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Resedaceae é uma família de plantas com flor pertencente à ordem Brassicales que inclui cerca de 85 espécies, repartidas por 6 géneros, quase todas herbáceas, raramente subarbustivas. A nova circunscrição taxonómica, proposta no contexto do sistema de classificação APG IV, alarga a família para 8 a 12 géneros, contendo pelo menos 107 espécies validamente descritas.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaResedaceae
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Clado: Angiosperms
Clado: Eudicots
Clado: Rosids
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Brassicales
Família: Resedaceae
Géneros
Ver texto.
Sinónimos[1]

Descrição

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As Resedaceae são uma família de plantas herbáceas ou raramente subarbustivas, com filotaxia helicoidal, folhas inteiras, tripartidas ou pinatífidas, com estípulas glandulosas.

As flores são pequenas, hermafroditas, zigomorfa, com cálice com 2-8 sépalas, por vezes desiguais, e corola com 2-8 pétalas (por vezes em número diferente das peças do cálice), frequentemente lacinadas, as posteriores maiores. O androceu com 3 a muitos estames, o gineceu súpero, sincárpico, com os carpelos soldados sempre na base, por vezes não soldados na parte superior, com um número de carpelos variável entre 2 e 7. Inflorescências abertas, em rácemo ou em espiga.

O fruto é capsular (em Reseda) ou polifolicular (em Sesamoides).

A família em uma distribuição natural alargada, principalmente pelas regiões temperadas da Eurásia e Norte de África, com o seu centro de maior diversidade em torno da Bacia do Mediterrâneo. Predominam as espécies adaptadas a habitats áridos e ensolarados, como as estepes, desertos e taludes, apresentando em geral preferência por substratos calcários. Cinco espécies (Reseda alba L., Reseda lutea L., Reseda luteola L., Reseda odorata L. e Reseda phyteuma L.) são plantas ruderais ou arvenses, ocorrendo em áreas alteradas por acção antrópica, e quatro (Reseda attenuata (Ball) Ball, Reseda complicata Bory, Reseda glauca L. e Reseda gredensis (Cutanda & Willk.) Müll.Arg.) estão confinadas a zonas montanhosas. Em cinco dos seis géneros da família Resedaceae, pelo menos uma das espécies (em Caylusea e Reseda) ou todas (em Ochradenus, Oligomeris e Randonia) têm como habita preferencial ambientes desérticos ou subdesérticos.

Quatro géneros são constituídos na maioria por herbáceas anuais ou perenes (Caylusea, Oligomeris, Reseda e Sesamoides), sendo os restantes compostos por arbustos (Ochradenus e Randonia). O hábito arbustivo também aparece num pequeno grupo com cerca de nove espécies do género Reseda, originárias principalmente do Corno de África.

Recentemente, foi proposta a primeira hipótese filogenética de ordenamento da família Resedaceae, baseada na topologia de algumas regiões do seu ADN, com o objectivo de avaliar as classificações taxonómicas tradicionais da família e determinar os principais mecanismos evolutivos do grupo.[3]

Taxonomia

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A família Resedaceae é composta por seis géneros (Caylusea A.St.Hil, Ochradenus Del., Oligomeris Cambess., Randonia Coss., Reseda L. e Sesamoides All.), com cerca de 85 espécies, das quais mais de 70% pertencem ao género Reseda. O conhecimento taxonómico básico está relativamente bem estabelecido, principalmente como fruto de dois trabalhos monográficos exaustivos baseados exclusivamente em dados morfológicos.[4][5][6] Também o enquadramento taxonómico geral da família na ordem Brassicales é considerado consistente, como o comprovam estudos baseados em caracteres morfológicos, bioquímicos e moleculares,[7][8][9][10][11][12][13][14][15] embora a relação com os grupos mais próximos não esteja totalmente esclarecida.[16][17]

A família Resedaceae, na sua circunscrição taxonómica do sistema de classificação APG III, inclui os seguintes géneros:

As Resedaceae foram colocados no sistema de classificação de Cronquist na ordem Capparales, mas o sistema de classificação APG II transferiu o grupo para a ordem Brassicales, o que passou a ser consensual. Recentemente, o sistema de classificação APG IV (2016)[18] expandiu a circunscrição taxonómica da família para incluir os géneros Borthwickia (anteriormente na família Borthwickiaceae), Neothorelia, Stixis e Tirania (anteriormente na família Stixidaceae) e Forchhammeria (anteriormente na família Capparaceae). Com esta nova circunscrição, a família passou a incluir os seguintes géneros:

Por outro lado, recentes estudos moleculares sugerem que Oligomeris, Randonia e Ochradenus se diferenciaram de entre as espécies contidas no género Reseda, que assim seria parafilético. Estes resultados implicam que apenas três géneros deveriam ser reconhecido no grupo, mas ainda não foram publicadas as correspondentes alterações nomenclaturais.[19]

Nessa nova circunscrição, a família Resedaceae inclui plantas anuais, bienais e perenes, com distribuição natural nas regiões temperadas e subtropicais da Europa, oeste da Ásia, Médio Oriente, Ásia Oriental, América do Norte, Mesoamérica, Caraíbas e África do Sul. Entre as espécies incluídas estão:

Notas
  1. PlantBio: Resedaceae.
  2. Christenhusz, M. J. M., & Byng, J. W. (2016). «The number of known plants species in the world and its annual increase». Magnolia Press. Phytotaxa. 261 (3): 201–217. doi:10.11646/phytotaxa.261.3.1 
  3. Martín-Bravo, S.; Meimberg H.; Luceño, M.; Märkl, W.; Valcárcel, V.; Bräuchler, C.; Vargas, P.; Heubl, G. 2007. Molecular systematics and biogeography of Resedaceae based on ITS and trnL-F sequences. Molecular Phylogenetics and Evolution 44(3): 1105-1120.
  4. Müller Argoviensis, J., 1857. Monographie de la famille des Résédacées. Zürcher & Furrer, Zürich.
  5. Müller Argoviensis, J., 1868 Resedaceae. In: De Candolle, A.P. (Ed.), Prodromus Systematis NaturalisRegni Vegetabilis, vol. 16(2). Victor Masson et filii,Paris, pp. 548-589.
  6. Abdallah, M.S., de Wit, H.C.D., 1978. The Resedaceae: a taxonomical revision of the family (final instalment). Meded. Landbouwhoogeschool Wageningen, 78.
  7. Rodman, J.E., 1991a. A taxonomic analysis of glucosinolate-producing plants. Part I: Phenetics. Syst. Bot. 16, 598-618.
  8. Rodman, J.E., 1991b. A taxonomic analysis of glucosinolate-producing plants. Part II: Cladistics. Syst. Bot. 16, 619-629.
  9. Gadek, P.A., Quinn, C.J., Rodman, J.E., Karol, K.G., Conti, E., Price, R.A., Fernando, E.S., 1992. Affinities of the Australian endemic Akaniaceae: new evidence from rbcL sequences. Aust. Syst. Bot. 5, 717-724.
  10. Rodman, J.E., Price, R.A., Karol, K., Sytsma, K.J., Palmer, J.D., 1993. Nucleotide sequences of the rbcL gene indicate monophyly of mustard oil plants. Ann. Missouri Bot. Gard. 80, 686-699.
  11. Rodman, J.E., Karol, K.G., Price, R.A., Conti, E., Sytsma, K.J., 1994. Nucleotide sequences of rbcL confirm the Capparalean affinity of the Australian endemic Gyrostemonaceae. Aust. Syst. Bot. 7, 57-69.
  12. Rodman, J.E., Karol, K.G., Price, R.A., Sytsma, K.J., 1996a. Molecules, morphology and Dahlgren’s expanded order Capparales. Syst. Bot. 21, 289-307.
  13. Rodman, J.E., Soltis, P.S., Soltis, D.E., Sytsma, K.J., 1996b. Dual origin of mustard oil biosynthesis inferred from congruent nuclear 18S ribosomal RNA and plastid rbcL gene phylogenies. Am. J. Bot. 83 (Suppl.), 188.
  14. Rodman, J.E., Soltis, P.S., Soltis, D.E., Sytsma, K.J., Karol, K.G., 1998. Parallel evolution of glucosinolate biosynthesis inferred from congruent nuclear and plastid gene phylogenies. Am. J. Bot. 85, 997-1006.
  15. Karol, K.G., Rodman, J.E., Conti, E., Sytsma, K.J., 1999. Nucleotide sequence of rbcL and phylogenetic relationships of Setchellanthus caeruleus (Setchellanthaceae). Taxon 48, 303-315.
  16. Hall, J.C., Sytsma, K.J., Iltis, H.H., 2002. Phylogeny of Capparaceae and Brassicaceae based on chloroplast sequence data. Am. J. Bot. 89, 1826- 1842.
  17. Hall, J.C., Iltis, H.H., Sytsma, K.J., 2004. Molecular phylogenetics of core Brassicales, placement of orphan genera Emblingia, Forchhammeria, Tirania and character evolution. Syst. Bot. 29, 654-669.
  18. Angiosperm Phylogeny Group (2016), «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV», Botanical Journal of the Linnean Society, 161 (2): 105–20, doi:10.1111/boj.12385, consultado em 20 de maio de 2016 
  19. Santiago Martín-Bravo, Harald Meimberg, Modesto Luceño, Wolfgang Märkl, Virginia Valcárcel, Christian Bräuchler, Pablo Vargas and Günther Heubl (2007). «Molecular systematics and biogeography of Resedaceae based on ITS and trnL-F sequences». Molecular Phylogenetics and Evolution. 44 (3): 1105–1120. PMID 17300965. doi:10.1016/j.ympev.2006.12.016 

Ver também

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Ligações externas

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