Corynocarpaceae
Corynocarpaceae é uma família monotípica de plantas com flor, pertencente à ordem Cucurbitales, cujo único género é Corynocarpus, um grupo que compreende cinco espécies de árvores e arbustos,[3] naturais da Nova Guiné, Austrália, Nova Caledónia, Vanuatu e Nova Zelândia.[4] A espécie Corynocarpus laevigatus, conhecida pelos nomes comuns de louro-da-nova-zelândia ou barrilheiro, é utilizada para fins ornamentais e encontra-se naturalizada em diversas regiões subtropicais (incluindo os Açores).[5]
Corynocarpus Corynocarpaceae | |||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||
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Espécies | |||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||
Descrição
editarCorynocarpus é o único género da família Corynocarpaceae e inclui 5 espécies de árvores ou arbustos com folhas alternas, dispostas em espiral, coreáceas e simples. A flores são hermafroditas, agrupadas em inflorescências em panículas ou rácimos.
As espécies que integram o género Corynocarpus são árvores perenifólias (raramente arbustos), com folhagem de coloração verde-clara e brilhante. A planta inteira, excepto a polpa do fruto, é tóxica. As folhas são de filotaxia alternada ou dispostas em espiral, pecioladas, simples, coriáceas e inteiras. Podem ou não ter estípulas.
As flores ocorrem em inflorescências paniculadas ou racemosas. Ao contrário da maioria dos táxons da ordem Cucurbitales, as flores não são sexualmente segregadas, sendo hermafroditas, pequenas, com simetria radial (actinomórficas) e pentâmeras. Apresentam cinco sépalas e cinco pétalas livres, com dois verticilos, cada um com cinco estames, que não se fundem, mas conatos com a base das pétalas. Apenas o verticilo interno de estames é fértil. Os dois carpelos são fundidos num ovário súpero.
O fruto é uma drupa, cada uma contendo apenas uma semente.
Estas plantas são ricas em flavonóides (kaempferol) e glicósidos amargos.
Usos
editarA espécie Corynocarpus laevigatus, conhecida na Nova Zelãndia por karaka, é usada como árvore ornamental, existindo cultivares com folhagem com coloração variegada. O fruto desta espécie, conhecido por kopia na língua Māori (barril nos Açores), pode ser comida por humanos. A polpa pode ser consumida crua e tem gosto similar a damascos maduros. O caroço, conhecido na Nova Zelândia por "noz-de-karaka", é muito venenoso, mas é processado pelo povo māori em várias etapas (devendo ser cozido) e pode ser usado como farinha para pão. A semente contém 11% de proteínas e 58% de hidratos de carbono. As folhas desta espécie são usadas na medicina popular para a cura de feridas.[6]
A madeira daquela espécie é branca, sendo usada como boa lenha, não tendo presenteente outro uso. Contudo, em tempo anteriores, os maori construíram a partir dela as suas canoas. Um insecticida é obtido a partir de extractos desta espécie.[7]
Distribuição
editarA área de distribuição natural é composta por áreas temperadas quentes tropicais do sudoeste do Pacífico. As espécies de Corynocarpus são nativas da Nova Guiné, Vanuatu, Nova Caledónia, Queensland (na Austrália) e Nova Zelândia. No Hawaii, Corynocarpus laevigatus é uma planta invasora.
Filogenia e sistemática
editarO nome genérico Corynocarpus foi criado em 1775 por Johann Reinhold Forster e Johann Georg Adam Forster na obra Characteres Generum Plantarum, edição 1.: 31, t. 16. A espécie tipo é Corynocarpus laevigatus J.R.Forst. & G.Forst..[8] A criação da família Corynocarpaceae foi proposta por Adolf Engler em 1897.
Filogenia
editarAceitando o posicionamento da família estabelecido no sistema APG IV (2016), a aplicação das técnicas da filogenética molecular sugere as seguintes relações entre as Corynocarpaceae e as restantes famílias que integram a ordem Cucurbitales:[9][10][11][11][12][13][14][15][16]
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Sistemática
editarA integração de espécies no género Corynocarpus tem sido incontestável. No entanto, o género tem sido amplamente discutido no sistema de classificação das plantas com flor, tendo sido sugerida a sua integração em muitas famílias (Anacardiaceae, Berberidaceae, Celastraceae, Cunoniaceae, Escalloniaceae, Malpighiaceae, Melastomataceae, Myrsinaceae, Rosaceae, Sapindaceae, Saxifragaceae, Sterculiaceae). O género foi durante muito tempo considerado muito isolado, o que foi reafirmado por Armen Takhtajan em 1997, que no sistema de Takhtajan criou para ele uma ordem monogenética, Corynocarpales. Nos sistemas de base filogenético, como o sistema APG IV, o género Corynocarpus forma a família monotípica Corynocarpaceae, a qual faz parte de uma ordem Cucurbitales ampliada.
No género Corynocarpus, ou seja na família Corynocarpaceae por esta ser monotípica, estão integradas 5-6 espécies:
- Corynocarpus cribbianus (F.M.Bailey) L.S.Sm: nativo da Nova Guiné e do norte e nordeste de Queensland.[17]
- Corynocarpus dissimilis Hemsl.: nativo da Nova Caledónia.[17]
- Corynocarpus laevigatus J.R.Forst. & G.Forst.: ocorre na Nova Zelândia, nas planícies costeiras da ilha do Norte, no norte da ilha do Sul, na ilha Raoul e nas ilhas Chatham.[17]
- Corynocarpus rupestris Guymer: com duas subespécies, em regiões separadas da Autrália:
- Corynocarpus rupestris subsp. arborescens Guymer: nativa do sueste de Queensland.[17]
- Corynocarpus rupestris Guymer subsp. rupestris: no noroeste de New South Wales.[17]
- Corynocarpus similis Hemsl.: nativa de Vanuatu.[17]
Reflectindo a distribuição natural presente, os dados de genética molecular disponíveis permitem elaborar o seguinte cladograma esclarecendo a relação entre as diversas espécies que integram o género:
Corynocarpaceae |
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O número cromossómico básico das espécies Corynocarpus cribbianus, Corynocarpus dissimilis, Corynocarpus laevigatus e Corynocarpus similis é 2n = 46 (são diploides). A espécie Corynocarpus rupestris é tetraploide (2n = 92).[18]
O género Corynocarpus, o único que integra esta família monotípica, inclui as seguintes espécies:
- Corynocarpus cribbianus (F. M. Bailey) L. S. Sm. (sin.: Corynocarpus australasicus) - Nova Guiné, ilhas Aru, Queensland
- Corynocarpus dissimilis Hemsl. - Nova Caledónia
- Corynocarpus laevigatus J. R. Forst. & G. Forst. - Nova Zelândia
- Corynocarpus rupestris Guymer - Queensland, New South Wales
- Corynocarpus similis Hemsl. - Vanuatu
Ver também
editarReferências
editar- ↑ Angiosperm Phylogeny Group (2009). «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III». Botanical Journal of the Linnean Society. 161 (2): 105–121. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x. Consultado em 26 de junho de 2013. Arquivado do original (PDF) em 25 de maio de 2017
- ↑ John Frederick Miller circa 1770 - The Endeavour Botanical Illustrations, Natural History Museum.
- ↑ Christenhusz, M. J. M. & Byng, J. W. (2016). «The number of known plants species in the world and its annual increase». Magnolia Press. Phytotaxa. 261 (3): 201–217. doi:10.11646/phytotaxa.261.3.1
- ↑ KEw World Checklist of Selected Plant Families
- ↑ Portal da biodiversidade dos Açores: Corynocarpus laevigatus J. R. Forst. & G. Forst.
- ↑ Eintrag bei Plants for a Future.
- ↑ Zur Nutzung des Karakabaums (Corynocarpus laevigatus). (Memento vom 1. fevereiro 2008 im Internet Archive) (englisch)
- ↑ Eintrag beim Australian Plant Name Index (APNI).
- ↑ Matthews ML, Endress PK (2004). «Comparative floral structure and systematics in Cucurbitales (Corynocarpaceae, Coriariaceae, Tetramelaceae, Datiscaceae, Begoniaceae, Cucurbitaceae, Anisophylleaceae)». Botanical Journal of the Linnean Society. 145 (2): 129–185. doi:10.1111/j.1095-8339.2003.00281.x
- ↑ Schaefer H, Renner SS (2011). «Phylogenetic relationships in the order Cucurbitales and a new classification of the gourd family (Cucurbitaceae)». Taxon. 60 (1): 122–138. JSTOR 41059827. doi:10.1002/tax.601011. Consultado em 20 de março de 2017. Arquivado do original em 31 de janeiro de 2018
- ↑ a b Zhang L-B, Simmons MP, Kocyan A, Renner SS (2006). «Phylogeny of the Cucurbitales based on DNA sequences of nine loci from three genomes: Implications for morphological and sexual system evolution». Molecular Phylogenetics and Evolution. 39 (2): 305–322. PMID 16293423. doi:10.1016/j.ympev.2005.10.002
- ↑ Soltis DE, Gitzendanner MA, Soltis PS (2007). «A 567-taxon data set for angiosperms: The challenges posed by Bayesian analyses of large data sets». International Journal of Plant Sciences. 168 (2): 137–157. JSTOR 509788. doi:10.1086/509788
- ↑ Schaefer H, Heibl C, Renner SS (2009). «Gourds afloat: A dated phylogeny reveals an Asian origin of the gourd family (Cucurbitaceae) and numerous oversea dispersal events». Proc Royal Soc B. 276 (1658): 843–851. PMC 2664369 . PMID 19033142. doi:10.1098/rspb.2008.1447
- ↑ Filipowicz N, Renner SS (2010). «The worldwide holoparasitic Apodanthaceae confidently placed in the Cucurbitales by nuclear and mitochondrial gene trees». BMC Evolutionary Biology. 10. 219 páginas. PMC 3055242 . PMID 20663122. doi:10.1186/1471-2148-10-219
- ↑ Bell CD, Soltis DE, Soltis PS (2010). «The age and diversification of the angiosperms re-revisited». Am J Bot. 97 (8): 1296–1303. PMID 21616882. doi:10.3732/ajb.0900346
- ↑ Renner SS, Schaefer H (2016). «Phylogeny and evolution of the Cucurbitaceae». In: Grumet R, Katzir N, Garcia-Mas J. Genetics and Genomics of Cucurbitaceae. Col: Plant Genetics and Genomics: Crops and Models. 20. New York, NY: Springer International Publishing. pp. 1–11. ISBN 978-3-319-49330-5. doi:10.1007/7397_2016_14
- ↑ a b c d e f Rafaël Govaerts (Hrsg.): Corynocarpus - World Checklist of Selected Plant Families des Royal Botanic Gardens, Kew. Zuletzt eingesehen am 18. September 2018.
- ↑ Murray I. Dawson (1997). Chromosome numbers in Corynocarpus (Corynocarpaceae). New Zealand Journal of Botany (em inglês). Volume 35, Issue 2. [S.l.: s.n.] p. 255–258. Consultado em 23 de abril de 2019
Galeria
editar-
Hábito.
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Inflorecências.
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Frutos.
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Infrutescência.
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Folhagem.
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Tronco.
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Planta com frutos maduros.
Bibliografia
editar- Beschreibung der Familie der Corynocarpaceae bei der APWebsite. (Abschnitt Beschreibung und Systematik)
- Beschreibung der Familie der Corynocarpaceae bei DELTA von L. Watson & Murray J. Dallwitz. (Abschnitt Beschreibung)
- G. J. Harden: Beschreibung in der Flora of New South Wales Online. (Abschnitt Beschreibung)
- Steven J. Wagstaff & M. I. Dawson: Classification, origin, and patterns of diversification of Corynocarpus (Corynocarpaceae) inferred from DNA sequences, In: Systematic Botany, 25, 2000. S. 134–149. doi:10.2307/2666679 (Abschnitt Verbreitung und Systematik)
- M. L. Matthews & P. K. Endress: Comparative floral structure and systematics in Cucurbitales (Corynocarpaceae, Coriariaceae, Tetramelaceae, Datiscaceae, Begoniaceae, Cucurbitaceae, Anisophylleaceae)., Botanical Journal of the Linnean Society, 145, 2004, S. 129–185.
Ligações externas
editar- (em inglês) Informação sobre Malpighiales - Angiosperm Phylogeny Website
- (em inglês) Imagens e descrição de famílias de angiospérmicas - segundo sistema Cronquist
- John Sawyer, Bruce McFadgen and Paul Hughes. «Karaka (Corynocarpus laevigatus J. R. et G. Forst.) in Wellington Conservancy (excluding Chatham Islands)» (PDF). Department of Conservation. Consultado em 20 de novembro de 2009. Arquivado do original (PDF) em 7 de junho de 2011
- W. Botting Hemsley (1903). «On the genus Corynocarpus Forst. with descriptions of two new species». Annals of Botany. 17 (4): 743–760. doi:10.1093/oxfordjournals.aob.a088941
- «Corynocarpus J.R. Forst. & G. Forst.». PLANTS database. United States Department of Agriculture
- https://web.archive.org/web/20110715092517/http://www.plantcare.com/encyclopedia/new-zealand-laurel-1260.aspx
- W. R. Philipson (1986). «Corynocarpus J. R. & G. Forst. – an isolated genus». Botanical Journal of the Linnean Society. 95 (1): 9–18. doi:10.1111/j.1095-8339.1987.tb01832.x