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Cancro do estômago

Cancro do estômago (português europeu) ou câncer de estômago (português brasileiro) é o cancro que se desenvolve no revestimento do estômago.[9] Os sintomas iniciais podem incluir azia, dor na parte superior do abdómen, náuseas e perda de apetite. Os sinais e sintomas das fases mais avançadas incluem, entre outros, perda de peso, pele e olhos amarelados, vómitos, dificuldade ao engolir e sangue nas fezes.[1] O cancro pode-se espalhar do estômago para outras partes do corpo, principalmente para o fígado, pulmões, ossos, revestimento do abdómen e gânglios linfáticos.[10]

Cancro do estômago
Câncer do estômago
Cancro do estômago
Uma úlcera gástrica suspeita que foi diagnosticada como câncer na biópsia e que foi posteriormente ressecada.
Sinónimos Cancro gástrico
Especialidade Oncologia
Sintomas Iniciais: azia, dor na parte superior do abdómen, náuseas, falta de apetite.[1]
Avançados: perda de peso, pele e olhos de tom amarelo, vómitos, dificuldade em engolir, sangue nas fezes[1]
Início habitual Ao longo de anos[2]
Tipos Carcinomas gástricos, linfoma, tumor mesenquimatoso[2]
Causas Helicobacter pylori, genéticas[2][3]
Fatores de risco fumar, fatores dietéticos como picles, obesidade[2][4]
Método de diagnóstico Biópsia por endoscopia[1]
Prevenção Dieta mediterrânica, deixar de fumar[2][5]
Tratamento Cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia dirigida[1]
Prognóstico Taxa de sobrevivência a 5 anos < 10% (global),[6]
28% (EUA)[7]
Frequência 3,5 milhões (2015)[8]
Classificação e recursos externos
CID-10 C16
CID-9 151
CID-11 1397617262
OMIM 137215
DiseasesDB 12445
MedlinePlus 000223
eMedicine med/845
MeSH D013274
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A causa mais comum de cancro do estômago é a infeção pela bactéria Helicobacter pylori, responsável por 60% dos casos.[11][2][3] Alguns tipos de Helicobacter pylori apresentam maior risco do que outros. Entre outras causas comuns estão o consumo de picles e o tabagismo.[2][4] Cerca de 10% dos casos são familiares e entre 1 e 3% dos casos devem-se a síndromes genéticos herdados dos pais. A maior parte dos casos de cancro do estômago são carcinomas gástricos. Este tipo pode ser dividido em vários subtipos. No estômago podem também desenvolver-se linfomas e tumores mesenquimais. Na maior parte dos casos, o cancro do estômago desenvolve-se em estádios ao longo de anos.[2] O diagnóstico é geralmente realizado por biópsia de uma amostra recolhida por endoscopia. Posteriormente, a imagiologia médica permite determinar se a doença se espalhou para outras partes do corpo.[1]

Uma dieta mediterrânica e a cessação tabágica diminuem o risco de cancro. Existem indícios de que o tratamento da H. pylori diminui o risco futuro.[2][5] É possível curar muitos dos casos detectados nos estádios iniciais.[2] O tratamento pode incluir uma combinação de cirurgia, quimioterapia, radioterapia e terapia dirigida.[1] Quando tratado em estágios avançados podem ser recomendados cuidados paliativos.[2] O prognóstico é geralmente pouco positivo, sendo a taxa de sobrevivência a cinco anos global inferior a 10%. Isto deve-se principalmente ao facto de maior parte das pessoas só detetar a condição em estádios avançados.[6] Nos Estados Unidos a taxa de sobrevivência a cinco anos é de 28%,[7] enquanto na Coreia do Sul é de mais de 65% devido à existência de um programa de rastreio.[2]

O cancro do estômago é a quinta principal causa de cancro em todo o mundo e a terceira causa de morte por cancro, o que corresponde a 7% dos casos e 9% das mortes.[12] Em 2012 a doença ocorreu em 950 000 pessoas e foi a causa de 723 000 mortes.[12] Antes da década de 1930 era a causa mais comum de morte por cancro na maior parte do mundo.[13][14][15] Desde então que a taxa de mortalidade tem vindo a diminuir em várias regiões do mundo.[2] Acredita-se que esta diminuição se deva à diminuição do consumo de alimentos salgados e conservados em vinagre a partir da introdução da refrigeração de alimentos.[16] O cancro do estômago é mais comum na Ásia Oriental e na Europa de Leste. É duas vezes mais comum em homens do que em mulheres.[2]


 
Corte longitudinal de um adenocarcinoma do estômago.

O carcinoma gástrico, derivado das células da mucosa, constitui mais de 90% dos cancros do estômago. Mais raramente podem surgir certos tipos de linfomas ( 4% dos casos); tumor carcinoide (3%) ou tumores do estroma gastrointestinal (2%). Estas outras neoplasias não são geralmente denominadas na linguagem comum como cancros do estômago apesar de terem a sua origem neste órgão.[17]

Causas

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O principal factor de risco para o surgimento do carcinoma é a infecção durante décadas pela bactéria Helicobacter pylori, que causa uma gastrite atrófica persistente, muitas vezes com formação de úlcera péptica. As úlceras pépticas não tratadas podem degenerar devido à grande taxa de multiplicação das células da mucosa, que tentam cicatrizar a lesão, aumentando a sua taxa de mutação (quanto maior o número de divisões com cópia do DNA maior a probabilidade de alterações genéticas).

Outros factores de risco significativos são[18]:

  • Tabagismo;
  • Histórico familiar de câncer;
  • Dieta rica em defumados, conserva, sal e gorduras;
  • Obesidade;
  • Pólipos no estômago;
  • Anemia perniciosa;
  • Sangue tipo A
  • Infecção pelo vírus de Epstein-Barr;
  • Exposição constante a poeira de carvão, metal, madeira, borracha ou amianto.

Sinais e sintomas

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Inicialmente os sintomas são os de uma possível úlcera péptica gástrica ou de gastrite, contudo a grande maioria das úlceras pépticas não são cancerosas. Mesmo assim, a maior parte dos diagnósticos é efectuada aquando do diagnóstico de uma úlcera gástrica. As úlceras cursam com dor após as refeições e falta de apetite e se não são tratadas podem a longo prazo degenerar em carcinomas. É frequentemente assintomático na fase inicial, o que explica o seu mau prognóstico.

Se o cancro não é detectado na fase inicial, ele dissemina-se, primeiro directamente para a parede do duodeno ou esófago, e depois via cavidade peritoneal, via sanguínea e linfática para qualquer órgão, formando metástases, especialmente no fígado e pulmão. Estes estágios avançados têm pior prognóstico.

Sintomas comuns das fases mais avançadas são a dor permanente e intensa na região, central logo abaixo das costelas, do estômago (região epigástrica), por vezes irradiando para as costas; falta de apetite e emagrecimento rápido (caquexia típica de qualquer condição maligna). Se o tumor está localizado no piloro do estômago, pode haver estenose com vómitos após as refeições, que aliviam as dores. A perda continua de pequenas quantidades de sangue pode passar despercebida mas também pode causar anemia microcítica por défice de ferro. Por vezes em casos avançados a massa tumoral pode ser sentida directamente pela palpação. Outro sintoma possível é a ascite.

Diagnóstico

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O diagnóstico do carcinoma do estômago é geralmente feito após queixas semelhantes às de úlcera gástrica. É feita endoscopia com recolha de amostras por biópsia, cuja análise histológica permite distinguir uma úlcera benigna de uma cancerosa.

A avaliação de grau de metastização hepático é feita através de um exame de tomografia computadorizada.

>http://www.cancer.org/cancer/stomachcancer/detailedguide/stomach-cancer-risk-factors</ref>

Tratamento

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O tratamento é cirúrgico, mas apenas em casos detectados nos estágios mais iniciais é provável a cura. Por vezes é efectuada uma gastrectomia parcial, mas frequentemente todo o estômago é removido (gastrectomia), sendo feita uma anastomose (ligação) entre o esófago e o duodeno. O paciente passa a ter um cuidado maior com a alimentação, mas se alimenta normalmente após a recuperação da cirurgia.

Em casos em que já ocorreu metástase disseminada, o tratamento é com quimioterapia ou meramente paliativo, com administração de opioides.

Epidemiologia

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A incidência do carcinoma gástrico varia muito de acordo com os países, provavelmente devido a diferenças no tipo de alimentação. Nos Estados Unidos (cerca de 3 mortes em 100.000 pessoas por ano), Reino Unido, França e Alemanha, por exemplo, a incidência é muito menor que no Japão, Chile ou Portugal, que com 29 mortes por 100.000 pessoas por ano tem uma das taxas mais elevadas do mundo para este tipo de cancro. É em todo o mundo uma das principais causas de morte por cancro (câncer) .

A doença afecta duas vezes mais homens que mulheres, tende a surgir após a quinta década de vida e afeta mais latinos, orientais e negros do que brancos não-latinos.<ref

Referências
  1. a b c d e f g «Gastric Cancer Treatment (PDQ®)». NCI. 17 de abril de 2014. Consultado em 1 de julho de 2014 
  2. a b c d e f g h i j k l m n World Cancer Report 2014. [S.l.]: World Health Organization. 2014. pp. Chapter 5.4. ISBN 9283204298 
  3. a b Chang, A. H.; Parsonnet, J. (2010). «Role of Bacteria in Oncogenesis». Clinical Microbiology Reviews. 23 (4): 837–857. ISSN 0893-8512. PMC 2952975 . PMID 20930075. doi:10.1128/CMR.00012-10 
  4. a b González CA, Sala N, Rokkas T; Sala; Rokkas (2013). «Gastric cancer: epidemiologic aspects». Helicobacter. 18 (Supplement 1): 34–38. PMID 24011243. doi:10.1111/hel.12082 
  5. a b «Stomach (Gastric) Cancer Prevention (PDQ®)». NCI. 27 de fevereiro de 2014. Consultado em 1 de julho de 2014 
  6. a b Orditura, M; Galizia, G; Sforza, V; Gambardella, V; Fabozzi, A; Laterza, MM; Andreozzi, F; Ventriglia, J; Savastano, B; Mabilia, A; Lieto, E; Ciardiello, F; De Vita, F (fevereiro de 2014). «Treatment of gastric cancer.» (PDF). World Journal of Gastroenterology. 20 (7): 1635–49. PMC 3930964 . PMID 24587643. doi:10.3748/wjg.v20.i7.1635 
  7. a b «SEER Stat Fact Sheets: Stomach Cancer». NCI. Consultado em 18 de junho de 2014 
  8. GBD 2015 Disease and Injury Incidence and Prevalence, Collaborators. (8 de outubro de 2016). «Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990–2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015.». Lancet. 388 (10053): 1545–1602. PMC 5055577 . PMID 27733282. doi:10.1016/S0140-6736(16)31678-6 
  9. «Stomach (Gastric) Cancer». NCI. Consultado em 1 de julho de 2014 
  10. Ruddon, Raymond W. (2007). Cancer biology 4th ed. Oxford: Oxford University Press. p. 223. ISBN 9780195175431 
  11. Sim, edited by Fiona; McKee, Martin (2011). Issues in public health 2nd ed. Maidenhead: Open University Press. p. 74. ISBN 9780335244225 
  12. a b «Chapter 1.1». World Cancer Report 2014. [S.l.]: World Health Organization. 2014. ISBN 9283204298 
  13. Hochhauser, Jeffrey Tobias, Daniel (2010). Cancer and its management 6th ed. Chichester, West Sussex, UK: Wiley-Blackwell. p. 259. ISBN 9781444306378 
  14. Khleif, Edited by Roland T. Skeel, Samir N. (2011). Handbook of cancer chemotherapy 8th ed. Philadelphia: Wolter Kluwer. p. 127. ISBN 9781608317820 
  15. Joseph A Knight (2010). Human Longevity: The Major Determining Factors. [S.l.]: Author House. p. 339. ISBN 9781452067223 
  16. Moore, edited by Rhonda J.; Spiegel, David (2004). Cancer, culture, and communication. New York: Kluwer Academic. p. 139. ISBN 9780306478857 
  17. American Cancer Society - Stomach cancer
  18. http://www.webmd.com/cancer/stomach-gastric-cancer
 
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