O banqueiro anarquista: E outros contos filosofais
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Sobre este e-book
O livro inclui 6 outros contos que foram encontrados na casa de Fernando Pessoa após a sua morte: Na farmácia do Evaristo, No jardim de Epíteto, Um grande português, A pintura do automóvel, Na floresta do alheamento e A hora do Diabo.
Fernando Pessoa
Fernando Pessoa nació en Lisboa el 13 de junio de 1888. Su madre, prematuramente viuda, se casó en segundas nupcias con el comandante João Miguel Rosa, que en 1895 fue nombrado cónsul en Durban (Sudáfrica), donde Pessoa estudió en el convento de West Street y luego en la High School y la Commercial School, y pasó el examen de admisión y la Intermediate Examination de Artes en la Universidad de Ciudad del Cabo. En 1905, Pessoa se trasladó a Lisboa para matricularse en el curso superior de Letras. Traductor, astrólogo, médium, ensayista, vinculado a la vez a la vanguardia literaria y plástica y al ocultismo, Fernando Pessoa debe su extensa y casi enteramente póstuma notoriedad mundial a la vasta y variada obra poética que, firmada por él mismo o atribuida a alguno de sus heterónimos –señaladamente Alberto Caeiro, Ricardo Reis y Alvaro de Campos– , se difundió sobre todo a partir de su fallecimiento en Lisboa el 30 de noviembre de 1935.
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O banqueiro anarquista - Fernando Pessoa
Esta coleção valoriza as obras mais importantes da literatura universal, cada uma em sua língua original.
Na Série Letras Portuguesas destacam-se: Livro do desassossego, de Fernando Pessoa; O Ermitão do Múquem, de Bernardo Guimarães; Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis; O Guaraní, de José de Alencar; A Cidade e a Serra, de José Maria Eça de Queirós; O Crime do Padre Amaro, de José Maria Eça de Queirós...
FERNANDO PESSOA
© Desenho da capa: José Cazorla
© Ed. Perelló, SL, 2024
Rua Miraculosa, Nº 26, Valência
46009 - Espanha
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Breve nota sobre a obra
Em Dezembro de 1935, poucos dias depois da morte de Fernando Pessoa, ao ser revisto o seu apartamento onde vivera nos últimos anos da sua vida, descobriu-se algo surpreendente: uma arca contendo mais de 25 mil páginas, com poemas, contos, correspondência, diários, peças dramatúrgicas, documentos esotéricos, projetos literários inacabados e uma infinidade de tantos outros textos que aprofundam mais o enigma e a genialidade que era Fernando Pessoa.
Deste espólio (considerado tesouro nacional em 2009) já saíram vários trabalhos que Fernando Pessoa nunca chegou a publicar em vida —sendo o mais importante deles, o já famoso Livro do Desassossego— e ainda hoje continuam a sair publicações com inéditos de Pessoa, compilados a partir de um extenuante trabalho de organização das imensas páginas dispersas.
De todos os trabalhos inéditos de Pessoa, os mais relevantes serão, possivelmente, os seus contos. Apesar de muitos transmitirem a sensação de estarem incompletos, ou de não terem uma estrutura linear, o valor dos mesmos está no seu caráter filosófico e nas ponderações que colocam sobre várias fações da vida, da morte e da espiritualidade do Homem, em geral.
No presente volume, reúnem-se os seguintes contos:
O Banqueiro Anarquista: O seu melhor e mais conhecido conto, sobre um banqueiro que se descreve a si mesmo como um anarquista
, que ama a liberdade e odeia as imposições sociais, e que acha que a melhor forma de se ver livre das amarras da sociedade e da influência do dinheiro... é adquirir o máximo dinheiro possível para que ele deixe de ser um problema.
Na Farmácia do Evaristo: Um conto de contornos político-filosóficos, sobre dois indivíduos que se encontram numa farmácia, num domingo, e entram logo em confronto um com o outro devido aos acontecimentos que se deram na manhã daquele dia: 18 de Abril de 1925 —uma revolta militar, também conhecida por Golpe dos Generais
, desencadeada contra as instituições da Primeira República Portuguesa.
No Jardim de Epíteto: Texto filosófico curto, sobre a mensagem epicurista de um mestre
sobre a vida e a natureza.
Um grande português: Um conto cómico sobre como um homem (pertinentemente chamado Vigário
), se livrou de uma dívida que tinha com os irmãos.
A Pintura do Automóvel: Uma história mais ou menos humorística de carácter publicitário. Não tem moral nem filosofia e serve apenas para ilustrar o tipo de artigo de teor publicitário que Fernando Pessoa chegou a fazer e que aparecia no Diário de Noticias nas décadas de 1920-30.
Na Floresta do Alheamento: Monólogo existencial de um homem que se vê imerso numa floresta. É um texto puramente filosófico sobre a Sensação e a Razão, articulado com a obra Meditações
de René Descartes.
A Hora do Diabo: Conto filosófico com contornos teológicos, sobre uma mulher que ao voltar de um baile de máscaras vai para a cama e sonha com o Diabo que lhe vem contar sobre as suas mágoas. Mas será mesmo um sonho?
O banqueiro anarquista
Tínhamos acabado de jantar. Defronte de mim o meu amigo, o banqueiro, grande comerciante e açambarcador notável, fumava como quem não pensa. A conversa, que fora amortecendo, jazia morta entre nós. Procurei reanimá-la, ao acaso, servindo-me de uma ideia que me passou pela meditação. Voltei-me para ele, sorrindo.
—É verdade: disseram-me há dias que você em tempos foi anarquista...
—Fui, não: fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou anarquista.
—Essa é boa! Você anarquista! Em que é que você é anarquista?... Só se você dá à palavra qualquer sentido diferente...
—Do vulgar? Não; não dou. Emprego a palavra no sentido vulgar.
—Quer você dizer, então, que é anarquista exatamente no mesmo sentido em que são anarquistas esses tipos das organizações operárias? Então entre você e esses tipos da bomba e dos sindicatos não há diferença nenhuma?
—Diferença, diferença, há... Evidentemente que há diferença. Mas não é a que você julga. Você duvida talvez que as minhas teorias sociais sejam iguais às deles?...
—Ah, já percebo! V., quanto às teorias, é anarquista; quanto à prática...
—Quanto à prática sou tão anarquista como quanto às teorias. E quanto à prática sou mais, sou muito mais, anarquista que esses tipos que você citou. Toda a minha vida o mostra.
—Hein?!
—Toda a minha vida o mostra, filho. Você é que nunca deu a estas coisas uma atenção lúcida. Por isso lhe parece que estou dizendo uma asneira, ou então estou brincando consigo.
—O homem, eu não percebo nada!... A não ser..., a não ser que você julgue a sua vida dissolvente e anti-social e dê esse sentido ao anarquismo...
—Já lhe disse que não —isto é, já lhe disse que não dou à palavra anarquismo um sentido diferente do vulgar.
—Está bem... Continuo sem perceber... O homem, você quer-me dizer que não há diferença entre as suas teorias verdadeiramente anarquistas e a prática da sua vida —a prática da sua vida como ela é agora?—. Você quer que eu acredite que você tem uma vida exatamente igual à dos tipos que vulgarmente são anarquistas?
—Não; não é isso. O que eu quero dizer é que entre as minhas teorias e a prática da minha vida não há divergência nenhuma, mas uma conformidade absoluta. Lá que não tenho uma vida como a dos tipos dos sindicatos e das bombas —isso é verdade—. Mas é a vida deles que está fora do anarquismo, fora dos ideais deles. A minha não. Em mim —sim, em mim, banqueiro, grande comerciante, açambarcador se você quiser—, em mim a teoria e a prática do anarquismo estão conjuntas e ambas certas. Você comparou-me a esses parvos dos sindicatos e das bombas para indicar que sou diferente deles. Sou, mas a diferença é esta: eles (sim, eles e não eu) são anarquistas só na teoria; eu sou-o na teoria e na prática. Eles são anarquistas e estúpidos, eu anarquista e inteligente. Isto é, meu velho, eu é que sou o verdadeiro anarquista. Eles —os dos sindicatos e das bombas (eu também lá estive e saí de lá exatamente pelo meu verdadeiro anarquismo)— eles são o lixo do anarquismo, os fêmeas da grande doutrina libertária.
—Essa nem ao diabo a ouviram! Isso é espantoso! Mas como concilia você a sua vida —quero dizer a sua vida bancária e comercial— coma as teorias anarquistas? Como o concilia V., se diz que por teoria anarquista entende exatamente o que os anarquistas vulgares entendem? E V., ainda por cima, me diz que é diferente deles por ser mais anarquista do que eles, não é verdade?
—Exatamente.
—Não percebo nada.
—Mas você tem empenho em perceber?
—Todo o empenho.
Ele tirou da boca o charuto, que se apagara; reacendeu-o lentamente; tirou o fósforo que se extinguia; depô-lo ao de leve no cinzeiro; depois, erguendo a cabeça, um momento abaixada, disse:
—Oiça. Eu nasci do povo e na classe operária da cidade. De bom não herdei, como pode imaginar, nem a condição, nem as circunstâncias. Apenas me aconteceu ter uma inteligência naturalmente lúcida e
