ordem pública será plenamente mantida aqui. Júlio de Castilhos”. Lucena
acusou o Ministro da Guerra, General Frota, de ter auxiliado o levante, Neto Campelo, op. cit.,
p. 190.

110 Otelo Rosa, Júlio de Castilhos. Porto Alegre: 1928, p. 144. Pormenores do episódio, v.
Gustavo Moritz, Acontecimentos políticos do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 1939, pp. 202 e
ss.

111 Pela primeira vez um movimento operário se articulava com a revolução política, pois a
“greve” foi promovida pelo deputado Tenente José Augusto Vinhais, cujo prestígio era grande
entre os trabalhadores da Central, Custódio José de Melo, op. cit., i, p. 95.

112 V. Gastão Penalva, Rajada de glórias, pp. 365 e ss. (“Saldanha Sedutor”), Rio; a projeção
de sua in uência, no Breviário de educação moral, cívica, social e militar da jovem Marinha,
edição do centenário do almirante, Rio: 1946; publicação do Ministério da Marinha, Centenário
do Almirante Saldanha, 1846–1946, Rio: 1947; Dídio Costa, Saldanha, Rio: 1942; José Eduardo
de Macedo Soares, O Contra‐almirante Luís Filipe Saldanha da Gama, Rio: 1906; Almirante A.
ompson, Guerra civil do Brasil, Rio: 1934; Godofredo Tinoco, A vida amorosa do Almirante
Saldanha, Campos: 1956.

113 Lembra Salvador de Mendonça, Situação internacional do Brasil, p. 112, que a retirada
de Lafayette e Saldanha, em 1889, do Rio, para participarem da Conferência Pan-Americana de
Washington, foi por alguns considerada um golpe, que facilitaria a república... Saldanha teria
resistido, com a Marinha.

114 Tobias Barreto, Dias e noites, poesia de 1877. Edição do Estado de Sergipe: 1925, p. 161.

115 Tobias Monteiro, Pesquisas e depoimentos, p. 363.

116 “A m de manter a ordem [...] restabelecer o regime verdadeiramente federativo,


conspurcado pelo ato de 3 de novembro, e consolidar a república”, moção de 23 senadores,
sendo o primeiro Campos Sales, na sessão de 21 de janeiro de 1891, em que Rui renunciou
coerente com o princípio da nova lei eleitoral, que proibia aos ministros se candidatarem aos
postos de representação, uma vez que fora eleito quando membro do governo provisório, Obras
completas de Rui Barbosa. Rio: 1947, vol. xix, t. i, p. 183.

117 Quintino Bocaiúva, discurso no Senado, 1895, in Artur Vieira Peixoto, Floriano, ed. do
Ministério da Educação e Saúde. Rio: 1939, i, p. 280.

118 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, p. 15.

119 Discurso de 1919, Campanha presidencial, xlvi, t. i, p. 8.

120 O governo provisório, etc., i, p. 143.

121 Rui declarou: “Procedeu, com sistema, à derribada geral dos governadores. A revolução
[...] estreava dilacerando a Constituição de alto a baixo com a espada do salvador do regime”,
Campanha presidencial, xlvi, t. i, pp. 8–9.

122 Epitácio Pessoa, Obras completas. Rio: 1955, i, pp. 108–110.

123 Descreveu os acontecimentos Farias Brito, em artigo uma semana depois, cf. Jônatas
Serrano, Farias Brito, o homem e a obra. São Paulo: 1939, p. 80.

124 Júlio Belo, Memórias de um senhor de engenho. Rio: 1938, p. 107; Félix Cavalcanti,
Memórias de um Cavalcanti. São Paulo: 1940, p. 147.

125 Manuel Vitorino deixara o governo em abril de 1890, desprestigiado pelo apoio que o
comandante das armas, general Hermes, dava à oposição (v. carta a Rui comunicando a
renúncia, in Ordival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino Pereira, p. 25). Assumiu o irmão de
Deodoro, que, gravemente doente, passou o cargo, em outubro, ao Vice-governador Virgílio
Damásio; e como este fosse para a Constituinte federal, o substituiu o Dr. José Gonçalves,
con rmado por eleição da Constituinte do Estado, a 2 de julho de 91, Brás do Amaral, História
da Bahia do império à república, p. 357. V. também João Gonçalves Tourinho, História da
sedição na Bahia. Bahia: 1893.

126 Brás do Amaral, Recordações históricas. Porto: 1921, p. 140.

127 Afonso Arinos, Um estadista da república. Rio: 1955, x, p. 229. Sobre as deposições, v.
Custódio José de Melo, ibid., pp. 165–6; Hélio Lobo, Um varão da república — Fernando Lobo.
São Paulo: 1937, pp. 92–120.

128 Enéas Marques, Generoso Marques, pp. 29–41; Romário Martins, História do Paraná,
pp. 499–500.

129 Generoso Ponce Filho, op. cit., pp. 88–126.

130 O Brasil, Rio: 12 de dezembro de 1891. Nas coleções deste jornal, a notícia da reunião
monárquica de 10. Leia-se, Biblioteca do Jornal do Brasil, Dom Pedro ii. Rio: 1892 (coleção de
artigos).

131 Rui saíra-se com a palavra no telegrama a Latino Coelho, de 18 de dezembro da 89,
quando atacava as recriminações de Ouro Preto. V. deste o Advento da ditadura militar no
Brasil. Paris: 1890, pp. 4–5. Laet dela se ufanou no editorial de O Brasil, de 10 de dezembro de
91. “Fora o sebastianismo”, bradou o Diário de Notícias, de 18 do mesmo mês... O Visconde de
Taunay, em artigo de 6 de julho de 91, sob este título, defendeu-o, O Grande Imperador, São
Paulo: 1932, p. 53.

132 Sobre a Laje e o Alferes Florimundo, v. a deliciosa crônica de Martim Francisco, “Ele
falou”, in Revivendo, Revista do Instituto Histórico de São Paulo, xxxi, p. 345.

133 Silvino comandou na revolta da esquadra (1893) a canhoneira Guanabara, e, preso no


Recife em janeiro de 1894, foi ali fuzilado por ordem do comandante do distrito, e expressa
recomendação de Floriano.

134 Rui Barbosa, Correspondência. São Paulo: 1932, pp. 46–53. No Inventário da
Legalidade”, Jornal do Brasil, 17 de julho de 1893, voltou Rui a opinar, porém acremente: o
Congresso presenteara o vice-presidente com os 3 anos e 3 meses da sucessão de Deodoro,
Comentários à Constituição Federal Brasileira, coligidos por Homero Pires, São Paulo: 1933, iii,
p. 149. V. também discurso de 1919, Campanha presidencial. Rio: 1956, ii, p. 145. A tese
orianista está in Campos Sales, Discursos. Rio: 1902, i, p. 151.

135 Carta de Ferreira Viana Filho a Antônio José de Melo in Custódio, op. cit., i, p. 245.

136 A comissão que legitimou no Congresso o mandato de Floriano, insistiu na denúncia do


equívoco: “O emprego da conjuntiva ou em vez da copulativa e foi sem dúvida um erro de
impressão, facílimo de escapar aos mais escrupulosos revisores” (Parecer nº 15 — 1892). Não
foi erro (opinamos) porém inadvertência. Em verdade, o grande argumento orianista seria o
do artigo 41, §1º, que dá ao vice-presidente a sucessão em caso de falta do presidente,
esclarecendo: “Eleito simultaneamente com ele”, declarando o artigo 43, §4, que “o primeiro
período presidencial terminará a 15 de novembro de 1894”. Se o pensamento foi que um e outro
assumissem na mesma ocasião as funções “simultaneamente”, que a sucessão estivesse desta
forma regulada (caso de falta), que “o primeiro período” acabasse em determinado dia, a
fortiori não especulava a Constituinte com a eleição de presidente enquanto pudesse suceder-
lhe o companheiro de investidura. Na hipótese contrária seria inevitável o desequilíbrio:
continuaria vice-presidente Floriano com outro presidente eleito em vez de Deodoro; o período
deste seria de quatro anos, e o dele terminaria improrrogavelmente em 1894; e jamais se
veri caria a simultaneidade de eleições de presidente e vice-presidente, conforme o §1º do
artigo 41 da Constituição! Em síntese: o problema jurídico não oferecia maior complexidade se
não o envenenasse a paixão política, que arvorou em símbolo a “usurpação”, tachando de ilegal
o governo que não extremou o seu escrúpulo a ponto de convocar imediatamente novas
eleições.

137 Custódio José de Melo, op. cit., i, p. 263.

138 Max Fleiuss, História administrativa do Brasil. São Paulo, p. 484. “Uma combinação
policial arranjou nesta cidade a farsa de uma sedição”, diria Rui em 1897; a propósito do 10 de
abril, Obras, xxiv, t. i, p. 191. Capistrano de Abreu: “A semibernarda de 10 de abril de 92 que
coube toda num bonde, mas serviu para inaugurar a era do estado de sítio”, Ensaios e estudos,
3ª série, p. 145.
139 O decreto do desterro para o Amazonas (São Joaquim, Cucuí, Tabatinga) atingiu os
marechais José Clarindo e Almeida Barreto, o Coronel Jaques Ourique, Tenentes-Coronéis
Taumaturgo, Antônio Adolfo da Fontoura Mena Barreto, Capitão-tenente José Gonçalves Leite,
Capitão Gentil Elói de Figueiredo, José Joaquim Seabra, José do Patrocínio, Plácido de Abreu,
Manuel Lavrador, Artur Fernandes Campos da Paz, Conde de Leopoldina, Antônio Joaquim
Bandeira Júnior, José Elísio dos Reis, José Joaquim Ferreira Júnior, Barão de Moniz de Aragão,
Inácio Alves Correia Carneiro, Almirante Wandenkolk, Alferes Alfredo Martins Pereira,
Capitão Felisberto Piá de Andrade, José Carlos de Carvalho, Coronel Antônio Carlos da Silva
Piragibe, Pardal Mallet, Alferes Carlos Jansen Júnior, Sabino Inácio Nogueira da Gama. Outros
seriam presos nas fortalezas de Laje, Villegaignon, Santa Cruz. Os lentes demitidos foram J. J.
Seabra, do Recife, e Campos da Paz, substituto da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. V.
documentação in Sílvio Peixoto, Floriano — Memórias e documentos. Rio: 1939, iv, pp. 128 e
ss.

140 Rui lembrou a “maior gravidade cívica, a de mais vasto alcance moral que jamais pendeu
da justiça brasileira”, Habeas‐corpus, Bahia: 1892, p. 3. O pedido, de 18 de abril, foi denegado, a
27, contra o voto do Ministro Pisa e Almeida (Acórdão nº 306). Esta jurisprudência
inconstitucional foi revogada pelo Supremo quando, em 16 de abril de 1898, libertou por
habeas‐corpus os parlamentares presos pelo governo de Prudente de Morais, Felisbelo Freire, A
Constituição da república interpretada pelo Supremo Tribunal, Rio: 1913, p. 225. — A novidade
da doutrina fez que Rui desse edição inglesa do memorial, Martial laws: Its Constitution, limits
and effects, Rio: 1892; e escrevesse os artigos, ora enfeixados em volume, Obras, Rio: 1956, vol.
xix, t. iii, que lhe constituíram a doutrina, v. g., discursos de 1902, Obras, 1957, xxix, t. v, pp. 31
e ss.

141 Leôncio Correia, A verdade sobre o 15 de novembro, conf. de A. Tavares de Lira, Rio:
1939, p. 306. Eclipsou-se momentaneamente a fama do Fundador, em benefício de Benjamin e
Floriano. Ambos tiveram monumento antes dele. O de Deodoro, na Praça Paris, foi inaugurado
a 15 de novembro de 1937.

142 O Congresso de Bagé conviera, em 31 de março de 1892, que preliminarmente devia ser
substituída a Constituição do Estado, “comtista”, por outra, calcada nos princípios do governo
parlamentar.

143 V. telegrama de Floriano a Castilhos, Custódio, op. cit., i, p. 355. “Este governo não pode
prestar seu apoio moral senão ao Partido Republicano”.

144 Ciro Silva, Pinheiro Machado. Rio: 1952, p. 78.

145 Tiveram o apelido de maragatos (e os republicanos, de pica-paus). Pica-paus, porque,


com as divisas brancas, lembravam o pássaro deste nome, Manoelito de Ornellas, “A gênese do
gaúcho brasileiro”, Os cadernos de cultura, Rio: 1957, p. 8. E maragatos, de uma colônia leonesa
(San José), pois o nome é daquela origem, como aliás notara Romaguera Corrêa, Vocabulário
Sul‐Rio‐Grandense, Porto Alegre: 1897, p. 123. Explica Manoelito de Ornellas (monogra a
citada) que seriam de San José, no Uruguai, muitos voluntários de Gumercindo, ou os lembrava
o costume de escrever nas tas encarnadas dísticos patéticos, como “Viva a liberdade”... Daí o
pejorativo maragato, aceito com arrogância pelos revolucionários. — Sobre o Congresso de
Bagé, v. Eurico J. Salis, História de Bagé. Porto Alegre: 1955, p. 238.
146 Foi a força de Joca Tavares que deu o entrevero nal na Guerra do Paraguai, sendo dele
o depoimento sobre a ação do seu cabo de cavalaria, José Francisco de Lacerda, em
Aquidabanigui, como cou dito.

147 V. documentos in Custódio, op. cit., i, capítulos 3 e 4. Restaurado o castilhismo, Floriano


assegurou-lhe “prestígio e apoio de que posso dispor” (telegrama ao comandante do distrito
militar). O Marechal Falcão da Frota empunhou uma carabina ao lado dos castilhistas, para
depor o “governicho”, Laurênio Lago, Marechal Júlio Anacleto Falcão da Frota, Rio: 1936, p. 11.

148 José Júlio Silveira Martins, Silveira Martins. Rio: 1929, p. 378.

149 “Cristão-novo, republicano mal convertido”, Rui, 1892, in Obras, xix, t. iii, p. 264, Rio:
1956.

150 “Chefe da democracia rio-grandense”, como Quintino Bocaiúva lhe chamara em 1878,
Gaspar fora adversário dos movimentos armados, como a Pelotas respondera em 1886:
“Subirmos apoiados nas baionetas do exército? Nunca!”. Não cedia quanto ao parlamentarismo,
v. José Mariano Porto, Apontamentos biográ cos de Gaspar da Silveira Martins. Rio: 1891.
De niu-se em carta escrita à esposa, de Buenos Aires, que lhe resume o credo: “A forma
parlamentar, monárquica ou republicana, me garante a liberdade, contento-me com qualquer
delas”, J. J. Silveira Martins, op. cit., p. 380. Mas a revolução não era restauradora, Epaminondas
Vilalba, A Revolução Federalista no Rio Grande do Sul, Rio: 1897, p. 12. Neste livro os seus
principais documentos.

151 Rui diferia de Gaspar no culto à Constituição de 91, obra sua: enquanto aquele
sobrepunha o parlamentarismo à república, queria este a república realizada. “Quem arruína a
Constituição, alui a república”, artigo do Jornal do Brasil, de 30 de julho de 93, Obras completas,
Rio: 1949, vol. xx, t. iv, p. 11. Negou nas Cartas de Inglaterra a “superstição republicana”, que
sentira (p. 301 das Obras completas, Rio: 1946, vol. xxiii, t. i). Estava com Benjamin Constant, o
francês, para quem o essencial é menos a forma do governo de que os seus limites, Mélanges de
Littérature et de Politique, prefácio, interpretação de C. Bouglé, e cit. A. E. Sampay, La Crisis del
Estado de Derecho liberal‐burgués, Buenos Aires: 1942, p. 180.

152 Obras completas, de Rui Barbosa. Rio: 1949, vol. xx, t. ii, p. 321.

153 V. sobre a volta de Seabra à tribuna, a carta de Alcindo Guanabara a Aníbal Falcão, 21 de
setembro de 92, in Luís Aníbal Falcão, prefácio à Fórmula da civilização brasileira, pp. 62–4: “A
decepção não podia ser maior”.

154 Rui Barbosa, Correspondência, coligida por Homero Pires. São Paulo: 1932, p. 57. De
Rui, no artigo com que abriu, pelo Jornal do Brasil, o combate ao orianismo: “Temos o
império, mutato nomine, com quase todos os seus defeitos e sem a sua unidade”. No artigo de 5
de julho de 93 comparava: “Não se confunda, entretanto, por esse lado, Itamaraty com São
Cristóvão. Nos usos imperiais não se tratavam os servidores da Coroa com a sobranceria
majestática usada hoje”, Obras completas. Rio: 1949, xx, t. iii, p. 100. O seu repúdio à idolatria
das formas de governo continua na conferência da Bahia, 24 de maio de 1897, Obras, xxiv, t. i,
p. 57. Na Imprensa, 5 de outubro de 98: “Não é menos inviolável, menos republicano o direito
de ser monarquista na república”, Obras, xxv, t. i, 16. Na citada carta ao Jornal do Comércio, 6
de março de 93, desa ara: “Pois bem: no dia em que, sob pressão dos mandões da multidão, se
abrisse um arrolamento para classi car os brasileiros em monarquistas e republicanos, eu
acharia pouco para mim a designação de monarquista”.

155 Publicado em 4 de dezembro de 1893 em São Paulo, o livro foi apreendido pela polícia.
Do 1º milheiro só circularam 80 exemplares, escreveu o autor, em volume hoje na coleção de
Adir Guimarães, Rio. Saiu nova edição em 1895, em que Prado noticia a violência. Advogando
a civilização liberal (doutrina de seu artigo, “Destinos políticos do Brasil”, in Revista de
Portugal. Porto: 1889, i, p. 470), estendeu-se em documentar as posições norte-americanas
opostas à América Latina (por isto Carlos Pereyra o traduziu), considera contrária à nossa
índole a imitação dos Estados Unidos, Paris: 1895, p. 225, de que “ilusoriamente” se queixava.
Das atividades conspiratórias de Prado (atribuindo-lhe os fornecimentos de armas feitos da
Inglaterra aos insurgentes do Rio Grande, no que aliás acreditava) fala Eça de Queirós, carta a
Oliveira Martins, 17 de abril de 1893, Correspondência, Porto: 1928, p. 237. Mas grande
fornecedor de armas aos revoltosos foi o Conde de Leopoldina. — Anedota que equivale a uma
denúncia, foi em 8 de setembro de 1892, a blague de Medeiros e Albuquerque, publicando toda
a primeira página de seu jornal O Fígaro com a notícia de... “A restauração da monarquia”,
lastreada de fantasiosos decretos e invenções quejandas. Sacudia o burguês... Edição fac-similar
in Dom Casmurro, Rio: 14 de junho de 1941.

156 Tratamos em separado (cap. 19) da Questão das missões, para dar coerência à ação, que
se não interrompeu com a mudança de presidentes e ministros, da diplomacia, servida no Rio
de Janeiro pelo hábil secretário-geral do ministério, Visconde de Cabo Frio, e, junto aos
árbitros, pelo Barão do Rio Branco, responsável pelo êxito daquelas soluções.

157 Depoimento que ouvimos ao General João Nepomuceno da Costa, 2º tenente e


deputado estadual que comandou a defesa do palácio do governo em 31 de julho. Informa que a
guarnição federal, comandada pelo Coronel Serra Martins, se achava predisposta a intervir
contra Machado (o que se opõe à tese de sua neutralidade, cf. Bormann, Dias fratricidas, i, p.
120). Dado o sangrento encontro de 31, Machado mandou entregar as chaves do palácio a S.
Martins e Hercílio Luz ocupou o governo.

158 Contesta Tavares de Lira o que disse Dunshee de Abranches, quanto à saída de
Rodrigues Alves por oposição à inteligência dada ao artigo constitucional a respeito do período
de governo de Floriano, Centenário do Conselheiro Rodrigues Alves. São Paulo: 1951, i, p. 138;
mas Cardoso de Melo Neto, op. cit., ii, p. 54, con rma esta versão. Em verdade o problema já
fora decidido: Rodrigues Alves manifestara opinião favorável à nova eleição, e deixou a pasta
em 30 de abril. A saída de Custódio é narrada por Serzedelo Corrêa (também demitido do
ministério), Páginas do passado. Rio: 1959, p. 33, 2ª ed.

159 Discurso de Epitácio, in Laurita Raja Garaglia, Epitácio Pessoa. Rio: 1951, i, pp. 102 e ss.
Na Campanha presidencial, de 1919, referiu-se Rui ao discurso de 23 de maio de 1893, em que
Epitácio sustentara que “o Rio Grande do Sul não tem Constituição”, Obras completas de Rui
Barbosa, 1956, xlvi, t. i, p. 85. Telegrama do general João Teles, in Eurico J. Salis, História de
Bagé, p. 247. O General João B. Teles foi, em outubro de 93, substituído pelo Marechal Isidoro
Fernandes de Oliveira, aprisionado pelos federalistas no combate do Rio Negro, como se dirá.

160 Pedro Carvalho, Campanha do Coronel Santos Filho. Porto Alegre: 1897, p. 59.

161 Ciro Silva, Pinheiro Machado, p. 84.


162 V. ordens do dia in Albino José Ferreira Coutinho, Marcha da Divisão do Norte. Porto
Alegre: 1896, pp. 33 e ss. Em 13 de maio os chefes revolucionários reuniram-se perto da linha
limítrofe, e o Coronel Salgado propôs suspender a luta. A idéia foi refutada pelo Dr.
Epaminondas Arruda, pelo Coronel Estácio Azambuja, por Gumercindo: decidiu-se prosseguir,
Artur Ferreira, Cronologia da Revolução Federalista, manuscrito comunicado por Dante de
Laytano.

163 “Em nossa opinião o resultado cou indeciso”, Marechal Setembrino de Carvalho,
Memórias. Rio: 1950, p. 55. Descrição da batalha in José Lavrador, Heróis de noventa e três.
Rio: 1933, pp. 65 e ss.

164 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, pp. 6–7, interpretando, a propósito de


Aparício Saraiva, o problema do caudilhismo.

165 Leia-se Manuel Fonseca, Gumersindo Saravia. Montevidéu: 1957, p. 31.

166 Castilhos Goycochêa, Gumercindo Saraiva na Guerra dos Maragatos. Rio: 1943. Nasceu
em 13 de janeiro de 1852, na paróquia do Arroio Grande, ibid., pp. 85–6. Só falava espanhol.
Em 1883 declarou-se oriental, Manuel Fonseca, op. cit., p. 110.

167 Carta manuscrita do conselheiro Diana ao Tenente-coronel Augusto Álvaro de


Carvalho, 4 de agosto de 89, comunicada por Olinto Sanmartin.

168 Os federais usavam divisas vermelhas, mas os Saraivas, blancos no Uruguai, odiavam o
partido colorado e as usavam brancas, eles e os seus homens, Nepomuceno Saravia Garcia,
Memórias de Aparicio Saravia, p. 29. Explica este autor que a combinação entre os irmãos,
Gumercindo e Saraiva, consistia em auxiliarem, no Brasil, a vitória dos gasparistas, e em
seguida, com o peso desse triunfo, derrubarem no Uruguai o governo colorado, que datava de
1865 (com Venâncio Flores e a intervenção de Tamandaré).

169 V. Arturo Gimenez Pastor, La Revolución de 1897. Montevidéu: 1897, p. 60; sobretudo
Memórias de Aparicio Saravia, por seu lho Nepomuceno Saravia Garcia, Montevidéu: 1956,
pp. 19 e ss., com documentação do arquivo secreto do “general”; Luis R. Ponce de León,
Aparicio Saravia, Héroe de la libertad electoral. Montevidéu: 1956; Eduardo omas,
Compendio de historia nacional. Montevidéu: 1955, p. 412.

170 Murilo Ribeiro Lopes, Rui Barbosa e a Marinha. Rio: 1953, p. 19.

171 V. carta do almirante a Laurentino Lopes Filho, no pontal da Barra e bordo do Júpiter,
12 de julho de 1893, cf. Murilo Ribeiro Lopes, ibid., p. 26.

172 Custódio, ibid., ii, p. 265.

173 Custódio, ibid., ii, p. 312. Diz um autor, José Lavrador, Heróis de noventa e três, Rio:
1938, p. 85, que o movimento devia estourar a 7 de setembro, durante a parada, com a prisão do
Marechal Floriano. Assumiria o vice-presidente do Senado, Prudente de Morais; talvez fosse
eleito presidente o senador Rui Barbosa. Custódio, op. cit., ii, p. 299, diz que nem o vice-
presidente do Senado nem o presidente da câmara seriam chamados, sim o do Supremo
Tribunal Federal; quanto à candidatura de Rui, achava-a inconveniente. É claro que, vitoriosa a
revolta, a presidência (não diz, mas é óbvio) caberia ao seu chefe, o próprio Custódio. — Rui, na
carta que em Buenos Aires mandou a La Nación, a rmava que o voto de Floriano lhe traduzia a
vontade de prolongar o governo além do quatriênio.

174 Subsídios para a história marítima do Brasil. Rio: 1942, iv, p. 509.

175 V. Coelho Neto, Fogo‐fátuo. Porto: 1929, p. 357.

176 V. o artigo de Rui, Jornal do Brasil, 24 de maio de 1893, em que de ne “Jacobinos e


republicanos”, Obras completas, Rio: 1949, xx, t. ii, p. 27.

177 V. Ernesto Sena, Notas de um repórter. Rio: 1895, pp. 206–10.

178 Cartas de Inglaterra, “As minhas conversões”, resposta a Afonso Celso, op. cit. e p. cit.; e
discurso na Bahia, 1897.

179 Carta de Boulogne-sur-Mer, 4 de dezembro de 1892, arq. de J. Alfredo, inédita até a


publicarmos em A Princesa Isabel, São Paulo: 1941, p. 297.

180 O comandante Augusto de Castilho revelou que, em conversa com Saldanha, na Ilha das
Cobras, a 10 de outubro, este lhe con ou que na hipótese de ser forçado a entrar na revolta,
“arvoraria a bandeira monárquica, com a qual certamente bandeariam o próprio Custódio de
Melo, os revoltosos do Rio Grande do Sul e a grande maioria da população da cidade e do país
do Sul ao Norte”, trecho da defesa de Castilho citado por Capistrano de Abreu, em Gazeta de
Notícias, 21 de fevereiro de 1895, Ensaios e estudos, 3ª série, p. 211. É todavia temerário chamar
de “monarquista” a Revolta da Armada, de 1893, com o adminículo (Samuel Flagg Nemis, A
Diplomatic History of the United States. Nova York: 1955, p. 755) da simpatia do Kaiser, dada a
hipótese de pretender a Coroa o Príncipe Dom Augusto, lho do Duque de Saxe... Tal solução
“germânica” (Harold E. Davis, e Americas in History. Nova York: 1953, p. 648) era estranha
aos planos dos revolucionários, de que a consulta à nação era a preliminar... saldanhista.
Quanto ao grupo “restaurador”, acatava as instruções da Princesa Isabel, como revela a
correspondência de João Alfredo.

181 Grato ao grande funcionário, Floriano recompensou-o com honras de general-de-


brigada, Oliveira Lima, Memórias. Rio: 1937, p. 131.

182 Joaquim Nabuco, A intervenção estrangeira durante a revolta de 1893. São Paulo: 1939,
p. 19, 2ª ed.

183 Nabuco, op. cit., p. 22. Sobre a iniciativa do governo de Floriano, ibid., p. 14. “Sumia-se a
vitória em lúgubre derrota”, João Pandiá Calógeras, Formação histórica do Brasil, Rio: 1930, p.
428. Por este tempo chegou às mãos de Custódio, mandado de terra, grosso livro de direito
internacional com a nota de que nele acharia o que ler, a propósito do seu empenho de ser
considerado beligerante pelas nações estrangeiras. Descon ou-se; foi revistado cautelosamente;
e descobriu-se uma máquina infernal, oculta no bojo do livro, para isto esvaziado... Viu-a Gago
Coutinho indo a bordo do Aquidabã, como emissário do comandante Castilho (e isto nos
contou, em conversa, a 25 de maio de 1953). O fato é referido em Portugal e Brasil: Con ito
diplomático, Lisboa: 1894, i, p. 170. — Custódio, respondendo em 2 de outubro ao ultimatum
dos comandantes, condicionou-o à atitude análoga do governo, que devia retirar os canhões
assestados, nos morros. Habilmente, Floriano (que perdia menos do que os rebeldes) se
submeteu à exigência.

184 Sérgio Corrêa da Costa, A diplomacia do Marechal, pp. 196–7. Sobre os barcos
comprados por intermédio de Salvador de Mendonça, há curiosa carta de Nova York, 29 de
novembro, in Murilo Ribeiro Lopes, op. cit., p. 121. A respeito da ação ágil do ministro, Oliveira
Lima, Memórias. Rio: 1937, pp. 145–6. Um dos navios comprados nos Estados Unidos foi o
Destroyer — que veio sob o comando do famoso navegador Slocum, veterano das aventuras
marítimas em águas brasileiras, e cuja missão, de 1893, descreveu num interessante e amargo
fascículo, Voyage of the Destroyer (V. e Voyages of Joshua Slocum, editado por Walter
Magnes Teller. Nova Brunswick: 1958, pp. 172–195).

185 Manuscritos in National Archives, Washington.

186 Manuscrito in National Archives, Washington. Rui Barbosa em carta a Custódio, de


Buenos Aires, 5 de novembro de 93, dizia ter aceito corresponder-se com o New York Herald,
para “rebater os boatos e tramas” de Salvador de Mendonça, “caracterizando como monárquico
e restaurador o movimento”, Correspondência, coligida por Homero Pires, São Paulo: 1933, p.
75. V. de Salvador, A situação internacional do Brasil; e documentos coligidos por Aluísio
Napoleão, Rio Branco e as relações entre o Brasil e os Estados Unidos. Rio: 1947.

187 Essa neutralização do Rio, imposta a Custódio por força da diplomacia britânica em
união com os Estados Unidos, se de um lado obstou ao bombardeio, do outro não impediu ao
governo a construção de apressadas obras e artilhamento de praias e morros, servindo de
cortina aos seus aprestos. A ação do Almirante Benham foi decisiva, Nabuco, op. cit., p. 110;
Sérgio Corrêa da Costa, ibid., p. 73. Quanto aos ingleses, em verdade os Rothschild, por
intermédio de amigos norte-americanos, chegaram a insinuar ao State Department que
convinha deixar restaurar a monarquia, pois os negócios muito sofriam com as desordens
reinantes..., Sérgio Corrêa da Costa, ibid., p. 196. O ministro da França em Lisboa tivera a
iniciativa de pedir a ação coletiva da esquadra para que os navios mercantes não fossem
inspecionados pelos rebeldes, Portugal: Con ito diplomático, i, p. 93, o que os norte-
americanos conseguiram com a ameaça da força.

188 Iniciou-se por equívoco o duelo de artilharia, porque explodiu em Santa Cruz uma
barrica de pólvora, o que a esquadra tomou como começo de fogo, Hastín lo de Moura, Da
Primeira à Segunda República. Rio: 1936, p. 62.

189 A Semana. São Paulo: 1938, i, p. 427. V. a meditação de Ferreira de Araújo, crônica de 22
de outubro de 1893, nesta coletânea de artigos da Gazeta de Notícias. Descreve o primeiro
bombardeio Virgílio Várzea, in Kosmos, Rio: julho de 1906, nº 7. A visão geral dos sucessos, in
Sir William Laird Clowes, Four modem naval campaigns (cap. 4, e Attempted Revolution in
Brazil, Londres: 1902, a quem seguidamente nos reportaremos); Giorgio Molli, La Marina
Antica e Moderna. Gênova: 1906. Graças ao autor de e History of the Royal Navy a revolução
brasileira passou aos cursos de história geral da Marinha. A ele e a outro o cial britânico que a
narrou dia a dia, Reginald Rundell Neeld, Diary of the Revolution at Rio de Janeiro, Brasil...,
Portsmouth: 1895.

190 A. C. de Sousa e Silva, O Almirante Saldanha, comandante‐em‐ ‐chefe da Revolta da


Armada. Rio: 1940, p. 10. “Posição inaudita de neutralidade”, disse Rui, em 1895, Obras
completas. Rio: 1952, xxii, t. i, p. 239. V. ainda Felisbelo Freire, História da revolta de 6 de
setembro de 1893. Rio: 1896, 2 vols.; Artur ompson, Guerra Civil do Brasil de 1893–95. Rio:
1934; Frederico Vilar, As revoluções que eu vi. Rio: 1951, p. 61; Ministério da Marinha,
Centenário do Almirante Saldanha. Rio: 1947.

191 Luís Viana Filho, A vida de Joaquim Nabuco. São Paulo: 1932, p. 201.

192 Sobre as vicissitudes da imprensa antigovernista ou independente, v. Max Fleiuss, A


Semana. Rio: 1915, p. 55. Rui lembraria: “À imprensa não fora permitido murmurar”..., discurso
de 1897, Obras completas, xxiv, t. i, p. 26.

193 Joaquim Nabuco, A intervenção estrangeira, p. 27.

194 General José Cândido da Silva Murici, A Revolução de 93, Memórias. Rio: 1946, p. 22. V.
correspondência in Floriano, Memórias e depoimentos. Rio: 1941, vol. vi. Curioso é que (como
nos disse o General João Nepomuceno da Costa, um dos que falaram a Lorena em nome da
cidade), ao República também faltavam elementos para uma ação demorada. Lorena foi franco:
ou lhe entregavam no dia seguinte a cidade ou continuaria para Montevidéu, pois não tinha
carvão nem gente de desembarque...

195 J. J. Silveira Martins, op. cit., p. 382, entrevista ao Jornal do Comércio, 1896.

196 Silva Murici, Memórias, pp. 123–4.

197 Carta de Lorena a Custódio, 26 de novembro de 93, in Murici, op. cit., p. 125. Retirou-se
Aníbal Cardoso do governo provisório com altiva carta a Lorena, em 25 de novembro.

198 Eurico J. Salis, História de Bagé, p. 293. Aí a documentação essencial a esse capítulo
decisivo da história da revolução rio-grandense.

199 Carta in Murilo Ribeiro Lopes, Rui Barbosa e a Marinha, p. 125.

200 V. Alm. Álvaro de Vasconcelos, in Revista do Instituto Histórico Brasileiro. Rio: 1951,
vol. 204, p. 245. Igualmente notável fora a saída do República, e em seguida do Palas e do
Marcílio Dias (Comandantes Lorena, Pio Torelly — cujo barco naufragou em Itajaí, a 23 de
outubro de 93, incorporando-se Torelly na coluna que atacou o Paraná — e Francisco de
Matos). — Leia-se Hastín lo de Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 71.

201 V. Dantas Barreto, Impressões militares. Rio: 1910, p. 72.

202 A. J. Ferreira Coutinho, op. cit., p. 93 (ordem do dia do General Lima, narrando os
êxitos da perseguição até dezembro de 93). A coluna entrara em Itajaí a 11 de dezembro,
quando os federalistas abandonaram, por mar, este porto.

203 O cerco e a capitulação de Tijucas estão descritos nas Memórias, do General Murici, pp.
178 e ss. Comandava a praça o Coronel Adriano Pimentel, que sucedera a Ismael do Lago, por
ser mais antigo. O que sobrou na Lapa faltou ali: a decisão de resistir. V. Tomás Garcez
Paranhos Montenegro, Discursos proferidos na Câmara dos Deputados na sessão de 1894.
Bahia: 1894, p. 46. O Coronel Adriano foi indultado por decreto de 14 de novembro de 94.
204 V. Romário Martins, História do Paraná. Curitiba: 1937, p. 345.

205 Leia-se, em defesa do general, Coronel Cordolino de Azevedo, O Marechal Pego Júnior e
a invasão do Paraná. Rio: 1944, p. 40. Regressando ao Rio em fevereiro, o general foi preso em
março, submetido a Conselho de Guerra, condenado à morte e a nal absolvido pelo Supremo
Tribunal Militar, que o considerou isento de culpa.

206 Dantas Barreto, Impressões militares, p. 159 (narrando as vicissitudes da retirada).

207 V. a bibliogra a do episódio in Rubens Mário Jobim, Vento Leste nos Campos‐Gerais.
Rio: 1953; principalmente David Carneiro, O Paraná e a Revolução Federalista. São Paulo:
1944; do mesmo autor, O cerco da Lapa e seus heróis. Rio: 1934; J. B. Magalhães, A
consolidação da república. Rio: 1947, Biblioteca do exército; Pedro Calmon, Gomes Carneiro, o
general da república. Rio: 1933; Rubens Mário Jobim, livro citado, e Anais do i Congresso de
História da Revolução de 1894; Romário Martins, História do Paraná, pp. 351 e ss.; Floriano
Peixoto, Memórias e depoimentos. Rio: 1941, vol. vi (relatório de Joaquim Lacerda e Líbero
Guimarães).

208 Sérgio Correia da Costa, A diplomacia do Marechal, p. 72.

209 William Laird Clowes, Four Modern Naval Campaigns, p. 217 (descrevendo as unidades
da frota legal e o seu armamento).

210 V. a descrição do combate in Sousa e Silva, O Almirante Saldanha, pp. 244–276.

211 Sousa e Silva, op. cit., p. 275.

212 Com mais 500 homens Saldanha teria tomado Niterói, Dunshee de Abranches, ibid., ii,
pp. 49–51. Sobre o seu verdadeiro plano, de vencer a luta com o desembarque dos federalistas
no Rio de Janeiro, em vez da sua marcha absurda através do Paraná e de São Paulo, v. a sua
comunicação com Gaspar Martins, Dídio Costa, Saldanha. Rio: 1914, p. 314.

213 V. Subsídios para a história marítima do Brasil, iv, p. 511. Jerônimo Gonçalves, chamado
a 21 de setembro para che ar as forças navais contra a revolta, foi infeliz, a 25, na tentativa de
fazer o Forte de Villegaignon de nir-se pela legalidade, ocasião em que os marinheiros quase o
mataram. Seguiu ele para Montevidéu com alguns o ciais a bordo do vapor inglês ames, para
ali tomar conta do cruzador Tiradentes (21 de outubro de 93). Foi decisiva a ação do ministro
do Brasil no Uruguai, Vitorino Monteiro, para impedir a adesão do Tiradentes, quando ali
chegou o República, a 22 de outubro. No mesmo dia abandonou o navio rebelde as águas
uruguaias.

214 Carta de Saldanha a Silveira Martins, de bordo da Mindelo, 14 de abril de 1894,


Dunshee de Abranches, A Revolta da Esquadra e a Revolução Rio‐Grandense. Rio: 1914, i, p.
50.

215 Vicente Ferrer, A execução de Silvino de Macedo. Pernambuco: 1906, p. 19, 2ª ed.
Documento publicado por Mário Melo, Dentro da história. Rio: 1931, p. 93. O fuzilamento foi a
14 de janeiro de 1894. Na revolta de marinheiros de 1910 ainda se recordava a sorte de Silvino.
O telegrama de Floriano é o único conhecido, em que autoriza claramente a execução. Atribui-
se à sua cólera, por ter sido Silvino agraciado com a condição de não voltar a sublevar-se.
216 Félix Cavalcanti de A. Melo, Memórias de um Cavalcanti. São Paulo: 1940, p. 156.

217 V. explicação de Alexandrino a Dunshee de Abranches, op. cit., i, nota f. Ao pedir asilo
nas corvetas, Saldanha disse que Custódio o abandonara, Castilho, Con ito diplomático, i, p.
260.

218 Subsídios para a história da Marinha (biogra a de Jerônimo Gonçalves), iv, p. 539.

219 A esquadra (“de papelão”, ironizavam os rebeldes) chegou à altura da Praia Vermelha, na
barra do Rio de Janeiro, a 10 de março. Era realmente ine ciente e podia ser destruída pelos
navios de Custódio, se outra fosse a sua estratégia. A pequena armada do Almirante Gonçalves
desempenhou o papel moral de testemunhar a divisão que se dera na Marinha, e, com o
afastamento dos navios poderosos (o Aquidabã e o República), selou a sorte da revolta,
cortando-lhe a fuga para o oceano. Gonçalves zera o seu projeto de ataque, constante da
combinação de fogo entre as torpedeiras e as fortalezas. A rendição poupou este episódio
catastró co.

220 Castilho não ofereceu o asilo, nem poderia fazê-lo, atentas as precárias instalações de
bordo. Isto mesmo, em conversa com o autor, a rmou o Almirante Gago Coutinho (26 de maio
de 1953), então tenente, e secretário de Castilho, que, embora baixado ao hospital, se informou
perfeitamente dos acontecimentos nais da revolta. Saldanha declarou (continua Gago
Coutinho) preferir os navios menores, não querendo con ar nas belonaves das outras potências
ali presentes. Castilho positivou que concedera asilo a cerca de 70 pessoas, conforme o apelo de
Saldanha. Os demais entraram de imprevisto.

221 João Franco, Cartas del‐Rei Dom Carlos i. Lisboa: 1924, p. 41. Sobre o rompimento, v.
Sérgio Corrêa da Costa, A diplomacia do Marechal, pp. 101 e ss. Floriano ainda pensou em
mandar aprisionar as duas corvetas..., ibid., p. 104. Todos os pormenores se contêm no
arrazoado de Castilho, Portugal e Brasil, Con ito diplomático, O processo no Conselho de
Guerra da Marinha do Capitão‐de‐fragata Augusto de Castilho. Lisboa: 1894, 3 vols. Também
Sousa Costa, Grandes dramas judiciários. Porto: 1944. As relações diplomáticas com Portugal
foram reatadas a 16 de março de 1895, por mediação inglesa, sendo nomeados ministros em
Lisboa e no Rio de Janeiro Assis Brasil e o Conde de Paço d’Arcos, A. G. de Araújo Jorge,
Ensaios de história diplomática. Rio: 1912, p. 101. Consolidou-as Tomás Ribeiro, em feliz
missão no Rio de Janeiro, poeta que todos admiravam, como recorda Rodrigo Otávio, nas suas
Memórias.

222 William Laird Clowes, op. cit., p. 235 (mostrando a importância do fato para a futura
guerra marítima). J. A. Santos Porto, O combate naval de 16 de abril: Re exões e documentos.
Rio: 1895.

223 V. o eloqüente retrato que dele faz Euclides da Cunha, Os sertões, p. 295, 1ª ed.

224 Osvaldo R. Cabral, Santa Catarina, p. 340.

225 Osvaldo R. Cabral, ibid., p. 341.

226 Diário do Congresso nº 47, de 19 de julho de 96, citado por Osvaldo R. Cabral, ibid., p.
243. Eram o Capitão Romualdo de Carvalho Barros, o Coronel Luís Gomes Caldeira de
Andrade, o Major-Médico Alfredo Paula Freitas. O autor citado, completando lista organizada
por Lucas Boiteux (e publicada por ocasião da trasladação dos despojos, em 1934), dá os nomes
conhecidos, das vítimas de Anhatomirim (Santa Cruz). Visitamos a fortaleza em novembro de
1952. Como não sofreu maiores reparos desde 1894, é visível na parede da sala dos presos, ao
nível das baterias, a marca das descargas, com que muitos foram executados. Vimos o
sumidouro em que se presume tenha sido lançado o corpo do Capitão-de-mar-e-guerra
Frederico Guilherme de Lorena. Outras referências: Lucas A. Boiteux, Pequena história
catarinense. Florianópolis: 1920, p. 127; Bormann, Dias fratricidas, iii, p. 244; Jacques Ouriques,
O drama do Paraná. Buenos Aires: 1894; David Carneiro, Os fuzilamentos de 1894 no Paraná,
p. 51; Raimundo Meneses, Guimarães Passos e sua época boêmia. São Paulo: 1952, p. 99 (a
propósito do fuzilamento de Carlos de Guimarães Passos, irmão do poeta).

227 Joaquim Freire lançou a culpa no General Everton Quadros (artigo no Diário da tarde,
de 22 de julho de 1926), aliás de acordo com o sentir de J. B. Bormann, Dias fratricidas, iii, p.
158: “Foi (o general) o mandante inquestionavelmente”. Sobre este miserável episódio, v. Rocha
Pombo, História do Brasil, x, p. 398; Bormann, op. cit., iii, pp. 120 e ss.; Floriano, Memórias e
depoimentos, vol. vi (inquérito no Paraná sobre os cúmplices da revolta); David Carneiro, Os
fuzilamentos de 1894 no Paraná. Rio: 1937; Walfrido Pilotto, Assis Cintra e a tragédia do km
65, Refutação. Curitiba: 1932; Leôncio Correia, O Barão de Serro Azul. Rio: 1942. É de Leôncio
a sentença: foi Joaquim Freire quem ordenou a matança do km 65, Obras de Leôncio Correia,
Meu Paraná. Rio: 1954, p. 22.

228 Sílvio Peixoto, No tempo de Floriano. Rio: 1940, p. 268.

229 As vozes pela continuação de Floriano não chegaram a formar um movimento, mas
constituem o indício de que se tramava este golpe, José Maria Bello, História da república. Rio:
1952, p. 171.

230 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros. Rio: 1934, p. 121, 1ª série.

231 Artur Vieira Peixoto, Floriano. Rio: 1939, p. 208.

232 Gabriel Piza, carta comentada por Teixeira Mendes e transcrita por Cruz Costa, O
positivismo na república, p. 177.

233 Rodrigo Otávio, ibid., p. 169. Entretanto em julho de 94 cumprimentara Prudente:


“Saúdo primeiro magistrado que saberá felicitar a nação. Floriano Peixoto”. Max Fleiuss, in
Prudente de Morais, o primeiro centenário, p. 182.

234 Ouvidos por exaltados companheiros, alguns o ciais orianistas se manifestaram contra
o golpe..., Hastín lo de Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 75.

235 Rodrigo Otávio, ibid., p. 172. O novo Ministro da Marinha, Almirante Elisário Barbosa,
neste mesmo 15 de novembro, falando no Itamaraty a um jornalista, dizia não saber se o
palácio dentro em pouco não se converteria em cárcere, Max Fleiuss, A Semana. Rio: 1915, p.
134. Descreve a posse no Senado, Machado de Assis, A Semana, ii, p. 242 (crônica de 18 de
novembro), ed. Jackson.

236 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 128.


237 Campos Sales, op. cit., p. 127. Prudente dizia: “Eu sou o Executivo, vós sois o
Legislativo”. Comenta Campos Sales: não teria seguramente outra linguagem o presidente do
Supremo Tribunal Federal quando se referisse aos outros poderes da nação...

238 Caricaturas instantâneas (na Gazeta de Notícias, 1896). Rio: 1939, p. 33, com prefácio de
Carlos Süssekind de Mendonça.

239 V. carta de Glicério a Bernardino de Campos, 18 de maio de 1895, em que aquele é


intransigentemente contra qualquer espécie de anistia, in Cândido Mota Filho, Uma grande
vida. São Paulo: 1931, p. 270.

240 Rui Barbosa, O Partido Republicano Conservador (1897), in Obras completas. Rio:
1952, vol. xxiv, t. i, p. 16.

241 “O destino pôs assim, a curta distância uma da outra, a morte de um dos chefes da
rebelião de 6 de setembro e a do chefe do estado que tenazmente a combateu e debelou”,
Machado de Assis, A Semana, ii, pp. 417–8.

242 Fundador da colônia de Chapecó (1881), Bormann fora nomeado comandante da


guarnição e fronteira de Palmas em 8 de abril de 1893, Laurênio Lago, Marechal José
Bernardino Bormann. Rio: 1944, p. 14.

243 A. J. Ferreira Coutinho, Marcha da Divisão do Norte, p. 198 (ordem do dia 4 de junho
de 94, do Coronel Manuel do Nascimento Vargas); sobre as operações, General J. B. Bormann,
Dias fratricidas. Curitiba: 1906, vol. iii; Castilhos Goycochêa, Gumercindo Saraiva, pp. 66 e ss.
E Manuel Fonseca, Gumersindo Saravia, cap. 36.

244 Pedro Carvalho, Campanha do Coronel Santos Filho, p. 209. V. a descrição do m do


caudilho in Ângelo Dourado, Voluntários da morte. Pelotas: 1896; Nepomuceno Saravia Garcia,
op. cit., pp. 31 e ss. Também Bormann, op. cit., iii, p. 215, e C. Goycochêa, ibid., p. 75.

245 Nepomuceno Saravia Garcia, ibid., p. 32.

246 Ibid., p. 41.

247 O mesmo autor, lho de Aparício, transcreve cartas do Coronel João Francisco, que
con rmam as relações, mercantis e políticas, do caudilho “blanco” com as autoridades
estaduais, com quem, por intermédio dele, se conciliara.

248 João Francisco publicou em 1932, Psicologia dos acontecimentos políticos


sul‐rio‐grandenses; e foi o caudilho que mais longamente viveu. Faleceu em São Paulo, aos 89
anos de idade, em 7 de maio de 1953.

249 Epaminondas Vilalba, A Revolução Federalista, p. 86; Dídio Costa (aí a documentação
de nitiva), Saldanha, p. 414; Dunshee de Abranches, A Revolta da Armada e a Revolução
Rio‐Grandense, ii, p. 189; Ministério da Marinha, Centenário do Almirante Saldanha, Rio:
1947. — O lanceiro chamava-se Salvador Seixas. Tambeiro, apelido, vem de tambo, na fronteira
rio-grandense, leiteria, ou estábulo.
250 Aliás Saldanha fora avisado por Joca Tavares das negociações de paz, Dunshee de
Abranches, A Revolta da Armada e a Revolução Rio‐ ‐Grandense, ii, p. 181.

251 Machado de Assis, A Semana, ii, p. 412. Inumados em Rivera, os restos mortais do
almirante foram transladados para o vistoso mausoléu do São João Batista, no Rio, em 1908; e
por ocasião do centenário (1947) a Marinha lhe inaugurou o monumento. O seu nome foi
posto no navio-escola que tem ultimamente dado a volta ao mundo, com os nossos guardas-
marinhas. Perdeu, para a classe, o sentido revolucionário que poderia dividi-la, para simbolizar
o espírito pro ssional, a dignidade marinheira, que a uni ca.

252 Ensaios e estudos, 3ª série, p. 146.

253 A Semana, ii, p. 417 (crônica de 7 de julho de 1895).

254 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 134. Sobre o negociador, v. Laurênio


Lago, Marechal Graduado Inocêncio Galvão de Queirós (1841–1903). Rio: 1941, p. 12; Rodrigo
Otávio Filho, conferência, in Prudente de Morais: O primeiro centenário. São Paulo: 1942, p.
83. Rui, comentando a mensagem de despedida de Prudente limitou-lhe a responsabilidade da
paci cação, para dar parte maior ao general. Este, ao regressar do Sul, dissera-lhe “não ouvira
(do presidente) uma palavra sobre a paci cação. Da sua linguagem ressumbrava apenas o
desejo dela”, A Imprensa, 18 de novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 133. Mas o desejo era
transparente.

255 Tobias Monteiro, O presidente Campos Sales na Europa, Introdução, p. 65.

256 Sobre Patrocínio e Prudente, v. O. Orico, Patrocínio, p. 223.

257 Medeiros e Albuquerque, Minha vida. Rio: 1934, ii, p. 20.

258 V. Raimundo Meneses, Guimarães Passos e sua época boêmia. São Paulo: 1952, p. 131.

259 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, Rio: 1934, 1ª série, p. 298, transcreve o
artigo de jornal em que Pompéia restaurou os conceitos da sua alocução.

260 Em página memorável, criticou e diagnosticou Francisco de Castro a propósito da


doença de Prudente. Davam-na como “acesso pernicioso”, segundo as teorias de Torres
Homem, e eram seus cálculos biliares. Daí a passagem sibilina da oração de paraninfo, de 1899,
em que Castro ironiza e de ne: “É que no ativo dele (impaludismo) jazem englobados estados
mórbidos de vária casta, desde a septicemia aguda ou crônica até a toxicose urêmica [...] desde
o choque operatório até a pedra na bexiga”. Mestre Aloísio de Castro con rmou, em conversa
conosco, esta censura do Pai aos médicos do presidente. — O presidente foi operado a 29 de
outubro; e como a convalescença devesse prolongar-se, passou o governo a 11 de novembro. V.
Ordival Cassiano Gomes, Manuel Vitorino Pereira. Rio: 1957, p. 246; Manuel Vitorino Pereira:
Primeiro centenário de nascimento, câmara municipal, Bahia: 1954.

261 Biriba, apelido dado pelos rio-grandenses aos tropeiros de Sorocaba. Prudente era lho
de um destes, e disto se orgulhava, como aliás Manuel Vitorino, do honrado marceneiro
português de quem descendia.

262 Afonso Arinos, Notas do dia. São Paulo: 1900, p. 243.


263 C. Mota Filho, Uma grande vida, pp. 128–9.

264 V. J. Lúcio d’Azevedo, A evolução do sebastianismo. Lisboa: 1918, p. 158. Citando


Euclides da Cunha, o historiador português inclui o caso de Canudos na crônica das histerias
sebastianistas da raça. Cantavam os fanáticos: “Dom Sebastião já chegou / E traz muito
regimento / Acabando com o civil / E fazendo o casamento”.

265 Euclides da Cunha, apoiado em João Brígido, sumariou a biogra a lacunosa do beato,
Os sertões. Rio: 1933, p. 159, 12ª edição corrigida. Natural de Quixeramobim, de uma família,
Maciéis, célebre por suas lutas com os Araújos, emigrara, casado, e por ter perdido a mulher,
raptada por um sargento de polícia, desapareceu do Ceará... Surgiu, barba crescida, cabelos
compridos, envolto no seu arremedo de batina, abordoado ao cajado dos romeiros, no Nordeste
baiano. Diziam que respondera por crime de sangue, que lhe perdoaram, por já estar demente.
A primeira notícia dos bandos que corriam com ele os sertões, nos dá a Folhinha Laemmert, do
Rio de Janeiro, em 1887. O arcebispo, em 1882, reprovou esse surto de fanatismo; e em 87 o
presidente da província pediu ao Ministro do Império um lugar para Antônio Conselheiro no
hospital de alienados. Não havia vaga... Retratou-o Durval Vieira de Aguiar, em Descrições
práticas da Bahia, 1882, “baixo, moreno acaboclado”.

266 Lê-se em placa de ferro: “Edi cadu em 1893 por a v m m, m m g” (ou seja, por Antônio
Vicente Mendes Maciel, sendo o fundidor mestre Manuel Gonçalo). Estivemos em Canudos em
9 de agosto de 1954. Das ruínas da igreja nova resta um pouco do alicerce. A “matadeira”, peça
Armstrong, foi posta num pedestal de alvenaria, alegoricamente... E nada mais.

267 Euclides da Cunha, op. cit., p. 172.

268 Leia-se como documento impressionista Os jagunços, de Afonso Arinos (com o


pseudônimo de Olívio de Barros, São Paulo: 1898), p. 172.

269 “A suprema autoridade temporal era para ele a do imperador”, Olívio de Barros, ibid., p.
172.

270 Machado de Assis, A Semana, i, p. 155: “Telegrama da Bahia refere que o Conselheiro
está em Canudos com dois mil homens perfeitamente armados” (22 de julho de 1894). Um
pequeno jornal de São Félix, 20 de maio de 94 (cf. Euclides da Cunha, Canudos. Rio: 1939, p.
47): “Pessoa vinda de Canudos, hoje império de Belo Monte, garantia [...] têm chegado grupos
de assassinos [...] a m de fazerem parte do exército garantidor das instituições imperiais”.

271 Relatório do Frei João Evangelista, v. Anais do 1º Congresso de História da Bahia. Bahia:
1950, iv, p. 576.

272 Euclides da Cunha, artigo de 14 de março de 1897, para O Estado de São Paulo
(Canudos. Rio: 1939, p. 161). Os sertões, monumento literário erguido a essa obscura epopéia, é
o livro de expiação: pois ele propagara a idéia absurda de que em Canudos se tinham refugiado
as esperanças vendeianas da restauração... V. também Umberto Peregrino, “Os sertões” como
história militar. Rio: 1956.

273 A Semana, ii, p. 358 (6 de dezembro de 96). E também a crônica de 31 de janeiro de 97,
ibid., p. 416.
274 Euclides da Cunha, ibid., p. 235. Que os jagunços deixaram 150 mortos contra dez
soldados mortos e 16 feridos...

275 J. C. Pinto Dantas Júnior, O Barão de Geremoabo. Bahia: 1939, p. 20.

276 O Coronel Moreira César, enviado para comandar a terceira expedição a Canudos sem
consulta prévia ao governador, e, ao que se propalava (sem razão, dadas as relações pessoais que
mantinham, desde 1891), capaz de depô-lo.

277 Cit. de Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil. Rio: 15 de junho de 1958.

278 Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil, 8 de junho de 1958. Do mesmo autor: A vida de
Rui Barbosa, pp. 296–7 (edição do centenário).

279 Luís Viana Filho (contestando o que diz Dante de Mello in A verdade sobre “Os
Sertões”), Jornal do Brasil, 8 de junho de 1958.

280 Ata de 19 de janeiro de 1897, redigida em meio ao combate, Tenente Henrique Duque-
Estrada de Macedo Soares, A Guerra de Canudos. Rio: 1902, pp. 12–8. No seu relatório o chefe
de polícia, Félix Gaspar, diz que a coluna perdeu quatro soldados na ação de Tabuleirinho dos
Canudos e cinco na retirada, Relatório da Secretaria da Polícia e Segurança Pública. Bahia:
1897, p. 24.

281 Tradição oral, que nos comunicou, tendo-a ouvido a Lauro Müller, Edmundo da Luz
Pinto.

282 O primeiro diagnóstico é porventura de Afrânio Peixoto, Epilepsia e crime. Bahia: 1897,
p. 195. Euclides da Cunha talvez tivesse sob os olhos a a rmativa do jovem psiquiatra, na
descrição clínica daquela sintomatologia: “epiléptico provado”, Os sertões, p. 297. Aí se refere ao
caso de Apulco de Castro de 1883, v. Melo Barreto Filho e Hermeto Lima, História da polícia
do Rio de Janeiro. Rio: 1941, iii, p. 122.

283 Leia-se Euclides, ibid., p. 302. Comandou o 7º o Major Rafael Augusto da Cunha Matos,
a artilharia o Capitão José Agostinho Salomão da Rocha, o Capitão Pedreira Franco o
esquadrão do 9º, o Coronel Sousa Meneses a ala do 16º, o Coronel Pedro Nunes Tamarindo o 9º
de infantaria.

284 Euclides, ibid., p. 304.

285 O nome perpetuou-se no Rio de Janeiro, onde, por isto, se chamam favelas os grupos de
casebres espalhados, em desordem, pelos morros, ao sabor da ocupação... (E. Backeuser, in
Renascença, Rio: março de 1905). Favela deixou de ser um topônimo para signi car povoado,
improvisadamente feito, de materiais de toda espécie, nas elevações que circundam a cidade —
lembrando, pelo miserável aspecto, o arraial dos jagunços.

286 Tradição oral, ouvida de veteranos da luta, em Geremoabo.

287 Euclides, op. cit., p. 354. Outra é a descrição de Dantas Barreto, Acidentes de guerra,
Recife: 1914, p. 169, 2ª ed., história, com enxertos novelescos, da expedição de Moreira César.
Após a tomada do arraial, soube-se que o corpo de Moreira César fora queimado no riacho das
Umburamas, ali perto, Dantas Barreto, Destruição de Canudos. Recife: 1912, p. 295.

288 Pois falamos tanto dos jagunços, nome dos cabras do sertão (mais tarde, cangaceiros), é
conveniente elucidarmos o étimo. Trata-se de arcaísmo português (preservado, como outros, no
nosso populário), zagunchos... (“com zagunchos e fréchas”, Coment. de Afonso Dalbuquerque,
i, p. 229)... espécie de azagaia, Fernão Mendes Pinto, Peregrinação, xxxvi, donde zagunchada, e,
em Trás-os-Montes, zaguncho, Cândido de Figueiredo, Dicionário da língua portuguesa, 2ª ed.,
a signi car muito vivo, esperto... O clavinoteiro seria, analogicamente, com a mudança
consonantal, jagunço... Aliás na região de Geremoabo é ainda de uso popular, brinquedo ou
sport infantil, a besta, com o respectivo zaguncho ou echa. Fazem-no à moda quinhentista.
Nas lutas do São Francisco, Militões e Guerreiros, o partido destes era dos jagunços, contra
marotos (1847). Brás da Costa Rubim, Vocabulário brasileiro. Rio: 1853, p. 39: “Jagunço:
valentão, guarda-costas [...] usado na Bahia”. Sertanejo é termo já de século e meio antes:
“Miseráveis sertanejos”, doc. da Junta das Missões, 1738, in Anais do arquivo público da Bahia,
xxix, 1946, p. 173.

289 Liquidou-se a pendência pagando o governo quatro mil contos à legação da Itália,
Tobias Monteiro, op. cit., p. 67.

290 Afonso Celso, O Visconde de Ouro Preto. Porto Alegre: 1935, p. 101. “À esperança de
apressar o advento monárquico não foi estranha sua aquisição do Comércio de São Paulo”, diz
de Eduardo Prado, fazendo-lhe a biogra a em 1901, Capistrano de Abreu, Ensaios e estudos.
Rio: 1931, 1ª série, p. 342.

291 Sobre as turbulências de Gentil de Castro no sul da Bahia, de 1883 a 89, v. Silva Campos,
Crônica da capitania de São Jorge dos Ilhéus. Bahia: 1947, pp. 314 e ss. Em 2 de julho de 89 fora
ferido num atentado, cf. Cidade do Rio, de 5 desse mês.

292 Carlos de Laet, O frade estrangeiro e outros escritos. Rio: 1954, p. 160.

293 Afonso Celso, op. cit., p. 107 (e o opúsculo dedicado ao crime publicado neste mesmo
volume); Elísio de Araújo, Através de meio século. São Paulo: 1932, p. 117. V. a descrição da
“mazorca”, que fez Rui na conferência de 24 de maio de 97, na Bahia, Obras, xxiv, t. i, pp. 24–5.
Gastão da Cunha, em 1903, recordando-a, clamava, nada se encontrara que mostrasse qualquer
cumplicidade com a insurreição de Canudos, Rodrigo M. F. de Andrade, Rio Branco e Gastão
da Cunha. Rio: 1953, p. 103. Havia simpatias vagas... Como nestes versos uminenses: “Já de
Canudos na jornada / Não planta a âmula sagrada / O Conselheiro, por um tris, / Nos
coqueiros deste país. / [...] / Viva Isabel a redentora! / Proclamaremos com ardor / Viva o
defunto Imperador!” (Azevedo Cruz, Benta Pereira. Campos: 1899, p. 11).

294 Leia-se Aníbal Freire, Conferências e alocuções. Rio: 1958, p. 51.

295 V. parecer de Rui sobre a responsabilidade do estado no empastelamento do Comércio


de São Paulo, Obras, Rio: 1948, xxv, t. iv, p. 180. “Foi empastelado diante dos olhos do então
presidente do estado, o Sr. Campos Sales”, Afonso Arinos, Notas do dia, p. 248.

296 Elísio de Araújo, op. cit., p. 111 (relatando a sua missão em Minas).
297 Duas cartas inexpressivas foram achadas em Canudos, que nada provam, sobre as
ligações dos fanáticos com o partido monárquico, embora este, segundo se dizia, exultasse com
as suas vitórias..., Dantas Barreto, Última expedição a Canudos. Porto Alegre: 1898, pp. 11–5.
Defendeu Rui Barbosa, na conferência da Bahia, 24 de maio de 1897: “Ninguém logrou até hoje
precisar o mais breve indício da mescla restauradora nos sucessos de Canudos”, Obras, xxiv, t. i,
p. 68. Em entrevista dada à Gazeta de Notícias, em 24 de julho, Luís Viana ridicularizou a
balela, Interview, Feira de Santana: 1897, p. 6, e, para refutá-la, a ela se referiu Gastão da Cunha,
Discurso de 1903 citado por Rodrigo M. F. de Andrade, op. cit., p. 103. V. o estudo de Pedro
Moniz de Aragão, in Revista do Instituto Histórico. Rio: 1958, vol. cclvii, pp. 85 e ss.

298 Construído em belo estilo imperial pelo arquiteto alemão Gustavo Waenhelt, para o
Visconde de Nova Friburgo, o Palácio do Catete data de 1862.

299 Rui, A Imprensa, 21 de novembro de 98. “Apenas nos destoou dos hábitos o Dr. Manuel
Vitorino, que não prescindia da etiqueta e tinha a sua queda pela pompa”, Obras, xxv, t. ii, p.
154. “Projeta-se grande baile no Palácio do Catete — que fará recordar o baile da Ilha Fiscal”,
reprovou Prudente, em carta de 10 de janeiro de 97 ao Senador José Bernardo, José Augusto,
Seridó, Rio: 1954, i, p. 217. Esta carta é precioso documento da irritação do presidente contra o
substituto. V. A Notícia, exprobrando ao presidente a volta sem aviso, Ordival Cassiano Gomes,
Manuel Vitorino Pereira, p. 248.

300 Campos Sales, Da propaganda à presidência, pp. 137–8.

301 Campos Sales, op. cit., p. 144; Tobias Monteiro, O presidente Campos Sales na Europa, p.
82.

302 O ensino militar foi recomposto em novas bases, separado o preparatório (Realengo, no
Rio de Janeiro, e Rio Pardo) do superior (Praia Vermelha), conforme regimento de 18 de abril
de 98.

303 Viana, para permitir a eleição, com os seus amigos, de alguns nomes da oposição, como
Seabra, a quem gostaria de eleger, deixou de apresentar a “chapa” pelo partido, limitando-se a
recomendar os preferidos. Assim também foi eleito Joaquim Macedo de Castro Rebelo, de cujo
ilustre lho, Prof. Edgardo de Castro Rebelo, ouvimos os pormenores do episódio.

304 Campos Sales reproduz o telegrama em que Prudente, considerando que o voto da
câmara o hostilizava, o intimou, com a representação paulista, a “escolher entre o governo, com
a ordem, e Glicério, com a anarquia militar”, ibid., p. 151; ainda Tobias Monteiro, op. cit., p. 75.
No País, de 3 de junho, dia da eleição, Quintino, em artigo sem assinatura, insinuou a
eventualidade da intervenção militar... O Jornal do Comércio (inspirado pelo presidente)
rebateu-lhe a ameaça. Os quartéis não se envolveram na contenda. Cindiu-se o que Rui chamou
(A Imprensa, 5 de outubro de 98) a “oligarquia partidária”. Com a derrota de Glicério subiu a
minoria perseguida pela ditadura, com as exceções e as acomodações justi cadas, a política dos
grandes estados, que passavam a gravitar em torno do Catete. A concentração republicana, de
1899, não foi mais do que uma tentativa frustrada de galvanizar essas forças desfeitas. O
presidencialismo acabou com o partidarismo.

305 Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales: Política e nanças. Rio: 1902, p. 19.
306 Rui Barbosa, artigo d’A Imprensa, 15 de novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 107.

307 1ª brigada, Coronel Joaquim Manuel de Medeiros, com os 7º, 14 e 40 de infantaria; 2ª,
Coronel Inácio Henrique Gouveia, 16, 25 e 27; 3ª, 5º de artilharia de campanha, 5 a 9 de
infantaria, do Coronel Olímpio da Silveira — constituíram a primeira coluna, do General Silva
Barbosa, e a cuja frente ia o comandante-em-chefe, Artur Oscar. A 4ª brigada, Coronel Carlos
Maria da Silva Teles, afamado defensor de Bagé, compreendia o 12, 31 e 33 de infantaria e uma
divisão de artilharia; a 5ª, Coronel Julião Augusto da Serra Martins (que capitulara do Desterro
e na Lapa) com o 34, 35 e o 40; e a 6ª, Coronel Donaciano de Araújo Pantoja, o 26, o 32 e uma
divisão de artilharia, sob o comando de Savaget.

308 Euclides da Cunha, op. cit., p. 375.

309 Max Fleiuss, História administrativa do Brasil, p. 486; Euclides, ibid., p. 367.

310 Luís Viana Filho, Jornal do Brasil, 15 de junho de 1958.

311 Interview... concedido sobre a questão de Canudos. Feira de Santana: 1897. Também Rui
Barbosa, in A Imprensa, 1o de novembro de 1898, Obras, xxv, t. ii, p. 3.

312 Luís Viana Filho, in Jornal do Brasil, 15 de junho de 1958.

313 Sobre a coluna de Savaget, H. Duque-Estrada de Macedo Soares, A Guerra de Canudos.


Rio: 1902. Em Cocorobó o total das baixas foi de 178, deixando os jagunços 60 mortos, ibid., p.
96. Chamaram-lhe estes a “coluna talentosa”.

314 V. a descrição de Francisco Mangabeira, A tragédia épica, “O batismo de sangue”. Bahia:


1900, pp. 20–1, e a síntese de Euclides da Cunha, Canudos, p. 11.

315 Sobre o 5º da Bahia, que sobremodo se destacou, v. Deolindo Amorim, in Revista do


Instituto Geográ co e Histórico da Bahia, 1945, nº 72, pp. 246–7.

316 H. D.-E. de Macedo Soares, op. cit., p. 126.

317 Ibid., p. 206.

318 Ibid., p. 215.

319 V. de Francisco Mangabeira, op. cit., “O combate”, p. 104. Euclides, Canudos, p. 16:
quatorze horas de luta, e sem comer nem beber, tanto que a suprema aspiração dos soldados
“era encontrar uma bilha de água e um punhado de farinha!”.

320 Alvim Martins Horcades, Descrição de uma viagem a Canudos. Bahia: 1899, p. 8.
Faleceu de febres, em Monte Santo, o acadêmico Joaquim A. Pedreira. Entre esses vinte e quatro
voluntários merecem ser lembrados Alvim Horcades (autor daquele valente livro), o poeta
Francisco Mangabeira, Ivo Soares (que foi general-chefe do Serviço de Saúde do Exército).

321 Canudos, p. 22.


322 Euclides da Cunha, op. cit., p. 574. V. a planta das posições do cerco, pelo Coronel
Siqueira de Meneses, in H. D.-E. de Macedo Soares, ibid., que serviu para os demais “croquis”
explicativos da marcha convergente, até o episódio nal, de 5 de outubro de 1897, quando
acabou a luta com os últimos jagunços. A partir de 22 de agosto: Relatório do Ministério da
Guerra, apêndice. Rio: Imprensa Nacional, 1898.

323 Pe. Azarias Sobreira, in Revista do Instituto do Ceará. Fortaleza: 1948, lxii, p. 219.
Vilanova, que ajudou o Pe. Cícero, em 1914, a defender-se em Juazeiro, disse ao Pe. Emílio Leite
Cabral que pedira licença ao Conselheiro, já moribundo, para sair de Canudos e ele
consentira... Sobre os outros chefetes da jagunçada, v. Euclides, artigo para O Estado de São
Paulo, 19 de agosto de 97, Canudos, pp. 37–9.

324 Euclides, Canudos, p. 91.

325 O primeiro corpo a ncar em Canudos a sua bandeira foi o 5º de polícia da Bahia,
Comandante Virgílio Pereira de Almeida. O o cial que levava o estandarte era o Alferes João
Batista Coelho, Anais do arquivo público da Bahia, 1918, vol. iii, p. 178.

326 Alvim Horcades, op. cit., p. 89, fala dos prisioneiros, além das mulheres, crianças e
velhos, cujo número considerável mostra que Antônio Beato cumpriu a palavra, e não cometeu
apenas o logro de aliviar o arraial de gente inútil, como Euclides supôs.

327 V. a descrição do m do combate, a dinamite e latas de querosene, do correspondente da


Gazeta de Notícias, in Wolsey (pseudônimo de César Zama). Libelo republicano acompanhado
de comentários sobre a campanha de Canudos. Bahia: 1899, p. 43. A cena terminal dos quatro
que continuavam lutando foi primeiro descrita por Dantas Barreto, Última expedição a
Canudos, p. 230, depois por H. D.-E. de Macedo Soares (que repete), e Euclides, ibid., p. 611.
Foram contados 647 corpos, e 5.200 casas no arraial, aliás incendiadas e demolidas. Leia-se
ainda Major A. Constantino Néri, A quarta expedição contra Canudos. Pará: 1898; Aristides
Milton, “A Campanha de Canudos”, Revista do Instituto Histórico. Rio: 1902.

328 Francisco Mangabeira, ibid. (“O Incêndio”), p. 138.

329 H. D.-E. de Macedo Soares, op. cit., p. 372.

330 Os sertões, p. 10. Compare-se com a sua ilusão de 7 de agosto de 1897, in Canudos, p. 6.

331 Francisco Mangabeira, Tragédia épica. Bahia: 1900, p. 7.

332 João A. Garcez Fróis, in Arquivos da Universidade da Bahia (Faculdade de Direito).


Bahia: 1947, ii, p. 79.

333 Euclides foi incisivo na descrição dos horrores de Canudos. César Zama, com o
pseudônimo de Wolsey, acusou: “Nem um só destes apareceu em parte alguma!”, ibid., p. 51.
Rui levou ao Senado, de passagem (a propósito da tentativa de assassinato do presidente) o
libelo. Escreveu, mas não chegou a pronunciar, um discurso em que expunha à nação o crime,
falando dos jagunços que mostravam “no colo o sulco da gravata sinistra”, Obras, xxiv, t. i, p.
301. “Não apareceram prisioneiros”, Brás do Amaral, História da Bahia do império à república,
p. 375. Mais vigoroso, Alvim Horcades, Descrição de uma viagem a Canudos, diz (p. 89) que o
número se elevou a 600, no dia 3, e, a 4, outros se apresentaram, sendo no m cerca de 800,
ibid., p. 90. E acusa: “Eu vi e assisti a sacri car-se todos aqueles miseráveis [...]. Em Canudos
foram degolados quase todos”, ibid., p. 103. E a acusação cou de pé. Assim em Manuel Benício
(repórter do Jornal do Comércio), O Rei dos Jagunços. Rio: 1899, p. 394. Com o pseudônimo
de Olívio Barros escreveu Afonso Arinos Os jagunços, São Paulo: 1898, como informa Basílio
de Magalhães, História do Brasil, Rio: 1948, p. 373, 2ª ed., e a que atrás nos reportamos.
Também insiste no pormenor, p. 419.

334 Discurso no Senado, Obras, vol. xxiv, t. i, p. 161.

335 Manifesto de 3 de novembro de 97, publicado por Rocha Pombo, op. cit., x, pp. 432–3,
da autoria de Metódio Coelho, Celso Spinola, in Revista da Faculdade de Direito da Bahia.
Bahia: 1939, vol. xiv, p. 159.

336 V. cap. 17 — As questões internacionais, “Questão do Amapá”, p. 136.

337 Relatório do delegado Vicente Neiva a propósito do atentado de 5 de novembro, in


Rocha Pombo, História do Brasil, x, p. 436.

338 Ciro Silva, Pinheiro Machado, p. 102.

339 Ernesto Sena, Rascunhos e per s. Rio: 1909, p. 17. Palavras de um contemporâneo,
envolvido injustamente na perseguição que se seguiu ao atentado, Fortunato Campos de
Medeiros: “O Sr. Diocleciano Mártir, diretor-proprietário do semanário O Jacobino, sem ouvir
os elementos de maior responsabilidade da oposição deliberou organizar [...] o assassinato do
presidente da república!”, Lutas pela pátria. Rio: 1953, p. 19.

340 V. Nina Rodrigues, O regicida Marcelino Bispo (extraído da Revista Brasileira, janeiro
de 1899). Bahia: 1899, p. 6. Condenado, Diocleciano foi indultado pelo Presidente Rodrigues
Alves (v. Jornal do Brasil, de 16 de novembro de 1903). Assistia o presidente ao des le militar
do dia 15 no Quartel-General, quando a mãe do detento lhe rogou esse perdão (informa-nos,
testemunha, o Sr. Heitor Guimarães).

341 V. Ernesto Sena, op. cit., pp. 9–14; Pereira da Silva, Prudente de Morais: O paci cador.
Rio, p. 78.

342 Rui, discurso de 10 de novembro, apoiando o projeto de estado de sítio, Obras, xxiv, t. i,
p. 203. Descrição in Pelino Guedes, O Marechal Carlos Machado Bittencourt. Rio: 1898, p. 172.

343 “Execrável justiça das ruas, depois de executar, aplaudida pelo radicalismo, a imprensa
monárquica, executou a imprensa radical”, Rui, A Imprensa, 5 de outubro de 1897, Obras, 1947,
xxv, t. i, p. 15.

344 General Honorato Caldas, O Marechal de Ouro. Rio: 1898, pp. 424 e ss.

345 Atentado de 5 de novembro, relatório do Dr. Vicente Neiva. Rio: 1898, p. 67; Rocha
Pombo, ibid., x, p. 443. No Senado, exprobrara Rui a ausência da polícia, não havendo quem
acudisse ao presidente, Obras, xxiv, t. i, p. 200.

346 João Barbalho, Constituição Federal Brasileira: Comentários. Rio: 1924, p. 283, 2ª ed.
Manuel Vitorino sustentou que lhe cabiam as imunidades do presidente e dos senadores.
347 Acórdão in Revista de Jurisprudência, Rio: 1898, iv, p. 203, relator Muniz Barreto.
Aplaudiu Rui (que aliás declinara do convite da família do Marechal Bittencourt para acusar
judicialmente Glicério e Manuel Vitorino, mandato que teve J. J. Seabra) a decisão do júri, A
Imprensa, 7 de novembro de 1898. De Seabra, com o pseudônimo de Caneca, Atentado de 5 de
novembro, artigos. Rio: 1898.

348 Ernesto Sena, ibid., p. 26.

349 O relatório policial destacou o caso da garrucha de dois canos que não disparara, tendo
apenas um dos canos carregado, porém com tal carga, que detonaria como um petardo,
Relatório, cit., e Rui, discurso de 10 de novembro de 1897, Obras, xxiv, t. i, p. 224 e artigo n’A
Imprensa, 7 de novembro de 98, Obras, xxv, t. ii, p. 52. “Nesse crime é manifesto o caráter de
uma verdadeira cultura”. V. sobre a perseguição policial, Campos de Medeiros, Lutas pela pátria,
p. 23. Aliás quanto a Campos de Medeiros, jovem de 17 anos, o Tribunal de Apelação negou o
habeas‐ ‐corpus impetrado, pois o estado de sítio autorizava a detenção. Diz Medeiros que foi
arrolado entre os acusados para completar o número de vinte, necessário à quali cação do
crime de conspiração. Assim no Código Penal vigente, artigo 115. O habeas‐corpus concedido
pelo Supremo Tribunal em agosto de 98 pôs m à prisão arbitrária. E o livro de Sant’Ana Néry,
De Paris a Fernando de Noronha, 1898.

350 Ciro Silva, op. cit., p. 103.

351 V. Rui Barbosa, Obras, xxv, t. iv, pp. 181 e ss., e Novos discursos e conferências, col. por
Homero Pires. São Paulo: 1933, pp. 154 e ss.

352 V. Rui Barbosa, A lição de dois acórdãos, Obras, xxv, t. iv, pp. 277 e ss. Leia-se também
João Barbalho, Constituição Federal Brasileira, p. 165, 2ª ed., (sobre o acórdão nº 1073, de 16 de
abril de 98); Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1928, p. 451, 3ª
ed.; Carlos de Carvalho, “O estado de sítio” e “Os tribunais de exceção”, Revista de
Jurisprudência, 1898.

353 V. Carlos Sá e outros, Francisco Sá: Reminiscências biográ cas. São Paulo: 1938, p. 190.

354 V. Felisberto Freire, A Constituição da república interpretada pelo Supremo Tribunal,


1913, p. 225. Com isto a corte suprema dava liberdade de criticar o governo durante o estado de
sítio. Defendeu Rui e cientemente a boa doutrina, A Imprensa, 6, 7, 12 e 16 de outubro de
1898.

355 Saíra Rui em defesa do Supremo Tribunal, A Imprensa, 22 de novembro de 98, Obras,
xxv, t. ii, p. 163. Defendendo Prudente, José do Patrocínio atacou na Cidade do Rio o seu antigo
patrono, do tempo em que a ditadura desterrava também os adversários, o que lhe valeu o
famoso libelo, A difamação, obra-prima de Rui, a que contestou com A hipocrisia, Cidade do
Rio, 16 de dezembro de 98, v. Osvaldo Orico, Patrocínio. Rio: 1935, p. 223. É índice da irritação
de Prudente o seu bilhete de 15 de agosto de 98 a Patrocínio, em que o concita a exprobrar o
fato, da véspera, de se terem abraçado juízes e réus no Conselho de Guerra, após a absolvição
unânime..., O. Orico, ibid., p. 233.

356 Carlos de Sá e outros, Francisco de Sá: Reminiscências biográ cas, p. 191.


357 Carta a José Marcelino, in Maria Mercedes Lopes de Sousa, Rui Barbosa e José
Marcelino. Rio: 1950, p. 67. Positivo é que Prudente pensava noutro nome: o uminense José
Tomás da Porciúncula, Aníbal Freire, Rosa e Silva. Rio: 1957, p. 12. Dizia: a consciência não o
acusava de haver concorrido para a apresentação de Campos Sales.

358 Campos Sales, op. cit., p. 162. Rui, carta a Luís Viana, 4 de outubro de 1900, a este
atribuiu magna pars na candidatura o cial. “Se o meu (voto) fosse ouvido, nem V. Ex.ª teria
feito o atual presidente da república”, Correspondência, p. 129. Disse-se que a oposição
premeditava duplicatas de atas eleitorais nos estados a m de caber ao Congresso, na apuração,
a última palavra: esperava ganhar a partida. “Com a morte do Marechal Bittencourt, todos estes
planos, sérios ou não, desapareceram de uma vez”, Capistrano, Ensaios e estudos, 3ª série, p.
147.

359 Sílvio Romero, Parlamentarismo e presidencialismo na república brasileira, Rio: 1893, p.


7, em carta a Rui defende o governo de opinião, contra esse personalismo, o regime
presidencial, que Medeiros e Albuquerque, O regime presidencial no Brasil, Rio: 1914, p. 175,
consideraria um aborto... E alistava-se no reformismo, ibid., p. 149. Ficaram convencionais, os
partidos..., Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales. Rio: 1902, p. 53.

360 Afrânio Peixoto, A es nge. Rio: 1911, p. 470.

361 Cândido Mota Filho, Uma grande vida, p. 131. O dé cit fora de 37.193 contos em 1895,
37.193 em 1896, 55.798 em 1897. V. Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales, p. 27.

362 Campos Sales, op. cit., p. 174. E Tobias Monteiro, O Presidente Campos Sales na Europa.
Rio: 1928, 2ª ed.

363 Campos Sales, ibid., p. 206.

364 V. de Murtinho, Relatório da indústria, viação e comércio, 1897, reimpresso na Revista


do Instituto Histórico e Geográ co Brasileiro, 1953, vol. ccxix, pp. 239–65.

365 José Maria Bello, História da república, p. 211.

366 O equilíbrio do orçamento, “esta foi a real e estupenda vitória do grande ministro”; “seus
atos nanceiros sobre redução de meio circulante só produziram desastres”, Cincinato Braga, in
Problemas brasileiros. Rio: 1948, p. 309.

367 “Passaram-se as festas ao Sr. Prudente de Morais”, Afonso Arinos, Notas do dia, p. 255.

368 Rodrigo Otávio, Prudente de Morais: O primeiro centenário. São Paulo: 1942, pp. 94–5.

369 Aníbal Freire da Fonseca, Conferências e alocuções. Rio: 1958, p. 54.

370 Obras, xxv, t. ii, pp. 115–120, artigo de A Imprensa, 16 de novembro de 1898.

371 Campos Sales, op. cit., p. 206. Diz que só abriu exceção ouvindo a “política” no que se
referia ao ministro que representasse a Bahia. O Governador Luís Viana dera três nomes.
Escolheu o de Severino Vieira, para a pasta da Viação, ibid., p. 209. Os outros nomes
(completamos o informe) eram Artur Rios e Sátiro Dias. Testemunhando o seu repúdio ao
sistema do “despacho coletivo”, restabelecido por Prudente de Morais, rea rmava, ainda nisto, o
radicalismo presidencial, ibid., p. 218. Não diz, mas se percebe, que para ele reunião de
ministros lembrava a unidade do Conselho, do tempo imperial. Rui Barbosa combateu-lhe logo
a supressão das audiências públicas, em que o presidente se mostrou menos liberal do que o
imperador, A Imprensa, 24 de novembro de 1898. “A tribuna parlamentar com este regime
perdeu completamente a sua autoridade”, clamou Rui em 1900, Obras. Rio: 1951, xvii, t. iii, p.
25.

372 Em carta ao Senador José Bernardino, José Augusto, Seridó, i, p. 221, de 19 de março de
1898, de niu Campos Sales a sua doutrina, reportando-se ao seu ministério (e à sua
experiência) do governo provisório: “Nada faria sem a audiência dos respectivos governadores
no que lhes era peculiar”. Leia-se também A. C. de Paula Sales, O idealismo republicano de
Campos Sales. Rio: 1943.

373 Campos Sales, op. cit., p. 237, põe em termos de salvação o método, que enfeixava nas
suas mãos o Legislativo. Escrevendo ao governador de Minas, Silviano Brandão (8 de fevereiro
de 1900) achava que se devia sistematicamente reconhecer quem viesse diplomado pela maioria
das juntas apuradoras, ibid., p. 240, isto é, os candidatos dos governadores, evitada a manobra
oposicionista das duplicatas de diplomas e das contestações subversivas. Escrevendo ao
governador da Bahia, considerava esta a única solução — contra o prurido de fraudes e
duplicatas — “em obediência à maioria do voto”..., ibid., p. 242. Rejeitou a proposta do
governador da Bahia, para que se zesse uma reunião, a m de assentar as providências
relativas à veri cação de poderes: era su ciente aquilo, ibid., p. 243.

374 Leia-se, sobre o modo de se fazer no interior uma eleição (a de 1899), Ulisses Lins de
Albuquerque, Um sertanejo e o sertão: Memórias. Rio: 1957, pp. 46–7.

375 Op. cit., p. 248. Formou-se o partido de Concentração. Gracejou Capistrano, artigo n’A
Notícia, de 1o de janeiro de 1900: “A concentração dos dois partidos lembra a fábula do homem
grisalho que tinha duas amantes: a velha arrancava-lhe os cabelos pretos, a moça arrancava-lhe
as cãs”. — Com essa política de governadores Campos Sales inventou Pinheiro Machado,
Medeiros e Albuquerque, Minha vida, ii, p. 26.

376 Rui Barbosa, Campanha presidencial, discurso em Juiz de Fora, 2 de março de 1919.

377 Correio da Manhã, nº de 17 de outubro de 1945, falecimento de Edmundo Bittencourt.

378 Leia-se a curiosa página de Afrânio Peixoto, A es nge, p. 124, de 1911, em que comenta
a “política geográ ca’’ e a “pessoal” do presidente. O sistema aí está descrito irônica e...
realisticamente.

379 Mário Rodrigues, Meu libelo. Rio: 1925, p. 46: “Ei-lo a profetizar o descalabro da política
dos governadores, que estabeleceu as oligarquias estaduais”.

380 Carta de Rio Branco ao Barão Homem de Melo, 29 de dezembro de 89, manuscrito no
arquivo de David Carneiro, Curitiba.

381 Álvaro Lins, Rio Branco. Rio: 1945, i, p. 264; Aluísio Napoleão, Rio Branco e as relações
entre o Brasil e os Estados Unidos, pp. 83 e ss.
382 Statement submitted by the United States of Brazil to the President of the United States
of America as arbitrator. Nova York: 1894, 5 vols. Que a Argentina pleiteava o limite pelo Rio
Jangada, ibid., i, p. 2. Do advogado adverso, Estanislau Zeballos, foi o Alegato de la República
Argentina sobre la cuestión de límites con el Brasil en el territorio de Misiones. Washington:
1894, 318 páginas. A memória de Rio Branco é o volume x de suas Obras, Rio: 1945.

383 A cópia apresentada por Rio Branco, Statement, etc., v, map. 7, é autêntica. A
contraprova consiste no mapa impresso por Rodolfo Garcia in Anais da Biblioteca Nacional,
Rio: 1938, lii, vol. i. Viu Rio Branco o que fora de Portugal e, roubado, o Duque de Richelieu
comprara em 1824, pertencente em seguida ao arquivo do Ministério de Estrangeiros. O de
Espanha, reproduzido por Garcia, era conhecido dos negociadores, dizendo Oliveira Lima que
o General Dionísio Cerqueira o encontrara em Madri.

384 V. Hélio Lobo, Rio Branco e o arbitramento com a Argentina. Rio: 1952, p. 74; e Luis
Santiago Sanz, La Cuestión de Misiones, Ensayo de su historia diplomática. Buenos Aires: 1957,
p. 81.

385 Araújo Jorge, Introdução às obras do Barão do Rio Branco. Rio: 1945, p. 33.

386 Araújo Jorge, Ensaios de história diplomática, p. 107.

387 A idéia da mediação portuguesa partiu do próprio Carlos de Carvalho, que o disse a
Castro Nunes, Alguns homens do meu tempo, p. 45.

388 Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, i, p. 131.

389 Eduardo Marques Peixoto, Ilha da Trindade, Publicações do Arquivo Nacional. Rio:
1932, vol. xxviii, 667 páginas.

390 T. B. Edgington, e Monroe Doctrine. Boston: 1905, p. 130. Rio Branco e Nabuco a
reconheciam “de tão grande benefício para o Novo Mundo”, F. W. Ganzet, in e Hispanic
American Historical Review, agosto de 1944, p. 447.

391 Henri A. Coudreau, Études sur les Guyanes, et l’Amazonie. Paris: 1887, p. 317; e
Sant’Ana Néry (seu vigilante contraditor), De Paris a Fernando de Noronha, p. 4.

392 Mémoire présenté par les États Unis du Brésil au gouvernement de la Confédération
Suisse (Berna, 4 de abril de 1899), 5 volumes (vol. iii e iv das Obras do Barão do Rio Branco,
Rio: 1945).

393 Joaquim Caetano da Silva, L’Oyapoc et l’Amazone: Question brésilienne et française.


Paris: 1861, 2 volumes. De Homem de Melo, O Oyapoc (aula de história universal, no Colégio
Militar). Rio: 1899; e Artur César Ferreira Reis, Território do Amapá: Per l histórico. Rio: 1949,
p. 104.

394 Conta Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, Rio: 1935, nova série, p. 232, que
quase não houve, em Paris, repercussão da sentença, que tanto devia decepcionar o espírito
público, porque, providencialmente, todos os entusiasmos foram concentrados na recepção do
Papá Kruger, o presidente boer que se glori cara no Transvaal...
395 Campos Sales, Da propaganda à presidência, p. 267.

396 Campos Sales, op. cit., p. 270. A índole autoritária re ete-se neste livro de recordações,
quando cita, a propósito da resistência aos turbulentos da imprensa e da tribuna, os
“Pensamentos”, de Bismarck, ibid., p. 282. Os monarquistas hostilizaram-no, e aos antecessores,
com os oito tomos da Década republicana (1899–1901), de Ouro Preto e Afonso Celso, Loreto,
Andrade Figueira, Cândido de Oliveira, Laet.

397 Campos Sales, op. cit., p. 277.

398 F. S. Sousa Reis, “Dívida do Brasil”, Revista do Instituto Histórico Brasileiro, 1º


Congresso de História Nacional. Rio: 1916, iv, p. 620.

399 Tobias Monteiro, op. cit., pp. 91–2.

400 Campos Sales, op. cit., p. 317. Na mensagem com que convocou a sessão especial do
Congresso para este m, em 1902, historiou os passos dados para a codi cação civil. V. também
Relatório do Ministério da Justiça, 1901, e Laurita Pessoa Raja Gabaglia, Epitácio Pessoa, i, pp.
152–4.

401 Clóvis Beviláqua, Código Civil comentado. Rio: 1921, i, p. 20. Este chegou ao Rio a 27 de
março de 1899 e em ns de outubro concluía o vasto trabalho, que o governo submeteu à
apreciação isolada de vários jurisconsultos, e a nal à comissão revisora presidida pelo Ministro
da Justiça (29 de março–2 de novembro de 1900).

402 Clóvis, op. cit., i, p. 22.

403 Carneiro Ribeiro, Ligeiras observações sobre as emendas do Dr. Rui Barbosa à redação
do projeto. Bahia: 1902. Leia-se a “consolidação” de Fernando Néri, Rui Barbosa e o Código
Civil. Rio: 1931.

404 Réplica, Rio: 1904, 599 páginas, (nova edição da Casa de Rui Barbosa, 2 vols., 1953); a
que contestou Carneiro, A redação do projeto do Código Civil. Bahia: 1905, 891 páginas. Clóvis
resume, no Código Civil comentado, a polêmica, em que se distinguiram, do lado do projeto,
lólogos e publicistas. É verdade que o Código não andou, fulminado pelas objeções de Rui, e
foi pena; porém a cultura nacional ganhou uma tal lição de linguagem que desde então a escrita
brasileira se depurou de numerosas imperfeições que a corrompiam. Banhou-se em gramática.
Rui começou a estudar o projeto quanto ao mérito, trabalho que lhe cou inédito, Fernando
Néri, Rui Barbosa, p. 107. O projeto, como diremos, pôde a nal ser discutido em 1912 no
Senado, voltou, emendado, à câmara, ressurgiu a debate em 1915, e foi sancionado a 1o de
janeiro de 1916. Atrasara-se.

405 Rui, discurso de 10 de maio de 1900, Obras, xxvii, t. iii, p. 6.

406 Alcindo Guanabara, A presidência Campos Sales, p. 110.

407 Sertório de Castro, A república que a revolução destruiu. Rio: 1932, p. 163.

408 Ferreira Viana invectivou a arbitrariedade no pan eto A conspiração policial, a que
Andrade Figueira, detido, respondeu com uma carta de emocionado agradecimento, 21 de
maio de 1900, cf. Paulo José Pires Brandão, Vultos do meu caminho. São Paulo: 1935, p. 18.
Levado a júri, o Conselheiro Andrade Figueira, depois de a rmar que conspirou, conspirava,
conspiraria sempre, e quem não deixaria de conspirar vendo a pátria em tais extremos — foi
unanimemente absolvido. Rui escreveu-lhe brilhante carta de solidariedade, 12 de março de
1900, Correspondência, p. 127, e Lafayette Rodrigues Pereira, em 29 de junho, engraçada
mensagem, Paulo José Pires Brandão, op. cit., p. 216: “Conspirar? Para quê e contra quem?”. “O
animal está morrendo de inanido: lembra a frase do orador antigo: ‘Um burro a devorar a
própria cauda’”. Na mesma mensagem de 3 de maio de 1900 o presidente aludiu à conjura. Leia-
se Cândido de Oliveira Filho, Curiosidades judiciárias. Rio, 1947, ii, p. 368.

409 Em 15 de agosto de 1897 a Castilhos sucedera no governo rio-grandense seu discípulo


Borges de Medeiros, v. João Pio de Almeida, Borges de Medeiros. Porto Alegre: 1928, p. 19;
João Neves, Memórias. Porto Alegre: 1958, i, p. 19.

410 Ciro Silva, op. cit., p. 110.

411 Estêvão de Oliveira, Notas e epístolas. Juiz de Fora: 1911, p. 31. Tarasca, apelido dado ao
diretório do prm, numa evocação satírica do monstro lendário de Tarascon e Beaucaire, que
Santa Marta dominara... “Régulos estaduais”, disse-se na Organização do Centro Republicano
Conservador. Rio: 1906, p. 189.

412 Campos Sales, op. cit., p. 337.

413 V. Silveira Peixoto, A tormenta que Prudente de Morais venceu, pp. 340 e ss.

414 Cândido Mota Filho, in Centenário do Conselheiro Rodrigues Alves. São Paulo: 1951, ii,
p. 397.

415 João Sampaio, in Prudente de Morais: O primeiro centenário, p. 204.

416 Araújo Castro, A reforma constitucional. Rio: 1924, p. 7. V. também Félix Contreiras
Rodrigues, Velhos rumos políticos. Tours: 1921, pp. 181 e ss.

417 Olinto de Magalhães, Centenário do Presidente Campos Sales. Rio: 1941, p. 142. O
convite da chancelaria russa foi feito aos governos que tinham representantes em São
Petersburgo: daí ser o Brasil convocado, mas para um objetivo que lhe seria desfavorável, qual o
de não aumentar, durante certo prazo, as forças armadas, sendo que a exigência não obrigava os
países latino-americanos, ausentes da Conferência. Seria um luxo diplomático o
comparecimento, para ns estranhos ao sistema de convivência, em que estávamos
empenhados. — Rui criticou acremente aquela atitude de abstenção, discurso em Paris, 31 de
outubro de 1907, Discursos e conferências, pp. 230–1.

418 V. Brasil‐Argentina (em grande tomo, sobre a viagem de Roca ao Rio), Buenos Aires:
1900; e Cipriano de La Peña, Crónica ilustrada y documentada de las estas de confraternidad
brasileiro‐argentinas (viagem de Campos Sales). Buenos Aires: 1901.

419 Oliveira Lima, Pan‐americanismo. Rio: 1907, p. 185.

420 Richard Schomburgk, Reisen in British‐Guiana, in den Jahren 1840–1844. Leipzig: 1847.
421 Joaquim Nabuco, O direito do Brasil. São Paulo, 1941, p. 215 (1º volume, reimpresso,
dos dezoito que Nabuco apresentou ao árbitro, o Rei da Itália, na defesa dos limites com a
Guiana Inglesa).

422 Oliveira Lima, Memórias, p. 181.

423 Obras de Rio Branco. Rio: 1945, vol. ii. A 1ª ed. é de Bruxelas, 1897. — O caso da posse,
precedendo ao litígio, foi decisivo. Veja-se o que sucedeu na Argentina com a região do Rio
Negro, ou de “deserto”, fronteiriça do Chile. Antes de formalizar a pendência, Roca tratou de
ocupar a terra: daí a “guerra do deserto”, que venceu.

424 Nabuco defendeu o árbitro, dizendo que a sua parcialidade consistiu em querer
contentar as duas partes, dividindo o “contestado”, Luís Viana Filho, A vida de Joaquim Nabuco,
p. 288. Mas Guilherme Ferrero con ou a Graça Aranha, que ouvira de Buzzatti, professor em
Pavia e membro da comissão incumbida de estudar a questão, que o rei recomendara fosse dada
razão aos ingleses, pois “não podia fazer uma cousa desagradável à Inglaterra”.

425 Ver T. B. Edgington, e Monroe Doctrine. Boston: 1905, p. 131.

426 Luís Viana Filho descreve as peripécias da nomeação de Nabuco, sugerida de Londres
por Sousa Correia, encaminhada no Rio por José Carlos Rodrigues e Tobias Monteiro,
formalizada pelo Ministro Olinto de Magalhães em casa daquele, a 3 de março de 1899, op. cit.,
p. 224.

427 Green Waywood Hackworth, Digest of International Law. Washington: 1940, i, p. 401.
Carolina Nabuco, A vida de Joaquim Nabuco. São Paulo, pp. 412–4, cita A. de Lapradelli e N.
Politis, L’Arbitrage anglo‐brésitien de 1904, e a crítica de Paul Fauchille, Le con it de limites
entre le Brésil et la Grande‐Bretagne et la sentence arbitrale du Roi d’Italie. Paris: 1905.

428 Carta de Nabuco ao Instituto Geográ co e Histórico da Bahia, publicada no nº 30, p.


207 de sua Revista, Bahia: 1905. Mas Paul Fauchille foi incisivo: “Ou lieu de cela la sentence du
Roi d’Italie a ouvert à l’Angleterre le système uvial de l’Amazone mais a fermé au Brésil celui de
l’Essequibo”, op. cit., p. 120.

429 A primeira descrição da borracha, com o uso que dela faziam os indígenas, é de Pedro
Mártir de Anghiera na Historia General y Natural de las Indias, devendo-se porém a La
Condamine a sua vulgarização no mundo cientí co, com o nome peruano de caúchú
(cautchouc). O botânico Aublet, da designação indígena hevé, fez Hevea guayanensis, seu
rótulo cientí co. Priestley em 1770 inventou (rubber) a aplicação da goma para apagar os traços
de lápis, Mac-Intosh inventou o seu emprego nas roupas impermeáveis, depois que o americano
Goodyear lhe deu a notoriedade mundial, com a “vulcanização” (tratamento pelo enxofre em
altas temperaturas), passando a borracha a ser essencial aos meios de transporte, à condução da
eletricidade, às exigências do moderno progresso — matéria-prima de que se tornou faminto o
universo.

430 V. Vicente G. Quesada, Historia diplomática latino‐americana. Buenos Aires: 1920, iii, p.
233. Sobre o mapa da linha verde e Duarte da Ponte Ribeiro, Castilhos Goycochêa, Fronteira e
fronteiros. São Paulo: 1943, pp. 121 e ss. Resume a controvérsia Cassiano Ricardo, O Tratado de
Petrópolis. Rio: 1954, i, pp. 78–9.
431 O General Taumaturgo de Azevedo publicou as suas razões, abrindo a questão, em 1897,
Limites entre o Brasil e a Bolívia, valente opúsculo reeditado em 1953, por motivo do seu
centenário de nascimento, pela família.

432 V. Craveiro Costa, A conquista do deserto ocidental. São Paulo: 1940, p. 136.

433 O papel é dado como de 12 de maio de 1899, e o publicou Júlio Rocha, O Acre:
Documentos para a história de sua ocupação pelo Brasil. Lisboa: 1903, p. 25.

434 Leia-se Cláudio de Araújo Lima, Plácido de Castro: Um caudilho contra o imperialismo.
São Paulo: 1952, pp. 40 e ss.; Cassiano Ricardo, op. cit., i, p. 118. Sobre a dollar policy, com o
“Roosevelt corollary”, entre a guerra de Cuba e a abertura do canal do Panamá, v. Pedro
Calmon, Brasil e América. Rio: 1943, pp. 92 e ss. (aí a bibliogra a essencial). A Bolívia em
épocas passadas (1844, 1858) pretendera desempatar suas divergências com o Brasil na
Amazônia franqueando-lhe a entrada aos norte-americanos, cuja atitude a respeito parecia
exposta pelo Tenente Maury, no e Amazon on the Atlantic Slopes of South America, 1853.
Note-se que Eduardo Prado exagerara tais sustos, lembrando a frase de Grant: os produtos que
lhe faltavam, entre estes a borracha, os teriam... “by any means”, Castilhos Goycochêa, O
espírito militar na questão acreana. Rio: 1941, p. 56.

435 V. Castilhos Goycochêa, O espírito militar na questão acreana, p. 51.

436 “Aramayo rechazaba el imperialismo en su sentido de invasión y ocupación armada,


pero lo admitía sin cuidado en sus formas nancieras y contractuales”, Augusto Céspedes, El
Dictador Suicida: 40 años de Historia de Bolivia. Santiago: 1956, p. 23.

437 Carlos Carneiro Leão de Vasconcelos, As terras e propriedades do Acre. Rio: 1905, p. 4.

438 Castilhos Goycochêa, Plácido de Castro, o derradeiro bandeirante. Porto Alegre: 1940,
p. 26; Araújo Lima, op. cit. São Paulo: 1942.

439 V. Pimentel Gomes, A conquista do Acre, ed. da Comp. Melhoramentos de São Paulo.
São Paulo, pp. 40 e ss.

440 Obras do Barão do Rio Branco, v, p. 17. Transcreve a ata de independência Océlio de
Medeiros, Administração territorial. Rio: 1946, p. 120.

441 Araújo Lima, op. cit., p. 164 (com a respectiva documentação).

442 Artur César Ferreira Reis, A questão do Acre. Manaus: 1936, p. 21; Araújo Lima, ibid.,
pp. 207 e ss.

443 Araújo Lima, op. cit., p. 210.

444 Que Plácido recebeu mal a intervenção, é a tese do Coronel R. Dias de Freitas, Plácido
de Castro e a integração do território do Acre no Brasil, conferência no Clube Militar, 27 de
setembro de 1939 (Fortaleza: 1949). Nega R. Dias de Freitas que tivesse chegado a sitiar Puerto
Rico, ibid., p. 36. Em verdade, colocando-se rio acima, podia cortar a comunicação com a
Bolívia, condenando o adversário a uma luta de morte, para a qual tinha este, todavia,
superioridade de material. A legação em La Paz avisara o governo boliviano da decisão do
Presidente Rodrigues Alves de mandar ocupar o território até a solução do litígio. O modus
vivendi de 21 de março de 1903 evitou um choque armado de imprevisíveis conseqüências, C.
Goycochêa, O espírito militar na questão acreana, p. 78. A correspondência publicada por
Araújo Lima, op. cit., p. 241, diz que “com dez horas de tardança não teria evitado o assalto a
Porto Rico e, por conseguinte, sério derramamento de sangue”. Aramayo, na publicação (1903)
em que justi cou a sua ação em Londres, diz que Pando levaria a melhor, se não fosse detido
pelo modus vivendi, Augusto Céspedes, op. cit., p. 26; Elias Sagárnaga, Recuerdos de la
Campaña del Acre de 1903. La Paz: 1903.

445 Diz Rio Branco na carta a Gastão da Cunha, ao ler a Exposição de motivos o diretor da
seção José Antônio de Espinheiro lhe entregara o mapa de Ponte Ribeiro (1860), ou da “linha
verde”, que ele, barão, julgava inexistente. Gastão da Cunha manteve secreta a reti cação, tanto
que Rui, no Direito do Amazonas ao Acre setentrional, em 1911, voltou ao assunto, para aludir
ironicamente à “história da linha verde”, como a uma invenção graciosa. Ferido pela reiteração
do erro, Olinto de Magalhães (que nos seus relatórios o invocara, e sabia que Rio Branco achara
e conhecia o mapa) escreveu ao barão em 17 de junho de 1911, e ele respondeu em 22 de julho,
justi cando-se com a conveniência de não dar maior publicidade à corrigenda, Olinto de
Magalhães, op. cit.

446 Discurso de 6 de setembro de 1900, Obras, xxvii, t. iii, p. 101.

447 Rui, Correspondência, p. 138. Preferia o arbitramento, achando demasiadas as


concessões à Bolívia.

448 E um ramal de Vila Murtinho a Vila Bela, abandonado depois, com a queda da
exploração da borracha, substituído (protocolo de 25 de novembro de 1937) pela estrada de
ferro de Corumbá a Santa Cruz de la Sierra, Relatório da Comissão Mista, Rio: 1940, p. 7.

449 Obras do Barão do Rio Branco, v, p. 29. A linguagem é ufana: “Expansão territorial, só
agora e com a feliz circunstância de que, para a efetuar, não espoliamos uma nação vizinha e
amiga, antes a libertamos de um ônus”. V. Cassiano Ricardo, O Tratado de Petrópolis. Rio: 1954,
2 vols.

450 V. Araújo Maia, Plácido de Castro. São Paulo: 1952, pp. 355 e ss. Ao Desembargador
João Lago devemos informações complementares do episódio.

451 Inconformado, o governo do Amazonas recorreu incontinenti ao Judiciário (4 de


dezembro de 1904), tanto na justiça como na imprensa, O Acre setentrional, Reivindicação do
estado do Amazonas contra a união ante o Supremo Tribunal Federal. Rio: 1906; A transação
do Acre no Tratado de Petrópolis, polêmica de Rui Barbosa, Rio: 1906, nalmente em dois
tomos, O direito do Amazonas ao Acre setentrional, Rio: 1910. No Congresso, E gênio Sales
propusera o acordo compensador (1916), então recusado por inoportuno, mas retomado em
1921 (iniciativa do Deputado Aristides Rocha), agora com a aquiescência do governo estadual,
de que resultou, em 1926, a desistência da ação reivindicatória. A União em troca endossara um
empréstimo de 40 mil contos. Voltou o caso à balha na Constituinte de 1933, foi levado ao
estudo de uma comissão arbitral e esta avaliou a indenização em mais de 350 mil contos,
Ferreira Reis, A questão do Acre, pp. 26–7.
452 Leopoldo de Bulhões, discurso no banquete que lhe ofereceram as classes
conservadoras, 28 de setembro de 1904, Augusto de Bulhões, Leopoldo de Bulhões, um
nancista de princípios. Rio: 1954, p. 268.

453 Convertida em lei, 14 de dezembro de 1904, v. Dídio Costa, Noronha, Rio: 1944, p. 327,
a reforma foi pleiteada na câmara pelo deputado uminense Laurindo Pita, cujo discurso,
transcrito nesse livro, mostrava que quase não tínhamos esquadra. Foi a voz providencial que
despertou a consciência política para o problema do reaparelhamento naval.

454 Carta in Revista do Instituto Histórico, vol. cclvii, p. 224 (só publicada em 1958).

455 Álvaro Lins, Rio Branco, p. 397 (e resposta irônica do barão, com o pseudônimo de
Nemo, pelo Jornal do Comércio).

456 V. Gastão Pereira da Silva, Rodrigues Alves e sua época. Rio, pp. 130 e ss.

457 Revista do Clube de Engenharia, número do centenário. Rio: 1922, p. 80.

458 V. Cidade do Rio de Janeiro, plano de Alfred Agache (com o histórico e os mapas
demonstrativos), Paris: 1930; Recenseamento do Rio de Janeiro, Rio: 1907, p. 42.

459 Cantou-se no carnaval de 1904: “Sem igual no mundo inteiro / Cidade maravilhosa /
Salve o Rio de Janeiro”. V. Raimundo A. de Ataíde, Pereira Passos, o reformador do Rio de
Janeiro. Rio, p. 214. Coelho Neto, artigo in A Notícia, 29 de outubro de 1908, e A Cidade
Maravilhosa, Rio: 1928.

460 Afrânio Peixoto, Higiene. Rio: 1917, pp. 529–30, 2ª ed.

461 Saudando Oswaldo Cruz na sua recepção acadêmica, disse Afrânio Peixoto: “Este poder
absoluto da vontade, em que acreditais, e que exerceis, é a vossa força, e dela vos veio a glória”,
Academia Brasileira: Discursos acadêmicos. Rio: 1935, ii, p. 295. “Esse poder da fé”, louvou
Aloísio de Castro, Discursos acadêmicos. Rio: 1936, iv, p. 21. “Não torce nem quebra”, Rui
Barbosa, Oswaldo Cruz. Rio: 1917, p. 25.

462 Ver E. Sales Guerra, Oswaldo Cruz. Rio: 1940, pp. 66 e ss.

463 Olavo Bilac, Crítica e fantasia. Porto: 1904, p. 274.

464 Fócion Serpa, A vida gloriosa de Oswaldo Cruz. Rio: 1937, p. 129.

465 V. discurso de Rui, no Senado, 16 de novembro de 1904, Obras, xxxi, t. i, p. 45. Serve de
documento à incompreensão geral: “O Estado mata, em nome da lei, os grandes criminosos.
Mas não pode, em nome da saúde, impor o suicídio aos inocentes”. Transcreve E. Sales Guerra,
Oswaldo Cruz, p. 259, um dos boletins insidiosos: “A verdade provada pelos fatos é que a vacina
propaga a varíola”. O Apostolado positivista adotava a linguagem: “O Código das torturas foi
uma conquista desses médicos [...]. Esse atentado”.

466 Sertório de Castro, op. cit., p. 190 (e aí o resumo, decalcado no noticiário dos jornais, da
sublevação das ruas).
467 Obras, xxxi, t. i, p. 58 (referindo-se à denúncia que, às oito da noite, lhe levara o pai de
um dos cadetes).

468 Emanuel Sodré, in artigo no Correio da Manhã, Rio: 14 de novembro de 1954.

469 Dantas Barreto, Conspirações. Rio: 1917, pp. 12–3.

470 Ibid., p. 24: “A revoltosa coluna, já desanimada, tinha o aspecto lúgubre”.

471 Ibid., op. cit., p. 27. “Armas atiradas à rua, quase inutilizadas; soldados em marcha
violenta, ainda assombrados”. “Por sua parte os alunos sem chefe, sem direção, sem saberem
que fazer [...] retrocederam para a escola”.

472 V. diário de Gastão da Cunha (testemunhando os incidentes ocorridos no Catete), in


Rodrigo de M. F. de Andrade, Rio Branco e Gastão da Cunha, p. 205.

473 Gastão da Cunha, ibid., p. 205. A participação de Afrânio Peixoto, conforme nos
comunicou ele, a narramos na História social do Brasil, iii, p. 241.

474 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil. São Paulo: 1930, p. 414.

475 João Varela, Da Bahia do Senhor do Bon m. Bahia: 1936, p. 81.

476 Pedro Dias de Campos, O espírito militar paulista. São Paulo: 1923, p. 155.

477 Correspondência, coligida por Homero Pires. São Paulo: 1932, p. 144.

478 Otelo Rosa, Júlio de Castilhos, p. 318.

479 Afonso Arinos de Melo Franco, Um estadista da república. Rio: 1955, i, p. 459.

480 A. C. Ferreira Reis, História do Amazonas, p. 260. De Belém dizia Euclides da Cunha, 30
de dezembro de 1904: “Nunca São Paulo e o Rio terão as suas avenidas monumentais, largas de
40 metros”, Francisco Venâncio Filho, Euclides da Cunha e seus amigos, p. 141. Sua impressão
de Manaus, ibid., p. 144.

481 V. Nelson de Sena, Geogra a de Minas Gerais, ed. da Sociedade de Geogra a do Rio de
Janeiro, 1922, p. 283; e O cinqüentenário de Belo Horizonte, conf., Belo Horizonte: 1948. A
Constituição estadual autorizara a mudança da capital de Ouro Preto para outro sítio, o que foi
facilitado pelo funcionamento temporário da Assembléia em Barbacena (onde se criou, em
1894, a comissão construtora da nova cidade, sob a direção do Engenheiro Aarão Reis). O
sucessor deste, Engenheiro Francisco Bicalho, entregou ao governo, em 12 de dezembro de
1897, as primeiras instalações da Cidade de Minas (como então se chamou). Teve o nome
de nitivo de Belo Horizonte por lei de 1o de julho de 1901 — como aliás já determinara o
decreto de 12 de abril de 1890 para o primitivo Arraial de Curral del-Rei. O Presidente Afonso
Pena começou e o Presidente Bias Fortes concluiu o empreendimento enorme, de passar a sede
do governo da arcaica Vila Rica para aqueles arejados lugares — donde, no decurso de meio
século, brotou uma das maiores cidades do país.

482 V. 1º Centenário do Conselheiro Antônio da Silva Prado. São Paulo: 1946, p. 101, pass.
483 Afonso d’E. Taunay, História da cidade de São Paulo. São Paulo: 1954, p. 254.

484 Aberta por Joaquim Eugênio de Lima, v. Rocha Azevedo Filho, Um pioneiro em São
Paulo. São Paulo: 1954.

485 Ao Dr. Coelho Cintra, diretor do Jardim Botânico, diz C. J. Dunlop, coube a glória de ter
sido o realizador do primeiro sistema elétrico de nitivo na América do Sul, para a substituição
da tração animal, Apontamentos para a história dos bondes no Rio de Janeiro, Rio: 1953, p. 195.
E Noronha Santos, Meios de transportes no Rio de Janeiro. Rio: 1934, i, p. 409. Em Paris
experimentara-se a aplicação da eletricidade a essa espécie de transporte. Os bondes
“americanos” foram pela primeira vez utilizados em Cleveland, em 1884.

486 Leia-se o histórico in Amando e Aquiles de Oliveira Fernandes, A indústria de energia


elétrica no Brasil. Rio: 1953, pp. 25–6.

487 Coelho Neto, A capital federal. Rio: 1895, p. 74.

488 Afrânio Peixoto, As razões do coração. Rio: 1925, p. 222.

489 Noronha Santos, op. cit., ii, p. 86.

490 Ibid., i, p. 118. De 473 tílburis em 1866, o movimento caíra a 20 em 1917. E Machado de
Assis julgara-os eternos...

491 Joseph Burnichon, Le Brésil d’aujourd’hui. Paris: 1910, p. 116.

492 Luís Edmundo, Recordações do Rio antigo. Rio: 1950, p. 167.

493 Epístola, Poesias completas. Madri: 1952, p. 831.

494 Sobre o papel decisivo de Francisco Sales na “construção” da candidatura mineira,


Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias. Rio: 1957, p. 42; Afonso Arinos, Um estadista da
república, ii, pp. 462–3.

495 Sobre as peripécias da candidatura de Rui lançada por José Marcelino e pelo “bloco” por
este inspirado, Maria Mercedes Lopes de Sousa, Rui Barbosa e José Marcelino, Rio: 1950, p. 77.
Praticamente foi a situação baiana quem deu a vitória ao nome mineiro.

496 João Pinheiro, Carlos Peixoto, preferiam Sales; Bias Fortes achava que devia ser Sales ou
Afonso Pena; Sales recusou com rmeza, indicando Pena. V. Caio Nelson de Sena, João
Pinheiro da Silva. Belo Horizonte: 1941, p. 92. Desistira Bernardino a 16 de agosto, v. Tavares
Pinhão, Bernardino de Campos. Ribeirão Preto: 1941, p. 96.

497 V. documentos citados por Maria Mercedes Lopes de Sousa, op. cit., pp. 97 e ss. V.
também Sertório de Castro, ibid., pp. 217–9; Ciro Silva, Pinheiro Machado, pp. 128–9. Rui, em
carta a Azeredo, 19 de abril de 1905, rebelara-se contra o lançamento do nome de Campos Sales
por Pinheiro, Correspondência, p. 151. Joaquim Murtinho, no discurso dito no banquete
oferecido a Afonso Pena, salientou a vitória da tese de que o presidente não tinha o direito de
fazer sucessor (e em 1929 Lindolfo Collor — discurso de 20 de setembro — recordou estas
palavras, Aliança liberal, Rio: 1930, p. 59).
498 Generoso Ponce Filho, op. cit., p. 405.

499 Ibid., p. 419. Exclui-se a culpa dos chefes vencedores, porque o crime se deu no
imprevisto de uma sortida, ignorando a escolta de “provisórios” que atirava em Antônio Pais de
Barros.

500 Dantas Barreto, Expedição a Mato Grosso.

501 Generoso Ponce, ibid., cap. 16, “A intervenção frustrada”. Explicou Rui, respondendo em
1913 a João Luís Alves, que se opusera ao pedido (constante da mensagem presidencial) para a
apuração de responsabilidades mediante intervenção federal, com a nomeação de interventor,
Comentários à Constituição Federal, ed. de H. Pires. São Paulo: 1932, i, p. 194. Pela primeira
vez se falava de interventor. V. Ernesto Leme, A intervenção federal nos estados. São Paulo:
1930, p. 201; e Pedro Calmon, A intervenção federal. Rio: 1936, p. 119. Fausto Cardoso, na
câmara — o que não deixa de ser curioso — defendera a intervenção e o interventor, que
deveria cumpri-la, Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição brasileira, pp. 196–7.

502 Mário Cabral, Roteiro de Aracaju. Aracaju: 1948, pp. 254–5. V. João Luís Alves,
Trabalhos parlamentares. Rio: 1923, p. 58 (parecer da Comissão de Justiça da câmara favorável
à intervenção federal, conforme consulta do governo); Afonso Arinos, op. cit., ii, p. 517.

503 V. documentação in Miguel Calmon, Fatos econômicos. Rio: 1913, p. 370. O plano fora
de Alexandre Siciliano. Sobre o episódio, Afonso d’E. Taunay, Pequena história do café no
Brasil. Rio: 1945, pp. 295 e ss.

504 Leia-se René Gonnard, Histoire des doctrines économiques. Paris: 1947, p. 484. Observa
Henry William Spiegel, “with these measures Brazil assumed the role of pioneer in the eld of
raw material control”, e Brazilian Economy. Filadél a: 1949, p. 172. O congresso cafeeiro de
países produtores reunido em 1902 em Nova York tinha estabelecido um “cartel de preços”
análogo ao que se criou em Taubaté, Andreas Sprecher von Bernegg, Plantas tropicais e
subtropicais na economia mundial, Rio: 1938, p. 308.

505 Parecer da comissão de nanças da câmara, Serzedelo Correia, 16 de novembro de 1908,


Documentos parlamentares, Valorização do café, Rio: 1915, ii, p. 5.

506 Miguel Calmon, op. cit., p. 175. Realmente os preços subiram em 1911–2 de 238% sobre
os de 1907–8, Von Bernegg, op. cit., p. 308. “Com isto o primeiro negócio da valorização foi
bem sucedido”. Justi ca-o H. E. Jacob, Biogra a del caffè. Milão: 1936, p. 324.

507 H. E. Jacob, Biogra a del caffè, p. 327.

508 É quando o imperialismo colonial (digamos com Hauser) se integra no nacionalismo.


Em 1898 pouco faltou para ingleses e franceses se baterem no alto Nilo (Fachoda): cederam
estes, v. Georges Hardy, La politique coloniale et le partage de la terre. Paris: 1937, p. 242; L.
Genet, L’Europe contemporaine. Paris: 1951, p. 457. O imperador da Alemanha desembarcou
em Tânger (1905) manifestando o seu interesse pelo “controle” marroquino: quase a guerra com
a França... Esta já se aliara à Inglaterra e ia formar com a Rússia a Tríplice Entente, em clara
prevenção da luta, antevista e imensa.
509 Leia-se sobre o novo imperialismo americano, Samuel Flagg Bemis, La diplomacia de
Estados Unidos en la América Latina, trad. T. Ortiz. México: 1944, p. 133. Quanto à oposição
de teses, em 1904, pan‐ ‐americanismo e pan‐iberianismo, Dunshee de Abranches, Brazil and
the Monroe doctrine. Rio: 1915, p. 62. O Brasil fora o primeiro a aplaudir a doutrina de
Monroe, consagrando-lhe o novo palácio..., John Bassett Moore, Principles of American
Diplomacy. Nova York: 1918, p. 414.

510 Álvaro Lins, Rio Branco, p. 456.

511 Euclides da Cunha, Contrastes e confrontos, p. 415, fala da “feição gravíssima” da


“guerra iminente”, achando errado o envio de tropas para o Purus. As di culdades militares
desse movimento iriam inspirar, como diremos, a renovação do exército no governo de Afonso
Pena. Valia a experiência...

512 Euclides da Cunha escreveu Peru versus Bolívia, Rio: 1939, 2ª ed.

513 Dunshee de Abranches, Rio Branco e a política exterior do Brasil, ii, p. 248.

514 Ver H. D., Ensayo de historia patria. Montevidéu: 1923, p. 796.

515 V. Heitor Lira, História diplomática e política internacional. Rio: 1941, pp. 140 e ss.

516 A apologia dessa política foi feita em termos encomiásticos por Artur Orlando,
Pan‐Americanismo, Rio: 1906, p. 41: organizaria a vida econômica como em dado momento o
Cristianismo organizou a vida religiosa internacional...

517 Álvaro Lins, ibid., p. 517. O desertor apareceu seis meses depois em Buenos Aires. Leia-
se também Raul Rio Branco, Reminiscências do Barão do Rio Branco, Rio: 1942, p. 195.

518 Otávio Brito, O monroísmo e a sua nova fase, citado por João Cabral, Sociedade
Brasileira de Direito Internacional, anuário de 1934– 35, p. 21. Não se esqueça que a Alemanha
desgostara os Estados Unidos com a simpatia pela Espanha na guerra de Cuba, ao tempo em
que deles se acercava a Inglaterra, renunciando às intervenções armadas no continente.

519 A primeira manifestação americanista de Rio Branco foi em 1903, quando o ministro
argentino Drago formulou a doutrina contra a cobrança pela força de dívidas internacionais
(caso da agressão à Venezuela): cava com o pensamento dos Estados Unidos (telegrama de 18
de março, citado por Álvaro Lins, ibid., p. 490). Era o começo de sua vitória sobre o Bolivian
Syndicate, que aniquilou a peso de dinheiro — com a benevolência do State Department.

520 Sertório de Castro, op. cit., p. 225. V. a reti cação de Daniel de Carvalho, Capítulos de
memórias, p. 76; e antes, Diário de Notícias, Rio: 24 de outubro de 1954.

521 Destacou-se Campista na defesa da Caixa de Amortização, “monumental”, Pedro Rache,


Homens de Minas, Rio: 1947, p. 124. Sobre o seu per l parlamentar, v. Antônio Gontijo de
Carvalho. Ensaios biográ cos. São Paulo: 1951, p. 153.

522 A nomeação do ministro baiano de 27 anos serve de exemplo à independência com que
Pena organizou o gabinete, resistindo à política dos estados que bafejava os respectivos leaders,
cf. Maria Mercedes Lopes de Sousa, op. cit.; e In memoriam, Miguel Calmon: Sua vida e sua
obra. Rio: 1936, p. 30 (livro de nossa autoria).

523 Antônio Gontijo de Carvalho, Ensaios biográ cos, p. 179.

524 Jardim da infância, apelido dado por Augusto de Freitas, discurso na câmara, 20 de maio
de 1907. Afonso Arinos, ibid., ii, p. 481.

525 Sobre a ligação de São Paulo ao Paraná, em 1899, v. Ernesto Sena, O Paraná em estrada
de ferro. Capital Federal: 1900, p. 90.

526 V. Euclides da Cunha, A margem da história. Porto: 1922, pp. 130–43; In memoriam,
Miguel Calmon, p. 40; Fernando de Azevedo, Um trem corre para o Oeste. São Paulo: 1950, pp.
308 e ss.

527 V. Roquette-Pinto, Rondônia. São Paulo: 1935, pp. 53 e ss., 3ª ed.; Amílcar de Magalhães,
Impressões da Comissão Rondon (com o histórico das expedições), Rio; Missão Rondon,
Apontamentos sobre os trabalhos realizados pela comissão de linhas telegrá cas..., Rio: 1916.

528 Nome proposto por Roquette-Pinto, em 1915 (zona entre os rios Juruena e Madeira), op.
cit., p. 17.

529 V. Alfredo Lisboa, “Portos do Brasil”, in Dicionário do Instituto Histórico e Geográ co


Brasileiro, 1922, i, pp. 560 e ss.

530 Criou a Caixa de Conversão a lei nº 1.565, de 6 de dezembro de 1906. V. a crítica de


Leopoldo de Bulhões, in Augusto de Bulhões, op. cit., p. 354.

531 Combatendo a criação da Caixa, lembrava Bulhões o erro de se aplicar o fundo de


garantia do papel-moeda (lei de 1899) em fundo de resgate, que valorizava indiretamente o
meio circulante. Deslastrava as emissões, a que o governo recorria em face dos seus gastos
excessivos que consumiram, além disto, em quatro anos, empréstimos no valor de 60 milhões
esterlinos. O custo do progresso!

532 V. Álvaro Lins, Rio Branco, ii, p. 563; Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, pp. 337 e
ss. Sobre a assembléia da Haia, E. Lemonon, La Seconde Conférence de la Paix; Bustamante, 2ª
Conferencia de la Paz en el Haya. Virgínia Cortes de Lacerda e Regina Monteiro Leal, Rui
Barbosa em Haia. Rio: 1957.

533 Álvaro Lins, ibid., ii, p. 565; Viana Filho, ibid., p. 342; de Rui, A Conferência de Haia,
dois autógrafos, ed. da Casa de Rui Barbosa. Rio: 1952.

534 Sobre o duelo verbal de Rui e Martens, o delegado russo, v. Alberto d’Oliveira, Memórias
da vida diplomática. Paris-Lisboa: 1926, p. 80.

535 La guerre des Balkans et l’Europe. Paris: 1914, p. 385.

536 Citado por Rodrigo Otávio, Minhas memórias dos outros, nova série, p. 313.

537 V. de Rui, Novos discursos e conferências, p. 236.


538 Leia-se, de 1914, Fulleton, Problems of Power, pp. 246–7, sobre a possível partilha das
in uências entre a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos. No prefácio a A. Chéradame, O
plano pangermanista desmascarado, Paris: 1917, p. 20, cita Graça Aranha o Discurso do Kaiser,
de 1896, lembrando a dimensão mundial do império; e colige as referências alemãs à América
do Sul, de Tannenberg, Sievers, J. Ludwig, Funke, Lange, Libert, etc. Também Charles Andler,
Le Pangermanisme. Paris: 1915, pp. 34–6.

539 Leia-se, Teodorico Lopes e Gentil Torres, Ministros da Guerra do Brasil. Rio: 1946, p.
155.

540 Despacho de Rio Branco, citado por Álvaro Lins, ibid., p. 594.

541 Leia-se a resposta de Rui Barbosa a Zeballos, discurso no Senado, 21 de outubro de 1908
(Boletim da Soc. de Dir. Bras. de Dir. Int., janeiro–dezembro de 1949).

542 O regozijo uruguaio pelo tratado consubstanciou-se no nome de Rio Branco, dada à
Villa Artigas, departamento de Cerro Largo, no de Avenida Brasil, a uma das artérias de
Montevidéu, e no monumento (escultor, Paulo Mañé) que lhe perpetua a imagem nessa capital.
Em janeiro de 1910 a Argentina subscreveu com o Uruguai o protocolo sobre a jurisdição das
águas do Prata, que era da sua parte a colaboração na política do cordial vizinho. Tem esta o
símbolo, quanto ao Brasil, no caso extraordinário da união de Santana do Livramento (1857) e
Rivera, único, talvez, de uma fronteira sem vestígios materiais, a dividir a mesma cidade, como
se a regesse delicado acordo de condomínio urbano, sem alfândega nem polícia, espontâneo.

543 José Enrique Rodó, El Mirador de Próspero. Montevidéu: 1944, i, p. 199.

544 Alberto de Faria, conferência na Academia Brasileira, 30 de agosto de 1930 (V. cap. 26,
“O período inquieto”, nota 15, p. 197).

545 Pedro Rache, Homens de Minas, pp. 86–7.

546 Paulo Tamm, João Pinheiro. Belo Horizonte: 1947, p. 193.

547 Narra Medeiros e Albuquerque aspectos curiosos da excitação que, em 1908, começava a
invadir o exército, levando alguns grupos a atos de violência, após sessões secretas do Clube
Militar..., Minha vida, ii, p. 40.

548 Reminiscências de Lauro Müller, que nos comunicou Edmundo da Luz Pinto.

549 Rui, Correspondência, p. 207.

550 Ibid., p. 189. “Não é mistério para ninguém que Pinheiro Machado resistiu à
candidatura do marechal”. Gilberto Amado, Grão de areia e estudos brasileiros. Rio: 1948, p.
190.

551 Rui, ibid., p. 192.

552 Ibid., p. 202. Respondendo ao presidente, e em estrondosa entrevista ao repórter de O


País, Bias Fortes lhe negou o direito de ter candidato. E este pronunciamento destruiu a
candidatura de David Campista.
553 Tavares de Lira, Presidente Afonso Pena; Afonso Arinos, Um estadista da república, p.
597; José Vieira, A cadeia velha.

554 Afonso Arinos, op. cit., p. 598.

555 Ibid., p. 600. Por 142 votos a câmara negou a renúncia, que Peixoto declarou irrevogável
a 18 de maio.

556 Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, p. 363.

557 Hermes da Fonseca Filho, Pinheiro Machado. Rio, p. 67.

558 Foi a tese de vários médicos, e David Campista, em resposta a pergunta de Rui, a 18 de
junho de 1909: “A moléstia [...] foi consideravelmente agravada por padecimentos morais”. “Sob
a ação de choques morais sucessivos”, informou na mesma data Miguel Calmon, Rui Barbosa,
Correspondência, pp. 210–1. Boa para a campanha eleitoral, a a rmação foi acolhida com
reserva. Espírito temperado nas lutas políticas, não tombaria com a crise que se processava
lentamente. Além disto a proclamação da candidatura do marechal é de 22 de maio e faleceu a
14 de junho. Barbosa Lima rompera o movimento de desagravo, gritando na câmara (a 15 de
junho): “Sucumbiu aos golpes traiçoeiros da perfídia partidária (apoiados e não apoiados)”,
Afonso Arinos, ibid., p. 608.

559 Conta-nos Edmundo da Luz Pinto, que um popular nesta ocasião bradou: “Êta
presidente cientí co!”. Foi o adjetivo pitoresco que lhe veio à cabeça, na féerie do teatro novo...

560 João Mangabeira, Rui: O estadista da república, p. 125; Luís Viana Filho, op. cit., p. 368.

561 Carta a Glicério e Azeredo, v. Fernando Néri, op. cit., p. 133.

562 Discurso no Teatro Lírico, Rio: 15 de julho de 1909, F. Néri, ibid., p. 133.

563 Rui Barbosa, Plataforma apresentada na sessão pública no politeama baiano, na noite de
15 de janeiro de 1910. Continuava presidencialista por não parecer ainda oportuna a revisão
neste ponto, ibid., p. 25.

564 V. Rui, O Sr. Rui Barbosa, no Senado, responde às insinuações do Sr. Pinheiro Machado.
Rio: 1915, p. 41.

565 Seguimos neste passo a informação que nos deu o Almirante Álvaro Alberto (que
ultimamente foi benemérito presidente do Conselho Nacional de Pesquisas), ferido ao lado do
seu comandante.

566 José Carlos de Carvalho, O livro de minha vida. Rio: 1912, p. 360; Dantas Barreto,
Conspirações, p. 169; H. Pereira da Cunha, A revolta na esquadra, 1953.

567 Sobre a atitude de Rui, Luís Delgado, Rui Barbosa. Rio: 1945, p. 73. V. descrição do
terror pânico que houve na cidade, Maurício de Lacerda, discurso de 2 de outubro de 1912,
Anais da câmara, xi, pp. 164–5 (sessões de 1–15 de outubro de 1912); Sertório de Castro, A
república que a revolução destruiu, pp. 264–5; Dantas Barreto, op. cit., p. 175. A ordem em
branco, de Batista Leão, é documento do arquivo de Adir Guimarães, Rio.
568 Rui, discurso de 24 de novembro de 1910, in J. C. de Carvalho, O livro de minha vida, p.
392.

569 Sílvio Romero e Artur Guimarães, Estudos sociais. Lisboa: 1911, pp. 27–8. V. Dantas
Barreto, op. cit., p. 203; Edmar Morel, A Revolta da Chibata. Rio: 1959.

570 Leia-se o que de Pinheiro, e sua intimidade, e sua in uência diz Gilberto Amado,
Mocidade no Rio e primeira viagem à Europa. Rio: 1956, pp. 116 e ss.

571 O Supremo Tribunal, a propósito da dualidade de câmaras em Sergipe, em 1895,


declarara que neste caso, nitidamente político, competente para o considerar era o Congresso,
Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1929, p. 171.

572 Sertório de Castro, op. cit., p. 269.

573 Carlos Maximiliano, Comentários à Constituição, p. 782. Rui exprobrou a exorbitância


chamando-lhe “ditadura do Executivo”, discurso de recepção no Instituto dos Advogados, 18 de
maio de 1911, Discursos e conferências, p. 292.

574 Jorge Hurley, História do Brasil e do Pará. Belém: 1938, p. 570.

575 Aníbal Freire, Rosa e Silva, pp. 30 e ss.; José Maria Bello, Memórias. Rio: 1958, p. 72.

576 V. Antônio Moniz, A Bahia e os seus governadores na república. Bahia: 1923, pp. 398 e
ss.

577 Antônio Moniz, A Bahia e os seus governadores na república, p. 421; José de Sá, O
bombardeio da Bahia e seus efeitos. Bahia: 1918, p. 366.

578 Alberto de Faria, Revista da Academia Brasileira, xxxiv, 1930, p. 16; Rodrigo Otávio,
Minhas memórias dos outros, nova série, p. 210. Sobre a apoteose dos funerais, Constâncio
Alves, Figuras. Rio: 1921, p. 138.

579 Artur Neiva, Daqui e de longe. São Paulo, p. 18.

580 Pinheiro reprovara a brutalidade. Quem a ordenara? Falou-se de telegrama, do Catete


para o General Sotero, assinado, com proposital ambigüidade, M. Hermes. Mário Hermes? O
fato é que o marechal, conta Setembrino de Carvalho, Memórias, p. 107, concordou: e ao ser
interrogado, disse: “O Forte de São Marcelo já está bombardeando o palácio”. Do Ministério da
Guerra (continua Setembrino) é que não partiu a ordem, ibid., p. 108.

581 V. José de Sá, ibid., p. 420. Até no caso da indenização pelos danos do bombardeio, o
Supremo Tribunal, mudando de jurisprudência, foi contra a União. Responsabilizou-a. Julgara
improcedente a ação dos particulares lesados no bombardeio de Manaus. Entendia agora
cabível, pois o da Bahia fora ordenado pelo inspetor da Região, por ordem do... presidente da
república, Hermenegildo de Barros, Memórias do juiz mais antigo do Brasil. Rio: 1942, i, p. 132.

582 Sertório de Castro, op. cit., p. 289; Costa Porto, Pinheiro Machado e seu tempo, p. 168;
Pedro Dias de Campos, O espírito militar paulista, p. 165; Rui Barbosa, Discurso no Senado em
resposta às insinuações, p. 42.
583 Rodrigo Soares Júnior, Jorge Tibiriçá e sua época. São Paulo: 1958, ix, p. 502.

584 Rui, discurso citado, p. 49.

585 V. Setembrino de Carvalho, Memórias, p. 100; J. Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p.


75; Sertório de Castro, op. cit., p. 291.

586 Craveiro Costa, História de Alagoas. São Paulo, p. 166. Os Maltas governaram desde
1900, com Euclides, que em 1903 se fez substituir pelo irmão Joaquim Paulo, retornando ao
poder em 1906 e reelegendo-se para o triênio, de 9 a 12. O candidato dos Maltas, Natalício
Camboim, num acordo que cou anedótico (“acordo de Camboim”, sinônimo de capitulação
ingênua), retirou-se, facilitando a eleição tranqüila do Coronel Clodoaldo.

587 Teodoro Braga, História do Pará. São Paulo, p. 125.

588 Dantas Barreto, op. cit., p. 208.

589 V., sobre a conduta de Pinheiro, Gilberto Amado, Mocidade no Rio e primeira viagem à
Europa. Rio: 1956, pp. 395 e ss.

590 Eusébio de Sousa, História militar do Ceará, p. 306.

591 Anais da Câmara dos Deputados, v, p. 520 (discurso de Agapito dos Santos), sessões de
1–12 de julho de 1912.

592 Sobre a situação da zona de que tratamos, Gustavo Barroso, Almas de lama e de aço. São
Paulo: 1930, pp. 25 e ss.; Irineu Pinheiro, O Cariri. Fortaleza: 1950, p. 190. A sedição foi
preparada no Rio, cf. Rodolfo Teó lo, A sedição de Juazeiro, p. 37, Barroso, ibid., p. 18. Leia-se,
de Fran Martins, Mundo perdido, romance. Rio: 1940, pp. 161 e ss.

593 V. Fernandes Távora, O Padre Cícero, in Revista do Instituto do Ceará, 1943, lvii, pp. 268
e ss.

594 Cangaço, grupo, ou ofício de valentões, pode ser derivado de encangar, canga, ou jugo,
na acepção de laço entre eles, para a proeza... Cangaceiro (termo dicionarizado por Cândido de
Figueiredo na sua nova edição), este é brasileirismo. O sentido reponta dos versos de 1914:
“Querendo andar no cangaço / Até sou bom cangaceiro” (Leonardo Mota, Violeiros do Norte.
São Paulo: 1925, p. 184). Aparece a palavra em O Cabeleira, de Franklin Távora, p. 198.
Euclides, Os sertões, p. 190 da 22ª ed.: cangaço, complexo de armas.

595 O entrincheiramento de Juazeiro estendeu-se à volta da povoação num raio de três


léguas, com o fosso adiante, e o parapeito à guisa de muro, com as frestas adequadas às
espingardas... V., sobre a luta, Irineu Pinheiro, O Juazeiro do Padre Cícero e a Revolução de
1914. Rio: 1938.

596 V. Campos de Medeiros, Lutas pela pátria, pp. 46–7.

597 Setembrino de Carvalho, Memórias, pp. 122–3; v. Eusébio de Sousa, op. cit., pp. 307–9;
Costa Porto, op. cit., p. 175. O sítio foi declarado para o Ceará e preventivamente para a capital
federal, onde bom número de o ciais apoiava o camarada governador.
598 Setembrino, ibid., p. 123. O presidente do Rio Grande do Sul em conceituoso telegrama
aplaudiu a intervenção, Hermes da Fonseca Filho, Pinheiro Machado. Rio, p. 84. Mas o dever
do governo federal era manter o governo estadual que lhe pedisse o auxílio, Carlos
Maximiliano, Comentários à Constituição, p. 175.

599 Fernando Magalhães, O centenário da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio:


1932, p. 164.

600 Augusto Bulhões, Leopoldo de Bulhões, pp. 404–5: “E tivemos um encilhamento


embora em menores proporções do que o anterior”: palavras do Senador Bulhões, 27 de agosto
de 1915. Leia-se também Raul Alves, História política dos governos da república. Rio: 1927, p.
187.

601 Às a rmações amargas de Bryce no seu livro South America, respondeu Salvador de
Mendonça, Situação internacional do Brasil, p. 57.

602 Dantas Barreto, Conspirações, p. 215.

603 Ibid., p. 220.

604 Respondendo a Pinheiro no ano seguinte, Rui lhe recordou o veto dos dois grandes
estados, O Sr. Rui Barbosa, no Senado, responde às insinuações do Sr. Pinheiro Machado, p. 5;
v. também Sertório de Castro, op. cit., pp. 324 e ss. Habilmente, os mineiros (por sugestão de
Bias Fortes) responderam a Pinheiro, que o preferiam na presidência do seu grande partido...

605 V. Manifesto da Grande Convenção Racional de 26 e 27 de julho de 1913, Rio: 1913; em


anexo, Rui Barbosa, Programa do Partido Republicano Liberal.

606 Raimundo de Meneses, Emílio de Meneses: O último boêmio. São Paulo: 1946, p. 228.

607 “Um homem houve que solveu essa tensa situação: Sabino Barroso”, J. P. Calógeras,
Formação histórica do Brasil, p. 467.

608 Rui (em São Paulo), Campanha presidencial, p. 201.

609 Rui Barbosa, Discurso no Senado, em resposta às insinuações de Pinheiro, p. 29:


“Esperanças no novo governo”.

610 Elísio de Araújo, Através de meio século, p. 256.

611 Rui sustentou a legitimidade do habeas‐corpus, discurso de 28 de janeiro de 1915, in


Comentários à Constituição Federal Brasileira, organizados por Homero Pires, v, p. 514, e ainda
noutras sessões do Senado, Revista do Supremo Tribunal Federal, iii, nº 1.

612 Costa Porto, op. cit., p. 211.

613 V. as con ssões do criminoso, Xavier de Oliveira, O magnicida Manço de Paiva. Rio:
1928, pp. 162–3. Na prisão, mais tarde, dizia ele a este médico: “Pena é que não apareça um
outro doido que mate o Epitácio, já que eu não posso sair daqui”, ibid., p. 185. Intoxicava-se de
leitura de jornais...
614 V. General Abílio de Noronha, Narrando a verdade. São Paulo: 1924, p. 16. O candidato
dos sargentos à presidência da república era o General Dantas Barreto, Maurício de Lacerda,
Entre duas revoluções. Rio: 1927, p. 44 (respondendo ao General Abílio). Con rma essa
“tentativa de revolução parlamentarista”, Campos de Medeiros, Lutas pela pátria, p. 65.

615 Pedro Cavalcanti, A presidência Venceslau Brás, 1914–1918. Rio: 1918, p. 7 (e aí a


síntese histórica do quatriênio). Do mesmo autor, O per l de um grande estadista da república,
Dr. Venceslau Brás. Rio: 1956.

616 V. o resumo da questão in Romário Martins, História do Paraná, pp. 508 e ss.; Enéas
Marques, Generoso Marques, pp. 77 e ss. O litígio fora aberto em 1891, quando Santa Catarina
propôs que se xasse a fronteira na linha Rio Negro–Iguaçu: o projeto foi arquivado no
Congresso Nacional. Ambos os estados aceitariam o laudo arbitral de Manuel Vitorino.
Fracassou o acordo porque o presidente do Supremo Tribunal, Olegário de Aquino e Castro,
entendeu que a esta corte faltaria competência para homologá-lo. Daí a ação intentada, e ganha
em 1904 por aquele estado, mas com tal abalo da opinião, que a sentença não chegou a ser
executada. Substituiu-a o acordo nal de 1916, como diremos, sob os auspícios do Presidente
Venceslau Brás. Sobre a tentativa de emancipação da zona com o nome de Estado das Missões,
v. Cleto da Silva, Acordo Paraná–Santa Catarina. Curitiba: 1920.

617 Como os dois estados requisitaram a intervenção federal, e em verdade o banditismo do


Contestado os desa ava a ambos, não se pôde dizer que atrás dos rebeldes estivessem agentes
do governo. Nas Memórias, o General Setembrino declara não ter achado vestígio disto, op. cit.,
p. 137. Os adversários dos chefes locais engrossavam as hordas dos fanáticos, Osvaldo R.
Cabral, Santa Catarina, pp. 388–9. Leia-se Brasil Gerson, Pequena história dos fanáticos do
Contestado. Rio: 1955, p. 9.

618 Osvaldo R. Cabral, op. cit., p. 386; Major Ávila da Luz, Os fanáticos: Crimes e
aberrações. Florianópolis: 1952, p. 91; Gastão Goulart, Verdades da Revolução Paulista. São
Paulo: 1933, pp. 282–3.

619 V. Campanha do Contestado: Episódios e impressões. Rio: 1916, p. 129.

620 Setembrino de Carvalho, Memórias, pp. 141 e ss. V. do mesmo general, Relatório, Rio:
1916, e A paci cação do Contestado, Rio: 1916; Herculano Teixeira d’Assunção, A Campanha
do Contestado. Belo Horizonte: 1917, 2 vols.

621 Setembrino de Carvalho, op. cit., p. 154.

622 Discurso do Senador Generoso Marques, 26 de julho de 1917.

623 Ministério das Relações Exteriores, Guerra da Europa, Documentos diplomáticos,


Atitude do Brasil. Rio: 1917, p. 5.

624 Decretos de 12 e 24 de agosto de 1914 (Grã-Bretanha e Alemanha, Japão e Alemanha),


de 10 de março de 1916 (Portugal e Alemanha), de 29 de agosto de 1916 (Itália e Alemanha).

625 V. Pací co Pereira, Conferências. Bahia: 1915, p. 20. Daquela loso a truculenta (sic)
deu Rui o resumo na conferência de Buenos Aires, de 1916, A Grande Guerra, ed. de F. Néri.
Rio: 1932, p. 34.
626 Miguel Calmon, In memoriam, p. 55; e A Defesa Nacional, Rio: 1o de agosto de 1915.
Do outro lado, Dunshee de Abranches advertia, A ilusão brasileira, Rio: 1917.

627 V. oração in Últimas conferências e discursos, p. 175. Miguel Calmon foi em verdade o
criador da Liga. Bilac dizia ter sido de Afonso Arinos o primeiro grito, pref. a Lendas e
tradições brasileiras, de Arinos, Rio: 1917, p. 3.

628 Conferência na Faculdade de Direito de São Paulo, 9 de outubro de 1915, op. cit., p. 121.
Para o cotejo de idéias leia-se Miguel Couto, O ideal da paz e a Defesa Nacional. Rio: 1915.

629 V. A Defesa Nacional, Rio: 10 de novembro de 1916.

630 Rui Barbosa, A Grande Guerra, p. 56, edição de F. Néri.

631 O Embaixador Luís de Sousa Dantas, então subsecretário do Exterior — nos referiu a
surpresa que lhe causou a conferência de Rui, com a qual não contava. É claro que a escrevera
no Rio, fora vertida a espanhol pelo Ministro Manuel Bernardez, e se destinava a assinalar a
inconformidade do sentimento jurídico do continente com a neutralidade tímida dos governos.
Rui explicou os fatos no discurso do Teatro Municipal, 17 de setembro de 1916, A Grande
Guerra, p. 91, e a eles voltou nas orações de Petrópolis, em 7 de março de 1917, e de São Paulo,
4 de abril de 1919.

632 V. A Defesa Nacional, de 10 de abril de 1916.

633 Sobre a evolução da atitude dos Estados Unidos, v. nosso Brasil e América, p. 117
(citando Victor Giraud, David Jayne Hill...). Foi um dos motivos da decisão a política secreta da
Alemanha em relação ao México, surpreendida pelo Intelligence Service: a “Zimmerman Note”.
V. também Harley Wolter, e Origins of the Foreign Policy of Woodrow Wilson. Baltimore:
1932, p. 621; P. S. Martin, Latin America and the War, 1925; L. T. Hill, Diplomatic relations
between the u. s. and Brazil, 1932; Harold E. Davis, e Americas in History, p. 676.

634 V. documentos na citada publicação o cial do ministério, A guerra da Europa, p. 18. A


nota de protesto à Alemanha contra a agressão submarina fora devidamente enérgica,
reconheceu-se na Europa (Afonso Celso, recebendo na Academia Lauro Müller, Discursos
acadêmicos, Rio: 1935, iii, p. 234). Rui procurou provar a insegurança da ação do ministro, na
oração de 1919, em São Paulo, Esfola da calúnia, pp. 194–6: aí o histórico destes fatos. Francisco
Sá, na convenção de 25 de fevereiro de 1919, proclamou: “A política da guerra não estava
vencedora nem no Congresso, nem no governo”; foi Rui quem triunfou com ela nas ruas. E
Medeiros e Albuquerque na imprensa, Minha vida. Rio: 1934, ii, p. 151.

635 Além do citado livro do Itamaraty, Oto Prazeres, O Brasil na Guerra. Rio: 1918, pp. 61 e
ss.

636 Cerca de cem médicos partiram em 18 de agosto de 1918, v. Leonídio Ribeiro, Ensaios e
per s. Rio: 1954, p. 455.

637 Novos discursos e conferências, pp. 381 e ss.

638 Rui Barbosa, ibid., p. 391.

Ú
639 Últimas conferências e discursos, p. 48.

640 Bilac, ibid., p. 57.

641 Paulo Nogueira Filho, Ideais e lutas de um burguês progressista. São Paulo: 1958, i, p. 75.
O programa da Liga Nacionalista foi retomado em 1926 pelo Partido Democrático, ibid., i, p.
154.

642 Carlos Seidl, A propósito da pandemia de gripe em 1918. Rio: 1919, p. 16. As grandes
cidades (Paris, Londres, Nova York, Madri) não puderam evitar a visita da in uenza maligna,
chamada “espanhola”, pela publicidade dada aos seus estragos na Península.

643 Afrânio Peixoto, Um século de cultura sanitária, pp. 84–5.

644 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil. Rio: 1952, p. 201. V.
as impressionantes reminiscências de Joaquim Pimenta, Retalhos do passado, e de Alice
Pimenta, Encruzilhada de destinos. Rio: 1957.

645 Maurício de Medeiros, Outras revoluções virão... Rio: 1932, p. 62.

646 Domício da Gama, Ministro do Exterior, mostrara a má vontade do Itamaraty, com a


vária do Jornal do Comércio, de 24 de janeiro, em que se propalava que as delegações seriam
presididas pelos respectivos chanceleres. Debalde Rodrigues Alves e Del m dirigiram a Rui um
convite cheio de respeito e — quanto ao primeiro, embebido de sinceridade. Em resposta que
logo teve a sua versão francesa, Rui se negou a aceitar, v. Centenário do Conselheiro Rodrigues
Alves, ii, p. 438, Sertório de Castro, ibid., p.; Rui, Esfola da calúnia. Rio: 1933, pp. 243 e ss.;
Campanha presidencial, Obras, xlvi, t. i, p. 35.

647 Entrevista ao Correio do Povo, Rui, Campanha presidencial, Bahia: 1919, p. 11.

648 Laurita Pessoa Raja Gabaglia, Epitácio Pessoa. Rio: 1951, p. 332.

649 Epitácio Pessoa, Pela verdade. Rio: 1925, p. 43. “Foi idéia que jamais me passou pela
mente”. Surpreendeu-o o telegrama de 25 de fevereiro, em que a mesa da Convenção lhe
comunicou a escolha. Deram-lhe na Convenção 139 votos e a Rui 42, v., deste, Campanha
presidencial, Rio: 1919, pp. 23 e ss.

650 V. Campanha presidencial, Obras, xlvi, 1956, 2 tomos. É a fase culminante do orador
pela majestade verbal dessas peças de antologia, por vezes admiravelmente clássicas (exemplo,
ibid., pp. 77–8).

651 Evaristo de Morais, prefácio a O trabalho e o salário, de Francisco Frola, Rio: 1937, p. 10.
Con rmou-nos Evaristo, em extensa conversa, a que teve com Rui Barbosa, dando-lhe os livros
e as sugestões de 1919.

652 Campanha presidencial, Obras completas, xlvi, t. ii, p. 63.

653 Ibid., xlvi, t. ii, p. 81.

654 Ibid., xlvi, t. ii, p. 84.


655 Gustavo Barroso, O ramo de oliveira. Rio: 1925, p. 57.

656 Os cinco grandes, Estados Unidos (por pouco tempo, pois o Senado os desligou da
Sociedade das Nações), Inglaterra, França, Itália e Japão. Os quatro (artigo 194 do Pacto)
caram sendo o Brasil, a Bélgica, a Espanha e a Grécia. Permaneceu o Brasil no Conselho até
1926, v. Hildebrando Accioli, Tratado de Derecho Internacional. Rio: 1945, iii, p. 428.

657 No comício, em que guraram Miguel Calmon, Pedro Lago, Simões Filho, Medeiros
Neto, estes dois foram feridos, e o primeiro de pé, no automóvel que servia de tribuna, na praça
do palácio — cruzou os braços à agressão inopinada. Partiu de um grupo de civis, destacados
pela ruidosa solidariedade a Seabra. — Pedro Lago comunicara a Rui a união das oposições sob
a che a do conselheiro, em ns de dezembro de 1918, Rui, Correspondência, p. 386. Este
verberou o atentado, Campanha presidencial, Obras, xlvi, t. ii, pp. 263–5.

658 V. F. Néri, op. cit., p. 109.

659 Epitácio Pessoa, op. cit., p. 124. Sobre o levante sertanejo, Olímpio Barbosa, Horácio de
Matos. Bahia: 1956, pp. 47 e ss.

660 Epitácio Pessoa, Mensagem ao Congresso, 3 de maio de 1920 (e op. cit., pp. 129 e ss.),
respondendo à tese de Rui, de que não era obrigado a atender à requisição do governo do
Estado, nele intervindo (O artigo 6º da Constituição, Rio: 1920). V., a respeito da querela,
Ernesto Leme, A intervenção federal nos estados. São Paulo: 1926, p. 46, 2ª ed.; Pedro Calmon,
A intervenção federal (tese de concurso). Rio: 1936, p. 43.

661 Teodorico Lopes — Gentil Torres, Ministros da Guerra do Brasil. Rio: 1947, p. 184.

662 Saturnino de Brito Filho, A engenharia no Brasil. Rio: 1949, p. 48.

663 Já em 1906 clamara Bilac pelo repatriamento dos restos mortais de Dom Pedro ii e da
imperatriz, guardados, com os da casa de Bragança depois de Dom João iv, em São Vicente de
Fora, em Lisboa. Aprovara Rui, Novos discursos e conferências, pp. 427–9 (na Liga de Defesa
Nacional, 15 de dezembro de 1920): e só em vista de críticas insidiosas deixou de ser o orador,
na chegada, v. Pedro Calmon, A Princesa Isabel, p. 346. Jazem hoje os antigos imperantes na
catedral de Petrópolis, em panteão onde também carão os Condes d’Eu (1953). — O
Presidente Epitácio pediu ao Congresso a revogação do banimento em mensagem de 3 de maio
de 1920. Foi concedido pelo decreto de 3 de setembro. Os restos mortais do imperador e da
imperatriz chegaram a 9 de janeiro de 1921, centenário do “Fico”.

664 J. Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p. 184.

665 V. Raul Alves de Sousa, História política dos governos da república. Rio: 1927, pp. 161 e
ss.; José Tolentino, Nilo Peçanha: Sua vida pública. Petrópolis, pp. 284 e ss.

666 Luís Viana Filho, A vida de Rui Barbosa, p. 424 (edição do Centenário); J. de Castro
Nunes, Alguns homens do meu tempo. São Paulo: 1958, p. 30.

667 Leia-se Afonso Arinos, op. cit., p. 1024.


668 Xisto Apulcro, A verdade histórica (Da Convenção de Junho de 1921 à Revolução de
1922). Rio: 1923, p. 175. O falsário confesso chamava-se Oldemar Lacerda. A manobra de que
resultou a divulgação foi atribuída a Irineu Machado. Conta-nos Afonso Pena Júnior que bem
antes fora Bernardes avisado de que corria carta de sua letra com injúrias ao exército, pela qual
o possuidor pedia 30 contos... Seria a carta falsa, em que, apesar da habilidade do imitador, a
assinatura não levava o t cortado, distintivo da rma de Bernardes. Afonso Arinos, ibid., p.
1020.

669 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil, p. 452; Jackson de Figueiredo, Reação
do bom senso. Rio: 1922.

670 De Nilo Peçanha, Política, economia e nanças. Rio: 1922.

671 Maurício de Lacerda, ibid.

672 Telegrama de Borges, in Epitácio Pessoa, Pela verdade, p. 508; e Sertório de Castro, op.
cit, p. 416.

673 Maurício de Medeiros, Outras revoluções virão... Rio: 1932, p. 88. Que viera um o cial
do Rio Grande tomar contato com os conspiradores, Maurício de Lacerda, Entre duas
revoluções. Rio: 1927, p. 143. Descreve pitorescamente esse “clima” Cap. Pedro Rocha,
Revoluções estéreis. São Paulo: 1952, pp. 39 e ss.; Mário Rodrigues, Meu libelo. Rio: 1925, p.
290, 3ª ed.

674 Rosalina Coelho Lisboa, A seara de Caim. Rio: 1953, p. 282. Fracassou o levante na
Escola de Aviação, v. Cap. Pedro Rocha, Revoluções estéreis, p. 120.

675 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 95. “Assim nem as dinamites, nem os homens, nem as
greves, nem a solidariedade mais remota”, pois o agente de ligação... “fazia de propósito as
desligações necessárias para impedir a colaboração”.

676 Rosalina Coelho Lisboa, op. cit., pp. 322–3 (resumindo o noticiário da imprensa).

677 Feridos gravemente, só não morreram Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Furioso,
Newton Prado arrancou no hospital as ataduras e repeliu os cuidados médicos. Sucumbiu.

678 João Pio de Almeida, Borges de Medeiros, p. 203.

679 Pedro Dias de Campos, O espírito militar paulista, pp. 172–3.

680 Maurício de Medeiros, op. cit., p. 74, conta a decepção de Nilo ao ouvir na avenida, em
15 de novembro, palmas e vivas ao préstito do presidente que acabava de empossar-se.

681 Moniz Sodré, Defendendo a república, Bahia: 1929, pp. 124 e ss., historiou as relações da
Reação Republicana com a revolução.

682 V. Antônio Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, p. 197.

683 Flores da Cunha, A Campanha de 1933. Rio: 1943, pp. 19 e ss. A 2ª Brigada do Oeste foi
criada por Borges de Medeiros em 27 de fevereiro de 23 (comandante, Flores), com 4º e 5º
corpos (este do comando de Osvaldo Aranha), e os de São Borja (comandante, Getúlio Vargas),
São Luís, Santa Maria, São Gabriel, Caçapava, Uruguaiana, Dom Pedrito, o 6º e o 7º...

684 Sertório de Castro, op. cit., p. 456.

685 A candidatura mais plausível era de Aurelino Leal, a mais falada a de Pedro Lago; mas a
rejeição do apoio federal à de Góis Calmon importaria a saída de Miguel Calmon do ministério,
e esta razão pesou no ânimo do presidente, para o decidir a prestigiá-la. Com a posse do novo
governador, contra Seabra, subiu ao governo baiano o ruísmo, despertado em 1917, belicoso
em 1919, dominado em 1920, ligado em 22 à sorte da situação central, que continuava assim
árbitro da dos estados.

686 “Solus, totus et unus”, disse Seabra, com pungente ironia. O verso é de Marcial, “solus et
unus”, l. 5.

687 Juarez Távora, À guisa de depoimento sobre a Revolução Brasileira de 1924. São Paulo:
1927, i, p. 66.

688 Sertório de Castro, ibid., p. 470.

689 V. Juarez Távora, op. cit., pp. 106 e ss. O golpe contra Setembrino seria a 28 de dezembro
de 23, em Ponta Grossa. Era o Tenente Magalhães Barata “alma do movimento” no Paraná,
Távora, ibid., p. 110. O governo soube do plano e mandou detê-lo em São Paulo. A delação —
em torno dos movimentos do tenente — fez fracassar, não só o assalto ao trem do ministro,
sinal do levante, como a revolta do General Isidoro, em julho, pois este, que percorria as
guarnições do Sul, teve de interromper o trabalho e se recolheu a São Paulo com uma
impressão incompleta das suas possibilidades.

690 Juarez Távora, ibid., p. 176.

691 V. Abílio de Noronha, Narrando a verdade, pp. 55 e ss.

692 V. Aureliano Leite, Dias de pavor. São Paulo: 1924, pp. 44 e ss.; e o diário de José Carlos
de Macedo Soares, Justiça. Paris: 1925, pp. 25 e ss.

693 Revoltou-se o 26 de caçadores em Belém, 26 a 28 de julho, v. Cândido Costa, O livro do


Centenário. Belém: 1924, pp. 174 e ss.; o 28º com a Força Pública, depôs em Aracaju o
governador do estado, Graco Cardoso, movimento logo abafado pelas forças da Bahia enviadas
pelo General Nonato Marçal; o vice-governador do Amazonas foi destituído pela revolta
encabeçada pelo Tenente Alfredo Augusto Ribeiro Júnior, que despachou uma expedição a
sublevar o Pará, dispersada pelos destroyers que, subindo o rio, comboiaram os destacamentos
do General João de Deus Mena Barreto, incumbido de restaurar a ordem em Manaus.
Consolidou-a a intervenção federal a cargo do Dr. Alfredo Sá.

694 V. Gerson de Macedo Soares, A ação da Marinha na Revolução Paulista de 1924. Rio:
1932, p. 93.

695 Os Generais Carlos Arlindo e Estanislau Pamplona convenceram o Presidente Carlos de


Campos, que até aí resistira impavidamente, a deixar o palácio, alvo do bombardeio, Assis
Cintra, O Presidente Carlos de Campos e a Revolução de 5 de julho de 1924. São Paulo: 1952, p.
12.

696 Justiça, pp. 60 e ss. O autor relata os seus passos em favor da população, esmiuçando as
relações com os chefes revolucionários, interessados neste propósito. Leia-se Paulo Duarte,
Agora nós. São Paulo: 1927, pp. 60 e ss.

697 V. Everardo Dias, in Revista Brasiliense, nº 10, março–abril de 1957.

698 Abílio de Noronha, Narrando a verdade. São Paulo: 1924, pp. 122–5.

699 Id., O resto da verdade, p. 76; e Aires de Camargo, Patriotas paulistas na coluna Sul. São
Paulo: 1925, pp. 78–9. Sustenta este que, se se retardasse Isidoro na retirada, a coluna do Sul a
impediria, cortando-lha.

700 J. C. de Macedo Soares, op. cit., p. 82.

701 O Ministro Costa Manso (acórdão de 20 de julho de 1934) lembrou a dureza do assédio,
“por assim dizer, contra a cidade e não contra a gente de Isidoro”. O General Abílio de Noronha
faz igual censura, op. cit., p. 126. É também de Góis Monteiro (que pertencia à Brigada Carlos
Arlindo), O General Góis depõe..., por Lourival Coutinho, Rio: 1955, p. 10, con rmando o
relato de Paulo Duarte, op. cit.

702 Ítalo Landucci, Cenas e episódios da Coluna Prestes e da Revolução de 1924. São Paulo:
1952, p. 16. No 1º volume do seu livro, Juarez Távora antecipa o índice do 2º, com o roteiro da
marcha: infelizmente esse 2º se perdeu, com a destruição dos originais. Pormenores e
documentação, in Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes. São Paulo: 1945, 2ª ed.

703 V. Tenente-coronel Dilermando Cândido de Assis, Das barrancas do Alto Paraná. Rio:
1926, p. 33.

704 V., sobre as ligações entre os núcleos rebeldes, João Alberto Lins de Barros, Memórias de
um revolucionário. São Paulo: 1953, pp. 23 e ss.

705 Ibid., p. 38.

706 Ibid., p. 46.

707 De Barracão, à margem do Uruguai, quase mil homens abandonaram a coluna,


internando-se na Argentina, João Alberto, ibid., p. 67.

708 Juarez Távora, À guisa de depoimento sobre a Revolução de 1924. Rio: 1928, iii, p. 27.

709 “Com o único objetivo de não deixar morrer a revolução pela qual tantos dos nossos
companheiros haviam dado a vida”, João Alberto, op. cit., p. 115. A história dessa longa marcha,
in Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes. São Paulo: 1945, pp. 112 e ss.

710 João Alberto, ibid., p. 152. Leia-se O General Góis depõe..., pp. 36 e ss.
711 Maurício de Lacerda, José Oiticica, Sarandi Raposo, Evaristo de Morais. V. Everardo
Dias, in Revista Brasiliense, março–abril de 1957.

712 Nelson Tabajara de Oliveira, A Revolução de Isidoro. São Paulo: 1956, p. 40.

713 João Alberto, ibid., p. 171. No encontro do Garças morreram os majores revolucionários
Lira e Barros. “Foi esse o último incômodo que nos deu a coluna de jagunços”. “Aqueles baianos
haviam desempenhado bem os seus compromissos”.

714 Lourenço Moreira Lima, A Coluna Prestes, p. 498.

715 O abuso das disposições, estranhas ao orçamento, nele incluídas ao nalizarem os


debates (cauda orçamentária), fora denunciado no programa revisionista de Rui (1910), que
igualmente previa o veto parcial, a de nição dos princípios constitucionais da União.

716 Restringia-se o habeas‐corpus aos casos em que a liberdade de locomoção fosse


atingida, retirando-se à justiça a interpretação extensiva que o liberalizara em meio das lutas
políticas, como nas controvérsias de poderes.

717 V. o histórico das idéias reformistas, Oscar Stevenson, A reforma da Constituição


Federal. São Paulo: 1926, pp. 63 e ss. As suas etapas foram o programa do partido federalista
rio-grandense (refundido em 1917 por Pedro Moacir), a consolidação do espírito revisionista
em 1902, a campanha civilista (e o Partido Republicano Liberal), com a intransigência de Rui,
batendo-se pelo aperfeiçoamento da Lei Magna, contra a resistência do castilhismo, que só a
admitiu depois dos sucessos de 1923.

718 V. Levi Carneiro, Federalismo e judicialismo. Rio: 1930, p. 188, sobre “a reforma,
dominada de prevenções lamentáveis contra o Judiciário” — Acabavam de escrever sobre a
reforma constitucional, João Arruda (1923), Castro Nunes, Araújo Castro, Joaquim Luís Osório
(1924).

719 Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a Revolução de Outubro.

720 Indo a Ouro Preto, a paraninfar a formatura dos engenheiros de 1925, o Ministro da
Agricultura tinha a impressão de que Melo Viana era o candidato elaborado pelos
acontecimentos e bem aceito do presidente.

721 A taxa xada era ligeiramente inferior à média veri cada, v. Barbosa Lima Sobrinho, A
verdade sobre a Revolução de Outubro, p. 19. A Caixa de Estabilização evitaria a alta e a
carteira cambial do Banco a baixa do câmbio, Sertório de Castro, op. cit., p. 511.

722 Refere Maurício de Lacerda, Segunda República, Rio: 1931, p. 34, que foi em 1927 o seu
primeiro contato com Prestes, por intermédio de Juarez Távora e Silo Meireles, ocasião em que
a conspiração se instalou de novo no Rio.

723 V. Paulo Duarte, Que é que há? São Paulo: 1931, pp. 50 e ss.

724 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 45; Afonso Arinos, Um estadista da república, pp. 1284
e ss.
725 Em 1908 o partido, recomposto por Assis Brasil (com a dissidência republicana, de
Abbott), continuando liberal em matéria econômica (anti-intervencionista), propugnava pela
eleição proporcional, pela regeneração da república através do voto... V., de Assis Brasil,
Ditadura, parlamentarismo, democracia. Leia-se J. P. Coelho de Sousa, O pensamento político
de Assis Brasil. Rio: 1958, pp. 48–9; Sousa Docca, História do Rio Grande do Sul, p. 371. O
programa libertador (3 de março de 1928), da autoria de Assis Brasil, acrescentou ao do Partido
Republicano Democrático (de 1908) o voto secreto e obrigatório, representação proporcional...
Justiça e representação, o seu lema.

726 Constituiu-se em 21 de setembro de 1927 o Partido Democrático Nacional, sob a


presidência de honra de Antônio Prado, e com o diretório: Deputados Assis Brasil, Paulo
Morais Barros, Adolfo Bergamini, Francisco Morato, Marrey Júnior, Plínio Casado e Batista
Luzardo. A oposição uni cava-se. Sobre a sua ação, v. o citado livro de Paulo Nogueira Filho,
Ideais e lutas de um burguês progressista, i, cap. 4.

727 “Pelo Rio Grande unido e reconciliado, depois de quase um século de divergências
profundas”, João Neves, discurso de 5 de agosto de 1929, Jornada Liberal. Porto Alegre: 1932, i,
p. 7.

728 Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 98.

729 Discurso na convenção do partido, 20 de setembro de 1929, ao lançar o nome de Vargas,


para “conciliar os cidadãos com o poder”, Aliança Liberal, Documentos da campanha
presidencial. Rio: 1930, p. 12.

730 V. Antônio Carlos, pref. à Jornada Liberal, de João Neves, i, p. 14. O que se passava na
política paulista (Prestes em lugar de Álvaro de Carvalho), constitui informação de vários
testemunhos.

731 Pouco antes, ignorando as intenções de Antônio Carlos, escrevera Vargas a Washington
que permaneceria fechado a qualquer manifestação sobre o problema presidencial, carta de 10
de maio de 29, Leônidas do Amaral, Os pródromos da campanha presidencial. São Paulo: 1929,
p. 15. — V. Paul Frischauer, Presidente Vargas, p. 231.

732 Carta de Getúlio a Washington, 11 de julho, in op. cit., p. 17. Comunicação de Antônio
Carlos, 20 de julho, falando ainda em possível conciliação, ibid., p. 21.

733 V. telegrama de Estácio Coimbra a Manuel Vilaboim, líder da maioria, citado por João
Neves, A Jornada Liberal, i, p. 49.

734 Afonso Arinos, op. cit., p. 1318.

735 Governador da Bahia. Vital Soares (advogado e humanista, espírito de escol) pode
incluir-se entre os homens modestos, que jamais pensaram em disputar postos dominantes.
Saiu candidato a vice-presidente por imposição da bancada baiana (dirigida por Simões Filho),
que pleiteava para o seu estado este mandato, com a alegação de que já o tivera Pernambuco,
com Estácio Coimbra, no penúltimo quatriênio.

736 A Jornada Liberal, i, p. 29.


737 Discurso de João Neves, 13 de novembro de 29, ibid., i, p. 242, atribuindo a Vilaboim ter
adaptado aos interesses da maioria a frase, que aludia às fronteiras que o Rio Grande traçara no
passado com a pata de seus cavalos e a lança de seus heróis...

738 Afonso Arinos, op. cit., p. 1325; Virgílio de Melo Franco, Outubro, 1930. Rio: 1931, pp.
152–3. Conta Laurita Epitácio Pessoa que Epitácio deu os passos que Afrânio de Melo Franco
lhe solicitara, esbarrando porém na intransigência do presidente, op. cit., ii. Leia-se José Maria
Bello, Memórias, pp. 189 e ss.

739 V. Charles A. e Mary R. Beard, e Rise of American Civilization. Nova York: 1940, p.
729. — Contou-nos João Neves que vinha do Rio Grande com a perspectiva do fracasso
(ensombrada a Aliança com a defecção de parte do situacionismo mineiro, Antônio Carlos
paci sta, admitindo Getúlio a hipótese de se retirar da luta, esta em transe de dissolução)
quando, ao passar pelo porto de Santos, Júlio de Mesquita Filho lhe segredou a notícia de que
acabava de estalar o crack da Bolsa norte-americana. A princípio pareceu-lhe sem ligação com
o fato interno; mas logo se convenceu da interdependência, pois a política o cial repousava na
solidez econômica de São Paulo, cujo produto máximo sofria o choque principal do cataclismo.
Subvertida a ordem econômica, a política lhe seguiria a sorte. Chegando ao Rio, proferiu um
discurso de efeito, para advertir que a oposição continuava de pé, enquanto lhe mandavam de
Minas os dados necessários à sua grande oração sobre a “degringolada” do plano federal da
valorização do café, argumento do novo período de combate. O “general café...”.

740 V. discurso de João Neves, 25 de novembro de 29, in op. cit., i, p. 325.

741 Em carta de 12 de outubro o presidente do Instituto, demissionário, Rolim Teles, dava a


existência de 6.700.000 sacas representadas por conhecimentos caucionados a 60$000. O fato é
que a sobra, com o acúmulo de duas safras copiosas, chegou a 23 e meio milhões, Ministério
das Relações Exteriores, Brasil, 1936. Rio: 1936, p. 141.

742 Aparte de Sousa Filho a João Neves, discurso de 25 de novembro, op. cit., i, p. 292: “O
café foi elevado, na campanha política, à categoria de marechal. É chamado “O marechal café”.
— A frase foi simultaneamente lançada por Assis Chateaubriand e Neves. Lembrava o
paradigma clássico, alusivo à retirada de Napoleão da Rússia batido pelo general... Inverno. “On
dit encore en Russie: Ce n’est pas Kutusoff qui a tué ou dispersé les Français, c’est le général
Marosow (la gelée)”, Désirée Lacroix, Histoire de Napoléon. Paris: 1902, p. 477.

743 A Aliança Liberal, i, pp. 315 e ss.

744 Getúlio Vargas, A nova política do Brasil. Rio: 1939, i, pp. 19–54. Com a viagem do
presidente rio-grandense para falar às massas, e a leitura da plataforma no Rio, entrou a
campanha na sua fase decisiva, para a qual, como dissemos, foi elemento convincente a
derrocada econômico- nanceira de outubro de 29, levada à câmara pela oposição em 25 de
novembro.

745 V. Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 190. “De todo o cruel e sangrento episódio
houve duas vítimas, a saber: o jovem e ardoroso Deputado Sousa Filho, o qual terminou antes
da tarde, segundo o verso melancólico de Petrarca, e o velho deputado gaúcho, Sr. Simões
Lopes”. Depois do seu discurso sobre o café, João Neves só voltou à tribuna em maio de 30, já aí
para criticar o reconhecimento de Júlio Prestes, eleito a 1º de março.
746 Carta de José Pereira, citado por João Neves, A Aliança Liberal, ii, p. 73: “Havemos de
provocar a intervenção, pois estou disposto a ocupar todos os municípios do sul do estado”.
Leia-se Ademar Vidal, 1930, História da revolução na Paraíba. São Paulo: 1933, pp. 98 e ss.;
Apolônio Nóbrega, História republicana da Paraíba. João Pessoa: 1950, p. 183.

747 Ademar Vidal, op. cit., p. 189.

748 Barbosa Lima Sobrinho, A verdade sobre a Revolução de Outubro, p. 178.

749 Ausentes os juízes togados, os suplentes, ligados à oposição, diplomaram os candidatos


da sua parcialidade..., Ademar Vidal, ibid., p. 232.

750 João Neves, Por São Paulo e pelo Brasil. São Paulo: 1933, p. 27, 2ª ed.; Barbosa Lima
Sobrinho, op. cit., p. 130. Sobre o modus vivendi negociado por Paim Filho com o presidente, v.
Barbosa Lima Sobrinho, ibid., p. 125. Quanto às idéias indicadas como de paci cação por
Getúlio, ibid., p. 124, estão em síntese no discurso de Neves, 21 de maio: anistia, reforma
eleitoral, liberdades espirituais..., A Aliança Liberal, ii, pp. 40–1.

751 É documento dessa impressão o que escreve Rubens do Amaral, A campanha liberal.
São Paulo: 1930, p. 143.

752 A Aliança Liberal, ii, p. 40.

753 Leia-se Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 127, pass. Prestes imbuiu-se da nova
ideologia em contato com Rodolfo Ghioldi, Jorge Amado, Luís Carlos Prestes. Rio, p. 209.

754 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 238; Rosalina Coelho Lisboa, Seara de Caim, cit.

755 Ademar Vidal, op. cit.; e descrição da fuga in Godofredo Nascentes Tinoco, Tempo bom
no setor Leste. Rio: 1931, pp. 24–5.

756 Virgílio A. de Melo Franco, ibid., p. 248. Francisco Campos acertara em Porto Alegre
(18 de abril de 30) os termos em que Minas concordaria com a revolução, se fosse feita
simultaneamente no Rio Grande e na Paraíba; Antônio Carlos deu para isto dois mil contos e a
Paraíba mil. Por esta, falou o secretário da Segurança, José Américo de Almeida. Em 27 de
maio, sob a presidência de Antônio Carlos, os chefes mineiros homologaram em Juiz de Fora o
compromisso. Mas, marcada para julho, a revolução foi adiada por achar Antônio Carlos que as
articulações não satisfaziam (radiograma a Aranha, de 21 de junho). Aranha irritadamente
respondeu: “Rio Grande submete-se império circunstâncias [...]. Meu pensamento situação pior
que dos negros sofreram escravidão, com menor ridículo”. Nomes e pormenores no livro de V.
de Melo Franco, ibid., pp. 214 e ss.

757 Carta a Olegário Maciel após a visita de Maurício Cardoso, emissário gaúcho.

758 Ademar Vidal, op. cit.

759 Ibid., p. 335; Barbosa Lima Sobrinho, ibid., p. 184.

760 Maurício de Lacerda, op. cit., p. 186.


761 João Neves descreveu o episódio da noite de 26 de julho no Clube do Comércio,
acentuando que deste momento em diante não mais se hesitou, quanto ao “prélio das armas”,
sua hipótese de 5 de agosto de 29... V. também Godofredo N. Tinoco, Tempo bom no setor
Leste, p. 88.

762 Aureliano Leite, Memórias de um revolucionário. São Paulo: 1931, p. 10.

763 General Góis Monteiro, A Revolução de 30 e a nalidade política do exército, p. 41.


Desde fevereiro, quando se avistara com Aranha, fora convidado para dirigir a revolução, ibid.,
p. 41.

764 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 340.

765 Quatro dias antes, de Max Fleiuss, no Instituto Histórico, no Rio, ouvimos o boato, de
que estouraria a 3 de outubro... Segredo de polichinelo, provavelmente o governo o considerou
exagerado, como das outras vezes. O fato é que, ainda naquela noite de 3, reinava na capital
federal a maior tranqüilidade. V. também Campos de Medeiros, Lutas pela pátria, p. 82.

766 Leia-se, quanto ao episódio de Passo Fundo, E. Leitão de Carvalho, Na Revolução de 30.
Rio: 1933.

767 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 354.

768 Ibid., p. 356.

769 Comandavam Etchegoyen de Cambará a Jaguariaíva, Miguel Costa e Flores da Cunha


em Itararé, na zona litoral, até a Ribeira, João Alberto, sendo Curitiba o centro de
comunicações, J. Alberto, op. cit., p. 244. Sobre os fatos no Paraná, Coronel A. Miranda, Justitia
vanum verbum... São Paulo: 1933, pp. 92 e ss. Leia-se, Revista do Globo — edição especial —
Revolução de Outubro de 1930. Porto Alegre: 1931.

770 Cap. Josué Freire, A odisséia do 12º regimento. Rio: 1933. É este autor quem diz que o
quartel seria facilmente tomado, se investido de surpresa (ibid., p. 69), pois só depois de algum
tempo se aprestou para a valorosa defesa.

771 Hastín lo de Moura, Da Primeira à Segunda República. Rio: 1930, p. 244; Aureliano
Leite, Memórias de um revolucionário, p. 53.

772 Ademar Vidal, op. cit., p. 452.

773 Barbosa Lima Sobrinho, op. cit., p. 217. O secretário do Interior, Carneiro Leão, não
chegou a ser avisado da retirada do governador e tentou ainda articular, sem resultado, a
resistência, com o 21 de caçadores.

774 V. Hastín lo de Moura, Da Primeira à Segunda República, p. 213; e exposição in Renato


Jardim, Um libelo a sustentar. Rio: 1933, pp. 160 e ss.

775 General Góis Monteiro, A Revolução de 30 e a nalidade política do exército, p. 88.


776 Hastín lo de Moura, ibid., p. 206. Quanto à situação em Minas, diz Hastín lo que já se
achava em Barbacena um emissário, para propor a cessação da luta, ibid., p. 224.

777 General Tasso Fragoso, “A Revolução de 1930”, in Revista do Instituto Histórico


Brasileiro, vol. ccxi, abril–junho de 1951, p. 31. V. também Afonso de Carvalho, 1ª Bateria,
Fogo! Rio: 1931, p. 82.

778 De Bertoldo Klinger, Narrativas autobiográ cas. Rio: 1951, vol. v, e vol. vi destas
Narrativas, depoimento do Coronel José Faustino da Silva (que resume os fatos de 2–3 e 24 de
outubro). Sobre o que se passava nos arraiais do governo, Humberto de Campos, Fragmentos
de um diário, ed. Jackson. Rio: 1951; Medeiros e Albuquerque, Minha vida. Rio: 1934, ii, p. 104.

779 General Tasso Fragoso, ibid., p. 13: “Passamos afoitamente a uma sala contígua”.

780 Afonso Celso, discurso na Academia (recepção de Otávio Mangabeira), Discursos


acadêmicos, viii, p. 217. Compara a queda do último presidente da “República Velha” à do
último presidente de conselho da monarquia. E Otávio Mangabeira, depoimento escrito a 16 de
novembro de 1930, sob o título As últimas horas da legalidade, o autor, Ministro do Exterior do
governo deposto, então prisioneiro no 1º de cavalaria.

781 Maurício de Lacerda, Segunda República, p. 233.

782 Virgílio A. de Melo Franco, op. cit., p. 307.

783 Telegrama de Góis Monteiro à junta, aos governadores e ao “General” Távora, in Virgílio
A. de Melo Franco, ibid., p. 362.

784 O caso do Ministério da Justiça é típico. Assumiu-o a 24 de outubro, tendo em vista a


necessidade de assegurar a ordem na cidade, o Dr. Gabriel Bernardes. Teve a intuição de con ar
(também sem audiência do governo, inexistente) a che a de polícia ao Major Bertoldo Klinger,
que, por sinal, ao receber o convite, pediu que o zesse por escrito... A junta aquiesceu no fato
consumado. Por três dias houve pelo menos alguém a resguardar a ordem jurídica,
espontaneamente.

785 José Maria Bello, Memórias. Rio: 1958, p. 210.

786 Sampaio Dória, A Revolução de 30, preleção. São Paulo: 1930, p. 68.

787 Paulo Duarte, Que é que há? São Paulo: 1931, p. 306.

788 José Maria Bello, História da República. São Paulo: 1956, p. 391.

789 Sobre a instituição e o aparecimento dos interventores no direito pátrio, v. nosso Curso
de direito constitucional brasileiro, 1954, pp. 76–7, 3ª ed.

790 Informações de Levi Carneiro. A Lei de Organização manteve pelo menos na sua
integridade o Judiciário, Oscar da Cunha, O direito judiciário e a revolução. Rio: 1933, p. 68.

791 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 171 (discurso em Fortaleza).
792 Getúlio Vargas, A nova política, i, p. 73.

793 V. interessante análise de Robert J. Alexander, in e Hispanic American Historical


Review, maio de 1956, pp. 229 e ss. (“Brazilian tenentismo”).

794 Aureliano Leite, História da civilização paulista. São Paulo: 1954, pp. 321 e ss.; Paulo
Nogueira Filho, Ideais e lutas, ii, cap. 10; General Klinger, Parada e des le duma vida de
voluntário do Brasil. Rio: 1958, pp. 424 e ss.

795 Alcântara Machado, discurso na Academia Brasileira, 20 de maio de 1933, Discursos


acadêmicos. Rio: 1937, viii, p. 41: “Paulista sou há quatrocentos anos”.

796 O secretariado constituiu-se de nomes ilustres, Valdemar Ferreira, Paulo de Morais


Barros, Fonseca Teles, Francisco Junqueira, Sampaio Vidal, Gofredo Teles, Rodrigues Alves
Sobrinho.

797 Documentação fotográ ca, in Álbum de família, 1932. São Paulo: Livraria Martins,
1954.

798 Euclides de Figueiredo, História da Revolução Constitucionalista. São Paulo: 1954, pp.
54 e ss.

799 J. P. Coelho de Sousa, O pensamento político de Assis Brasil. Rio: 1958, p. 33.

800 General Klinger, op. cit., p. 444.

801 V. Euclides de Figueiredo, op. cit., primeira parte; Manuel Osório, A guerra de São
Paulo. São Paulo: 1932; Herculano C. e Silva, A Revolução Constitucionalista. Rio: 1932; João
Neves, Acuso. Rio: 1933. Admar Cruz, Verdades e bastidores. Rio: 1933; Lísias Rodrigues,
Gaviões‐de‐penacho: A luta aérea na guerra paulista. São Paulo: 1934; Agostinho Ramos,
Recordações de 32 em Cachoeira. São Paulo: 1937; Paulo Duarte, Palmares pelo avesso. São
Paulo: 1937; Lourival Coutinho, O General Góis depõe..., cap. 5; Menotti del Picchia, Revolução
Paulista; Nossa guerra, de Ellis Júnior; Aureliano Leite, Martírio e glória de São Paulo...

802 General Klinger, op. cit., p. 473.

803 Ibid., p. 471.

804 Neurastênico e inconsolável, amargou Santos Dumont as suas meditações sobre o


emprego da aviação — a que dera asas e glória — na guerra fratricida, Aluísio Napoleão, Santos
Dumont e a conquista do ar. São Paulo: 1957, p. 229 (com a competente bibliogra a).

805 V. defesa do anteprojeto por João Mangabeira, Em torno da Constituição. São Paulo:
1934 (e, in ne), este trabalho da Comissão, presidida por Afrânio de Melo Franco.

806 Levi Carneiro, Conferências sobre a Constituição. Rio: 1936, pp. 17–8.

807 Abolida em 10 de novembro de 1937, a Constituição de 1934 foi estudada por poucos. V.
os citados trabalhos de Levi Carneiro e Araújo Castro, A nova Constituição brasileira. Rio:
1936, 2ª ed.
808 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil, pp. 228–9.

809 Ibid., p. 220.

810 B. Mirkine-Guetzévitch, As novas tendências do direito constitucional, trad. Cândido


Mota Filho, prefácio de Vicente Rao. São Paulo: 1933, p. 62. A Constituição alemã fora
traduzida por Amorim Garcia e amplamente debatida, v. g., Pontes de Miranda, Os
fundamentos atuais do direito constitucional. Rio: 1932; Queirós Lima, Teoria do Estado. Rio:
1936, p. 151, 2ª ed.

811 Pedro Calmon, “O Senado no Sistema Brasileiro”, in Revista jurídica, Faculdade de


Direito da Universidade do Rio de Janeiro, vol. iii, p. 251 (1º semestre, 1935).

812 José Carlos de Macedo Soares, discurso de 19 de setembro de 1934, Discursos. São
Paulo: 1937, p. 31.

813 Integralismo fora em Portugal o movimento dirigido por Antônio Sardinha, 1914, cujo
programa pode ser lido, v. g., no prefácio de Ao ritmo da ampulheta. Lisboa: 1925,
tradicionalista, nacionalista (p. 27).

814 Miguel Reale, O Estado moderno, pref. à 1ª edição, reproduzido na 3ª. São Paulo: 1935.

815 De Plínio Salgado, Obras completas. São Paulo: 1956; Palavra nova, 1936; A quarta
Humanidade, 1936; O que é o integralismo, 1937; Espírito da burguesia, 1951.

816 Eudocio Ravines, La Gran Estafa. Santiago: 1954, p. 287. Quanto à China, v. Roberto
Paybe, Mao Tsé Tung. Nova York: 1950, p. 135.

817 Eudocio Ravines, op. cit.

818 Sobre a Aliança e o movimento de novembro de 1935, v. Defesa apresentada ao Tribunal


de Segurança pelo Deputado Pedro Lago. Rio: 1937.

819 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal. Natal: 1947, p. 244; também
História do Rio Grande do Norte, p. 224; Coronel Delmiro Pereira de Andrade, Evolução
histórica da Paraíba do Norte. Rio: 1946, p. 294.

820 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal, p. 245.

821 Começa o documento: “Companheiros do Batalhão de Guardas! Luís Carlos Prestes — o


único chefe dos soldados do Brasil — che a o movimento popular nacional revolucionário!
Todo o R. I. em nossas mãos” (Documento in arquivo do Marechal Eurico Gaspar Dutra).

822 Documento in arquivo do Marechal Dutra.

823 Descrição das ocorrências, in “Aditamento nº 2” ao Boletim diário nº 286, de 11 de


dezembro de 1935 (arquivo do Marechal Dutra).

824 V. nosso Curso de Direito Constitucional, Rio: 1936 (a propósito da comissão especial,
relator Salgado Filho, que deu parecer sobre a emenda número um).
825 Leia-se Samuel Guy Inman, Latin America: Its Place in World Life. Nova York: 1942, p.
316.

826 Gaston Bouthoul, “Les Doctrines Politiques depuis 1914” (in Histoire des Doctrines
Politiques, de G. Mosca. Paris: 1955, p. 395); Lawrence C. Wanlass, Gettel’s History of Political
ought. Nova York, 1953, p. 370. Leia-se também Cândido Mota Filho, O poder executivo e as
ditaduras constitucionais. São Paulo: 1940, cap. 1 (“A crise constitucional”).

827 Informações do General Flores da Cunha.

828 O General Góis depõe..., p. 293.

829 Conta o General Olímpio Mourão Filho (Manchete, Rio, 11 de novembro de 1958, em
reti cação à história narrada pelo General Góis, ibid., p. 298) que o nome de Bela Kuhn, o chefe
comunista húngaro, era imaginário, e, lembrando-se de que Gustavo Barroso dissera que Kuhn
era o mesmo que Cohen, apelido judaico, assim o emendou e o datilógrafo, pensando que o
traço da emenda abrangesse também o primeiro nome, copiou o “documento” com a única
assinatura, donde... o plano Cohen. Não havia Cohen; nem plano. Ou melhor: tornou-se uma
peça eventual do vasto plano de elaboração do Estado Novo.

830 Francisco Campos, Os problemas do Brasil e as grandes soluções do novo regime. Rio:
1938, p. 5.

831 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 171.

832 Fonte: Constitution de la République de Pologne du 23 avril 1935, avant‐propos de M.


Maclaw Makowski. Varsóvia: 1935, p. 14; v. também Carlos Maximiliano, “Conferência de
1945”, in Comentários à Constituição brasileira. Rio: 1948, i, p. 418.

833 Francisco Campos, O Estado Nacional. Rio: 1940.

834 Afonso Arinos, Um estadista da República, p. 1565.

835 Alceu Amoroso Lima, Meditação sobre o mundo moderno. Rio: 1942, p. 29 (a propósito
do livro de Francisco Campos).

836 Le Parti Unique, primeira parte. Paris: 1936.

837 Evaristo de Morais Filho, O problema do sindicato único no Brasil, p. 243.

838 Azevedo Amaral, Estado autoritário e a realidade brasileira. Rio: 1938, p. 172. O título é
ainda de Manoílesco.

839 Mihaíl Manoílesco, Le Siècle du Corporatisme. Paris: 1936, p. 110.

840 V. Harold D. Lasswell, e Analysis of Political Behaviour. Londres: 1951, p. 138; G.


Mosca (e Gaston Bouthoul), Histoire des Doctrines Politiques. Paris: 1955, p. 399; bibliogra a
in Juan Beneyto, Historia de las Doctrinas Politicas. Madri: 1948, p. 463; síntese losó ca:
Pitirim A. Sorokim, Las Filoso as Sociales de Nuestra Época de Crisis, trad. E. Terbon. Madri:
1954, p. 365. A crise internacional agravara-se com a perda de prestígio da Sociedade das
Nações, de que falaremos, o pacto quadripartite, que deslocou a diplomacia para os acordos
regionais, a imunidade do ataque fascista à Etiópia, a guerra civil espanhola, a ação nipônica na
Manchúria e no litoral chinês, os preparativos hitleristas da absorção da Áustria e da
Tchecoslováquia, pródromos da guerra de 1939. De parte das grandes potências, houve a
omissão norte-americana, como uma colaboração sistemática à paz; a debilitação da política
francesa depois da morte de Barthou (agora sob a responsabilidade de Laval); o recuo britânico
— relativamente à luta ítalo-abissínia — por faltar à energia do Foreign Office (Eden) o apoio
dos antigos aliados. A Itália quisera enfrentar a Alemanha nazista, mas, não contando também
com esse auxílio, acabara fazendo com ela o “eixo”, Roma–Berlim (1o de novembro de 1936).
Em 1937... prevalecia a ameaça enfática dos “ditadores”.

841 Maxime Leroy, Histoire des Idées Sociales en France. Paris: 1954, iii, p. 369.

842 Evaristo de Morais Filho, op. cit., p. 244.

843 Erymá Carneiro, As autarquias e as sociedades de economia mista no Estado Novo. Rio:
1941, p. 78.

844 Evaristo de Morais Filho, ibid., p. 244, nota (e entrevista no Correio da Manhã, de 19 de
abril de 1945).

845 Ferruccio Pergolesi, Diritto Corporativo. Torino: 1935, p. 144.

846 Ennio Renato Capponi, Revista del Lavoro, 1939, cit. de Evaristo de Morais Filho, ibid.,
p. 245.

847 Mario de la Cueva, citado por Evaristo de Morais Filho, ibid., p. 246.

848 Leia-se Afonso Arinos de Melo Franco, Um estadista da república, iii, cap. 23. O
episódio mereceu livro de Georges Scelle, Une Crise de la Société des Nations. Paris: 1927.

849 Looking Forward, cap. 15. A Argentina saíra da Liga das Nações em 1920 e a ela voltou
em 1932 (política de Saavedra Lamas, nos esforços então generalizados pela paz no mundo e no
continente). Em 1936 estruturou-se o pan-americanismo consultivo e cooperativo, sob a
presidência de F. D. Roosevelt, na conferência de Montevidéu.

850 Foi o inesperado “acordo de Munique”, de julho de 1938, que deu a Hitler liberdade de
ação para incorporar os “sudetos da Tchecoslováquia”, inspirando a Churchill a sua frase
terrível: “Tinham à escolha a desonra ou a guerra; preferiram a desonra e terão a guerra”,
Histoire Universelle Quillet. Paris: 1955, ii, p. 567. O golpe de nitivo no sistema de alianças
(por último, a segurança franco-britânica da integridade polonesa) foi em 23 de agosto de 1939
a assinatura, em Moscou, do pacto russo-germânico. Hitler poderia atirar-se à Polônia... Seria a
segunda grande guerra.

851 Discurso de 20 de outubro de 1939, Getúlio Vargas, A nova política do Brasil, vii, p. 24.

852 Discurso à Marinha, 11 de junho de 1940.

853 Publicado in e Hispanic American Historical Review, maio de 1954, pp. 191–2.
Samuel Flagg Bemis (La Diplomacia de Estados Unidos en la América Latina, trad. Teodoro
Ortiz. México: 1944, p. 264), transcreve um artigo de F. D. Roosevelt, de 1928, em que aquela
idéia aparece: “Nossa intervenção isolada nos assuntos internos das outras nações tem que
terminar; com a cooperação das demais teremos mais ordem e menos antipatia neste
hemisfério”. E chama a atenção para o livro de Sumner Welles, Naboth’s Vineyard (pan-
americanismo cooperativo).

854 International Conciliation, nº 365, p. 397. V. Saavedra Lamas, La Conferencia


Interamericana de Consolidación de La Paz. Buenos Aires: 1938; Pedro Calmon, Brasil e
América, p. 160, 2ª ed. (com informações do Embaixador Osvaldo Aranha, que propunha a
coletivização da doutrina de Monroe, para que fosse encargo comum, e não — unilateralmente
— dos Estados Unidos, em face da segurança continental).

855 General E. Leitão de Carvalho, A Serviço do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Rio:
1952, p. 32.

856 O vapor Siqueira Campos com cargas da casa Krupp para o exército foi conduzido pela
Marinha inglesa para Gibraltar e por m liberado, depois de fastidiosa negociação. Já o Bagé
teve de desembarcar em Lisboa o carregamento, que voltou à origem.

857 Representação do Ministro da Guerra, General Dutra, junho de 1940.

858 A Declaração tem analogia com a de Wilson, de 1917. Só não apelava para o órgão
internacional de coordenação, cujo projeto apareceu na Conferência Interamericana de
Chapultepec, março de 1945.

859 Leia-se “O Trampolim de Natal”, pp. 2261 e ss. A sua importância no quadro da guerra
foi salientada pelo Presidente Roosevelt e, nas suas Memórias, por Cordell Hull, que a ligou aos
sucessos do Norte da África (El Alamein) e ao domínio do Mediterrâneo, parte preliminar da
campanha da Itália. V. acordo militar, 17 de janeiro de 1941, Documents on American Foreign
Relations. Boston: 1941, iii, p. 149; acordo naval, 11 de maio de 1942, ibid., iv, p. 353.

860 V. Claude G. Bowers, Misión en Chile, 1939–1953. Santiago: 1957, p. 79, pass.

861 Samuel Eliot Morison, e Battle of the Atlantic, 1939–1943. Boston: 1947, p. 379.

862 Conferencias Internacionales Americanas, Suplemento. Washington: 1943, pp. 172 e ss.

863 Sobre as irresoluções norte-americanas (igualmente prudentes), v. Charles A. Beard, A


Foreign Police for America. Nova York: 1940, p. 141; e subseqüente atitude brasileira, Getúlio
Vargas, A nova política do Brasil. Rio: 1944, x, p. 34 (“Cumpriremos até o m”), pass. — O
torpedeamento de navios brasileiros começara, com o do Cabedelo, em que pereceu toda a
guarnição, mas depois do rompimento, a 14 de fevereiro de 1942, v. Júlio Andréa, A Marinha
brasileira. Rio: 1955, p. 332.

864 Vaca leiteira era o apelido dado aos barcos de suprimento no mar, alguns protegidos e
abastecidos em sítios semidesertos, nalguma área do Caribe. O depoimento de Morison, a que
não falta a autenticidade das fontes documentais, explica a nal o caso do torpedeamento
injusti cável.
865 Samuel Eliot Morison, e Battle of the Atlantic, p. 381 (cf. German Admiralty minutes
of the Führer’s conferences). V. nota 35, na p. 303.

866 Espontâneas, na manhã de 18, as manifestações se iniciaram com os estudantes da


Faculdade Nacional de Direito e seus mestres à frente, no Rio de Janeiro, transformando-se nas
avenidas centrais em formidável movimento público de repúdio à agressão. O presidente abriu
os jardins do Palácio Guanabara às massas, que foram ouvir a sua palavra. Os incisivos
discursos proferidos (inclusive pelo Ministro do Exterior, Osvaldo Aranha) já eram de guerra
declarada.

867 V. Livro Verde, O Brasil e a Segunda Guerra Mundial, Ministério das Relações
Exteriores. Rio: 1944, 2 vols.

868 Samuel Eliot Morison, op. cit., p. 379. Sobre o importante esforço naval e a colaboração
aérea do Brasil na defesa das águas territoriais (e seu permanente patrulhamento), capítulo
considerável da história da guerra, Samuel Eliot Morison, e Atlantic Battle Won. Boston:
1957, pp. 208 e ss.; Contra-Almirante César Augusto Machado da Fonseca, A Marinha
brasileira e a Segunda Guerra Mundial (Subsídios para a história marítima do Brasil). Rio:
1953, xii.

869 Luís da Câmara Cascudo, História da cidade de Natal. Natal: 1947, p. 361.

870 Samuel Eliot Morison, op. cit., p. 379.

871 Luís da Câmara Cascudo, op. cit., p. 362. Descrição de Natal durante a guerra, John
Gunther, O Dia d, trad. Cláudio G. Hasslocher. Rio: 1944, pp. 340–1. Refere-se especialmente à
importância da base de Natal Cordell Hull, nas suas Memórias.

872 Carta de 2 de setembro de 1942, in Revista da Academia Paulista de Letras, nº 33, p. 9,


março de 1946.

873 Leiam-se depoimentos: Marechal Mascarenhas de Morais, A f.e.b. pelo seu comandante.
São Paulo: 1947 (roteiro de qualquer estudo sério a respeito); General Leitão de Carvalho, A
serviço do Brasil na 2º Guerra Mundial. Rio: 1952; Antônio Henrique de Morais. No teatro do
Mediterrâneo, Rio (fase preliminar); Tenente-coronel Otávio Gondim de Uzeda, Crônicas da
Guerra. Alagoas: 1947, pp. 35 e ss.; Depoimento de o ciais da Reserva sobre a f. e. b. São Paulo:
1949; Major João Batista Peixoto, A Segunda Grande Guerra. Rio: 1951, pp. 87 e ss.; General
Delmiro Pereira de Andrade, O 11º R. I. na 2ª Guerra Mundial. Rio: 1950; Elza Cansanção
Medeiros, Nas barbas do Tedesco. Rio: 1955; General Osvaldo Cordeiro de Farias, Alguns
aspectos da ação da f. e. b. Rio: 1949, pp. 11 e ss.; Capitão Newton C. de Almeida, Memórias
diárias da Guerra da Itália. Rio: 1947; Francisco Nelson Rodrigues de Carvalho, Do Terço Velho
ao Sampaio.

874 Os escalões sucessivos foram: 2º General Osvaldo Cordeiro de Farias; 3º General


Olímpio Falconieri, desembarcados ambos a 22 de setembro; 4º Coronel Mário Travassos, a 23
de novembro; 5º Tenente-coronel Ibá Jobim Meireles, 8 de fevereiro do 45; v. Mascarenhas de
Morais, op. cit., p. 36.
875 Queremos aludir às referências vagas ou ao silêncio das histórias gerais da 2ª Guerra
Mundial, injusto, se não sintomático da despreocupação dos autores pela “presença” do
primeiro país latino-americano nesse episódio da “libertação” da Itália.

876 Mascarenhas de Morais, ibid., p. 124; Otávio Gondim de Uzeda, ibid., pp. 91 e ss.;
Delmiro Pereira de Andrade, O 11º R. I. na 2ª Guerra Mundial, p. 97.

877 Robert Jars, La Campagne d’Italie, 1943–1945. Paris: 1954, p. 207.

878 Winston Churchill, A Segunda Guerra Mundial, trad. L. Gontijo de Carvalho. São Paulo:
1954, vi, p. 111.

879 Robert Jars, op. cit., p. 217.

880 e Final Campaign across Northwest Italy, Headquarters iv Corps, u. s. Army, Italy,
1945, p. 80.

881 “Esta outrora terrível Divisão Alemã teve a princípio os brasileiros no Vale Serchio e por
m foi compelida a entregar-lhes as armas numa das mais renhidas batalhas ocorridas na fase
nal da campanha na Itália”, e Final Campaign, etc., p. 81. E do General Truscott, 19 Days
from the Apennines to the Alps. Milão: 1945, pp. 72–3.

882 Diz o Almirante Doenitz, Memoirs. Londres: 1959, pp. 239 e 252: “Em 27 de janeiro de
1942, como resultado do estado de guerra existente entre nós (Alemanha) e os Estados Unidos,
o Brasil cortou relações diplomáticas com nosso país. Até então, nenhum navio brasileiro havia
sido posto a pique por qualquer submarino alemão. [...] Entretanto, entre fevereiro e abril de
1942, os submarinos torpedearam e afundaram sete navios brasileiros conforme tinham todo
direito de fazer e sob as previsões do Direito de Presa, desde que os capitães dos submarinos
fossem incapazes de estabelecer sua identidade neutral. Eles (os navios brasileiros) andavam
navegando sem luzes e em ziguezagues, alguns armados e pintados de cinza e nenhum deles
levava bandeira ou qualquer sinal de identidade neutra. [...] De acordo com o Alto Comando
Naval foram expedidas ordens em 16 de maio e pelas quais poderiam ser atacados sem aviso, os
navios de qualquer país sul-americano, à exceção da Argentina e Chile, desde que sabidamente
armados. [...] Sem nenhuma declaração formal achamo-nos pois em estado de guerra com o
Brasil, e a 4 de julho os submarinos alemães tiveram permissão do governo para atacar todos os
vasos brasileiros. [...] Após estes resultados muito satisfatórios, transferi os barcos para o setor
sudoeste de Freetown e aqui, também, a boa sorte estava conosco. Os submarinos voltaram a
atacar a rota marítima e afundavam quatro navios. No outro lado dos estreitos entre a África e a
América do Sul, o submarino u-507 (Comandante Tenente Schacht) estava operando. Ali, fora
de águas territoriais, ele tinha afundado cinco navios brasileiros. Assim procedendo, seguia
instruções estabelecidas, com o apoio do Ministério do Exterior, pelo Supremo Quartel-General
das Forças Armadas. O governo brasileiro aproveitou o afundamento na ocasião desses navios
para declarar guerra à Alemanha. Embora isso em nada alterasse nossa amizade existente com
o Brasil, que já tinha tomado parte em atos hostis contra nós, foi sem dúvida um erro ter levado
o Brasil a uma declaração o cial; politicamente nós deveríamos ter sido advertidos no sentido
de evitar tal procedimento. O Comando das Flotilhas de submarinos, entretanto, e os capitães
dos submarinos, como membros das Forças Armadas, não tiveram opção, senão obedecer às
ordens que lhes tinham sido dadas; não lhes competia pesar e medir suas conseqüências
políticas”.
883 Lourival Coutinho, O General Góis depõe..., p. 402.

884 Informação do Marechal Eurico Dutra, em capítulo manuscrito de memórias, inéditas.

885 Informação do Marechal Dutra.

886 Ver J. A. Pinto do Carmo, Diretrizes partidárias. Rio: 1948.

887 Apareceu o termo “trabalhismo” em 1899, no congresso de Plymouth, M. Beer, A


History of British Socialism. Londres: 1948, p. 335.

888 Fora livros de combate (Damonte Taborda, Alejandro Magnet...) não temos literatura
histórica que permita ajuizar com perspectiva e serenidade os sucessos de 1945. Ressalta —
característica — a intromissão das massas no processo político, com o populismo eruptivo e o
culto do chefe.

889 João Neves, cf. A. Gontijo de Carvalho, Raul Fernandes, p. 307.

890 Informação do Marechal Dutra.

891 João Neves da Fontoura, Memórias, i, p. 177. “Graças à carta de Vargas, obtida depois de
um enorme esforço de minha parte, como há tempos depuseram, nos jornais, os Srs. Hugo
Borghi e José Junqueira, portadores da mensagem e defensores da idéia”.

892 O governo Dutra, seleção de José Teixeira de Oliveira. Rio: 1956, p. 102.

893 Ibid., p. 209.

894 Ibid., pp. 236; e p. 237.

895 Passando pelo Rio Grande do Norte, terra do candidato, Getúlio, nos seus discursos, não
lhe citou o nome.

896 Getúlio Vargas, A campanha presidencial. Rio: 1951, p. 101 (discurso no Rio, 12 de
agosto de 1950).

897 V. a síntese dos atos diplomáticos, José Joaquín Caicedo Castilla, La Conferencia de
Petropolis y el Tratado Interamericano de Assistencia Recíproca rmado en Río de Janeiro en
1947. São Paulo: 1949.

898 Brésil, Terre des Contrastes. Paris: 1957, p. 290.

899 Peixoto da Silveira, A nova capital. Rio: p. 244.

900 Antônio Martins de Azevedo Pimentel, A nova capital federal. Rio: 1894, p. 4.

901 Luís Cruls, Planalto Central do Brasil, introdução de Gastão Cruls. São Paulo: 1957, p.
22.

902 V. Osvaldo Orico, Brasília. Rio: 1958.


903 T. de Sousa Lobo, São Paulo na Federação. São Paulo: 1924, p. 189.

904 Ibid., p. 242.

905 Vítor Viana, Histórico da formação econômica do Brasil. Rio: 1922, p. 122. De 1890 a
1899, entraram 690.365 italianos (dos quais 430.243 em São Paulo) (v., editado pelo Banco do
Brasil, O Estado de São Paulo. Rio: 1954, p. 71). Já dez anos depois (J. F. Gonçalves Júnior,
Serviço de povoamento em 1909. Rio: 1910, p. 10), para 99.017 imigrantes, a quota italiana era
de 13.668, a maioria destinada a São Paulo, e a portuguesa 30.577, a maioria para o Rio de
Janeiro.

906 Com a restrição da imigração estrangeira e a abertura da estrada de rodagem Nordeste–


Rio, articulada com a Rio–São Paulo, temos índices expressivos da migração. Em 1950 recebeu
São Paulo 100.123 nacionais e apenas 9.421 estrangeiros, em 1952, 252.808 nacionais e 57.512
estrangeiros, O Estado de São Paulo (publicação do Banco do Brasil, p. 77). A população
estrangeira desse estado caiu de 929.851 em 1920 para 761.991 em 1940 (ibid., p. 73). Leia-se
Castro Barreto, Estudos brasileiros de população. Rio: 1947, pp. 115 e ss.; Geraldo de Menezes
Cortes, Migração e colonização no Brasil. São Paulo: 1958, p. 54.

907 Geraldo Menezes Cortes, op. cit., p. 63. Aí os quadros estatísticos (censos de 1940 e
1950) que mostram o volume das migrações internas. “Vemos Alagoas, Sergipe, Paraíba, Minas,
Rio Grande do Norte e Espírito Santo numa situação de franca perda populacional”, ibid., p.
125.

908 Extensão da rede rodoviária: em 1952, federais, 12.315 quilômetros em tráfego, em 1956,
22.940; estaduais, 51.032, 61.092. Veículos em tráfego: automóveis, 338 mil em 1953, 396 mil
em 1957, caminhões, 289 mil e 396 mil; ônibus, 23 mil e 31 mil.

909 V. Henry William Spiegel, e Brazilian Economy. Filadél a: 1949, p. 123.

910 V. Henry William Spiegel, e Brazilian Economy, p. 173.

911 Euvaldo Kruger, Vencendo rampa. Porto Alegre: 1937, p. 17.

912 Miguel Calmon, ibid., p. 145.

913 Ministério das Relações Exteriores, Brasil 1936, p. 154; José Jobim, O Brasil na economia
Mundial. Rio: 1939, p. 37; e História das indústrias no Brasil. Rio: 1941, p. 42; Otto Burger,
Brasilien. Leipzig: 1926, p. 174.

914 Andreas Sprecher von Bernegg, Plantas tropicais e subtropicais na economia nacional, p.
310.

915 William Ashworth, A Short History of the International Economy. Londres: 1952, p.
200.

916 Ver A. Taunay, Pequena história do café no Brasil. Rio: 1945, p. 426; Brasil, 1936
(Ministério das Relações Exteriores), p. 154; Von Bernegg, ibid., p. 314; Sousa Costa, Panorama
nanceiro e econômico da república. Rio: 1940, p. 111.
917 Transformou-se em Departamento o Conselho Nacional do Café, 11 de junho de 1931.

918 Henri Claude, De la Crise Économique à la Mondiale, cit. de E. Genet, L’Époque


Contemporaine. Paris: 1951, p. 741.

919 V. George Soule, David Efron, Norman Twess, Latin America in the Future World. Nova
York: 1945, p. 150.

920 V. Luís Amaral, História da agricultura brasileira. São Paulo: 1940, iii, pp. 108 e ss., “O
que ocorreu na Noroeste foi igual na Sorocabana e na Alta Paulista”.

921 Valor, em papel, da exportação: 1920, 860.958 mil contos; 1930, 1.827.577; 1940,
1.595.229; 1944, 3.879.348; 1946, 6.441.463; 1948, 9.018.564; 1949, 11.610.705; 1951,
19.447.884... Em dólares, os quinze e meio milhões de sacas em 1946 produziram 836 milhões;
em 1957, 14.300.000 sacas — 846 milhões de dólares. A exportação entretanto conservou
relativa estabilidade, pois sendo de 14.800.000 em 1947, continuava de 14.300.000 dez anos
depois. É ilusório falar do excesso de produção no Brasil, pois esta não se re etiu maciçamente
no mercado internacional.

922 Banco do Brasil, Relatório, 1957, p. 15, 29 de abril de 1958.

923 V. resumo de Pereira da Costa, in Trabalhos de Conferência Açucareira do Recife.


Recife: 1905, p. 32. A odisséia do engenho central no Maranhão está detidamente descrita por
Jerônimo de Viveiros, História do comércio do Maranhão. São Luís: 1954, ii, pp. 524 e ss. A
baixa do açúcar acentuara-se a partir de 1883, Maurício Lamberg, O Brasil, trad. Luís de Castro.
Rio: 1896, p. 79.

924 V. George omas Surface, e Story of Sugar. Nova York: 1910, p. 220. O trust
americano (1889), a tarifa preferencial em favor de Cuba, a exigência de um tipo de exportação
segundo os últimos aperfeiçoamentos da indústria do açúcar — o que dela excluía a produção
inferior — acabaram por condenar o comércio brasileiro do açúcar a uma área reduzida,
limitando-o, vez por outra, ao consumo interno.

925 Spiegel, op. cit., p. 123.

926 José Jobim, O Brasil na economia mundial, pp. 112–3. Basta ver que a área plantada em
1921 era de 479 mil hectares, e em 1925 ainda não passava de 534 mil..., T. R. Day, Manual do
algodão. Rio: 1926, p. 145. V. a tabela de Spiegel, op. cit., p. 123. O salto foi de 515 toneladas de
produção em 1932 para 153.640 em 1936 (O Brasil, 1936, p. 108, publicação do Itamaraty),
211.437 em 1955.

927 Em 1943, valor do café exportado, 1.738 bilhões, do algodão 2.411 bilhões, Spiegel, ibid.,
p. 168. Relaciona-se o aumento com as exigências da importação alemã e japonesa, Spiegel,
ibid., p. 180.

928 Miguel Calmon, Fatos econômicos, pp. 191 e ss. Posição em 1932: Malaia 433,8
toneladas; Índia Holandesa 212,2; Brasil... 8,7. Em 1937, 509,3, 440,3 e... 18,5.

929 Artur Neiva, Daqui e de longe, p. 119. Miguel Calmon previra o colapso para 1915;
sobreveio dois anos antes. Mal tentou o governo uma ilusória proteção da borracha..., Francisco
de Assis Iglésias, Caatingas e chapadões. São Paulo: 1951. p. 65. — A catástrofe parecia certa,
Carlos de Vasconcelos, Carta da América. Lisboa: 1912, p. 453; John Melby, in e Hispanic
American Review, agosto de 1942.

930 F. Ferreira Neto, Realidade amazônica. Rio: 1954, p. 36.

931 F. Vicente Viana, Memória sobre o estado da Bahia. Bahia: 1893, p. 285.

932 Mário Ferreira Barbosa, Anuário estatístico da Bahia, 1923, p. 36; Teodoro Sampaio, O
estado da Bahia. Bahia: 1935, p. 23. Em 1924: 115.302 toneladas, Antônio Peixoto Guedes,
Anuário estatístico da Bahia. Bahia: 1936, p. 170; Brasil, 1943, publicação do Ministério das
Relações Exteriores; Id., Brasil, 1956. 5% sobre o valor total da exportação, rendeu a de cacau
69.700.000 dólares em 1957.

933 V. Rui Barbosa, Política e nanças da república (resposta a Salvador de Mendonça), p.


473.

934 Humberto Bastos, O pensamento industrial no Brasil. São Paulo: 1952, p. 35.

935 Le Brésil, ses richesses naturelles, ses industries. Paris: 1910, 2 tomos (por Vieira Souto).

936 V. Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias, p. 51.

937 Humberto Bastos, A marcha do capitalismo no Brasil. Rio: 1944, p. 162.

938 V. panorama dessa progressão in José Jobim, História das indústrias no Brasil. Rio: 1941,
pp. 20–1; J. F. Normano, Evolução econômica do Brasil, trad. T. Q. Barbosa, R. P. Rodrigues e L.
B. Teixeira. São Paulo: 1939, pp. 134–5.

939 De 244 mil kWh a potência elétrica em 1940, subiu em 1948 a 1.625 mil, era de 2.800
mil em 1954 e alcançou 3.550 mil em 1957, prevendo-se que atinja 5 milhões em 1960.

940 Pierre van der Meiren, Aspectos da formação e evolução do Brasil, in Jornal do
Comércio. Rio: 1953, p. 414. A produção per capita cresceu de 100 a 138 segundo os mesmos
cálculos.

941 Giorgio Mortara, in Aspectos da formação e evolução do Brasil, citado, p. 146.

942 Distribuição de energia elétrica (1956), Norte e Nordeste, 598 usinas; Leste (com o Rio
de Janeiro), 845; Sul, 777.

943 O contrato com a Itabira (Percival Farquhar) de 1920 não foi por diante devido à
oposição do governo mineiro (Bernardes), que receava se limitasse o concessionário a exportar
o minério, v. Epitácio Pessoa, Pela verdade, p. 382, Daniel de Carvalho, Capítulos de memórias,
p. 184. Bernardes estava certo, ao querer assegurar a livre concorrência na produção siderúrgica
e o seu baixo preço, Daniel de Carvalho, ibid., p. 192. Seu sucessor, Raul Soares, negou-se a
assinar o contrato estadual com a Itabira Iron. Foi com a revolução de 1930 que se decidiu
separar as questões, siderurgia e exportação. Arrancam daí os dois empreendimentos,
favorecidos pela cooperação norte-americana em 1941: Volta Redonda e Vale do Rio Doce.
944 V. Conselho Federal do Comércio Exterior, Dez anos de atividade. Rio: 1944, p. 50. O
principal técnico brasileiro na criação da grande siderurgia de Volta Redonda foi o General
Edmundo de Macedo Soares. Registando o progresso industrial do Brasil, em 1957, o Serviço
de Comércio Internacional, do Departamento do Comércio dos Estados Unidos, salientou
(junho de 1958) que Volta Redonda já produz 575 mil toneladas de laminados. Novas usinas, a
do grupo de Manesmann, a nipo-brasileira (Usiminas), a da Siderúrgica Paulista, em
Piaçagüera, Aços Especiais de Itabira.

945 Leia-se, de Lobato, prefácio a Essad Bey, A luta pelo petróleo, trad. Charley Frankie. São
Paulo: 1935; e O escândalo do petróleo, depoimentos. São Paulo: 1936.

946 Um especialista estrangeiro impugnou o achado, dizendo que a amostra não era do
local. Correu em auxílio de Cordeiro (e da verdade) a técnica brasileira (Sílvio Fróis de Abreu,
Augusto Fontenelle, Henry e Othon Leonardos).

947 Antônio Tenreiro, Itinerários da Índia a Portugal por terra. Coimbra: 1923, p. 32, 6ª
edição, conforme a 2ª, de 1665, revista e prefaciada por Antônio Baião.

948 Leia-se Inácio Accioli, Memórias históricas e políticas da província da Bahia. Bahia:
1940, vi, p. 141 (edição de Brás do Amaral). Refere-se aos estudos de Feldner, Martius e Spix.

949 Engenho apontado por Gabriel Soares (1584), desde meado do século xvii da família
Moniz, descrito no princípio do século seguinte por La Barbinnais, foi titular deste nome
(Barão de Mataripe), Antônio Moniz Barreto de Aragão, genro do Visconde da Torre e irmão
do Barão de Moniz de Aragão, proprietário desse domínio cujas origens se confundem com a
do açúcar na Bahia.

950 Era 1957 acusou a Petrobrás um aumento de 150% em relação ao ano anterior, subindo
a produção, de 90 toneladas (bruto) em 1951, para 1.321 em 1957. Quanto à re nação, a de
gasolina, de 58 milhões de litros em 1951 passou a 2.861 milhões em 1957 (Banco do Brasil,
Relatório, 1957, p. 67).

951 História da literatura brasileira. Rio: 1943, v, p. 268, 3ª edição aumentada.

952 Guglielmo Ferrero, Fra i due mondi. Milano: 1913, p. 19.

953 Últimas conferências e discursos. Rio: 1924, p. 80.

954 Farias Brito. V. Jônatas Serrano, Farias Brito, o homem e a obra. São Paulo: 1939, p. 52.

955 Olavo Bilac, “Pro ssão de fé”, Poesias. Rio: 1923, p. 10, 10ª ed.

956 Afrânio Peixoto, Noções de história da literatura brasileira. Rio: 1932, p. 252.

957 De Cruz e Sousa, Obras poéticas (edição de Nestor Vítor, 1924, nova edição prefaciada
por Andrade Murici, Instituto do Livro, 1945). Incluem Broquéis, 1893; Evocações, 1898;
Faróis, 1900; Últimos sonetos, 1905.

958 V. Enrique de Resende, Retrato de Alphonsus de Guimaraens. Rio: 1938, p. 264.


959 Andrade Murici, Panorama do movimento simbolista brasileiro. Rio: 1952, ii, p. 293.

960 Afrânio Peixoto, Ramo de louro. Rio: 1942, pp. 114 e ss. De Egas Moniz (Petion de
Villar), Poesias escolhidas. Lisboa: 1928.

961 Antônio Torres, prefácio de Eu e outras poesias, de Augusto dos Anjos, p. 25, 20ª ed.

962 O ateneu, p. 274, 7ª ed.

963 V. de Bernardo Guimarães, O garimpeiro. São Paulo: 1952, cap. 1.

964 Afonso Arinos, Histórias e paisagens. Rio: 1921, p. 225. Do mesmo autor, Lendas e
tradições brasileiras. Rio: 1917.

965 Mário Matos, Último bandeirante. Belo Horizonte: 1936, p. 171.

966 Carlos de Laet, Em Minas. Rio: 1894, p. 6.

967 V. Elói Pontes, A vida exuberante de Olavo Bilac. Rio: 1944, i, p. 231.

968 Bilac, Últimas conferências e discursos, p. 67.

969 Gilberto Amado, O grão de areia e estudos brasileiros. Rio: 1948, p. 170.

970 Leia-se Brito Broca, A vida literária no Brasil, 1900. Rio: 1956, p. 106.

971 Coelho Neto, prefácio a Quadros de guerra, de Castro Meneses, Rio: 1917.

972 Discursos acadêmicos, Academia Brasileira, iii, p. 144.

973 V. Tristão de Ataíde, Afonso Arinos. Rio: 1924, p. 194; Academia Brasileira, Curso de
Romance, conf., 1952.

974 Canaã. Rio: 1902, p. 48. Discute-se a possibilidade ou o absurdo da civilização nos
trópicos: Mikau, que sim, Lentz, que não...

975 Canaã, p. 138.

976 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos, p. 135.

977 Afrânio Peixoto, in Discursos acadêmicos, Academia Brasileira, iii, p. 214.

978 V. Cartas de Machado de Assis e Euclides da Cunha, ed. de Renato Travassos. Rio: 1931,
p. 67.

979 Urupês. São Paulo: 1919, p. 227, 4ª ed.

980 Rui Barbosa, Conferência no Teatro Lírico, 20 de março de 1919. Desde 1952 em
Taubaté se celebra a “Semana de Monteiro Lobato”, recordado sobretudo por sua literatura
infantil e pela “luta do petróleo”.
981 Mário de Alencar, discurso de 1918, Academia Brasileira, Discursos acadêmicos. Rio:
1935, iii, p. 75.

982 V. Fernão Neves (Fernando Néri), A Academia Brasileira de Letras. Rio: 1940, p. 22.

983 Correspondência de Machado de Assis, ed. de F. Néri. Rio: 1932, p. 31. A herança do
livreiro Francisco Alves, em 1917, deu à Academia (que só tivera sede xa em 1904, no Silogeu)
substancia econômica, de que resultou o seu período de in uência, por vezes de esplendor. Em
1924 foi o cenário do cisma de Graça Aranha; em 1931 convencionava com a Academia das
Ciências de Lisboa (presidida por Júlio Dantas) a uni cação ortográ ca da língua portuguesa.

984 Sobre a evolução estética do autor de Quincas Borba, v. Alfredo Pujol, Machado de
Assis. Rio: 1934, p. 101. A opinião contraditória de Veríssimo e Sílvio (deste, Machado de Assis.
Rio: 1936, p. 26, 2ª ed.). Saiu-lhe em defesa Lafaiete Rodrigues Pereira, com o pseudônimo de
Labieno, Vinditia. Rio: 1899. Leiam-se Alcides Maya, Machado de Assis — Algumas notas
sobre o “Humour”; Elói Pontes, A vida contraditória de Machado de Assis. Rio: 1939; Afrânio
Coutinho, A loso a de Machado de Assis. Rio: 1939; Mário Matos, Machado de Assis. São
Paulo: 1939; Peregrino Júnior, in Curso de Romance, conf. na Academia Brasileira. Rio: 1952, p.
56; Raimundo Morais, Machado de Assis. Belém: 1939; Otávio Mangabeira, Machado de Assis.
Rio: 1954; R. Magalhães Jr., Machado de Assis: Desconhecido. São Paulo: 1955; Lúcia Miguel-
Pereira, Machado de Assis. 1955, 5ª ed.; J. Galante de Sousa, Bibliogra a de Machado de Assis.
Rio: 1955 e Fontes para o estudo de Machado de Assis. Rio: 1958.

985 Eugênio Gomes, In uências inglesas em Machado de Assis. Bahia: 1939, pp. 12–4.

986 Afrânio Coutinho, op. cit., p. 142.

987 Menotti del Picchia, in Curso de Romance, conf. na Academia Brasileira, p. 20.

988 V. sua História da literatura brasileira, 1916, da qual a 3ª ed. é de 1954.

989 V. Alfredo Gomes, História literária, in Dicionário do Instituto Histórico. Rio: 1922, i, p.
1508.

990 A es nge, 1911; Uma mulher como as outras, 1926.

991 V. carta de Veríssimo a Lima Barreto, Francisco de Assis Barbosa, A vida de Lima
Barreto. Rio: 1952, p. 179.

992 Eça de Queirós, Notas contemporâneas. Porto: 1920, p. 522, 2ª ed.

993 Injusto será historiar a evolução das formas literárias na capital desprezando os núcleos
autônomos em que se desenvolveram, nos estados, alguns individualizados e fortes, como no
Ceará, no Recife, na Bahia, no Paraná, no Rio Grande, em Minas e São Paulo, principalmente
em São Paulo donde veio para o Rio de Janeiro (1921 e 1924) a campanha modernista. De
“escola paulista” já falava João Pinto da Silva, Fisionomia dos novos. São Paulo: 1922, p. 175. O
estudo dessas incursões, da província para a corte (a mais substancial, a da “Escola do Recife”)
merece atenção adequada. Sobre grupos regionais, Afrânio Coutinho, Aderbal Jurema, Adonias
Filho, Wilson Lousada, Edgard Cavalheiro, Augusto Meyer, in Literatura no Brasil, direção do
primeiro. Rio: 1955, vol. ii.
994 V. João do Rio, Na Conferência da Paz: A nova ação do Brasil. Rio: 1919.

995 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos, p. 174.

996 João Ribeiro, crônica de 1o de novembro de 1924, Obras, publicação da Academia


Brasileira, Os modernos. Rio: 1952, p. 32; Fernão Neves, A Academia Brasileira, p. 94. Leia-se
Antecedentes da Semana de Arte Moderna, de Mário da Silva Brito. São Paulo: 1958.

997 Alceu Amoroso Lima, Quadro sintético da literatura brasileira, p. 75.

998 José Lins do Rego, Presença do Nordeste na literatura. Rio: 1957, p. 24.

999 Zeferino Brasil, Teias de luar. Porto Alegre: 1924, p. 24: “A prosa nova, rme e cristalina,
/ O verso para sempre destronado”.

1000 Peregrino Júnior, in Curso de Teatro, Academia Brasileira de Letras. Rio: 1954, p. 92.

1001 Anais da Biblioteca Nacional, vol. liv; e José Honório Rodrigues, Alfredo do Vale
Cabral. Rio: 1954, vol. lxxv dos mesmos Anais.

1002 V. José Honório Rodrigues, A pesquisa histórica no Brasil. Rio: 1952, p. 133; e sobre a
evolução dos métodos de Capistrano, também J. H. Rodrigues, prefácio à Correspondência de
Capistrano de Abreu. Rio: 1954, i, p. 41. Depois da fase caótica de Melo Morais, Vale Cabral e
Capistrano conciliaram a cultura histórica com o documento, o inédito, o arquivo, faltando-
lhes embora a pesquisa direta nos arquivos portugueses (como zeram Varnhagen, Gonçalves
Dias, João Francisco Lisboa). Disto se ressente, por exemplo, a sua reconstrução conjetural do
texto de Frei Vicente do Salvador.

1003 Autor do Dicionário de brasileirismos, 1915, publicou Garcia a 3ª edição integral da


História de Varnhagen, e, dirigindo a Biblioteca Nacional, imprimiu e comentou valiosos
inéditos.

1004 Alencar Araripe, prefácio à História do Brasil, de João Ribeiro, 1920, p. 10, 9ª ed.

1005 V. Capítulos de história colonial. Rio: 1907, p. 216.

1006 Não esqueçamos que Eduardo Prado é o Jacinto de A cidade e as serras, de Eça de
Queirós, e no Brasil o campeão da política nacionalista e católica (Capistrano de Abreu, Ensaios
e estudos. Rio: 1931, i, pp. 343–4). Leia-se Batista Pereira, “Eduardo Prado”, artigo in Comércio
de São Paulo, 1902.

1007 José Veríssimo, História da literatura brasileira. Rio: 1954, p. 330, 2ª ed.

1008 “São 400 anos de vida”, Olavo Bilac, Últimas conferências e discursos. Rio: 1924, p. 57:
essa vanglória, dos 400 anos paulistas, foi popularizada pelo discurso de Alcântara Machado, a
20 de maio de 1933, ao entrar para a Academia Brasileira, Discursos acadêmicos, viii, p. 41.

1009 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos. Rio: 1921, p. 174. Em 1957 com a Sociedade de
Amigos de Afonso Celso, a que não faltou apoio o cial, recobrou atualidade o otimismo do
autor de Oito anos no Parlamento, elevado à categoria de símbolo das boas previsões — em
oposição ao negativismo sistemático.

1010 Retrato do Brasil. São Paulo: 1929, p. 201.

1011 A literatura das bandeiras alicerçou-se nas coleções que, no governo de Washington
Luís, desde 1920, revelaram São Paulo colonial. Nela se destacam, além dos 11 tomos de Taunay
(e resumo, 2 volumes, 1953), Calógeras, Alcântara Machado, Washington Luís, Carvalho
Franco, Ellis Júnior, Basílio de Magalhães, sem esquecer (predecessores) Capistrano (Capítulos
de história colonial, 1907), Diogo de Vasconcelos (História antiga e média de Minas Gerais,
1904 e 1908). Em seguida, Salomão de Vasconcelos (Bandeirismo), Paulo Setúbal, nas suas
novelas, Cassiano Ricardo (Marcha para Oeste, Bandeirologia), Sérgio Buarque de Holanda
(Caminhos e fronteiras). Conf. na Rev. do Inst. da Bahia nº 54, 2ª parte, p. 346 (1928).

1012 À parte os livros amenos, que popularizaram o assunto, de Setúbal, Viriato Correia,
monogra as e documentação de Rangel, Assis Cintra, Argeu Guimarães, Amaral Gurgel,
citemos: biogra a de Dom Pedro i (Pedro Calmon, O rei cavaleiro, 1933, 4ª ed.) e, apoiada aos
arquivos do Castelo d’Eu, antes consultados por poucos (Tobias Monteiro, Rangel, Heitor Lira),
agora no Museu de Petrópolis, integral, A vida de Dom Pedro i, 3 tomos de Otávio Tarqüínio de
Sousa. De Dom Pedro ii elogiado por Afonso Celso, Múcio Teixeira, Taunay, zemos a biogra a
(1938); e nos deu H. Lira, História de Dom Pedro ii, 3 volumes (no mesmo ano). O Instituto
Histórico dedicou-lhe, em 1925, um tomo especial; e sobre aspectos do reinado a bibliogra a é
considerável (viagens, correspondência, anotações). Rangel (como João Brígido) reabilitou o
Conde d’Eu. Acrescentamos-lhe a biogra a da princesa (1941). R. Magalhães Júnior levou
aplaudidamente ao teatro Carlota Joaquina, Vila Rica (Gonzaga e Marília), O imperador galante
(Dom Pedro i). Depois dos monumentos (de Dom Pedro ii, Petrópolis, 1911, Ceará, Bahia, Rio
de Janeiro) as honras fúnebres. Foram repatriados os restos mortais de Dom Pedro ii e da
Imperatriz (1921), dos Condes d’Eu (1953); e a Prefeitura de São Paulo mandou construir, na
base do monumento do Ipiranga, o cenotá o de Dom Pedro i e da Imperatriz Leopoldina.

1013 É o mais orescente dos gêneros, com retratos inteiros dos Nabucos, Andradas,
Barbacena, Cairu, Cotegipe, Sinimbu, Ottoni, Vergueiro, Feijó, Evaristo, Vasconcelos, Uruguai,
Abaeté, Abrantes, Penedo, Olinda, Paraná, Mauá, Tavares Bastos, Ponte Ribeiro; dos
imperadores, do Conde d’Eu, da Princesa Isabel; de Caxias, Osório, Tamandaré, Saldanha;
guras literárias, como os românticos (Gonçalves Dias, Castro Alves, Junqueira Freire, Alencar,
Álvares de Azevedo, Paulo Eiró, Casimiro de Abreu, Manuel de Almeida) e Machado, Bilac,
Patrocínio, Pompéia, Arinos, Euclides, Tobias, Sílvio, Capistrano, Artur Azevedo; e ainda Pinto
de Campos, Luís Gama, Ouro Preto, Silveira Martins; a galeria republicana de Castilhos,
Manuel Vitorino, Pinheiro, Lucena, Benjamin, Rio Branco, Deodoro, Floriano, Prudente,
Rodrigues Alves, Campos Sales, José Marcelino, Nilo, Aristides Lobo, Bernardino de Campos,
João Pinheiro, Fernando Lobo, Antônio Prado, Epitácio, Afrânio de Melo Franco, Borges de
Medeiros; mais favorecido pela análise e pela difusão, Rui Barbosa...

1014 Memórias não constituíam gênero próspero no meio brasileiro, em que é tão lastimável
a amnésia política... Aí temos as do Visconde de Nogueira da Gama (1893), Pereira da Silva
(1896), Minha formação, de Nabuco (1900), Jaceguai (1906–17), Cristiano Ottoni (1908), José
Carlos de Carvalho (1912), Campos Sales (1908), Dionísio Cerqueira, Ernesto Matoso, Pires
Brandão (Vultos do meu caminho, 1935), Oliveira Lima (1937), Ferreira de Resende (1944);
livros de Dantas Barreto, como Conspirações, 1917. Eduardo Ramos, Júlio Bello, Rodrigo
Otávio; póstumas, Visconde de Taunay, Conselheiro Albino, Custódio de Melo, André
Rebouças; ainda Medeiros e Albuquerque, Elísio de Araújo, Graça Aranha, Humberto de
Campos; mais recentes, Setembrino de Carvalho, Memórias, 1952, Gilberto Amado, Luís
Edmundo (O Rio de Janeiro de meu tempo, Memórias), Graciliano Ramos, Ulisses Lins, José
Maria Bello, João Neves.

1015 É copiosa a bibliogra a centenarista, que começa, em 1896, com Anchieta, em São
Paulo, e Antônio Vieira, na Bahia, produz em 1900 o Livro do Centenário em 3 tomos, dá em
1903 o de Studart, Tricentenário do Ceará, provoca em 1907–8 os de Oliveira Lima e
Capistrano, em 1922 lança o Dicionário do Instituto Histórico, os 5 tomos dos Anais da
Independência, e o volume especial da Revista do Instituto; a colônia portuguesa patrocina a
monumental História da colonização portuguesa do Brasil; em 1923 as publicações baianas
sobre o 2 de julho, em 1925 resume-se num grosso tomo do Instituto a apologia do imperador;
as assembléias do Instituto de 1931, 38, 49, convidam à série comemorativa do 4º centenário da
Bahia, a coleção paulista de 1954... As celebrações regionais avultam com os congressos de
história do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina, da Bahia, do Paraná, de São Paulo, do Recife.

1016 Institutos históricos à imagem do Brasileiro (1838) há, com crescente acervo de
trabalhos, em quase todas as capitais do país, na primeira plana São Paulo, Pernambuco, Bahia,
Ceará, Rio Grande, Paraná, Santa Catarina; e arquivos, além do Nacional (que tão valiosas
publicações dá periodicamente) os de São Paulo, sendo que o da cúria inteiramente catalogado,
de Minas Gerais (com a esplêndida coleção de Publicações, desde 1898), da Bahia (cujos Anais
formam uma série de grande importância), de Porto Alegre, de Curitiba. Museus, o Nacional
(especializado em antropologia e história natural), o Histórico (1922, organizado e dirigido por
Gustavo Barroso), o de Petrópolis (por Alcindo Sodré, 1938), o Paulista (que, como aqueles,
tem a seu crédito a coleção de Anais, publicados por Afonso Taunay e seu sucessor Sérgio
Buarque de Holanda), o da Bahia recomposto por José Valadares, o de Juiz de Fora ( lantropia
de Ferreira Lage em honra do pai, Mariano Procópio), os de Porto Alegre, Recife, Curitiba... O
Serviço do Patrimônio (criado pelo Ministro Gustavo Capanema e dirigido por Rodrigo de
Melo Franco de Andrade) tomou a si museus regionais, da Incon dência, em Ouro Preto, do
Ouro, Sabará, das Missões, São Miguel, dos Diamantes, Diamantina. Tipos de museus
especializados: da república, Itu; de arte sacra, Bahia; a Casa de Rui Barbosa, no Rio (também
centro de estudos, sob a direção de Américo Lacombe).

1017 V. o balanço desta cultura in José Carlos de Macedo Soares, Fontes da história da Igreja
Católica no Brasil. São Paulo: 1954.

1018 Em 1928 a Câmara da Bahia votou a lei de proibição (imposto de 300%) da exportação
de antigüidades, e a criação da inspetoria estadual de monumentos nacionais, idéia ampliada,
no âmbito federal, com o serviço do patrimônio histórico e artístico nacional. Na mesma linha
de ação: a lei que mandou conservar o Castelo da Torre (Governo de Góis Calmon, 1927–8).

1019 Temos em vista: A Terra Goitacá, 8 volumes de Alberto Lamego, a série do Centenário
de Petrópolis (1943), as monogra as amazonenses de Ferreira Reis, a História de Natal, de
Câmara Cascudo, a obra de Gilberto Freyre cristalizada em Região e tradição (1941), a história
da Cidade do Salvador (Teodoro Sampaio, Afonso Rui, Tales de Azevedo, Alberto Silva),
monogra as mineiras (a começar pelas histórias antiga e média de Diogo de Vasconcelos,
memórias do distrito diamantino de Felício dos Santos). História da Campanha da Princesa,
em 3 tomos magistrais de Alfredo Valadão; os livros sobre Conceição do Mato Dentro,
Baependi, Ouro Preto, Pouso Alto, Mariana, o Serro, Diamantina, Juiz de Fora, Belo Horizonte;
a biblioteca paulista iniciada por Taunay, Azevedo Marques, Silva Leme, com suas zonas,
Taubaté, Itu, Sorocaba, Campinas, e a torrente de ensaios sobre a evolução de São Paulo; a
nordestina, o que se tem escrito no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande, e nos estados do Oeste
— cuja nominata está à espera de catálogo analítico.

1020 Gilberto Freyre, Região e tradição. Rio: 1941, pp. 34–5.

1021 Spencer Vampré, Memórias para a história da Academia de São Paulo, 1928, 2 vols.;
Almeida Nogueira, Tradições e reminiscências, 1908, 8 vols.

1022 Clóvis Beviláqua, História da Faculdade de Direito do Recife, 1928, 2 vols.

1023 V. Livro do Centenário dos Cursos Jurídicos. Rio: 1928, 2 vols. (síntese desta cultura).

1024 Clóvis Beviláqua, Código Civil anotado, 1921, vol. i; Lauro Romero, Clóvis Beviláqua.
Rio: 1956.

1025 De J. L. Alves, Comentários ao Código Civil Brasileiro, 1923; Paulo de Lacerda, Manual
de Código Civil (1º tomo, 1929); Lacerda de Almeida, Direito das cousas, Direito das
obrigações, Sucessões.

1026 Valdemar Ferreira, Instituições de direito comercial. Rio: 1947, i, p. 68.

1027 João Monteiro, Curso de Processo Civil. São Paulo: 1936, p. 166, 5ª ed.

1028 Edição de Homero Pires, Rui Barbosa, Constituição Federal Brasileira. São Paulo: 1935,
5 tomos.

1029 Explicamos a posição da disciplina no quadro didático, em nossa Teoria geral de


Estado. Rio: 1958, 5ª ed., pref. O livro de Queirós Lima é de 1935.

1030 V. a bibliogra a da especialidade, cujo mestre hoje é o Prof. Haroldo Valadão, Rodrigo
Otávio, Dicionário de direito internacional privado. Rio: 1933, p. 403.

1031 Hildebrando Accioli, Derecho Internacional Público. Rio: 1945–6, 3 vols.

1032 Direito comparado. Rio: 1902.

1033 Leia-se José Pedro Galvão de Sousa, in Anais do 1º Congresso Brasileiro de Filoso a, i,
pp. 142–3. O pensamento de Pedro Lessa, in Estudos de loso a do direito, p. 12.

1034 Sousa Lima, in Livro do Centenário. Rio: 1901, ii, p. 95.

1035 Afrânio Peixoto, Breviário da Bahia. Rio: 1946. E Henriques Guedes de Melo,
Reminiscências da vida acadêmica. Rio: 1932.

1036 Ivolino de Vasconcelos, Francisco de Castro. Rio: 1951, p. 208.


1037 Fernando Magalhães, O Centenário da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio:
1932, p. 157. Quanto à da Bahia, Fernando Luz, História da 1ª Cadeira de Clínica Cirúrgica.
Bahia: 1934, p. 24; Otávio Torres, Esboço histórico dos acontecimentos mais importantes da
vida da Faculdade de Medicina da Bahia. Bahia: 1946, p. 58; Pací co Pereira, Memória sobre a
medicina na Bahia, 1923; Gonçalo Moniz, A medicina e sua evolução na Bahia, 1923; A
medicina no Brasil. Rio: 1940 (direção de Leonídio Ribeiro).

1038 Fernando de Azevedo, A cultura brasileira. Rio: 1943, p. 234; Afrânio do Amaral, in O
Estado de São Paulo, 24 de janeiro de 1954, p. 100.

1039 Anhembi. São Paulo: abril de 1958, nº 89, p. 242.

1040 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos, p. 104. Em 1896 Adolfo Carlos Lindenberg


preconizara os raios x, Academia Nacional de Medicina, Em comemoração do centenário do
ensino médico. Rio: 1908, p. 672.

1041 Pedro Calmon, O Palácio da Praia Vermelha. Rio: 1953 (a propósito do centenário do
Hospício).

1042 Que o homem do Brasil precisa ser educado e não substituído..., Roquette-Pinto, Nota
sobre os tipos antropológicos, Arquivos do Museu Nacional. Rio: 1928, xxx. Tese: O exercício
da medicina entre os índios da América. Rio: 1906.

1043 Afrânio Peixoto, Um século de cultura sanitária. São Paulo: 1922, p. 49.

1044 Olímpio da Fonseca, Em torno da medicina. Rio: 1933, p. 221.

1045 V. a sua repercussão em São Paulo, Paulo Nogueira Filho, Ideais e lutas de um burguês
progressista, i, p. 76, ii, p. 630.

1046 Nina Rodrigues, As raças humanas e a responsabilidade penal no Brasil. Bahia: 1894;
L’Animisme fétichiste des nègres de Bahia, Os africanos no Brasil (livro póstumo). São Paulo:
1935, 2ª ed., prefácio de Homero Pires.

1047 Epilepsia e crime. Bahia: 1897, p. 194.

1048 Roquette-Pinto, Arquivo do Museu Nacional, xxx, p. 321.

1049 De Clóvis Beviláqua, Juristas‐Filósofos. Bahia: 1898, p. 4. Na linha tradicional: Soriano


de Sousa, João Mendes Júnior, Lafaiete Rodrigues Pereira, Lacerda de Almeida, a escola
teuto‐sergipana (na sátira de Carlos de Laet, atirada a Sílvio Romero) contra a galo‐
‐ uminense (como respondeu Sílvio).

1050 Artur Orlando, Novos ensaios. Recife: 1905.

1051 Bibliogra a de Almáquio Dinis. Rio: 1953 (organizada por Alfeu Dinis Gonçalves),
documentário da corrente dominante.

1052 Do mestre de loso a do direito na Bahia, Virgílio de Lemos, Classi cação dos
conhecimentos humanos e das ciências jurídicas. Bahia: 1921.
1053 João Camilo de Oliveira Torres, O positivismo no Brasil. Rio: 1943, pp. 241 e ss. Cruz
Costa, O positivismo na república. São Paulo: 1956, pp. 14 e ss.; e Contribuição à história das
idéias no Brasil. Rio: 1956, pp. 361 e ss.

1054 J. P. Coelho de Sousa, O pensamento político de Assis Brasil, cit., p. 31.

1055 Alcides Gentil, As idéias de Alberto Torres. São Paulo: 1938, p. 310. Euclides, Torres,
Farias Brito, “três marcos iniciais decisivos da independência espiritual”, V. Licínio Cardoso,
Figuras e conceitos. Rio: 1921, p. 175. A Tobias faltara originalidade, Antônio Gomez Robledo,
La Filoso a en el Brasil. México: 1946, pp. 112–4; A. Sabóia Lima, Alberto Torres e a sua obra.
Rio: 1918, p. 52.

1056 Roquette-Pinto, Ensaios brasilianos. São Paulo, p. 52.

1057 Revista de Portugal. Porto: 1889, i, p. 478.

1058 Sílvio Romero, Estudos sociais, p. 16. V. bibliogra a in Carlos Süssekind de Mendonça,
Sílvio Romero: Sua formação intelectual, pp. 321–29, e, de Sílvio Rabelo, Itinerário de Sílvio
Romero. Rio: 1940. Merecem citados, além da História da literatura (1888, 1902, agora em 6ª
ed.); Parlamentarismo e presidencialismo, 1894; Ensaios de loso a do direito, 1895; O Brasil
social, 1907; A geogra a da politicagem, 1912.

1059 Príncipe Luís de Orléans e Bragança, Sous la Croix du Sud. Paris: 1912, p. 13.

1060 V. Vasconcelos Torres, Oliveira Viana. Rio: 1956, p. 48.

1061 Recenseamento do Brasil, Introdução. Rio: 1922, p. 314. Sobretudo: Populações


meridionais do Brasil, 1922, dolicóides e braquióides...

1062 Resume o seu pensamento in Instituições políticas brasileiras. Rio: 1949, i, pp. 320–4.
Quis demonstrar que as populações não ultrapassaram a solidariedade do clã, com fraco
sentimento dos interesses nacionais, na pauta da escola social de Domolins, Tourville...
Dogmatizaria, que se ruma para um único tipo de Estado, o nacional (ibid., i, p. 115) e pregou o
abrasileiramento das estruturas (Problemas do direito sindical. Rio: 1944, p. 12), corifeu que era
da organização corporativa. Foi o grito de Jackson de Figueiredo, em 1920, Correspondência.
Rio: 1945, p. 351, 2ª ed.

1063 Oliveira Viana, Problemas de política objetiva. São Paulo: 1930.

1064 Evaristo de Morais, prefácio a O trabalho e o salário, de Francisco Frola. Rio: 1937, p. 8.

1065 Humberto de Campos, Memórias inacabadas. Rio: 1935, p. 158. Era o que se lia em
1900. A respeito do que se lia em 1906, Gilberto Amado, A dança sobre o abismo. Rio: 1952, pp.
172–3.

1066 Farias Brito, Finalidade do mundo, i, pp. 21–2 (nova edição, 3 vols., Rio: 1958).

1067 V. Jônatas Serrano, Farias Brito: O homem e a obra. São Paulo: 1939; Jackson de
Figueiredo, Algumas re exões sobre a loso a de Farias Brito, 1919; Nestor Vítor, Farias Brito,
1920. Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde), Estudos. Rio: 1927, 1ª série; e bibliogra a
coligida na citada obra de J. Serrano; crítica do Pe. Leonel Franca, Noções de história da
loso a, p. 322 (13ª ed., Rio: 1952); Francisco Elias de Tejada, As doutrinas políticas de Farias
Brito, trad. Arlindo Veiga dos Santos. São Paulo: 1952.

1068 Discurso de Brasílio Machado (Alcântara Machado, Brasílio Machado. Rio: 1937, p.
194), 1896: “Mas eis que inesperadamente se abre este recinto”.

1069 V. Licínio Cardoso, Figuras e conceitos, p. 177.

1070 Jackson de Figueiredo, Algumas re exões sobre a loso a de Farias Brito. Rio: 1916;
Xavier Marques, Dois lósofos. Bahia: 1916.

1071 Subtítulo do seu livro de 1916. De Jackson, Pascal e a inquietação moderna, 1924; e a
seu respeito, In memoriam, edição do Centro Dom Vital, Rio: 1929. Também Correspondência.
Rio: 1945, p. 348, 2ª ed.: “As idéias, a vida de Farias Brito são para mim o que mais importa”.

1072 Estudos de loso a do direito. Rio: 1916, p. 6, 2ª ed.

1073 Pe. Leonel Franca, A Igreja, a Reforma e a civilização. Rio: 1923, p. 527. Devemos-lhe
primeira tentativa de história didática das idéias. Jackson, Literatura reacionária. Rio: 1924, p.
29. Refere-se à 2ª edição da História da loso a (hoje na 14ª). De Franca, O divórcio, 1937, 3ª
ed.; A crise do mundo moderno, 1941, Obras completas, v. Pe. Luís Gonzaga da Silveira
d’Elboux, O Padre Leonel Franca. Rio: 1953. A Jackson sucedeu no Centro Dom Vital Alceu
Amoroso Lima, neotomista como Maritain.

1074 Gilberto Amado, Grão de areia; e Estudos brasileiros, p. 43.

1075 Gilberto Amado, ibid., p. 165.

1076 V. a crítica de Oliveira Lima, Memórias, p. 168, em que diz que o livro sobre a
democracia federal de Assis Brasil foi haurido na convivência acadêmica de Castilhos, colega e
cunhado.

1077 José Maria dos Santos, A política geral do Brasil. Rio: 1930, p. 456.

1078 Euclides, Da independência à república, 1908; Calógeras, Formação histórica do Brasil,


1920.

1079 V. op. cit., p. 566.

1080 Campanha presidencial. Rio: 1919, p. 11; A questão social e a política no Brasil,
conferência no Lírico, 20 de março de 1919, a que aludimos.

1081 Do governo presidencial na república brasileira. Lisboa: 1896, p. 56.

1082 Jornal do Comércio, Rio: 22 de fevereiro de 1932 (a propósito do programa do


Ministro do Trabalho, Lindolfo Collor).

1083 “Estou, senhores, com a democracia social”, dissera Rui na citada conferência de 20 de
março. Quanto à idéia no estrangeiro, R. G. Gettell, História das idéias políticas, trad. F.
Salgueiro. Lisboa: 1936, p. 548.

1084 Pontes de Miranda, À margem do direito, Rio: 1912, p. 125, augura o federalismo
sindicalista.

1085 Alceu Amoroso Lima, Obras, e em especial Meditação sobre o mundo moderno, Rio:
1942.

1086 Merece especial menção Henrique Morize, um dos animadores da Academia Brasileira
de Ciências (1916), que em 1919 ligou o nome ao de Einstein, indo ao Ceará observar o eclipse
do Sol, que lhe con rmou a teoria do peso da luz, base da física nuclear.

1087 Maurício Joppert, citado por Saturnino de Brito Filho, A engenharia no Brasil. Rio:
1949, p. 53.

1088 Saturnino de Brito Filho, ibid., p. 89.

1089 J. Boahse, artigos in Engineering New Records.

1090 Ao professor de história da arquitetura Paulo Santos agradecemos as informações


constantes do seu discurso do centenário de Morales de los Rios e da oração paraninfal na
Faculdade Nacional de Arquitetura, de 1953.

1091 De Lúcio Costa, Depoimento de um arquiteto carioca, pp. 30–1, e Considerações sobre
arte contemporânea (Cadernos de Cultura), Rio.

1092 Consideraram o edifício do Ministério da Educação paradigma desta nova expressão,


Louis Réau, Encyclopédie de l’art. Paris: 1951; Germain Bazin, Histoire de l’art. Paris: 1954. Em
linhas gerais Le Corbusier zera edifícios análogos (Maison Suisse, da Cité Universitaire, de
Paris), porém nenhum com “a signi cação plástica estupenda” daquele (Paulo Santos).

1093 V. Philip L. Goodwin, Brazil Builds, e Museum of Modern Art, Nova York, 1943.

1094 Gonzaga Duque, A arte brasileira. Rio: 1888, p. 192.

1095 Carlos Rubens, Pequena história das artes plásticas no Brasil. São Paulo: 1941, p. 160.

1096 Laudelino Freire, Um século de pintura. Rio: 1916, p. 514; José Maria dos Reis, História
da pintura no Brasil. São Paulo: 1941, p. 241.

1097 Ilustrador desta História, seu último trabalho, Wasth Rodrigues (falecido em 22 de
abril de 1957) merece referência comovida, entre os mestres.

1098 Carlos Rubens, op. cit., p. 262.

1099 Ernesto Sousa Campos, Educação superior no Brasil. Rio: 1940, p. 298, pass.

1100 Sousa Campos, História da Universidade de São Paulo. São Paulo: 1954, p. 100.

1101 Números atuais no país: ensino primário, 5.768.727 matrículas (1958); médio, 993.877;
superior ou universitário, 84.000. O ensino médio — conforme a mesma estatística — passou
de 65 mil em 1932 àquela cifra em 1958.

1102 V. Alceu Amoroso Lima, Quadro sintético da literatura brasileira. Rio: 1956, p. 109.
Sem pretender fazer crítica, mas leve história do movimento geral das letras, também não
insistimos em de nições didáticas. Contentamo-nos com o resumo objetivo (inseparável, pelo
visto, da sensibilidade do autor) que tem apenas a vantagem de incluir no conjunto da evolução
as correntes intelectuais, de ordinário isoladas nos livros especializados.

1103 Exemplo; conferências da Semana da Arte Moderna, a de Graça Aranha na Academia,


em continuação aos ciclos do Rio, de 1905, de 1910 (v. Brito Broca, A vida literária no Brasil,
1900, p. 137), esplendor e mania de uma sociedade civilizadamente auditiva. Foi o tempo
(coincidente como é óbvio, com iguais hábitos parisienses) das conferências de viajantes
ilustres, embaixadores verbais do Velho Mundo, Ferrero, Anatole France, Ferri, Paul Adam...
Congressos que marcaram época, o afro-brasileiro do Recife. Cursos: os da Academia
Brasileira, a começar pelo de Camões, 1942, romance, teatro, crítica, jornalismo, história,
oratória...

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