Carnal: Parte Doze

CAPÍTULO UM

Sinto um peso no meu coração quando espero por Lucian em meu apartamento. Eu estou apoiada no sofá, olhando fixamente para a porta há vinte minutos. Não exatamente para a porta, mas através dela; meu pensamento está em outro lugar. Erro, a porta parece me dizer. Eu não deveria ter dado essa chance a ele. Nada de bom vai sair disso.

Eu queria que Janice estivesse em casa para eu poder falar com ela, mas eu já sei o que ela diria. Ela tentaria me convencer a não sair com ele. Ela me diria tudo o que já está na minha cabeça. Lucian Reddick é ruim para mim. Ele é uma espécie de doença no meu coração, aos poucos consumindo minha alma até me destruir completamente.

Eu não deveria ter me compadecido dele. Eu não deveria ter sentido o menor resquício de simpatia por sua situação. Coisas ruins acontecem com as pessoas o tempo todo — coisas horríveis. Todos os dias alguém no mundo perde um ente querido. Pessoas morrem, são assassinadas, sofrem acidentes. Aqueles que ficam aqui escolhem como lidar com essa perda. A grande maioria lida bem com isso. E então há quem seja como o Lucian. Aquelas pessoas que se perdem porque uma parte delas já se despedaçou: a parte que sabe lidar com perdas da maneira certa.

Dou um suspiro. Talvez eu esteja o julgando muito duramente. Talvez eu só esteja sendo amarga porque sua maneira de lidar me machucou repetidamente. Eu fui uma vítima dele ter sido vítima das circunstâncias. Não é justo, mas a vida muitas vezes não é.

E agora aqui estou eu, preparando-me para me sujeitar ao mesmo tratamento de novo. Ações falam mais alto do que palavras, e eu sinceramente não tenho muita fé que ele possa mudar. Isso nunca foi o que eu quis, um homem como ele. Mas eu nunca fui o que ele quis também, julgando pela maneira como ele falou comigo no Carnal. Óleo e água. Água e óleo. Você pode misturar os dois até ter cãibras em suas mãos, mas os dois nunca vão se misturar. Talvez eu devesse ligar e cancelar nosso encontro. Será que ele atenderia o telefone?

Justamente enquanto penso nisso, ouço alguém bater à porta. Fico com o coração na boca, e levanto do sofá; rapidamente aliso minha saia e dou longos passos em direção à porta. Eu nem me importei em trocar a roupa que eu estava usando hoje mais cedo. Eu não quero saber se ele planeja me levar no melhor restaurante da cidade; eu quero que ele veja que meu interesse por ele está completamente acabado. A parte de mim que se importava com ele está secando mais rápido que uma poça de água em um dia quente.

Eu ranjo meus dentes, sentindo um aperto desagradável em meu peito quando abro a porta. Um buquê de margaridas é jogado em meu rosto e dou uma risada de desprezo antes de meus olhos verem quem as entrega. O aperto em meu peito triplica, e tremores de pânico tomam conta de mim.

Derrick.

Usa um terno da Armani e um sorriso.

— Oi, gostosa. — Ele empurra as flores nos meus braços e vai entrando no meu apartamento.

Eu fico ali boquiaberta, tentando processar o que está acontecendo. Lucian vai estar aqui a qualquer momento. Isso não é bom.

— D-Derrick — eu gaguejo ao dizer seu nome, rapidamente fechando a porta atrás dele e a pressionando com minhas costas. — Que surpresa.

— Uma boa surpresa, eu espero. — Ele dá uma olhada em mim por cima dos ombros e depois vai à cozinha fuçar embaixo da pia, procurando um vaso. Ele conhece meu apartamento tão bem que eu ficaria impressionada se eu não estivesse absolutamente horrorizada que, em poucos instantes, ele e Lucian vão provavelmente se encontrar de novo e no pior dos momentos.

— Que péssima escolha de momento. — Eu respiro fundo, tentando pôr o estresse para fora com minha respiração, mas não funciona.