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Resenha 1

O documento discute a biografia cultural das coisas e o processo de mercantilização. Apresenta que a visão das mercadorias como objetos com valor de uso e troca é simplista, sendo um processo subordinado também a fatores morais e sociais. Explora como diferentes sociedades classificam itens como mercadorias ou não de acordo com valores culturais, e como a expansão da mercantilização ocorre de forma diferente em cada contexto histórico e social.
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O documento discute a biografia cultural das coisas e o processo de mercantilização. Apresenta que a visão das mercadorias como objetos com valor de uso e troca é simplista, sendo um processo subordinado também a fatores morais e sociais. Explora como diferentes sociedades classificam itens como mercadorias ou não de acordo com valores culturais, e como a expansão da mercantilização ocorre de forma diferente em cada contexto histórico e social.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA DE FILOSOFIA, LETRAS E CIENCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
DOUTORADO EM EDUCAÇÃO

SEA: Metodologias de Investigação e Análise documental na pesquisa em História da


Educação – Prof. Dr. Fernando Rodrigues de Oliveira
RESENHA 1: “A biografia cultural das coisas: a mercantilização como processo” de Igor
Kopytoff
Aluna: Rosyane de Moraes Martins Dutra

Para Kopytoff, há um predomínio de uma visão economicista e espontaneísta das


mercadorias, dotadas de valores de uso e de troca (senso comum). A produção de mercadoria é
um processo subordinado a uma economia não apenas objetiva, mas também moral.
O autor destaca a presença de polarizações conceituais entre coisas e pessoas, onde
a primeira é admitida como objetos materiais de mercantilização e comercialização, e apenas
representada como universo natural da individualização e da singularização. Essa separação é
recente, advinda com a escravidão, antigamente com processo mercantil onde pessoas eram
propriedades, objetos e, mais recentemente, no ponto de vista processual (processo de
transformação social com sucessivas fases e mudanças de status). Inicialmente, os escravos são
coisas singularizados e depois se transformam em mercadorias em potencial.
Existe uma pluralidade de modelos biográficos na antropologia. O autor, cita
Rivers, que propôs uma biografia das coisas com base na posse. Os enunciados ideais sobre as
possibilidades biográficas se conflituam com o movimento real das coisas, por exemplo as
Chopanas dos SUKU.
Cada biografia tem seu foco. Mas o que faz uma biografia ser cultural é o como e
de que perspectiva ela aborda o assunto. Para o autor, existe uma universalidade do intercambio
e da mercadoria. A mercantilização se difere nas sociedades como tipo especial de troca que
varia conforme o contexto sociocultural e histórico. Assim, uma mercadoria é algo que tem um
valor de uso e que pode ser trocado por uma, em transações descontinuas (direta e
indiretamente), diferente das trocas em relações de reciprocidade. A mercadoria perfeita é a
trocável por tudo e por qualquer coisa, diferente do mundo desmercantilizado em que tudo seria
singular, único e não trocável.
São três as esferas de trocas: subsistências, que envolvem as trocas de alimentos,
animais, utensílios, ferramentas e outros; prestígio, as trocas de escravos, postos de autoridade,
tecidos especiais, remédios, etc, e a de direitos-na-forma-de-pessoas: esposas, dependentes e
filhos. Cada um tem sua própria moralidade e valores e alguns itens podem ser trocáveis entre
si.
As economias multicêntricas são simplificações daquilo que naturalmente é uma
massa emaranhada de itens singulares. Assim, cada economia tende a atingir um grau ideal de
mercantilização, dependendo do tipo de tecnologia de trocas. O dinheiro, portanto, passa a ser
tecnologia de troca universal.
A expansão da mercantilização para novas áreas possibilitou ao consumidor
comprar bens e serviços, além do acesso a transação. Tem-se a explosão da mercantilização na
modernidade. Cada sociedade tem algumas coisas cuja mercantilização é publicamente
impedida. Algumas são culturais e sustentadas coletivamente (acervo simbólico). A
mercantilização terminal, são trocas posteriores impedidas por sanções. É o caso das
Indulgencias vendidas pela Igreja: podiam ser compradas mas não revendidas.
Nas sociedades complexas, a esfera de troca de favores políticos e acadêmicos
existe e impossível de ser monetarizada. Assim, como, essas sociedades condenam a
mercantilização do público, singular e sagrado: parques, museus, relíquias, etc. Conforme
Douglas e Isherwood (1980), a cultura publica das sociedades complexas fornece marcações de
valor amplamente discriminadoras para bens e serviços.
As sociedades complexas tem um evidente desejo de singularização. Grande parte
desse desejo é satisfeita individualmente pela singularização particular, baseada em princípios
tão corriqueiros quanto os que determinam o destino de grandes patrimônios. A maior parte do
conflito entre a mercantilização e a singularização nas sociedades complexas ocorre no interior
dos indivíduos, causando o que pareces ser anomalias cognitivas, inconsistência de valores e
incertezas para a ação.
Sejam quais forem as razões complexas, em meados do século XX, a distinção
conceitual entre o universo das pessoas e o universo de objetos tinha se tornado axiomática no
Ocidente. Existe no pensamento ocidental uma preocupação moral perene, qualquer que seja a
posição ideológica do pensador com a mercantilização de atributos humanos.

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