Igreja de São Luís dos Franceses (Roma)
San Luigi dei Francesi ou Igreja de São Luís dos Franceses (em francês: Saint Louis des Français) é uma igreja titular de Roma, Itália, localizada perto da Piazza Navona, no rione Sant'Eustachio, e dedicada à Virgem Maria, a São Dênis, o Areopagita e a São Luís, rei da França. Foi projetada por Giacomo della Porta, construída por Domenico Fontana entre 1518 e 1589 e completada somente depois de uma intervenção pessoal de Catarina de Médici, que doou para a igreja algumas propriedades suas na região. É uma das igrejas nacionais da França em Roma[1][2].
Igreja de São Luís dos Franceses San Luigi dei Francesi | |
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Fachada | |
Informações gerais | |
Tipo | igreja, igreja católica |
Estilo dominante | Maneirista |
Arquiteto(a) | Giacomo della Porta, Domenico Fontana |
Início da construção | 1518 |
Fim da construção | 1589 |
Religião | Igreja Católica |
Diocese | Diocese de Roma |
Página oficial | Site oficial |
Área | 1785 m2 (51 x 35) |
Geografia | |
País | Itália |
Localização | Rione Sant'Eustachio |
Região | Roma |
Coordenadas | 41° 53′ 58″ N, 12° 28′ 29″ L |
Localização em mapa dinâmico |
O cardeal-presbítero protetor do título de São Luís dos Franceses é André Vingt-Trois, arcebispo de Paris.
História
editarQuando os sarracenos queimaram a Abadia de Farfa, em 898, um grupo de refugiados se instalou em Roma[3] e alguns deles permaneceram na cidade mesmo depois que o abade Ratfredo (r. 934–936) reconstruiu o complexo. Por conta disto, no final do século X, a abadia era proprietária de igrejas, casas, moinhos de vento e vinhedos em Roma. Uma bula do imperador do Sacro Império Romano-Germânico, Otão III, de 998, atesta a posse de três igrejas[4]: Santa Maria, San Benedetto e o oratório de San Salvatore. Quando eles cederam as propriedades para a família Médici em 1480, Santa Maria foi rededicada como San Luigi dei Francesi. Depois disto, o cardeal Giulio di Giuliano de' Medici encarregou Jean de Chenevière de construir uma nova igreja para a comunidade francesa em 1518[5], mas a construção foi interrompida quando Roma foi saqueada em 1527 e a obra só se completaria em 1589, sob o comando de Domenico Fontana. O interior foi restaurado por Antoine Dérizet entre 1749 e 1756.
Atualmente, a fundação Pieux Etablissements de la France à Rome et à Lorette é responsável pelas cinco igrejas francesas e dos prédios de apartamentos que lhes fornecem renda em Roma e em Loreto[1]. A fundação é governada por um "vice-administrador" nomeado pelo embaixador francês na Santa Sé.
Exterior
editarGiacomo della Porta projetou a fachada como uma obra decorativa inteiramente independente do resto da estrutura do edifício, um método bastante copiado depois[6]. O caráter francês do edifício é evidente já na fachada, que abriga diversas estátuas que relembram a história do país, entre elas Carlos Magno, São Luís, Santa Clotilde e Santa Joana de Valois. O interior continua o tema nos afrescos de Charles-Joseph Natoire que recontam as histórias de São Luís, São Dênis e do primeiro rei franco Clóvis I.
Interior
editarDomenichino pintou em San Luigi uma de suas obras-primas, os afrescos das "Histórias de Santa Cecília". Entre os outros artistas que trabalharam na decoração da igreja estão Cavalier D'Arpino, Francesco da Bassano, o Jovem, Muziano, Giovanni Baglione, Siciolante da Sermoneta, Jacopino del Conte, Tibaldi e Antoine Derizet.
Porém, a obra de arte mais famosa da igreja é o ciclo de pinturas da Capela Contarelli, pintado pelo mestre barroco Caravaggio entre 1599 e 1600 sobre a vida de São Mateus. Entre as telas, de renome mundial, estão "O Chamado de Mateus", "A Inspiração de São Mateus" e "O Martírio de São Mateus".
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Vista da capela
Sepultamentos
editarAo longo dos séculos, a igreja foi escolhida como local de sepultamento para os altos prelados e membros da comunidade francesa em Roma. Entre eles, Pauline de Beaumont, que morreu de tuberculose em 1805, cujo túmulo foi construído por seu amante, Chateaubriand; o economista clássico liberal Frédéric Bastiat; o cardeal François-Joachim de Pierre de Bernis; e o embaixador em Roma para os reis Luís XV e Luís XVI.
Edifício San Luigi dei Francesi
editarAnexo à igreja está o Edifício San Luigi dei Francesi, do barroco tardio, construído entre 1709 e 1716 como uma hospedagem para a comunidade religiosa francesa e peregrinos sem recursos econômicos. No pórtico está um busto de Cristo cuja face é tradicionalmente identificada como sendo a de Cesare Borgia. No interior estão os retratos dos reis da França e uma bela sala de concertos.
Galeria
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Carlos Magno na fachada.
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Interior.
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Teto da nave.
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Órgão
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Altar de São Luís.
- ↑ a b «Les pieux établissements de la France à Rome et à Lorette» (em francês). Vatican.va. Consultado em 10 de junho de 2015. Arquivado do original em 5 de agosto de 2011
- ↑ «Les églises françaises à Rome» (em francês). Site oficial da igreja. Consultado em 10 de junho de 2015. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2009
- ↑ "Abbey of Farfa" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
- ↑ Stroll, Mary (1997), The medieval Abbey of Farfa: target of papal and imperial ambitions, ISBN 978-90-04-10704-5, Volume 74 of Brill's studies in intellectual history (em inglês), pp. 32–33
- ↑ Lesellier, J. (1931), Jean de Chenevières, sculpteur et architecte de l'église Saint-Louis-des-Français à Rome, Mélanges d'archéologie et d'histoire, 48 (48), pp. 233-267.
- ↑ "Giacomo della Porta" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
Bibliografia
editar- Claudio Rendina, Enciclopedia di Roma. Netwon Compton, Rome, 1999. (em italiano)
Ligações externas
editar- «San Luigi dei Francesi» (em italiano). Vicariato de Roma. Consultado em 10 de junho de 2015. Arquivado do original em 21 de julho de 2011
- «San Luigi dei Francesi» (em inglês). Sacred Destinations
- «San Luigi dei Francesi» (em inglês). Rome Art Lover