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Wilhelm Reich e saberes insurgentes - João da Mata
Apresentação
JOÃO DA MATA
Wilhelm Reich foi um psicanalista singular. Desde sua precoce adesão ao meio psicanalítico, já relativamente consolidado, passando pela ênfase aos estudos em torno da sexualidade, até o aberto engajamento político, sua obra carrega o laivo de um visionário que apostou na vida como um evento pungente e vibrante. Afeito ao que acontece no ato, partiu para a ação em busca de fazer emergir uma nova sociedade, diferente daquela em que viveu, e observou ser esta produtora das mais agudas mazelas na qualidade de limitadora das potências de existir.
Este livro compreende uma proposta inédita. Apesar de haver um considerável número de publicações em torno da obra reichiana, temos aqui uma constelação de pesquisadores que se desdobram em articular o pensamento e a obra de Reich com diferentes campos do saber, extrapolando, para isso, os contornos da psicologia e da psicanálise. Distante de esgotar os temas aqui expostos, o livro que você tem em mãos é o esforço de estabelecer essas conexões de maneira inaugural.
Além da direta relação com a psicanálise, os demais capítulos instauram diálogos com a biologia, a política, a sociologia, a filosofia, a educação e uma série de outros saberes, os quais, cada um a seu modo e em momentos específicos, estiveram presentes nos estudos de Reich. Sua tentativa, como ficará evidente ao longo do livro, foi conceber a experiência humana a partir de uma dimensão biopsicossocial e mostrar como a existência pulsa atravessada por um conjunto de forças que operam em seu encontro com o mundo. Em cada um dos 12 capítulos que compõem o livro, um campo problemático em destaque é trazido como forma de evidenciar as aproximações efetuadas por Reich e os saberes insurgentes.
Nosso desafio foi reunir pessoas que não estavam necessariamente no âmbito das práticas psi, mas que aceitaram a provocação para pensar como a obra reichiana conversa com suas áreas de pesquisa. Isso traz ao livro um olhar crítico: o que está em questão não é reverenciar a figura de Wilhelm Reich, mas mostrar os tensionamentos possíveis em sua obra, como podemos compreendê-la nos dias de hoje e sua pertinência para a clínica na atualidade. Dessa forma, os capítulos versam sobre temas que surgem em diferentes momentos, conectados com as análises em questão, e possibilitam uma leitura não linear do sumário.
O interesse pela obra reichiana e por seus desdobramentos em diferentes práticas clínicas tem crescido à medida que sua obra se torna mais difundida. Ainda assim, Reich continua sendo um autor pouco estudado nas formações em psicologia e psicanálise. Quase sempre, busca-se conhecê-lo e aprofundar os estudos de sua obra em formações complementares. Entre os cânones da psicologia, o dissidente da ortodoxia psicanalítica ainda é visto ora como gênio, ora como louco. Aqui, o Reich reivindicado é aquele iconoclasta, rebelde, afeito às transformações sociais, que por vezes se aproxima das análises libertárias.
Ao trazer a corporeidade à cena terapêutica, assim como relacionar os fenômenos emocionais às práticas sociais e políticas de determinado tempo, Wilhelm Reich passa a ocupar um lugar fundamental na compreensão do comportamento humano e de suas interfaces com a sociedade, visto que estes constituem temas urgentes e necessários.
Esperamos que a leitura deste livro possa fazer sacudir acomodações e despertar o interesse por uma psicologia que anda ao lado da leitura crítica das práticas de poder e de suas incidências no funcionamento emocional e somático dos indivíduos. Foi assim que o inquieto Reich construiu seus percursos e criou suas rotas intelectuais, sempre atento às forças reativas que tentam apaziguar a revolta da carne. Sua luta por ver surgir uma existência liberada das amarras e das convenções sociais, que, a despeito da passagem do tempo, insistem em permanecer presentes entre nós, continua atual.
1. Wilhelm Reich e a psicanálise: contribuições
CLAUDIO MELLO WAGNER
Inaugurada
oficialmente em 1900, com a publicação do livro A interpretação dos sonhos, de Sigmund Freud, a ciência psicanalítica continua gozando de um prestígio crescente, seja no campo das artes (literatura, cinema, teatro etc.), seja no campo científico, dialogando com a antropologia, a sociologia, a psiquiatria e, atualmente, as neurociências.
Nesses mais de 100 anos de percurso, a psicanálise recebeu e segue recebendo uma série de aportes e contribuições nos planos teórico e na prática clínica. O aprofundamento e o detalhamento a respeito do funcionamento e da dinâmica psíquica de alguns casos de psicopatologia têm lançado luz sobre problemas até então considerados difíceis ou até mesmo inabordáveis. Exemplos disso são os estudos e casos clínicos a respeito das dinâmicas de psicoses, perversões, personalidade borderline e transtorno do espectro autista, entre outras.
Existe, porém, um aspecto importante a ser explicitado: a psicanálise é considerada, popularmente, uma ciência monolítica pronta e acabada. Já vimos que não é bem assim e que esta evolui e recebe inúmeras contribuições. Cabe aqui ressaltar que a psicanálise não é uma teoria, mas um conjunto de teorias que formam seu arcabouço, ou seja, seus pilares fundamentais. Vale destacar dois pontos a respeito.
Freud foi pioneiro no campo da psicologia profunda e fundador da psicanálise. Suas pesquisas e construções teóricas não cessaram de evoluir ao longo de sua extensa obra. Seria esperado encontrarmos algumas lacunas, reformulações e contradições teóricas nesse percurso. Ilustração disso são as diferentes formulações a respeito das pulsões (de autoconservação, sexuais, de vida e de morte) e as diferentes dinâmicas e relações entre o Eu e as outras instâncias psíquicas (Id, Supereu, Ideal de eu).
O segundo ponto, decorrente do primeiro, é a possibilidade de se realizarem recortes e se enfatizarem determinados aspectos das distintas formulações contidas na obra freudiana. É nessa perspectiva que vemos surgirem diferentes escolas de psicanálise a partir de Freud. Assim, Melanie Klein elege alguns textos freudianos e desenvolve suas teorias e práticas clínicas. Do mesmo modo, Jacques Lacan desenvolve suas teorizações a partir de alguns pontos referenciais de Freud. Assim também Donald Winnicott e as escolas psicanalíticas de psicossomática. Em síntese, essas diferentes abordagens psicanalíticas têm em comum a referência às principais e fundamentais teorias psicanalíticas, a saber: teoria da sexualidade infantil; teoria sobre o inconsciente dinamicamente reprimido; teoria da repressão; teoria do complexo de Édipo e teoria da transferência.
Desse ponto de vista, seria plausível considerarmos a psicanálise reichiana uma psicanálise das intensidades?
Wilhelm Reich, aluno, discípulo e colaborador de Freud, ingressou no movimento psicanalítico em 1920 e teve uma atuação intensa até 1934, ano de sua expulsão da Associação Internacional de Psicanálise (International Psychoanalytical Association, IPA). Ao longo desses 14 anos, Reich deu contribuições importantes tanto para a prática clínica como para a teoria psicanalítica. Seus principais focos de interesse diziam respeito à técnica psicanalítica e à importância da sexualidade no desenvolvimento psíquico humano normal e patológico.
Uma pequena observação se faz necessária. Muito embora Reich tenha feito um longo percurso científico até sua morte, em 1957, buscando o diálogo e as conexões entre os diferentes campos do saber — como a psicanálise, a medicina, a biologia, a sociologia, a antropologia, a física etc. —, neste breve artigo enfocaremos apenas suas contribuições referentes à psicanálise stricto sensu. Os demais capítulos do presente livro contemplam o leitor com essas outras conexões.
A técnica psicanalítica
Desde seus primeiros anos como psicanalista, Reich deu atenção especial à técnica de análise. Ele indagava como uma teoria tão consistente obtinha resultados práticos tão pífios. Na época em questão, a técnica ainda engatinhava, pois não dispunha de uma sistemática e de um ordenamento do material psíquico emergente. Interpretava-se imediatamente, sem se considerar de qual camada ou extrato do inconsciente brotava tal ou qual material.
Outra dificuldade partilhada pelos psicanalistas de então era o enfrentamento das transferências negativas dos pacientes. Muitos temiam e não sabiam como interpretar essas atuações resistenciais. E, além dessas, havia outra resistência bastante recorrente nos processos de análise: o silêncio do paciente. Cabia ao analista aguardar alguma manifestação do analisando, não sendo recomendado realizar qualquer intervenção. As dificuldades antes citadas, quando não ultrapassadas, levavam a interrupções e desistências do processo analítico, não raras naqueles tempos iniciais.
Foram ao menos essas dificuldades que Reich procurou enfrentar tendo como projeto uma técnica de análise sistemática que fosse capaz de superar esses obstáculos e possibilitasse um melhor fluxo dos conteúdos do inconsciente para a consciência. Com o aval de Freud, propôs, em 1922, os seminários de técnica e discussão de casos clínicos. De 1924 a 1930, foi o diretor desses seminários, até o ano de sua mudança de Viena para Berlim.
A análise das resistências
Já nos primeiros atendimentos como psicanalista, Reich notou que a maioria dos analisandos não conseguia seguir a regra fundamental de associação livre preconizada por Freud. Surgiam inibições, angústia, silêncio, sono, entre outras, mas essas resistências já eram conhecidas. Entretanto, como dito pouco acima, não eram focadas com o necessário rigor. Reich se propôs a enfrentar, digamos assim, as resistências, abandonando a postura passiva de espera. Essa nova postura na cena analítica consistia em sinalizar ao paciente que a atitude deste era uma forma de defesa contra o processo analítico. Nesses termos, o objetivo primeiro era o de trazer à consciência a existência de uma resistência.
O segundo passo dessa análise era explicitar como (de que modo específico) o paciente se defendia. Esse era, e continua sendo, o ponto crucial para o prosseguimento ou para a interrupção da análise. Isso porque as defesas são reações automáticas e típicas quando o sujeito sente uma ameaça à sua integridade psíquica. É, portanto, com a análise e a interpretação do significado da forma apresentada na resistência que se pode dar continuidade ao processo analítico.
Seguindo o processo de uma análise sistemática das resistências, a ideia de Reich era de que o terceiro passo pudesse, então, ser feito de forma simples, ou seja, permitisse aflorar os conteúdos do inconsciente contra os quais as resistências, em suas variadas formas, atuavam. Entretanto, isso não acontecia de forma linear. Reich constatava que determinada resistência estava entrelaçada a uma rede de outras resistências de pesos e contrapesos.
A análise da transferência
Cabe ressaltar aqui uma importante teoria psicanalítica a respeito do acontecer psíquico: a teoria do inconsciente dinamicamente reprimido. Foi a partir de casos clínicos e de sua autoanálise que Freud constatou a existência de um inconsciente — e, mais que isso, de um inconsciente dinamicamente ativo, porém reprimido. A novidade não estava na constatação da existência de um inconsciente, uma vez que vários outros pensadores já haviam tratado desse tema. A novidade apresentada por Freud era que o inconsciente estava em constante atividade e, quase sempre, em conflito com forças advindas de outras instâncias (Eu, Supereu e realidade externa).
Assim, Freud considerava que os conteúdos do inconsciente permaneciam carregados dos afetos que não puderam ser tramitados, sobretudo das cenas infantis. Fosse por repressão, fosse por frustação ou inibição, esses conteúdos continuavam (e continuam) em busca de realização. Seguindo as orientações do mestre, Reich focou a análise das resistências na cena transferencial analítica.
A análise do caráter
O conceito de caráter já existia na literatura psicanalítica antes de Reich. Todavia, dizia respeito apenas a indivíduos sem um quadro psicopatológico definido, como histeria, neurose obsessiva e afecções psicossomáticas. A grande contribuição de Reich nesse sentido foi a de considerar o caráter uma estrutura formada no Eu dos indivíduos, fossem eles ditos saudáveis, fossem sintomáticos. Elaborou uma escala de referência teórica partindo do caráter genital (o caráter maduro em Freud) até chegar ao caráter neurótico. Nessa escala, cada pessoa teria o caráter estruturado de forma mais rígida ou mais flexível, dependendo das variáveis existentes em sua formação infantil.
Para Reich, o caráter de uma pessoa se estrutura ao longo de suas experiências afetivas desde a fase oral até a fase fálica, quando se cristaliza, por assim dizer, com a resolução do complexo de Édipo. Nesse sentido, dá-se muita importância não só ao que a criança experiencia ao longo de seu desenvolvimento, mas a como ela o faz. Dito de outro modo, é a intensidade dos afetos nas relações da criança com seu meio social (pais, educadores etc.) que vai influenciar, em maior ou menor grau, a formação do caráter.
Ainda a respeito da importância do ambiente no desenvolvimento orgânico e psíquico, a epigenética tem demonstrado a interferência de variáveis ambientais capazes de disparar — ou inibir — potenciais genéticos e transmitir geracionalmente novos aprendizados. As neurociências também atestam a capacidade neuroplástica do cérebro, com seus potenciais adaptativos.
A função do orgasmo
Entre as várias teorias propostas por Freud, a que mais sofreu resistência e rechaço foi a da sexualidade infantil. Tema tabu à época, essa teoria permanece ainda um tanto mal compreendida. Em Freud, a sexualidade não se restringe ao sexo; está apoiada em uma lei da biologia segundo a qual toda excitação interna de um organismo vivo necessita ser desfeita por meio de uma ação, resultando em uma satisfação (princípio do desprazer–prazer). No ser humano, as excitações corporais (pulsões sexuais) fornecem o substrato de energia (libido) para o funcionamento do psiquismo. Esse é, em síntese, o modelo teórico pulsional proposto por Freud.
Convicto de que a sexualidade era peça-chave na compreensão do acontecer humano, Reich encontrou em Freud a teoria que orientaria seus estudos, pesquisas e práticas clínicas. Ele privilegiou o aspecto econômico (quantidade de cargas afetivas, seus deslocamentos, tramitações e retenções), uma vez que considerava as dimensões tópica e dinâmica suficientemente bem estabelecidas. Naturalista, Reich via no conceito de libido mais que uma abstração teórica: acreditava se tratar de uma energia com expressão bioquímica tangível.
A elaboração do conceito da função do orgasmo, entendido como a capacidade de entrega sem restrições na relação amorosa, foi realizada inicialmente com base nos processos analíticos de seus pacientes. Reich só conduziu pesquisas laboratoriais em fisiologia e biologia a partir de 1934, ano em que se instalou na Escandinávia, tendo chamado sua nova descoberta de bioenergia.
Como vimos, Reich não adotava uma postura clássica de espera. E, diferentemente de uma tendência da época de desvincular a sexualidade bloqueada dos quadros de perturbações psicopatológicas, ele se manteve firme na convicção de que estase libidinal e sintomas estavam relacionados. Para esses analistas, o fato de o paciente ter uma vida sexual significava que as neuroses não tinham necessariamente uma fonte e uma origem sexuais. Reich não se contentava com um sim ou não da resposta dada pelo paciente: investigava o que se passava na subjetividade do ato. E foi encontrando vários tipos de insatisfação: ejaculação precoce, dores de vaginismo, fantasias sadomasoquistas, nojo e vergonha, entre outras.
Ao focar a análise de caráter no aspecto econômico do fluxo energético e em seus entraves, Reich estabeleceu a relação entre o caráter como mecanismo de defesa e a dificuldade de entrega no ato amoroso. Dito de outro modo, para que a entrega aconteça o caráter precisa renunciar ao controle egoico a fim de que a função natural convulsiva do orgasmo possa fluir. Assim como em Freud, as psicopatologias têm íntima relação com o complexo de Édipo, e para Reich esses quadros são resultantes das estases energéticas.
Psicanálise e política
Até os anos 1930-1940, o centro de referência da civilização ocidental se restringia praticamente à Europa ocidental. Dessa forma, Reino Unido, França, Alemanha e Áustria formavam o eixo de irradiação de cultura, ciências, economia e política. A partir do fim da Primeira Guerra Mundial, respirou-se um ar de renovação com a esperança de uma sociedade mais equilibrada e menos bélica. A social-democracia floresceu, mas encontrou oposição crescente de movimentos nacional-socialistas. Os conflitos político-ideológicos se tornaram acirrados e tomaram proporções violentas, culminando com a ascensão do nazismo, em 1933, na Alemanha, com sua máquina de extermínio. Como a psicanálise (e o movimento psicanalítico) se posicionou em relação a esses eventos?
É preciso recordar alguns pontos caros da ciência psicanalítica. Como vimos, a teoria do desenvolvimento psicossexual considera a maturação do ser humano um processo de fases (oral, anal, fálica e genital). Também como já foi assinalado, a formação do caráter se dá como um precipitado das experiências emocionais vivenciadas em cada uma das fases. Isso significa dizer que o meio social (pais, educadores e seus valores culturais) tem influência determinante na formação da personalidade de cada indivíduo.
Em suas primeiras teses, Freud atribuía os quadros psicopatológicos ao conflito entre as forças sexuais do sujeito e uma sociedade sexualmente repressora. Os sintomas eram o resultado desses conflitos. Essa era a pedra de toque da psicanálise.
Além de Freud, muitos psicanalistas eram judeus e começaram a ser perseguidos pelos nazistas. Diante de tal situação, o movimento psicanalítico (por meio da IPA) adotou uma postura de neutralidade e discrição, na esperança de que a onda nazista tivesse uma breve existência. Como sabemos, não foi esse o caso.
Reich ainda não tinha 39 anos de idade quando começou a se interessar por sociologia e política. Partidário da tese inicial do mestre sobre o conflito sexualidade versus cultura, começou a militar em movimentos sociais e políticos, articulando psicanálise e política, corrente que ficou conhecida como freudo-marxismo. Esse seu ativismo chamava demasiada atenção, fato que preocupava enormemente Freud e o movimento psicanalítico.
Vários outros analistas também participaram de movimentos e clínicas de atendimento social para a população de baixa renda. Com a escalada da violência nazista, esses profissionais eram orientados a se recolher a seus consultórios particulares. Reich manteve o ativismo e tornou-se mais e mais isolado do movimento psicanalítico, culminando com sua expulsão em 1934. Migrou para a Escandinávia, onde iniciou suas pesquisas em biologia e fisiologia sobre o princípio pulsátil do vivo e as interações deste com o ambiente externo.
Uma psicanálise reichiana
Ao se realizar uma breve síntese do exposto até aqui, temos algumas considerações.
As várias linhagens psicanalíticas partilham, em essência, dos pressupostos teóricos fundamentais do legado de Freud, a saber: as teorias da sexualidade infantil, do inconsciente, da repressão, do complexo de Édipo e da transferência. Cada uma dessas escolas privilegia certos recortes e acrescenta alguma contribuição ao corpo da ciência psicanalítica.
Reich, um entusiasta da psicanálise, foi considerado por seus pares um discípulo brilhante do mestre. Em virtude de seu engajamento em movimentos sociais e políticos, foi expulso da IPA em 1934. Porém, mesmo afastado da instituição, não renegou a ciência psicanalítica.
Ao longo de seu extenso percurso científico, Freud enfrentou inúmeros debates e questionamentos a respeito de suas teorias. Fosse com médicos, fosse com filósofos ou psicanalistas, sempre apresentou seus argumentos com artigos e textos de cunho científico, citando nominalmente seus contendores. Carl Gustav Jung e Alfred Adler são alguns dos debates bem conhecidos.
A convicção de Reich a respeito da genitalidade como fator determinante para um psiquismo saudável (o caráter maduro em Freud) nunca foi contestada pelo mestre de forma científica, visto que Freud jamais citou Reich em seus textos.
Com a técnica de análise das resistências e análise do caráter, Reich constatou as fantasias inconscientes dos