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Arroçu (em fon, Ahosu) era o título utilizado pela realeza fom dos Reinos de Aladá e Daomé.[1] Seus titulares eram figuras quase divinas que raramente faziam aparições públicas e cujas palavras eram transmitidas por intérpretes. Em certas épocas do ano o povo até mesmo era proibido de ver seu rosto. Por não poderem comer ou beber em público, mesmo que na presença de estrangeiros, usavam um véu.[2] Ao arroçu, todos deviam tributo, pois era senhor de todos os bens e riquezas (docunom), decidia tudo (semedô) e dispunha de todos os poderes (dada).[3] Porém, para justificar sua posição como docunom, devia mostrar generosidade e prodigalidade, exibindo riquezas e distribuindo presentes. O guarda-sol era um dos símbolos de poder do arroçu e de alguns líderes, mas a ninguém era permitido ter um mais rico que o do arroçu.[4]

Quando espirrava, o acontecimento era recebido com um coro de louvores. Como suas secreções não podiam cair no chão ou serem pisadas, ficavam permanentemente com ele dentro de um recipiente apropriado para colhê-las, antes de serem enterradas à noite num recanto especial. Como seu cabelo estava impregnado de poder, era corriqueiramente aparado, mas pela mesma mulher, e os restos de seu cabelo eram despejados numa fossa especial com a água de seu banho. Quando morria, seus cortejos fúnebres duravam mais do que os costumeiros, e o morto era acompanhado por mulheres e servos escolhidos para cuidar dele.[4]

Referências
  1. Lopes 2005, p. 147-148.
  2. Lopes 2005, p. 148-149.
  3. Lopes 2005, p. 148.
  4. a b Lopes 2005, p. 149.

Bibliografia

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  • Lopes, Nei (2005). Kitábu. O livro do saber e do espírito negro-africanos. Rio de Janeiro: Senac Rio