Mucormicose
Mucormicose, também conhecida como fungo negro,[3][4] é uma infeção fúngica grave que ocorre geralmente em pessoas com o sistema imunitário debilitado.[9][11] Os sintomas dependem do local no corpo onde ocorrer a infeção.[12][13] A doença é classificada em cinco tipos principais, em função da parte do corpo afetada.[13] O tipo mais comum é o rinocerebral, que infeta o nariz, seios paranasais, olhos e cérebro, e manifesta-se por congestão nasal, inchaço e dor de um dos lados da cara, dores de cabeça, febre, perturbações da visão, inchaço e protuberância do olho e necrose dos tecidos.[1][6] As outras formas da doença podem infetar os pulmões, estômago e intestinos e a pele.[6]
Mucormicose | |
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Mucormicose periorbital | |
Sinónimos | Zogomicose[1][2] fungo negro[3][4] |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Dependem da localização: congestão nasal, áreas de pele negra, inchaço da cara, dores de cabeça, febre, tosse, perturbações da visão[5][6] |
Complicações | Cegueira, trombose[7] |
Início habitual | Súbito[1] |
Duração | Cerca de uma semana[1] |
Tipos | Rinocerebral, dos pulmões, do estômago e intestinos, da pele, disseminada, miscelânea[8] |
Causas | Fungos do tipo Mucorales[8] |
Fatores de risco | Diabetes, excesso de ferro, insuficiência de glóbulos bancos, cancro, transplante de órgãos, insuficiência renal, imunossupressores, utilização prolongada de esteroides[7] |
Método de diagnóstico | Biópsia, cultura microbiológica, exames imagiológicos[5] |
Condições semelhantes | Celulite orbitária, trombose do seio cavernoso, aspergilose[9] |
Prevenção | Máscara cirúrgica, evitar o contacto com o solo ou edifícios danificados pela água, controlo da diabetes[7][10] |
Tratamento | Antifúngicos, desbridamento cirúrgico, tratamento de comorbidades[7] |
Medicação | Anfotericina B, isavuconazol, posaconazol[8] |
Prognóstico | Desfavorável[9] |
Frequência | Rara[8] |
Classificação e recursos externos | |
CID-11 | 1676389165 |
DiseasesDB | 31759 |
MedlinePlus | 000649 |
MeSH | D009091 |
Leia o aviso médico |
A doença é transmitida por esporos de fungos da ordem dos Mucorales, geralmente através de inalação, alimentos contaminados ou feridas abertas.[14] Estes fungos são comuns no solo, em matéria orgânica em decomposição (como fruta e legumes a apodrecer) e estrume de animais, embora geralmente não afete o ser humano.[15] A doença não é transmissível de pessoa para pessoa.[13] Entre os fatores de risco estão a diabetes com níveis persistentemente elevados de glicose ou cetoacidose diabética, excesso de ferro, insuficiência de glóbulos bancos, cancro, transplante de órgãos, insuficiência renal, imunossupressores, utilização prolongada de esteroides ou medicamentos imunossupressores e VIH/SIDA.[7][9]
O diagnóstico é realizado com recurso a biópsia e cultura microbiológica, podendo-se recorrer a exames imagiológicos para avaliar a extensão da doença.[5] Os sintomas são semelhantes aos da aspergilose.[16] O tratamento geralmente consiste na administração de anfotericina B e desbridamento cirúrgico.[8] Entre as medidas de prevenção estão a utilização de máscara cirúrgica em áreas poeirentas, evitar o contacto com edifícios danificados pela água e proteger a pele do contacto com o solo ao realizar atividades no exterior, como jardinagem.[10] A doença tende a progredir rapidamente, sendo fatal em cerca de metade dos casos do tipo rinocerebral e em praticamente todos os casos do tipo disseminado.[2][17]
A mucormicose é geralmente rara, sendo mais comum na Índia.[18] Pode afetar pessoas de qualquer idade, incluindo bebés prematuros.[8] A primeira descrição da doença foi feita pelo médico alemão Friedrich Küchenmeister em 1855.[1] Muitos dos casos reportados ocorrem durante desastres naturais, como o tsunami do Oceano Índico de 2004 ou o tornado de Joplin de 2011.[19] Durante a pandemia de COVID-19 foi reportada uma associação entre COVID-19 e mucormicose, que se pensa estar relacionada com a diminuição da função imunitária durante o curso da doença ou com a terapia de glucocorticoides.[4][20] O aumento do número de casos ocorreu sobretudo na Índia.[21]
Ver também
editar- ↑ a b c d e Chander, Jagdish (2018). «26. Mucormycosis». Textbook of Medical Mycology (em inglês) 4th ed. New Delhi: Jaypee Brothers Medical Publishers Ltd. pp. 534–596. ISBN 978-93-86261-83-0
- ↑ a b «Orphanet: Zygomycosis». www.orpha.net (em inglês). Consultado em 13 de maio de 2021. Cópia arquivada em 13 de maio de 2021
- ↑ a b Dyer, Owen (13 de maio de 2021). «Covid-19: India sees record deaths as "black fungus" spreads fear». BMJ (Clinical Research Ed.). 373: n1238. ISSN 1756-1833. PMID 33985993. doi:10.1136/bmj.n1238
- ↑ a b c Quarterly Current Affairs Vol. 4 - October to December 2020 for Competitive Exams. 4. [S.l.]: Disha Publications. 2020. p. 173. ISBN 978-93-90486-29-8
- ↑ a b c Grossman, Marc E.; Fox, Lindy P.; Kovarik, Carrie; Rosenbach, Misha (2012). «1. Subcutaneous and deep mycoses: Zygomucosis/Mucormycosis». Cutaneous Manifestations of Infection in the Immunocompromised Host (em inglês) 2nd ed. [S.l.]: Springer. pp. 51–58. ISBN 978-1-4419-1577-1
- ↑ a b c «Symptoms of Mucormycosis». www.cdc.gov (em inglês). 14 de janeiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ a b c d e Spellberg B, Edwards J, Ibrahim A (2005). «Novel perspectives on mucormycosis: pathophysiology, presentation, and management». Clin. Microbiol. Rev. 18 (3): 556–69. PMC 1195964 . PMID 16020690. doi:10.1128/CMR.18.3.556-569.2005
- ↑ a b c d e f «Mucormycosis». NORD (National Organization for Rare Disorders). Consultado em 25 de maio de 2021. Cópia arquivada em 26 de maio de 2021
- ↑ a b c d Hernández, JL; Buckley, CJ (janeiro de 2021). «Mucormycosis». PMID 31335084
- ↑ a b «People at Risk For Mucormycosis and prevention». www.cdc.gov (em inglês). 2 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ Johnstone, Ronald B. (2017). «25. Mycoses and Algal infections». Weedon's Skin Pathology Essentials 2nd ed. [S.l.]: Elsevier. p. 461. ISBN 978-0-7020-6830-0
- ↑ «ICD-11 - ICD-11 for Mortality and Morbidity Statistics». icd.who.int. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ a b c «About Mucormycosis». www.cdc.gov (em inglês). 25 de maio de 2021
- ↑ Reid, Gail; Lynch, Joseph P.; Fishbein, Michael C.; Clark, Nina M. (fevereiro de 2020). «Mucormycosis». Seminars in Respiratory and Critical Care Medicine (em inglês). 41 (1): 99–114. ISSN 1098-9048. PMID 32000287. doi:10.1055/s-0039-3401992
- ↑ «Where Mucormycosis Comes From». www.cdc.gov. 1 de fevereiro de 2021. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ Thornton, Christopher R. (2020). «1. Detection of the 'Big Five' mold killers of humans: Aspergillus, Fusarium, Lomentospora, Scedosporium and Mucormycetes». In: Gadd, Geoffrey M.; Sariaslani, Sima. Advances in Applied Microbiology (em inglês). [S.l.]: Academic Press. pp. 4–22. ISBN 978-0-12-820703-1
- ↑ «Mucormycosis Statistics | Mucormycosis | Fungal Diseases | CDC». www.cdc.gov (em inglês). 5 de maio de 2020. Consultado em 25 de maio de 2021
- ↑ Skiada, Anna; Pavleas, Ioannis; Drogari-Apiranthitou, Maria (2 de novembro de 2020). «Epidemiology and Diagnosis of Mucormycosis: An Update». Journal of Fungi. 6 (4): 265. ISSN 2309-608X. PMC 7711598 . PMID 33147877. doi:10.3390/jof6040265
- ↑ Dannaoui, Eric; Lackner, Michaela (março de 2020). «Special Issue: Mucorales and Mucormycosis». Journal of Fungi (em inglês). 6 (1). 6 páginas. PMC 7151165 . PMID 31877973. doi:10.3390/jof6010006
- ↑ Garg, Deepak; Muthu, Valliappan; Sehgal, Inderpaul Singh; Ramachandran, Raja; Kaur, Harsimran; Bhalla, Ashish; Puri, Goverdhan D.; Chakrabarti, Arunaloke; Agarwal, Ritesh (1 de maio de 2021). «Coronavirus Disease (Covid-19) Associated Mucormycosis (CAM): Case Report and Systematic Review of Literature». Mycopathologia (em inglês). 186 (2): 289–298. ISSN 1573-0832. PMC 7862973 . PMID 33544266. doi:10.1007/s11046-021-00528-2 (inativo 25 de maio de 2021)
- ↑ Singh, Awadhesh Kumar; Singh, Ritu; Joshi, Shashank R.; Misra, Anoop (21 de maio de 2021). «Mucormycosis in COVID-19: A systematic review of cases reported worldwide and in India». Diabetes & Metabolic Syndrome. 15 (4): 102146. ISSN 1871-4021. PMC 8137376 . PMID 34192610. doi:10.1016/j.dsx.2021.05.019
Ligações externas
editar- Mucormicose no Manual Merck