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1 - INTRODUO:
A minerao um conjunto de atividades que tem como objetivo principal a produo de bens minerais, com caractersticas tais que os tornem atrativos e aplicveis, direta ou indiretamente, em praticamente todos os setores industriais existentes. A matria-prima da minerao denominada minrio. Os produtos das atividades de minerao que so comercializados recebem diversas denominaes, dependendo do tipo de material. O Estado de Minas Gerais indiscutivelmente o maior produtor brasileiro de minrio de ferro, uma vez que retm em seu territrio as maiores reservas do minrio, sendo estas localizadas no Quadriltero Ferrfero. Este fato faz com que as empresas exploradoras do minrio de ferro invistam em pesquisas com o intuito de otimizar a sua produo. Nos ltimos anos a etapa de beneficiamento do minrio de ferro que vem sofrendo grandes avanos a da concentrao por flotao. Dentre as grandes empresas mineradoras que utilizam este mtodo no pas esto a SAMARCO Minerao S.A., CSN (Companhia Siderrgica Nacional) Mina Casa de Pedra e as minas da VALE. Embora este processo de concentrao seja amplamente utilizado por muitas empresas em todo o mundo. Em 1886, Carrie Everson, estudando qumica e metalurgia com seu marido, por meio da experimentao, descobriu a possibilidade da ocorrncia da flotao e registrou a patente do processo. Nesse processo, o mineral pulverizado e combinado com leo, gua e detergentes. As partculas de sulfetos esmagadas e modas so molhadas por leo, mas no por gua. Ento o ar borbulhado atravs da mistura; o sulfeto mineral recoberto de leo adere bolha de ar e flutua na superfcie com a espuma formada; e o resduo no desejado, pobre em cobre, chamado de ganga, deposita-se na parte inferior. A remoo da espuma bastante simples e a separao das partculas bastante eficiente (Atkins e Jones, 2001). A flotao no mbito mineral um mtodo de concentrao que visa separao de misturas, assim como minerais por via mida, mediante o qual umas partculas so separadas das outras, fazendo algumas flotarem e deixando outras sem flotar no meio aquoso, baseandose na diferena de propriedades de superfcie das espcies a serem separadas, utilizando-se para isso reagentes especiais. A separao das espcies minerais se efetua na gua e o veiculo que serve para conduzir as partculas so as bolhas de ar que, adequadamente, se fazem surgir no meio aquoso. As partculas a serem flotadas se aderem s bolhas de ar e so suspensas superfcie da mquina de flotao (flotado); os minerais, ou o mineral o qual no almeja-se
flotar, no se aderem s bolhas, ficando no fundo da mquina (no flotado) e sai por aberturas especiais (Caixeta, 2003). Considera-se como flotao direta a obteno de um produto flotado denominado concentrado e de um no flotado denominado rejeito (Ex.: flotao de minrio de cobre, chumbo, zinco, ouro, molibdnio, apatita, etc.). Considera-se como flotao reversa a obteno de um produto flotado denominado rejeito e de um no flotado denominado concentrado (Ex.: flotao de minrio de ferro). A escolha da flotao direta ou reversa se baseia no princpio de se flotar a menor massa (Caixeta, 2003).
2 - FUNDAMENTAO TERICA:
2.1 Etapas para a obteno dos minerais
Prospeco: procura de locais onde os minerais de interesse ocorrem; Explorao Mineral e Desenvolvimento: verificar se o minrio pode ser extrado (explotado) economicamente; Minerao: extrao do minrio do subsolo; Beneficiamento: separao do mineral-minrio de outros minerais de ganga (parte intil); Fundio e Refino: extrao do metal puro a partir do concentrado mineral (etapa realizada em usinas siderrgicas); Transporte: carregamento do produto mineral at o mercado; Marketing e Vendas: Achar compradores e vender o bem mineral.
(CSN, 2010)
2.2 Etapas de um projeto mineiro
Projetos de minerao, quase que em sua totalidade, so empreendimentos de longo prazo, com total rigidez locacional, em geral de investimento elevado e muito concentrado nos primeiros anos de operao. Os projetos de minerao so desenvolvidos em etapas. Classicamente estas etapas so as seguintes:
Prospeco; Explorao; Desenvolvimento; Lavra e Beneficiamento (produo).
A estas etapas tradicionais deve-se modernamente acrescentar mais uma que se refere recuperao das reas degradadas pelas atividades de minerao ao final do projeto. Deve-se tambm ressaltar que o processo de licenciamento ambiental ocorre paralelamente a todas as etapas, com estudos ambientais especficos sendo realizados durante as diversas fases do projeto (CETEM, 2008).
2.3 Tratamento de minrios
O tratamento, processamento ou beneficiamento de minrios consiste em uma sequncia de operaes cujo objetivo a obteno de produtos com valor comercial, que indica, claramente, a natureza econmica do beneficiamento de minrios a partir de minrios brutos, separao das espcies minerais teis (minerais-minrio) das espcies minerais inteis (ganga).
Figura 1: Representao esquemtica dos produtos do minrio bruto. (CETEM, 2010). Considerado uma associao mineral constituda de espcies minerais teis e inteis (ganga), sendo submetida ao beneficiamento (operaes de fragmentao e separao), temse: Concentrado: produto constitudo de partculas teis, mas predominantemente vem contaminado com partculas inteis (ganga); Rejeito: produto constitudo de partculas inteis (ganga), mas normalmente com presena de partculas teis.
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O beneficiamento realizado em diversas fases operatrias, normalmente estas fases dependero da granulometria (tamanho dos gros) do minrio. A reduo do tamanho da associao mineral, divide-se em britagem e moagem, a graduao, que a classificao quanto ao tamanho ocorre na etapa chamada de peneiramento industrial, a concentrao que visa ao aumento relativo dos minerais valiosos (e no ao aumento da quantidade), atravs da eliminao dos minerais inteis, baseando-se na diferena de propriedades fsicas ou fsicoqumicas de superfcie entre as espcies minerais a serem separadas, nesta etapa ocorre a flotao, por fim a deslamagem, na qual ocorre a separao slido-lquido, que compreende a filtragem e secagem da polpa (GORCEIX, 2010).
2.4 - Caractersticas do minrio de ferro
O Minrio de Ferro basicamente composto por duas partes distintas sendo uma delas o mineral de xido de ferro, podendo ser hematita constituinte dos concentrados, e a outra parte, formada basicamente pelo mineral de xido de silcio, ou slica (como denominado na prtica SiO2), que constitui os rejeitos. Alm das duas partes acima citadas, existem outros minerais e/ou elementos que na maioria das vezes constituem, em menor percentagem, o minrio de ferro nos quais seus teores devem ser controlados, para atender as especificaes do produto final. Estes minerais e/ ou elementos so basicamente, o xido de alumnio (Al2O3 alumina), o xido de mangans (MnO2) e o elemento fsforo (P) (SAMARCO S.A. 2010).
2.5 A flotao do minrio de ferro
A concentrao do minrio de ferro pode ser efetuada por vrios mtodos, sendo a flotao um dos mais utilizados, pois oferece os melhores resultados no que diz respeito recuperao, embora ainda existam incertezas relacionadas a este mtodo de concentrao. Dentre os outros mtodos de concentrao, podem ser citados os mtodos densitrios, onde se utilizam equipamentos como o jigue e o helicide (espiral) de Humphreys, que utilizam a
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diferena de densidade do rejeito (slica) e do mineral de valor til (xido de ferro); os mtodos magnticos e os eletromagnticos, onde o mineral de valor til separado do rejeito, uma vez que o primeiro ao ser imerso em um campo magntico, segue as suas linhas de fluxo sendo ento separado do rejeito. Esta separao possvel devido diferena de susceptibilidade magntica dos minerais envolvidos no processo (Caixeta, 2003). Na flotao normalmente, o material flotado o concentrado e o afundado o rejeito (denominada de flotao direta), porm na flotao de minrio de ferro, o concentrado obtido no afundado e o rejeito obtido no flotado (denominada de flotao reversa). Isso se deve ao fato de que normalmente, as partculas constituintes do rejeito de minrio de ferro so compostas por slica e as do concentrado so xidos de ferro. Assim, devido diferena de densidade dos dois minerais, bem como o fato de o minrio de ferro apresentar uma menor quantidade de slica e tambm ao fato de maior facilidade de obteno dos reagentes, coletor (amina) e depressor (amido), utiliza-se a flotao denominada de reversa para a concentrao do minrio de ferro por apresentar melhores resultados no que diz respeito recuperao e ao teor do mineral de valor econmico (Caixeta, 2003).
2.6 A coluna de flotao
A coluna de flotao um equipamento de concentrao de minrios que utiliza o sistema de fluxo contra-corrente de polpa e bolhas de gs (geralmente ar) em um regime de fluxo prximo do laminar (diferentemente das clulas convencionais que utilizam um fluxo concorrente e um regime turbulento). Devido a este fato as colunas contm duas zonas distintas, a zona de coleta (ou de recuperao) e a zona de espuma (ou de limpeza), as quais sero abordadas mais adiante (Couto, Frana, Sampaio, 2005) Nas colunas a alimentao da polpa se faz h uma altura de 2/3 da altura total da mesma (Aquino, 1998), porm esta altura pode sofrer variaes de acordo com a concepo do projeto. As colunas podem ser de seco transversal quadrada ou circular, sendo as colunas de seco circular de maior utilizao. As partculas constituintes da polpa so separadas por suas diferentes caractersticas fsico-qumicas superficiais. Estas caractersticas superficiais podem ser naturais, ou modificadas com o auxlio de reagentes prprios (coletores e depressores) para que ocorra a
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concentrao do mineral de interesse. Utilizam-se tambm outros reagentes a fim de que as bolhas permaneam estveis o bastante para carregar as partculas at o transbordo, denominados de espumantes, e outros capazes de manter o pH em uma faixa onde o processo se desenvolve mais facilmente, denominados de controladores de pH. No caso especfico da flotao reversa de minrio de ferro, utilizam-se as aminas como coletores (que tambm tem caractersticas espumante), amido como depressor e a soda custica (NaOH) e o cido clordrico (HCl), como controladores de pH (Aquino, 2004). As bolhas de ar coletam as partculas que tem menor afinidade com a gua (hidrofbicas) e so carregadas at a parte superior da coluna (flotado), e as partculas com maior afinidade com a gua (hidroflicas) deixam o equipamento pela parte inferior (afundado) (Aquino, 2004).
Figura 2 Representao esquemtica da coluna de flotao e suas principais
zonas (Finch e Dobby, 1990)
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3 - OBJETIVO
O presente trabalho objetivou a avaliao do processo de beneficiamento do minrio de ferro, o qual compreende inmeras operaes que tm por objetivo, preparar o minrio para a etapa de concentrao, seja no aspecto granulomtrico (cominuio), ou no aspecto fsico-qumico (concentrao) que foi a etapa em que se deu maior nfase. As etapas de cominuio envolvem um elevado consumo de energia para promover a liberao necessria das partculas constituintes do minrio para as etapas subseqentes.
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4 - HIPTESE
At ento foi discutida a flotao de minerais, porm existe ainda a flotao inica. Como o prprio nome diz, trata-se de uma operao (Doyle, 2003), relativamente recente, de remover ons metlicos de solues diludas. H um reagente com superfcie inica, coletor, que ao ser adicionado soluo ir adsorver na interface entre a soluo e o vapor. Para manter a neutralidade, contra-ons devem ser co-adsorvidos. Caso o surfatante interagir, tanto eltrica quanto quimicamente, mais fortemente com os ons de interesse (coletado) do que com os ons ao qual estava inicialmente associado, o coletado vai adsorver no coletor, predominantemente (Calfa, Torem, 2007). Estudos mostram que tcnicas bem-sucedidas de flotao inica promovem a separao da maioria dos elementos metlicos de solues, recuperao de metais preciosos de lixiviaes e remoo de quantidades trao de metais presentes em efluentes e guas residuais de grande volume (Calfa, Torem, 2007). Outra vertente da flotao a moderna bioflotao, onde microrganismos so utilizados como coletores ou modificadores e, portanto, capazes de serem empregados na remoo de ons metlicos, na biolixiviao ou no biobeneficiamento. (Hosseini, 2005) publicou um artigo demonstrando o uso da bactria gram-negativa Thiobacillus ferrooxidans no biobeneficiamento de pirita e calcopirita. O autor mostrou que, em presena de xantato, a pirita foi deprimida enquanto que a calcopirita e outros minerais sulfetados no sofreram influncia alguma em pH natural. Este tipo de flotao utilizado em jazidas de baixo teor, alm de tambm no tratamento e recuperao de resduos oriundos da atividade mineradora (Mesquita, Lins, 2002).
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5 - CRONOGRAMA
Especificao / ano Meses Levantamento bibliogrfico Leitura de obras Coleta e seleo de dados Elaborao de pr-projeto Entrega do pr-projeto Atualizaes sobre o tema Entrega do projeto
2010 Mai x x x Jun
2011 Jan Dez x x x x x x
2012 Set Out/Nov
x x x x x x
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ANEXOS
Abaixo esto duas imagens de flotao convencional e colunar, da usina de beneficiamento da SAMARCO S.A. Minerao.
Flotao convencional
Flotao coluna
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REFERNCIAS
Apostilas de Tratamento de Minrios CEFET Ouro Preto Prof:. Gilberto Caixeta Guimares. 2003.
SAMARCO S.A MINERAO - www.samarco.com.br
VALE - www.vale.br
CSN (Companhia Siderrgica Nacional) - www.csn.com.br
FUNDAO GORCEIX - www.ufop.br/gorceix
PENHA, G.P., SPER, V.C., DEBACHER, N.A. Adsoro de xantatos sobre pirita. Qumica Nova, So Paulo, n. 5, v. 24. Setembro/Outubro, 2001.
LIMA, R.M.F., VASCONCELOS, J.A., SILVA, G.R. Flotao aninica de rejeito de minrio de mangans. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, n. 3, v. 61. Julho/Setembro, 2008.
MARTINS, M., FILHO, L.S.L., LEITE, P.R., LIMA, J.R.B. Influncia do estado de agregao da polpa na flotao de quartzo, apatita e calcita. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, n. 1, v. 59. Janeiro/Maro, 2006.
MASSI, L., SOUSA, S.R., LALUCE, C., JUNIOR, M.J. Fundamentos e aplicao da flotao como tcnica de separao de misturas. Qumica Nova na Escola. n. 28. Maio, 2008. MATIOLO, E., RUBIO, J. Flotao avanada para o tratamento e reaproveitamento de guas poluidas. XIX Prmio Jovem Cientista. 2003.
MESQUITA,
L.M.S.,
LINS,
F.A.F.,
TOREM,
M.L.
Biobeneficiamento
mineral:
potencialidades dos microrganismos como reagentes de flotao. Centro de Tecnologia Mineral CETEM/MCT, Rio de Janeiro, 2002.
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CALFA, B.A., TOREM, M.L. Uso de biomassas em processo combinado biossoro/flotao para remoo de metais pesados. Relatrio de Atividades do Projeto de Iniciao Cientfica PUC - RJ, Rio de Janeiro, 01 de agosto de 2004 a 31 de julho de 2007.
COUTO, H.J.B., FRANA, S.C.A., SAMPAIO, J.A. Recuperao de finos na indstria mineral utilizando os processos de flotao em coluna e por ar dissolvido. I Jornada do Programa de Capacitao Institucional CETEM.