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O Segundo Cu
O Segundo Cu
O Segundo Cu
E-book97 páginas1 hora

O Segundo Cu

Nota: 3 de 5 estrelas

3/5

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Sobre este e-book

Todos somos feitos de buracos. O segundo cu é um livro de 30 contos. Em cada texto, um buraco é explorado: uma casca de ferida é arrancada para dar acesso ao dedo. Será que você vai deixar o dedo encontrar o osso?
IdiomaPortuguês
EditoraClube de Autores
Data de lançamento10 de nov. de 2021
O Segundo Cu

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Avaliações de O Segundo Cu

Nota: 2.8378378378378377 de 5 estrelas
3/5

37 avaliações9 avaliações

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  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5

    Mar 22, 2025

    Visceral. Tão real que chega a nausear. Só pra quem tem estômago e alguns parafusos a menos.?
  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5

    Dec 26, 2024

    Impactante! Nos tira da zona de conforto, seja por nojo, por espanto ou pela proximidade com a vida.
  • Nota: 3 de 5 estrelas
    3/5

    Nov 29, 2024

    Mais chocante que original. Bukowsky e Henry Muller já definiram o estilo. Nada de novidade.
  • Nota: 5 de 5 estrelas
    5/5

    Nov 13, 2024

    Apesar de ter contos desconfortáveis esse livro é absolutamente bonito. São crônicas sobre situações diga-se repugnantes, mas que em minha mais singela opinião possuem uma beleza singular, quando o humano é puramente humano, sem moral, sem as amarras sociais, sem filtros. Alguns contos são de fechar o livro e apenas refletir sobre. É lindo.
  • Nota: 1 de 5 estrelas
    1/5

    Jun 5, 2024

    Eu não gostei desse livro e é só isso mesmo.

    1 pessoa achou esta opinião útil

  • Nota: 1 de 5 estrelas
    1/5

    Oct 17, 2024

    Que livro ridículo e escroto. Que escritora ridicula, e vazia

    1 pessoa achou esta opinião útil

  • Nota: 1 de 5 estrelas
    1/5

    Dec 23, 2024

    Como podemos chamar isso de livro? E ainda está na categoria infantil, olha eu digo uma coisa para você, é melhor amarrar um moinho no pescoço e se jogar no mar do que fazer tropeçar os pequeninos.

    1 pessoa achou esta opinião útil

  • Nota: 1 de 5 estrelas
    1/5

    Jun 12, 2024

    Não gostei, esse tipo de escrita não é pra mim mesmo.
  • Nota: 2 de 5 estrelas
    2/5

    Oct 2, 2024

    E pensar que hoje em dia essa mulher é influencer de maternidade né
    Tem umas crônicas ok e umas péssimas, só achei meio desnecessariamente chocante e obsceno

    1 pessoa achou esta opinião útil

Pré-visualização do livro

O Segundo Cu - Natália Nodari

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O SEGUNDO CU

Natália Nodari

A PARTE LÍQUIDA

O bolo mofado

Jogo do biscoito

Marina

Jiboia Africana

Aurélia

Via Láctea

Doutores da Alegria

Dança da piroca

Relacionamento aberto

Golfinho

A PARTE MOLE

Filhote

Jorge

João Ricardo

A invenção do homem

Trenzinho

O irresistível Peixe-moça

Velhas invisíveis

Sonhos privados

Madagascar

Acne cística

A PARTE DURA

Poder real

Vanish Poder O2

Portugueses

Vaca profana

Galinhas de estimação

Vegetariano

Maria

Um amor atrás do seu tempo

Flor de porra

Pai do ano

A PARTE LÍQUIDA

O bolo mofado

Pedi um amor e ele me deu um bolo mofado. Eu pedi amor, disse.

- Isso é amor.

- Mas não vai me fazer mal?

- Talvez.

Olhei de novo e percebi uma larvinha de mosca saindo da cobertura.

- Vai querer ou não? – Ele olhava a larva também.

- Não sei. – A larvinha agora afundava cada vez mais no bolo.

- Eu não vou ficar parado o dia todo aqui, sabe.

Lembrei que não sabia cozinhar e levei o bolo para casa.

Primeiro tentei tirar tudo que se movia na cobertura, mas era impossível . Me contentei em raspar o mofo, fechar os olhos e engolir uma garfada.

Vomitei.

Dormi com o estômago roncando e acordei com dor de barriga dos infernos. Não saí de casa nos próximos três dias: sem amor, não tinha vontade de tomar banho, nem de escovar os cabelos.

Não queria olhar o céu e nem os olhos das pessoas. No quinto dia sem amor, não quis abrir as pálpebras, muito menos as janelas da casa.

Prestes a perder as forças, olhei para a mesa e resolvi tentar de novo. O estômago reclamou, mas não devolveu. O intestino resolveu não opinar. Fui dormir indigesta e, ao mesmo tempo, aliviada. Pela manhã, as maquiagens do banheiro voltaram a fazer sentido. As roupas no chão pediram para serem penduradas.

A maçaneta da porta pedia para ser girada, e eu obedeci.

A cada passo, sentia o estômago revirar, mas também sentia que estava viva. Segui na rua disfarçando uns arrotos enquanto olhava as vitrines.

À noite, resolvi encarar o bolo de novo.

Ele não pareceu tão ruim quanto no dia anterior. Na verdade, olhando de lado, nem dava para ver a parte feia. Segui comendo o bolo, segui com o estômago revirado e, o mais importante, segui com vontade de entrar no ônibus e pagar minhas contas.

Até que o bolo acabou.

Preocupada, fui até ele pedir mais amor. O bolo que ele me entregou estava coberto de moscas.

- Está fedendo demais. – comentei.

- É o que eu tenho.

Não consegui colocar sobre a mesa da sala, já que atraía mais moscas. Botei dentro do forno e cortei uma fatia: o cheiro era insuportável. Tampei o nariz, aproximei o garfo da boca, tentando não mastigar as moscas mortas. Sabendo que não poderia ficar sem amor e nem me livrar de todos os insetos, engoli. O estômago não roncou nem a garganta contraiu: já estavam habituados.

Quando o amor acabou, ele me entregou um prato fundo.

- Mas isso é vômito!

- Eu chamo de amor.

Entendi que era bolo vomitado e resolvi guardar na geladeira. No dia seguinte provei uma colherada antes de ir trabalhar, e, para a minha surpresa, eu já não sentia mais gosto de nada. Tomei outra

colherada à noite, pra garantir que iria ter vontade de tomar banho e sair com meus amigos.

No dia seguinte, tive um pouco de febre, mas segui dando umas colheradas.

Dois dias depois, a cabeça doeu.

A febre voltou.

A garganta inchou.

Sem conseguir engolir o amor, fechei as cortinas e esperei a morte bater. Quando ouvi o som da campainha, suspirei aliviada.

Mas não era ela.

Não era alguém que eu conhecesse. Tinha cabelos encaracolados e trazia um prato com uma espécie de massa branca. Leve, limpa: tinha cheiro de primavera.

- Isso não é amor. - Eu disse.

- É amor, sim. - Parecia surpreso.

- Não, não é. - Eu ri.

Os olhos dele encheram de lágrimas. Antes que eu pudesse mudar de ideia, levou a torta de creme embora.

Talvez eu deva aprender a cozinhar sozinha.

Jogo do biscoito

– A gente pega uma dessas bolachas aí e coloca na mesa. Tem que gozar em cima dela. Entenderam? O último que gozar come.

– Trakinas sabor porra!

– Recheio especial. E aí, topam?

O Marcos sempre tinha essas ideias de merda, sempre mesmo.

Quando eu tinha cinco anos, ele me convenceu a colocar o pau naquele buraco que suga a água da piscina. Velho, que dor mais fodida. Eu devo ser o único cara do mundo que foi circuncidado por ter machucado o peru no sugador. Tá certo que ter escondido o machucado da minha mãe durante uma semana contribuiu pra isso, mas essa é outra história. Só sei que eu olhei pros caras e, quando vi, todos já estavam em volta da mesa berrando para eu pegar a bolacha. Tirei uma Trakinas do pacote e botei na mesa. O

Marcos abriu ela ao meio daquele jeito que a gente faz quando é criança e quer comer o recheio antes.

– Vamos criar uma multa pra quem perder.

– Como assim?

– Uma multa, velho. Pro cara não desistir de papar Então o Marcos sugeriu que o perdedor desse a bunda para o grupo e

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