Disfunção sexual
Disfunção sexual refere-se à dificuldade sentida por uma pessoa ou casal durante qualquer estágio da atividade sexual, incluindo desejo, excitação ou orgasmo.
Disfunção sexual | |
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Especialidade | psiquiatria |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F52 |
CID-9 | 302.7 |
CID-11 | 160690465 |
MeSH | D020018 |
Leia o aviso médico |
Distúrbios sexuais são usualmente diagnosticados quando são parte importante das alterações da sexualidade de um indivíduo. Podem existir por toda a vida, ser adquiridos devido a experiências de vida ou a patologias clínicas e/ou psiquiátricas. Dificuldades de relacionamento podem levar ao aparecimento de patologias da sexualidade humana e vice-versa. Essas dificuldades podem ou não desencadear ansiedade na pessoa afetada, dependendo do quadro clínico e da visão que a pessoa possui sobre a importância de sexo em sua vida. As alterações da função sexual continuam sendo altamente prevalentes e causadoras de sofrimento. É comum que estas alterações sejam escondidas com muito conflito pela pessoa acometida, ocasionando solidão, ansiedade e sintomas de depressão.
Um histórico sexual detalhado e avaliação da saúde geral e de outros problemas sexuais (se houver) são importantes ao avaliar a disfunção sexual, pois geralmente está correlacionada com outros problemas psiquiátricos, como transtornos de humor, transtornos alimentares e de ansiedade, e esquizofrenia.[1][2][3]
Fases da relação sexual
editarA relação sexual é dividida em 4 fases:
- fase do desejo sexual: consiste em fantasias de ter alguma atividade sexual, através de imagens ou sensações corporais a respeito de ato sexual, e o desejo de realizar um ato cuja descarga seja através de genitais. A excitação sexual depende de um histórico satisfatório de relações sexuais prévias;
- fase da excitação sexual: é acompanhada de alterações do formato e da sensibilidade dos genitais;
- fase orgástica: corresponde ao ápice do prazer sexual;
- fase da resolução: ocorre após um ato sexual prazeroso, em que aparece um relaxamento muscular generalizado.
Disfunções da fase do desejo sexual
editarHipoatividade sexual: é a disfunção mais comum dessa fase. Existe tanto em homens quanto em mulheres. A diminuição do desejo é percebida pelo indivíduo acometido como uma falta de desejo sexual pura e simples, por diminuição da realização de atos sexuais ou pela repulsa do parceiro como indivíduo excitante. Ansiedade ou depressão crônica podem diminuir o desejo. Geralmente aparece na adolescência. Ocorre entre 15-20% das pessoas, sendo mais comum em mulheres.
Aversão sexual: é definida como evitação completa de qualquer contato sexual genital com um parceiro. Vergonha, culpa, experiências traumáticas no passado podem causá-la.
Drogas que alteram o desejo sexual: antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, benzodiazepínicos, anticonvulsivantes.
Disfunções da fase da excitação sexual
editarTranstorno da excitação sexual feminina: é caracterizado pela ausência parcial ou total da lubrificação do intróito vaginal, pela incapacidade de manter o ato sexual até o fim ou pela ausência ou falha de excitação sexual. Geralmente não conseguem obter orgasmo. Ocorre em até 30% das mulheres. A causa geral é a educação fortemente repressora da menina, que percebe sexualidade como similar a perigo.
Transtorno erétil masculino: pode ocorrer desde o começo da vida sexual, aparecer ao longo da vida ou ser situacional. Homens mais jovens tendem a ter menos alteração da ereção do que os mais velhos. As causas são devidas a uma condição médica que altere o fluxo sangüíneo para o pênis, uma diminuição do nível de testosterona sérica ou a causas psicológicas. Ocorre desde uma incapacidade para ter uma ereção até ereção que não se mantém durante o coito, ou uma ereção parcial, que não permite que o pênis seja introduzido na vagina.
Drogas que causam alteração na ereção: antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, carbonato de lítio, antipsicóticos.
Disfunções da fase orgástica
editarTranstorno orgástico: é mais comum em mulheres, sendo definido como a inibição recorrente do orgasmo. Manifesta-se pela ausência do orgasmo durante um ato sexual em que houve previamente uma fase de excitação satisfatória. Com o aumento da idade, aumenta a prevalência de mulheres que atingem o orgasmo. O homem pode sentir a excitação durante o ato sexual, mas não atingir o orgasmo; pode ejacular, mas não sentir prazer subjetivo ou alívio da tensão sexual concomitante.
Drogas que causam anorgasmia: antidepressivos tricíclicos, inibidores seletivos da recaptação da serotonina, antipsicóticos.
Ejaculação precoce: é mais comum em homens com maior nível de instrução. Caracteriza-se pela ejaculação antes do esperado (usualmente em menos de 2 minutos), sendo normalmente após uma estimulação sexual íntima. É a disfunção sexual mais comum em homens afetando cerca de 30-40% dos mesmos.
Ejaculação retardada: disfunção mais rara mas que afeta ainda assim bastantes homens. É caracterizada pela incapacidade ou extrema dificuldade em atingir a ejaculação
Outras disfunções sexuais
editarDispareunia: é caracterizada por dor ou desconforto durante o ato sexual. Ocorre tanto em homens quanto em mulheres, podendo ser causada por procedimentos cirúrgicos ou quadros de prostatite.
Vaginismo: é uma contração do terço inferior da vagina, que impede a penetração do pênis.
Tratamento
editarHomens
editarVárias décadas atrás, a comunidade médica acreditava que a maioria dos casos de disfunção sexual estava relacionada a problemas psicológicos. Embora isso possa ser verdade para uma parte dos homens, a grande maioria dos casos atualmente é identificada como tendo uma causa ou correlação física.[4] Se a disfunção sexual tiver um componente ou causa psicológica, a psicoterapia pode ajudar. A ansiedade situacional surge de um incidente anterior ruim ou falta de experiência, e muitas vezes leva ao desenvolvimento de medo em relação à atividade sexual e evitação, o que entra em um ciclo de aumento da ansiedade e dessensibilização do pênis. Em alguns casos, a disfunção erétil pode ser devida a conflitos no casamento. Sessões de aconselhamento conjugal são recomendadas nessa situação.[carece de fontes]
Mulheres
editarEm 2015, a flibanserina foi aprovada nos Estados Unidos para tratar a diminuição do desejo sexual em mulheres. Embora seja eficaz para algumas pessoas, o fármaco tem sido criticado por sua eficácia limitada e possui muitos avisos e contraindicações que limitam o seu uso.[5] Mulheres que experimentam dor durante o ato sexual frequentemente recebem prescrição de analgésicos ou agentes dessensibilizantes; outras recebem prescrição de lubrificantes vaginais. Muitas mulheres com disfunção sexual também são encaminhadas a um terapeuta sexual.[6]
Referências
editar- ↑ Waldinger MD (2015). «Psychiatric disorders and sexual dysfunction». Handbook of Clinical Neurology. 130: 469–89. ISBN 9780444632470. PMID 26003261. doi:10.1016/B978-0-444-63247-0.00027-4
- ↑ Norton GR, Jehu D (abril de 1984). «The role of anxiety in sexual dysfunctions: a review». Archives of Sexual Behavior. 13 (2): 165–83. PMID 6145405. doi:10.1007/BF01542150
- ↑ Lo YC, Chen HH, Huang SS (maio 2020). «Panic Disorder Correlates With the Risk for Sexual Dysfunction». Journal of Psychiatric Practice. 26 (3): 185–200. PMID 32421290. doi:10.1097/PRA.0000000000000460
- ↑ Jarow JP, Nana-Sinkam P, Sabbagh M, Eskew A (Maio de 1996). «Outcome analysis of goal directed therapy for impotence». The Journal of Urology. 155 (5): 1609–1612. PMID 8627834. doi:10.1016/s0022-5347(01)66142-1
- ↑ «FDA Approves First Drug to Boost Women's Sex Drive». www.webmd.com. Consultado em 31 de maio de 2019
- ↑ Amato P. «An update on therapeutic approaches to female sexual dysfunction». Female Sexual Dysfunction Online. Consultado em 24 de outubro de 2008. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2008 Texto "A Blog to Document the High's and Low's of My Life" ignorado (ajuda)
Bibliografia
editarNETO, A.C. et al. Psiquiatria para estudantes de medicina. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2003.