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Cerebrosídeos constituem uma subclasse de esfingolipídios (também denominados glicoesfingolipídeos) compostos por um monossacarídeo principal (glicose ou galactose) ligado por uma ligação glicosídica ao esqueleto de esfingosina e um ácido graxo por uma ligação amida. Diferente dos fosfolipídeos, os cerebrosídeos não possuem grupamento fosfato. Por sua vez, as “cabeças polares” são formadas pelos resíduos de açúcar.

Estrutura geral dos esfingolipídeos.

Os cerebrosídeos são componentes importantes da membrana de células musculares e nervosas. Nas últimas décadas, tem sido atraída atenção para o papel dos cerebrosídeos no efeito neuroprotetor[1] e na mediação do sistema imunológico [2]. Além das células animais, também já foram encontrados em algumas espécies de fungos, plantas e bactérias[3].

Alguns grupos funcionais podem estar conectados ao esqueleto da ceramida, incluindo ramificações metil, grupos hidroxi, dessaturação cis ou trans ou anéis de ciclopropano[4]. É comum a presença de glicocerebrosídeos em fungos, plantas e células animais, enquanto os galactocerebrosídeos são encontrados apenas em células animais e fúngicas[3].

Os cerebrosídeos ocorrem em quantidades consideráveis  na bainha de mielina além das células epiteliais do intestino delgado e do cólon, epiderme da pele. Também parecem estar envolvidos nos processos de divisão celular, crescimento, sobrevivência e transporte de membrana[5].

A desordem no metabolismo dos cerebrosídeos estão associadas a defeitos na degradação dos glicocerebrosídeos (doença de Gaucher[6]) e de galactocerebrosídeos (doença de Fabry[7] e doença de Krabbe[8]). O acúmulo desses esfingolipídios em certos órgãos leva a uma diversidade de manifestações clínicas, incluindo sintomas neurológicos graves.

Referências
  1. Podbielska, Maria; Levery, Steven B; Hogan, Edward L (1 de abril de 2011). «The structural and functional role of myelin fast-migrating cerebrosides: pathological importance in multiple sclerosis». Clinical Lipidology (em inglês) (2): 159–179. ISSN 1758-4299. PMC PMC3373471  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 22701512. doi:10.2217/clp.11.8. Consultado em 31 de julho de 2023 
  2. Jin, Yang; Fan, Jun-Ting; Gu, Xiao-Ling; Zhang, Li-Ying; Han, Jing; Du, Shu-Hu; Zhang, Ai-Xia (23 de junho de 2017). «Neuroprotective Activity of Cerebrosides from Typhonium giganteum by Regulating Caspase-3 and Bax/Bcl-2 Signaling Pathways in PC12 Cells». Journal of Natural Products (em inglês) (6): 1734–1741. ISSN 0163-3864. doi:10.1021/acs.jnatprod.6b00954. Consultado em 30 de julho de 2023 
  3. a b Warnecke, D.; Heinz, E. (maio de 2003). «Recently discovered functions of glucosylceramides in plants and fungi». Cellular and Molecular Life Sciences (em inglês) (5): 919–941. ISSN 1420-682X. doi:10.1007/s00018-003-2243-4. Consultado em 30 de julho de 2023 
  4. Ternes, Philipp; Sperling, Petra; Albrecht, Sandra; Franke, Stephan; Cregg, James M.; Warnecke, Dirk; Heinz, Ernst (março de 2006). «Identification of Fungal Sphingolipid C9-methyltransferases by Phylogenetic Profiling». Journal of Biological Chemistry (9): 5582–5592. ISSN 0021-9258. doi:10.1074/jbc.m512864200. Consultado em 30 de julho de 2023 
  5. van Meer, Gerrit; Wolthoorn, Jasja; Degroote, Sophie (29 de maio de 2003). «The fate and function of glycosphingolipid glucosylceramide». Philosophical Transactions of the Royal Society of London. Series B: Biological Sciences (1433): 869–873. ISSN 0962-8436. doi:10.1098/rstb.2003.1266. Consultado em 30 de julho de 2023 
  6. Stirnemann, Jérôme; Belmatoug, Nadia; Camou, Fabrice; Serratrice, Christine; Froissart, Roseline; Caillaud, Catherine; Levade, Thierry; Astudillo, Leonardo; Serratrice, Jacques (fevereiro de 2017). «A Review of Gaucher Disease Pathophysiology, Clinical Presentation and Treatments». International Journal of Molecular Sciences (em inglês) (2). 441 páginas. ISSN 1422-0067. PMC PMC5343975  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 28218669. doi:10.3390/ijms18020441. Consultado em 30 de julho de 2023 
  7. Bernardes, Thaíza Passaglia; Foresto, Renato Demarchi; Kirsztajn, Gianna Mastroianni (13 de janeiro de 2020). «Fabry disease: genetics, pathology, and treatment». Revista da Associação Médica Brasileira (em inglês): s10–s16. ISSN 0104-4230. doi:10.1590/1806-9282.66.S1.10. Consultado em 30 de julho de 2023 
  8. Bradbury, Allison M.; Bongarzone, Ernesto R.; Sands, Mark S. (1 de maio de 2021). «Krabbe disease: New hope for an old disease». Neuroscience Letters (em inglês). 135841 páginas. ISSN 0304-3940. PMC PMC8802533  Verifique |pmc= (ajuda). PMID 33766733. doi:10.1016/j.neulet.2021.135841. Consultado em 30 de julho de 2023