Thiago Rodrigues Nascimento
Doutor em Ciências Humanas - Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2019). Mestre em História Social (2012) e Licenciado em História (2010) pela Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro(UERJ).
less
InterestsView All (9)
Uploads
Papers
historiadores, sobretudo os que atuaram na luta contra os Estudos
Sociais e as licenciaturas curtas no decorrer dos anos 1970 e
1980, tende a associar fortemente os Estudos Sociais à política
educacional adotada após a ascensão dos militares ao poder. No
entanto, as primeiras discussões em torno do tema remetem, no
Brasil, aos anos 1920, no contexto da introdução do movimento da
Escola Nova no país. Nos anos que antecederam o golpe militar de
1964, constituiu-se no Brasil uma concepção de Estudos Sociais
que teria longa vida e muitas leituras e releituras, cujo principal
expoente foi Carlos Delgado de Carvalho. Tal perspectiva está
na base do Parecer 853/71, do Conselho Federal de Educação
(CFE) e de autoria de Valnir Chagas, que tornou, durante a década
de 1970, o ensino de Estudos Sociais obrigatório no 1º grau. O
presente artigo tem como objetivo analisar a trajetória da disciplina
escolar Estudos Sociais no currículo das escolas brasileiras entre
as décadas de 1930 e 1970. Com base em uma nova perspectiva
historiográfica, resultado de pesquisa em fontes documentais
(legislação elaborada pelo CFE) e metodologia da História Oral,
bem como por meio de entrevistas com personagens que atuaram
como formuladores dessa legislação, salienta-se que a adoção
dos Estudos Sociais como disciplina no currículo é uma questão
eminentemente pedagógica.
educacional de John Dewey para o ensino de Estudos Sociais e a obra de Delgado de Carvalho.
Abstract: The memory of many history teachers and historians, especially those who served in the fight against the Social Studies and the graduate short over the years 1970 and 1980, tends to strongly associate the social studies with the education politics adopt after the rise of the military government. However, the early discussions about the topic are refers, in Brazil, to the year 1920 in connection with the introduction of the New School movement in the country. In the years before the 1964 military government in Brazil constructed of a conception social studies that would have long life and lots of reading and rereading, whose principal exponent was Carlos Delgado de Carvalho. In this article we analyze the influence of the educational philosophy of John Dewey for teaching social studies and the work of Delgado de Carvalho.
Keywords: Teacher Training. Courses of History. Higher Education. APUH .
O ensino de História no Brasil e sua História enquanto disciplina escolar encontra lugar consolidado na literatura educacional e historiográfica. No entanto, é recente a atenção concedida a sua constituição nas universidades, cujo enfoque reside no processo de institucionalização dos cursos de História nas décadas de 1930 e 1940. Os anos que antecederam ao golpe civil-militar de 1964 se caracterizaram por amplas discussões em relação às mudanças necessárias nos cursos então vigentes. Analisamos o lugar reservado a formação do professor nas discussões realizadas no Primeiro Simpósio de Professores de História do Ensino Superior (1961) e a configuração dos cursos de História na primeira metade da década de 1960. A análise dos Anais permite observar que uma série de disputas políticas e historiográficas caracterizaram o Primeiro Simpósio e que os cursos de História estavam em pleno processo de discussão sobre diferentes modelos de formação.
Palavras-chave: Formação do professor. Cursos de História. Ensino Superior. APUH.
de História tem se tornado objeto
de importantes pesquisas realizadas por
historiadores e educadores. A vitalidade
desse campo de pesquisa pode ser evidenciada
no crescente número de trabalhos
e artigos expostos e publicados em
encontros, como os organizados pela
Associação Brasileira de Ensino de História
(Abeh), e em periódicos científicos.
Entretanto, a maior parte dos estudos
se debruça sobre as ‘questões
pedagógicas’ e curriculares atuais, concedendo
pouca atenção à história dessa
formação. O artigo tem como objetivo
apresentar e discutir uma periodização
possível para análise da história da formação
dos professores de História no
Brasil. Para tanto, temos como referência
teórica autores da história da educa-
ção e do ensino de História. Utilizamos,
ainda, as diferentes legislações normatizadoras
referentes à formação do professor
de História no Brasil.
Regime Militar (1964-1985). Tendo como referência teórica a história da educação e do ensino de História analisamos a trajetória de criação, institucionalização e crise da licenciatura curta em Estudos Sociais no Brasil, entre os anos de 1970 e 1980, através da experiênciamvivenciada pela Faculdade de Formação de Professores (FFP) de São Gonçalo/RJ entre 1973 e 1986. A preocupação central dos pesquisadores concentrou-se na análise sobre a implantação dos Estudos Sociais nos currículos do ensino de 1º grau a partir da Reforma de Ensino de 1971 e no processo de reformulação curricular do ensino de História a partir dos anos de
1980. Os estudos sobre esta temática são pautados e influenciados pelo discurso de luta contra os Estudos Sociais e as licenciaturas curtas. Propomos uma discussão mais abrangente e uma análise das diferenças, conflitos e escolhas. A perspectiva de variação na escala de observação através da investigação das especificidades e mudanças pelas quais passou o curso de licenciatura curta em Estudos Sociais da FFP em articulação ao contexto nacional das décadas de 1970 e 1980 instiga novos questionamentos sobre a composição destes cursos e os professores responsáveis pela sua estruturação. Partindo do pressuposto de que os Estudos Sociais tem uma história que antecede ao Regime Militar e de que as licenciaturas curtas foram criadas a fim de sanar a real carência de professores em determinadas regiões do país, traçamos uma história da formação de professores de Estudos Sociais no Brasil.
Thesis Chapters
disciplina de Estudos Sociais em sua implantação e manutenção na educação brasileira? A hipótese é a de que, apesar das distintas interpretações, a apropriação feita a partir da perspectiva estadunidense influenciou ambos os educadores, mudando seus contextos e intenções. Dialoga-se com os referenciais teóricos da história das disciplinas escolares e história do ensino de História. Trata-se de uma pesquisa histórico-documental, cujas principais fontes são artigos, livros e pareceres escritos por Delgado de Carvalho e Valnir Chagas. A metodologia adotada é a “análise de texto”, que propõe compreender a obra dos autores em relação ao seu contexto histórico, educacional, político e social, bem como os paradigmas intelectuais que os guiaram (Ciro Cardoso & Ronaldo Vainfas). A análise documental indica que até a década de 1960 a função de cada uma das disciplinas escolares, sobretudo, História e Geografia, era importante na definição dos Estudos Sociais, algo que deixou de ocorrer a partir das reformas da ditadura militar. Naquele momento, os Estudos Sociais tornaram-se simples fusão de disciplinas e reunião de conteúdos histórico-geográficos sob uma mesma disciplina. As suas intenções também foram modificadas: da formação do aluno crítico e cidadão passou-se à formação do aluno como fator de segurança e estabilidade para si, para a sociedade e para o Estado.
historiadores, sobretudo os que atuaram na luta contra os Estudos
Sociais e as licenciaturas curtas no decorrer dos anos 1970 e
1980, tende a associar fortemente os Estudos Sociais à política
educacional adotada após a ascensão dos militares ao poder. No
entanto, as primeiras discussões em torno do tema remetem, no
Brasil, aos anos 1920, no contexto da introdução do movimento da
Escola Nova no país. Nos anos que antecederam o golpe militar de
1964, constituiu-se no Brasil uma concepção de Estudos Sociais
que teria longa vida e muitas leituras e releituras, cujo principal
expoente foi Carlos Delgado de Carvalho. Tal perspectiva está
na base do Parecer 853/71, do Conselho Federal de Educação
(CFE) e de autoria de Valnir Chagas, que tornou, durante a década
de 1970, o ensino de Estudos Sociais obrigatório no 1º grau. O
presente artigo tem como objetivo analisar a trajetória da disciplina
escolar Estudos Sociais no currículo das escolas brasileiras entre
as décadas de 1930 e 1970. Com base em uma nova perspectiva
historiográfica, resultado de pesquisa em fontes documentais
(legislação elaborada pelo CFE) e metodologia da História Oral,
bem como por meio de entrevistas com personagens que atuaram
como formuladores dessa legislação, salienta-se que a adoção
dos Estudos Sociais como disciplina no currículo é uma questão
eminentemente pedagógica.
educacional de John Dewey para o ensino de Estudos Sociais e a obra de Delgado de Carvalho.
Abstract: The memory of many history teachers and historians, especially those who served in the fight against the Social Studies and the graduate short over the years 1970 and 1980, tends to strongly associate the social studies with the education politics adopt after the rise of the military government. However, the early discussions about the topic are refers, in Brazil, to the year 1920 in connection with the introduction of the New School movement in the country. In the years before the 1964 military government in Brazil constructed of a conception social studies that would have long life and lots of reading and rereading, whose principal exponent was Carlos Delgado de Carvalho. In this article we analyze the influence of the educational philosophy of John Dewey for teaching social studies and the work of Delgado de Carvalho.
Keywords: Teacher Training. Courses of History. Higher Education. APUH .
O ensino de História no Brasil e sua História enquanto disciplina escolar encontra lugar consolidado na literatura educacional e historiográfica. No entanto, é recente a atenção concedida a sua constituição nas universidades, cujo enfoque reside no processo de institucionalização dos cursos de História nas décadas de 1930 e 1940. Os anos que antecederam ao golpe civil-militar de 1964 se caracterizaram por amplas discussões em relação às mudanças necessárias nos cursos então vigentes. Analisamos o lugar reservado a formação do professor nas discussões realizadas no Primeiro Simpósio de Professores de História do Ensino Superior (1961) e a configuração dos cursos de História na primeira metade da década de 1960. A análise dos Anais permite observar que uma série de disputas políticas e historiográficas caracterizaram o Primeiro Simpósio e que os cursos de História estavam em pleno processo de discussão sobre diferentes modelos de formação.
Palavras-chave: Formação do professor. Cursos de História. Ensino Superior. APUH.
de História tem se tornado objeto
de importantes pesquisas realizadas por
historiadores e educadores. A vitalidade
desse campo de pesquisa pode ser evidenciada
no crescente número de trabalhos
e artigos expostos e publicados em
encontros, como os organizados pela
Associação Brasileira de Ensino de História
(Abeh), e em periódicos científicos.
Entretanto, a maior parte dos estudos
se debruça sobre as ‘questões
pedagógicas’ e curriculares atuais, concedendo
pouca atenção à história dessa
formação. O artigo tem como objetivo
apresentar e discutir uma periodização
possível para análise da história da formação
dos professores de História no
Brasil. Para tanto, temos como referência
teórica autores da história da educa-
ção e do ensino de História. Utilizamos,
ainda, as diferentes legislações normatizadoras
referentes à formação do professor
de História no Brasil.
Regime Militar (1964-1985). Tendo como referência teórica a história da educação e do ensino de História analisamos a trajetória de criação, institucionalização e crise da licenciatura curta em Estudos Sociais no Brasil, entre os anos de 1970 e 1980, através da experiênciamvivenciada pela Faculdade de Formação de Professores (FFP) de São Gonçalo/RJ entre 1973 e 1986. A preocupação central dos pesquisadores concentrou-se na análise sobre a implantação dos Estudos Sociais nos currículos do ensino de 1º grau a partir da Reforma de Ensino de 1971 e no processo de reformulação curricular do ensino de História a partir dos anos de
1980. Os estudos sobre esta temática são pautados e influenciados pelo discurso de luta contra os Estudos Sociais e as licenciaturas curtas. Propomos uma discussão mais abrangente e uma análise das diferenças, conflitos e escolhas. A perspectiva de variação na escala de observação através da investigação das especificidades e mudanças pelas quais passou o curso de licenciatura curta em Estudos Sociais da FFP em articulação ao contexto nacional das décadas de 1970 e 1980 instiga novos questionamentos sobre a composição destes cursos e os professores responsáveis pela sua estruturação. Partindo do pressuposto de que os Estudos Sociais tem uma história que antecede ao Regime Militar e de que as licenciaturas curtas foram criadas a fim de sanar a real carência de professores em determinadas regiões do país, traçamos uma história da formação de professores de Estudos Sociais no Brasil.
disciplina de Estudos Sociais em sua implantação e manutenção na educação brasileira? A hipótese é a de que, apesar das distintas interpretações, a apropriação feita a partir da perspectiva estadunidense influenciou ambos os educadores, mudando seus contextos e intenções. Dialoga-se com os referenciais teóricos da história das disciplinas escolares e história do ensino de História. Trata-se de uma pesquisa histórico-documental, cujas principais fontes são artigos, livros e pareceres escritos por Delgado de Carvalho e Valnir Chagas. A metodologia adotada é a “análise de texto”, que propõe compreender a obra dos autores em relação ao seu contexto histórico, educacional, político e social, bem como os paradigmas intelectuais que os guiaram (Ciro Cardoso & Ronaldo Vainfas). A análise documental indica que até a década de 1960 a função de cada uma das disciplinas escolares, sobretudo, História e Geografia, era importante na definição dos Estudos Sociais, algo que deixou de ocorrer a partir das reformas da ditadura militar. Naquele momento, os Estudos Sociais tornaram-se simples fusão de disciplinas e reunião de conteúdos histórico-geográficos sob uma mesma disciplina. As suas intenções também foram modificadas: da formação do aluno crítico e cidadão passou-se à formação do aluno como fator de segurança e estabilidade para si, para a sociedade e para o Estado.